O lulismo em Werneck Vianna e André Singer | Brasilianas.Org: "seg, 20/09/2010 - 15:53
Luiz Horacio
Gostei do texto. Muito preciso e sagaz, acertou nos pontos nevrálgicos. Mas, diálogo é diálogo, e só existe em movimento, então, todo texto é... inacabado. É engraçada essa distinção que se faz (eu mesmo a faço) entre lulismo e petismo, e a coisa embrulha ainda mais quando se mistura a idéia do próximo governo, caso ganhe a Dilma, com governo petista, ou mais petista que o anterior de Lula. O problema é: de qual PT estamos falando, ou enxergam apenas um PT, uma única faceta do PT? O PT de qual grupo, de qual região, sob qual liderança, e de qual período (em períodos e lugares diferentes, se formaram PT bastanto diferentes um do outro, de valores e comportamentos mesmo antagônicos)? Se a gente misturar isso com a 'ampla' aliança da frente que apóia Dilma, então, vira uma salada, para que se possa dizer precisamente o que irá caracterizar um governo de Dilma.
É bom a gente destacar que sem lulismo não haveria mais petismo, há um bom tempo, a não ser como partido quase ou totalmente radical da esquerda, limitado na preferência dos eleitores, e com programas de governo bastante questionáveis, desde a queda do Muro de Berlim e o fim da URSS. Foi o lulismo que salvou o petismo (da estagnação, depois das crises de governo, e depois das limitações do próprio PT), e foi mais gente que os petistas, que salvaram o PT. E foi Lula que se candidatou em 2001, quando ninguém mais acreditava nele e Ciro liderava as pesquisas e parecia ser o candidato de prestígio e da vez. Mas o PT agora se pretende partido hegemônico. Desde quando ele foi partido hegemônico, e quais condições haveria para tanto? Nenhuma! Existem distâncias e vazios entre ter preferência popular numa pesquisa sobre partidos e ser hegemônico. Aliás, seria esse o ideal do PT, de maneira geral?
Quem avançou mais nessa 'parceria' misturada com 'mutualismo' foi Lula, desde que assumiu e, depois, desde que começou a governar. Tem mudado, tem aprendido, tem sustentado posições diferentes das do tempo em que era 'apenas' petista. O PT tem tido enormes dificuldades de acompanhar essa evolução, e internamente tem apresentado um leque de valores e comportamentos que ou o colocam à margem das fronteiras de avanço político, ou o fazem um partido 'quase igual' aos outros, sem aquele vigor e aquela habilidade para propor coisas novas, que tinha no passado.
Vamos manter o 'ponto de rutpura' do convencional no ponto citado pelo autor do post. A escolha da sucessora. Primeiro, Dilma não é um quadro da raiz petista, mas é fruto dos acontecimentos do governo Lula, que a projetaram como candidata talvez natural, de Lula. De qualquer forma, o PT não teria muitas opções com a força latente que Lula percebeu. Então Lula rompeu novamente com a dinâmica partidária, mas ao mesmo tempo 'salvou' novamente o PT, de sua própria orfandade, no futuro imediato, de uma era 'pós-Lula' que poderia tirar toda a força desse partido.
É por essas e outras que prefiro, hoje em dia, fazer essa distinção lulismo x petismo, apesar de concordar que Lula foi um produto coletivo e partidário, e continua a sê-lo. Mas as linhas que costuram esse Lula político e ideólogo de hoje não são mais as linhas claras de sua filiação partidária. E o PT ainda não encontrou uma plataforma política que se sustente como trabalhismo ou como centro-esquerda (agora é centro-esquerda?), para os próximos anos e década. Além de apresentar grupos internos e alianças que mantêm apenas um mínimo de perfis que se poderiam chamar de historicamente petistas, e que se inspiram ou se balizam na idéia que a cidadania faz de Lula.
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