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segunda-feira, 26 de maio de 2014

Casaca virada

Veja pressionou Ronaldo a virar a casaca: “Está pisando num campo minado” | Brasil 24/7



EDUARDO GUIMARÃES
O que parece estar passando despercebido é
que Ronaldo, entre tantas outras personalidades, sofreu fortes pressões
para virar a casaca. E não é de hoje
Ele foi chamado de "imbecil" pelo escritor Paulo Coelho, quem, em
2007, integrou comitiva que acompanhou a escolha do Brasil como sede da
Copa de 2014. Sete anos depois, Coelho atacou a organização do evento e
chamou o ex-jogador Ronaldo de "imbecil" ao dar entrevista ao jornal
francês "Le Journal du Dimanche", com vistas a se "imunizar"
politicamente.


Coelho criticou o ex-jogador por defender a realização da Copa no
Brasil. O escritor se integrou a um time no qual Ronaldo acaba de
ingressar, composto por personalidades que, por conveniência e/ou medo
da mídia, criticam os preparativos do país para a competição ou mentem
sobre a origem dos recursos para realizá-la.


Até há pouco, Ronaldo vinha sendo uma voz dissonante. Defendia a
realização da Copa e, aparentemente, colaborava com os esforços do
governo federal. De repente, aparece ao lado de Aécio Neves fazendo
apologia do pré-candidato do PSDB a presidente e criticando duramente a
organização do campeonato no Brasil.


O que parece estar passando despercebido é que Ronaldo, entre tantas
outras personalidades, sofreu fortes pressões para virar a casaca. E não
é de hoje. Em 6 de abril do ano passado, reportagem da revista Veja o
ameaçou.


A reportagem A Jogada mais ousada de Ronaldo, o dono da Bola no país
chamou o ex-jogador de "Figura mais influente do futebol brasileiro" e o
ameaçou: "Ele encara o risco de arranhar sua imagem na Copa do Mundo de
2014".


Após sua aposentadoria, Ronaldo vinha sendo chamado pela mídia esportiva de "Um homem de negócios do futebol".
A Reportagem de Veja deu início a fortes pressões que o ex-craque
sofreu para mudar de time, ou seja, para parar de defender um projeto no
qual se integrara desde a primeira hora.


Abaixo, trecho da matéria de Veja que, há mais de um ano, já
"alertava" Ronaldo: "Caso o Mundial seja um fiasco, ele será capaz de
afirmar, ao vivo na tela da Globo, que o comitê organizador que ele
próprio integra fracassou?".





O que impressiona na matéria de Veja é que, reiteradamente, "avisa"
Ronaldo de que defender a realização da Copa no Brasil pode lhe trazer
problemas nos negócios. Mais um longo parágrafo da matéria de abril do
ano passado termina com novo "aviso". Abaixo, outro trecho.





Mais alguns infográficos, fotos etc. e a matéria de Veja repete a
dose. Pela terceira vez, a matéria "avisa" Ronaldo para que fizesse o
que acabou fazendo um ano e algumas semanas depois. Abaixo, o terceiro
trecho ameaçador de Veja.





Mais um parágrafo, mais uma ameaça. Abaixo.





A repetição da ameaça de que Ronaldo poderia "se dar mal" ao
emprestar seu prestígio converte-se em um mantra. A matéria de Veja
parece tentar lavar a mente do ex-jogador, "avisando-o" de que estaria
"arriscando" o "futuro dos seus filhos". Abaixo, uma incrível quinta
ameaça em texto tão curto.





O último gigantesco parágrafo da matéria de Veja culmina com a
exibição de um Ronaldo diametralmente diferente desse que a Folha de São
Paulo usou na semana passada em manchete principal de primeira página
para atacar o governo usando a organização do evento. Em abril de 2013,
Ronaldo negava tudo que continuou dizendo até há pouco, antes de
finalmente ceder a essa e a outras pressões que sofreu para virar a
casaca. Abaixo, o trecho final da matéria de Veja.





Como se vê, não foi à toa que o jovem de origem humilde que venceu na
vida às custas do próprio talento traiu a si mesmo de forma tão
patética. A matéria de Veja é apenas a ponta do Iceberg das pressões que
vinha sofrendo para se unir aos grupos de interesse distintos que
contam com o fracasso do Brasil ao sediar a Copa para extrair dividendos
políticos.


Seja pelo viés de críticas à organização da Copa, seja pelo da
"denúncia" mentirosa de que dinheiro da saúde e da educação foi usado
para realizar o evento no país, o aparato montado por grupos políticos
de direita e de esquerda para desmoralizar o Brasil internacionalmente
se vale de politicagem barata e do mais puro fascismo. E nada mais.

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