Joaquim Barbosa manda Gilmar Mendes sair da mídia e ir às ruas | Blog do Rovai
Acabo de rever o vídeo que segue do conflito no STF entre os ministros Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa. Ali estão todos os componentes que me levam a crer que Gilmar Mendes está botando Lula na roda para constranger petistas na apuração do que pode haver contra ele nos grampos da operação Monte Carlo.
Neste bate-boca, entre outas coisas, Joaquim Barbosa diz: “Vossa excelência quando fala comigo, ministro Gilmar, não está falando com os seus capangas do Mato Grosso. Respeite-me, respeite-me…”
Para meio entendedor meia palavra basta… Capangas, região do Centro-Oeste brasileiro…
Além disso, Barbosa ainda pede para que Mendes sai à rua. E quando este responde que está nas ruas, ouve de Barbosa:
“Vossa excelência não está na rua não. Vossa excelência está na mídia, destruindo a credibilidade do judiciário brasileiro.”
quinta-feira, 31 de maio de 2012
Cinema & Outras Artes: Veja, Gilmar e o Editor Imaginário
Cinema & Outras Artes: Veja, Gilmar e o Editor Imaginário
Veja, Gilmar e o Editor Imaginário
Após o período atípico, sem manchetes denunciativas nas capas, que se seguiu à instalação da CPI do Cachoeira, a revista Veja tenta sair das cordas publicando, na edição desta semana, uma denúncia em que um seu velho conhecido – o ministro Gilmar Mendes, do STF – afirma que o ex-presidente Lula o teria pressionado para que tentasse adiar a data do “julgamento do Mensalão” para depois das eleições municipais deste ano. Em troca, segundo a revista, o ex-presidente ofereceria ao magistrado “blindagem” contra eventuais acusações na CPI do Cachoeira.
Logo após a revista chegar às bancas, jornalistas e blogueiros passaram a apontar as múltiplas inconsistências da matéria - trabalho facilitado, inicialmente, pela negação peremptória da veracidade da denúncia feita pela única testemunha presencial do encontro entre Mendes e Lula (o ex-ministro da Defesa Nelson Jobim) e complementado, na noite de ontem, pelo depoimento do próprio Gilmar Mendes ao Jornal Nacional, em que afirma que “ele [Lula] não pediu nada diretamente a mim”.
Factoide de curta duração
Não é meu interesse, aqui, repisar os múltiplos fatos e constatações que desmontaram o factoide de Veja em questão de horas, nem especular o que teria levado Mendes a desmentir a revista já na segunda-feira. As explicações estão aí, aos borbotões, na internet e no pouco que resta de imprensa séria no Brasil.
Tampouco me interessa, no curto espaço deste artigo, analisar a incompatibilidade da conduta de Gilmar Mendes com a posição que ocupa: como reconheceria qualquer pessoa ciente das leis, ainda que a acusação fosse verdadeira, seria obrigação de um ministro do STF levá-la à Justiça, e não, após mais de um mês de silêncio, fazer futricas na menos confiável das publicações brasileiras.
Lúdica imprensa
O que gostaria de propor aos leitores e leitoras neste texto é um exercício mental, um jogo, que pede uma certa dose de abstração, tendo como meta produzir uma reflexão sobre o jornalismo brasileiro hoje: façamos como Carlinhos Cachoeira e brinquemos de editor.
A proposta do jogo é que nos coloquemos no lugar do editor de uma hipotética revista jornalística séria. Tentemos evitar, portanto, assumir uma posição ideológica pré-determinada e tenhamos como meta principal simular adotar os mesmos critérios práticos que o jornalismo historicamente chama para si – checagem de informações, ouvir os dois lados, equilíbrio, responsabilidade social, defesa do interesse público.
Comecemos fazendo um esforço para esquecer, por um momento, a biografia e as peculiaridades dos personagens envolvidos na última “denúncia” da Veja, publicação que – com o perdão pelo duplo sentido - também deve ser abstraída de nosso pensamento. Conservemos a mesma denúncia, feita porém a uma revista jornalística séria de um país democrático: um ministro da Suprema Corte acusa um ex-presidente (por duas vezes eleito) de tê-lo pressionado para que convencesse colegas de toga a optarem pelo adiamento de determinado julgamento, envolvendo acusação de corrupção contra o partido político do ex-mandatário (mas não diretamente contra este). Em troca, ele teria prometido “aliviar a barra” do denunciante se e quando pipocassem acusações contra este numa CPI em andamento.
Jornalismo dentro da lei
Antes de examinarmos o caso é forçoso constatar que tudo o que se refere à denúncia teria de ser checado e rechecado pelos editores, antes da eventual publicação da matéria, posto que, além de serem estes os procedimentos recomendados pelo bom jornalismo, o que está em jogo envolve altas personalidades da República e poderia provocar sérias consequências tanto no campo jurídico quanto político-eleitoral. Desnecessário observar que a constatação de eventual leviandade por parte da publicação fatalmente acarretaria danos, não só à sua imagem pública, mas no âmbito judicial, já que a existência e o cumprimento de leis que regulamentam o exercício do jornalismo são característica comum aos países de democracia consolidada.
Um primeiro fator a se considerar pelo editor da revista seria o da credibilidade da testemunha. Ser ministro do Supremo ajuda, mas, como se sabe, quanto mais avançada a democracia, menos vale o “critério” da carteirada, do “você sabe com quem está falando?”. Uma publicação jornalística séria levaria em conta se o denunciante tem uma história moral condizente com a que se espera de alguém que tem assento na mais alta corte do país ou seu passado é entremeado de episódios obscuros, suspeitas, ligações com personalidades políticas controversas, perda da compostura em púbico, grampos sem áudio. A opinião pública e seus pares de toga o respeitam, ou ele já chegou a ser publicamente acusado, por um deles, de estar “na mídia, destruindo a credibilidade do Judiciário brasileiro”?
Testemunha-chave
Uma segunda medida, porém elementar, seria se inteirar se haveria testemunhas que pudessem corroborar ou desmentir a acusação feita pelo ministro e, em havendo, entrevistá-la(s). Afinal, uma terceira pessoa que reafirmasse o ocorrido, a depender de sua credibilidade e do grau de coincidência com a denúncia originalmente formulada, forneceria uma evidência mais consistente para a publicação da denúncia, reduzindo o ônus da revista – ao passo que, se esse terceiro elemento fosse reticente ou desmentisse a acusação, acenderia um alerta e faria aumentar a desconfiança na redação quanto à veracidade do relato do magistrado.
Ora, nenhuma publicação séria do mundo publicaria uma denúncia contra um ex-presidente ciente de que esta seria desmentida pela única testemunha presencial capaz de corroborá-la, como Jobim o fizera em relação à denúncia de Veja/Mendes. Nosso jogo deveria, portanto, terminar aqui, já que um editor responsável e jornalistas honrados jamais concordariam em assinar uma matéria tão leviana, alicerçada em bases tão frágeis. Mas, entre nós, brasileiros, o jornalismo responsável anda tão escasso que proponho brincarmos de imprensa séria um pouquinho mais.
Coerência lógica
Consideremos então que, para nosso valoroso redator, tão essencial quanto as medidas acima elencadas seria um exame da plausibilidade da denúncia. Várias questões então se colocariam para ele. A primeira delas diz respeito à probabilidade lógica: o STF tem 11 membros. Do time atual, o ex-presidente indicou seis nomes, e sua sucessora, do mesmo partido, dois. Já o ministro acusador foi indicado por um ex-presidente que antecedeu a ambos mandatários e lhes faz oposição, indicação que, segundo alguns, se deu como forma de recompensar a extrema leniência com que o nomeado desempenhou o papel de Procurador-geral da República em seu governo.
Ora, por que o ex-presidente agora acusado, ao invés de pressionar os oito ministros nomeados por ele e sua sucessora, preferiria ir ter com um magistrado nomeado pelo seu principal opositor? Mais: por que o faria, se fora anteriormente publicamente agredido pelo mesmo ministro, que declarou que iria “chamá-lo às falas” por conta de uma denúncia de grampo no STF - publicada, aliás, na mesma revista ora sob suspeita, e jamais comprovada?
Fora de timing
Certamente nosso brioso editor, já picado pela vespa da perplexidade (ele é um editor imaginário, mas é humano), quedaria a pensar por que cargas d'água um ex-presidente desejoso de manipular a data do tal julgamento iria pressionar um ministro sem posição de comando no tribunal ou função especial alguma no “julgamento do Mensalão”, ao invés de acossar os presidentes do STF e do TSE ou o relator do caso? “Isso não faz sentido algum”, refletiria o nobre homem.
Por fim, pensaria nosso já estupefato editor, por que o ex-presidente, que poderia ter feito como seu antecessor e mandado engavetar a granel denúncias que o desagradassem, se tinha interesse em manipular o “julgamento do Mensalão”, não o fez antes, no poder?
Essa questão certamente estaria na pauta da entrevista com o ex-presidente, a qual, obedecendo parâmetros éticos mínimos, deveria não apenas dar a voz ao outro lado para que se posicionasse ante as acusações que lhe são feitas, mas publicá-las com destaque textual e fotográfico proporcional ao dado às acusações e ao acusador. Isso, conclui o editor, se não existissem tantos furos a impedir a realização de uma matéria minimamente séria, que pode destruir nossa reputação.
Uma questão de ética
Xingando mentalmente o pauteiro que propôs uma matéria tão sem sustentação, nosso valoroso editor desiste de publicar a matéria e comunica a decisão aos demais profissionais envolvidos – não sem uma sutil reprimenda entrelinhas.
Desliga o computador, fechas as gavetas e, com a consciência leve assegurando a dignidade com que os jornalistas de Veja não podem nem sonhar, sai assobiando pelas ruas com as mãos nos bolsos, vendo a tarde cair.
“Gilmar Mendes foi leviano e mente”, diz Paulo Lacerda, ex-diretor da PF e Abin
“Gilmar Mendes foi leviano e mente”, diz Paulo Lacerda, ex-diretor da PF e Abin
“Gilmar Mendes foi leviano e mente”, diz Paulo Lacerda, ex-diretor da PF e Abin
Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo publicada nesta quarta-feira, 30, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes lançou acusações contra Paulo Lacerda, ex-diretor da Policia Federal e da Abin (Agência Brasileira de Inteligência):
- Dizem que ele (Lacerda) está assessorando o PT. Tive informação em 2011 que o Lacerda queria me pegar.
Segundo O Estado de S.Paulo, Gilmar Mendes suspeita que Lacerda estaria divulgando "informações falsas" para atingi-lo. E, também, que estaria assessorando o ex-presidente Lula. Terra Magazine ouviu Paulo Lacerda no início da tarde desta quarta-feira. Feita a ressalva "não sei se ele disse isso", Paulo Lacerda, habitualmente sereno e cordato, respondeu a Gilmar Mendes com dureza:
- Se ele falou isso, ele foi leviano e mente.
Lacerda, que hoje trabalha numa associação de empresas de segurança privada, conta que não vê Lula há anos, assim como Gilmar Mendes, e rebate as acusações:
- Estou aposentado, não trabalho com investigação (…) não trabalho para partido nenhum, não assessoro nem à CPI nem ao ex-presidente Lula (…) Se as informações que ele diz ter recebido são dessas mesmas fontes, se foram essas fontes e informações que o levaram a dizer o que anda dizendo, tá explicado porque ele está dizendo essas coisas e dessa forma.
Por fim, sobre informação atribuída também ao ministro e publicada no sábado, 26, em O Globo, dando conta que o espião Dadá seria seu homem de confiança, Paulo Lacerda devolve:
- Eu nem conheço o Dadá, jamais tive contato com ele e nunca estive com ele. Portanto, faço a ressalva: se o ministro Gilmar Mendes de fato disse isso… essa é mais uma informação leviana, irresponsável e mentirosa.
Terra Magazine: O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, disse em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo: "Lacerda tinha como missão me destruir", e que o senhor queria "pegá-lo". Disse também que "dizem" que o senhor estaria assessorando o PT e municiando o presidente Lula com informações…
Paulo Lacerda: Soube pelo jornal. O absurdo é tamanho que não sei como ele se permite dizer aquilo. Se ele disse aquilo, respondo: primeiro, o ministro Gilmar está totalmente desinformado sobre a minha vida profissional e pessoal. Estou aposentado da Polícia Federal depois de dois anos e meio de adidância em Lisboa e trabalho hoje para a Associação de Empresas de Segurança Privada. Não trabalho com nada, nada de investigação, e quem me conhece e à minha vida hoje sabe disso. Sabe o que é mais espantoso?
- O quê?
- É que é com base nesse tipo de informações que o ministro está recebendo é que se criou essa crise toda. Se as informações que ele diz ter recebido são dessas mesmas fontes, se foram essas fontes e informações que o levaram a dizer o que anda dizendo nos últimos dias, tá explicado porque ele está dizendo essas coisas e dessa forma. Ele, de novo, mais uma vez, está totalmente mal informado.
- O senhor não presta assessoria à CPI, ao PT ou ao ex-presidente Lula?
- Não vejo o presidente Lula, assim como o ministro Gilmar Mendes, desde que deixei o governo. Isso é ridículo. Não assessoro o PT nem a partido algum e é um delírio supor, achar e dizer que assessoro o ex-presidente Lula. Basta perguntar aos senadores e deputados da CPI se assessoro à CPI ou a algum parlamentar. Basta perguntar aos assessores do Lula se alguém tem algum vestígio de presença minha, de contato meu com ele. Sou aposentado, até poderia trabalhar para quem me convidasse e eu quisesse, mas isso não é verdade. É absoluta inverdade. Impressiona e é preocupante como um ministro do Supremo não se informa antes de dizer esses absurdos.
- Mas o que exatamente é absurdo?
- Tudo isso. São informações totalmente tendenciosas. Eu não estou trabalhando para partido algum, político nenhum. Ele está exaltado, sem controle, não sei se por conta dessa conversa com o ex-presidente, mas nada disso é verdade. E isso é muito fácil de checar.
- O senhor e o ministro Gilmar Mendes já tiveram um problema sério…
- Em setembro de 2008, ele procurou o presidente Lula e acusou a Abin, que eu dirigia, de ter feito grampos ilegais na Operação Satiagraha. Aquilo era mentira. Não foi feito grampo algum ilegal por parte da Abin… aliás, a CPI de agora é uma ótima oportunidade para investigarem aquela armação. Não existiu grampo algum, mas o ministro Gilmar Mendes foi ao presidente da República com base em uma informação falsa. Espero que agora apurem tudo aquilo.
- O que mais o incomoda?
- Eu não vi o ministro Gilmar Mendes falar isso, eu li no jornal. Não sei se ele falou, mas se ele falou, foi leviano e mente. Se falou isso o ministro Gilmar Mendes mentiu. Estou aposentado da área pública, todos sabem disso. Não teria nenhum impedimento, de ordem alguma, para trabalhar com investigação, mas não quero, e isso que ele disse, se disse, não é verdade.
- Alguma vez, depois do episódio em 2008, do tal grampo cujo áudio nunca apareceu, o ministro Gilmar e o senhor falaram sobre o episódio? Em algum momento ele reconheceu não ter ouvido o tal grampo, se desculpou?
- Não. Repito, não vejo o ministro e o ex-presidente Lula há anos. E não houve desculpa alguma… e acho que a CPI agora seria ótima oportunidade para esclarecer isso de uma vez por todas, embora a Polícia Federal já tenha concluído que não houve grampo algum da Abin…
- Essa CPI de agora, a do Cachoeira, tem alguns personagens comuns com aquele caso, fala-se muito no espião Dadá…
- A propósito. O ministro Gilmar Mendes teria dito ao jornalista Moreno que esse cidadão, Dadá, é ou era meu braço direito, meu homem de confiança. Respondi por escrito, mandei um e-mail para o Moreno, que é um jornalista… ele recebeu uma informação de um homem público e a publicou. Por isso enviei a resposta direto para ele e para o jornal O Globo.
- E qual é a resposta?
- Eu nem conheço o Dadá, jamais tive contato com ele e nunca estive com ele. Portanto, faço a ressalva: se o ministro Gilmar Mendes de fato disse isso…
- Sim, a ressalva está registrada
- Se ele disse isso, essa é mais uma informação leviana, irresponsável e mentirosa.
Liberdades iradas
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Liberdades iradas
Janio de Freitas
Na sua exaltação, o ministro Gilmar Mendes ainda não reparou que tem municiado quem queira atacá-lo
O excesso de raiva e a aparente perda de controle em Gilmar Mendes talvez expliquem, mas não tornam aceitável, que um ministro do Supremo Tribunal Federal faça, para a opinião pública, afirmações tão descabidas.
Nem o próprio Supremo é poupado no ataque atual de Gilmar Mendes, que assim o define em entrevista ao "Globo": "Já é um Poder em caráter descendente". Não há por que duvidar desse sentimento particular de Gilmar Mendes, mas também não há como atribuir a tal afirmação, feita de público e plena gratuidade, um qualquer propósito respeitável.
Ali demolidor, pelo método da implosão, é também deste ministro, no mesmo dia, porém à Folha, a atribuição deste motivo para o que diz ter ouvido de Lula: "Dizer que o Judiciário está envolvido numa rede de corrupção", para "melar o julgamento do mensalão".
A afirmação sobre o Supremo, com provável sinceridade; a outra, uma ficção sem sequer um indício em seu favor. Lula, o PT e os réus do mensalão nada ganhariam com uma investida contra o Judiciário. Sabem disso na mesma proporção em que a imaginação ficcionista não sabe.
Na sua exaltação, o ministro Gilmar Mendes ainda não reparou que tem municiado quem queira atacá-lo. Já deu, por exemplo, três versões para o custeio da viagem em que se encontrou, na Europa, com Demóstenes Torres. A tal viagem das suas sensibilidades tocadas pelo que "pareceram insinuações" de Lula.
Na primeira referência feita (estão todas impressas e gravadas), disse haver respondido a Lula que viajou "com recursos próprios". Na segunda, fez viagem oficial, custeada pelo Supremo, para um evento na Espanha, e dali à Alemanha pagou ele mesmo. Na terceira (ainda na entrevista ao "Globo"): "Fui a Berlim em viagem oficial. Por conta do STF".
Afinal, não se sabe como a viagem foi paga nem isso está em questão. Mas é compreensível que estivesse em boatos. Como amanhã pode estar a história de que Lula planejava denunciar o Judiciário como uma rede de corrupção. Por haver boato sobre a viagem, e indagar a respeito, é "gangsterismo, molecagem, banditismo, a gente está lidando com gângsteres", como disse Gilmar Mendes? Não, não disse: vociferou, iradíssimo.
Com base em que fatos um ministro do Supremo Tribunal Federal faz a acusação pública de que Lula -no caso, importa sobretudo serem um ex-presidente da República e um magistrado- é "a central de divulgação" dos boatos infamantes? Acusação de tal ordem não precisa nem indícios, é só emiti-la?
O Congresso foi poupado da reação de Gilmar Mendes graças à falta, na inquirição de Demóstenes Torres, de uma pergunta que, normalmente, não faltaria. Logo no primeiro lote de telefonemas gravados de Carlos Cachoeira, apareceu o pedido do senador de que o contraventor pagasse os R$ 3.000 de um táxi aéreo. Gilmar Mendes, negando ter usado avião de Carlos Cachoeira, disse que foi a Goiás convidado por Demóstenes Torres, para um jantar. Foi "de táxi aéreo".
Ninguém perguntou a Demóstenes que voo seria pago por Cachoeira. Ninguém perguntou se Gilmar Mendes e outros ministros estavam no voo dos R$ 3.000. Nada demais se estivessem, nem poderiam saber quem viria a pagar pelo voo. Apesar disso, a encrenca resultante já estaria engatilhada, com a imagem institucional do Supremo a aguentar suas manifestações.
Com muita constância, somos chamados a discutir o decoro parlamentar. Não são apenas os congressistas, no entanto, os obrigados a preservar o decoro da função.
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quarta-feira, 30 de maio de 2012
Teste de voz revela que Gilmar mentiu
Teste de voz revela que Gilmar mentiu
Foi o que se viu na entrevista que concedeu ao "Jornal Nacional", da TV Globo, na noite de segunda-feira. Suando muito, lívido, inseguro, olhando a toda hora para os lados, Mendes em nada lembrava o combativo ministro do STF, sempre muito veemente e definitivo nas suas declarações.
O perito Mauro Nadvorny, diretor presidente da Truster Brasil, empresa especializada em análise de frequência de voz, detectou trechos "fraudulentos e suspeitos" na entrevista concedida à TV pelo ex-presidente do STF.
A revelação do laudo de Nadvorny foi feita discretamente pelo portal UOL, uma empresa do Grupo Folha, em nota publicada às 18h14 de terça-feira, quando Mendes já havia concedido mais um balaio de entrevistas:
"Na análise de um total de 3 minutos de trechos da entrevista, foram detectadas 11 ocorrências de alto risco, cinco de provável risco e duas de baixo risco".
Para que não restem dúvidas, o perito explicou os termos técnicos: "Alto risco é uma maneira de dizer que a pessoa está mentindo".
A empresa Truster Brasil produz a tecnologia que detecta sinais de tensão, estresse, medo, embaraço e excitação em arquivos de voz. É o que antigamente se chamava de "detector de mentiras".
Sem saber da perícia feita na sua voz, em outra entrevista publicada nesta quarta-feira, Gilmar Mendes afirmou peremptoriamente ao jornal O Globo: "Não tenho histórico de mentira"
Curiosamente, a notícia do UOL, publicada sob o título "Exame de voz destaca "segmentos fraudulentos" em fala do ministro Gilmar Mendes", foi omitida dos assinantes da versão em papel da Folha, que preferiu dar outra manchete, mais ou menos na mesma linha dos seus concorrentes: "Meta de Lula é melar o julgamento", diz Mendes.
Neste caso, o jornal não fez nenhuma perícia para analisar a voz do ministro do STF, nem pediu provas sobre a sua acusação. Apenas reproduziu as declarações de Mendes ao repórter Felipe Seligman, da sucursal de Btrasília.
"Vamos parar com fofoca. A gente está lidando com gângsters. Estamos lidando com bandidos que ficam plantando informações". Na mesma entrevista, Mendes acusou o ex-presidente Lula de agir como uma "central de divulgação" com informações sobre as suas ligações com o senador Demóstenes Torres e seu amigo, o contraventor Carlinhos cachoeira.
Ao falar para o Estadão, Gilmar Mendes desta vez mirou também em Paulo Lacerda, delegado aposentado da Polícia Federal, ex-chefe da Agência Brasileira de Informações (Abin), a quem acusou de fazer investigações e fornecer informações contra ele para o PT.
"Eu acho que o ministro Gilmar Mendes, se ele falou isso, está totalmente desinformado em relação à minha vida e ao meu trabalho. Eu não tenho nenhuma relação com partido político. Nunca tive e não tenho", disse Lacerda ao repórter Eduardo Kattah.
Paulo Lacerda foi afastado da direção da Abin no célebre caso do "grampo sem áudio" publicado pela revista "Veja", em setembro de 2008, com denúncias sobre a gravação de supostas conversas entre Gilmar Mendes e seu amigo Demóstenes Torres.
Falando sem parar durante todo o dia aos veículos das Organizações Globo, Gilmar Mendes denunciou "uma sórdida ação orquestrada para enfraquecer o Supremo, levar o tribunal para a vala comum, fragilizar a instituição e estabelecer a nulidade da Corte", segundo a versão publicada pelo jornal impresso.
Para ele, como fica claro em todas as entrevistas, o principal responsável por esta ação é o ex-presidente Lula, mas Mendes não foi convidado por nenhum veículo a apresentar provas sobre as suas acusações. Prefere fazer comparações: "... o Brasil não é a Venezuela de Chávez... ele mandou até prender juiz."
É neste clima que Brasília convive com os preparativos para o julgamento do processo do mensalão e as trombadas da CPI do Cachoeira, a quatro meses das eleições municipais. Se juntar tudo e bater no liquidificador, vai dar um caldo meio esquisito.
Até o momento em que escrevo, na manhã desta quarta-feira, Lula ainda não respondeu às acusações de Gilmar Mendes.
O fato é que o ex-presidente, ainda se recuperando das sequelas do tratamento do câncer na laringe, que já completou sete meses, fez três apostas de alto risco: denunciar a "farsa do mensalão", bancar a candidatura de Fernando Haddad a prefeito de São Paulo e incentivar a criação da CPI do Cachoeira, tudo ao mesmo tempo.
Enquanto isso, com boa retaguarda na mídia, o ministro Gilmar Mendes vai assumindo o papel de líder da oposição a Lula e ao PT.
O que pensarão de tudo isso os demais membros do Supremo Tribunal Federal?
Teste de voz revela que Gilmar mentiu
Na enxurrada de entrevistas que vem concedendo sobre o seu encontro com o ex-presidente Lula, no escritório do ex-ministro Nelson Jobim, no dia 26 de abril, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, aparece cada vez mais descontrolado, atirando para todo lado, como se estivesse sofrendo uma forte perseguição.Foi o que se viu na entrevista que concedeu ao "Jornal Nacional", da TV Globo, na noite de segunda-feira. Suando muito, lívido, inseguro, olhando a toda hora para os lados, Mendes em nada lembrava o combativo ministro do STF, sempre muito veemente e definitivo nas suas declarações.
O perito Mauro Nadvorny, diretor presidente da Truster Brasil, empresa especializada em análise de frequência de voz, detectou trechos "fraudulentos e suspeitos" na entrevista concedida à TV pelo ex-presidente do STF.
A revelação do laudo de Nadvorny foi feita discretamente pelo portal UOL, uma empresa do Grupo Folha, em nota publicada às 18h14 de terça-feira, quando Mendes já havia concedido mais um balaio de entrevistas:
"Na análise de um total de 3 minutos de trechos da entrevista, foram detectadas 11 ocorrências de alto risco, cinco de provável risco e duas de baixo risco".
Para que não restem dúvidas, o perito explicou os termos técnicos: "Alto risco é uma maneira de dizer que a pessoa está mentindo".
A empresa Truster Brasil produz a tecnologia que detecta sinais de tensão, estresse, medo, embaraço e excitação em arquivos de voz. É o que antigamente se chamava de "detector de mentiras".
Sem saber da perícia feita na sua voz, em outra entrevista publicada nesta quarta-feira, Gilmar Mendes afirmou peremptoriamente ao jornal O Globo: "Não tenho histórico de mentira"
Curiosamente, a notícia do UOL, publicada sob o título "Exame de voz destaca "segmentos fraudulentos" em fala do ministro Gilmar Mendes", foi omitida dos assinantes da versão em papel da Folha, que preferiu dar outra manchete, mais ou menos na mesma linha dos seus concorrentes: "Meta de Lula é melar o julgamento", diz Mendes.
Neste caso, o jornal não fez nenhuma perícia para analisar a voz do ministro do STF, nem pediu provas sobre a sua acusação. Apenas reproduziu as declarações de Mendes ao repórter Felipe Seligman, da sucursal de Btrasília.
"Vamos parar com fofoca. A gente está lidando com gângsters. Estamos lidando com bandidos que ficam plantando informações". Na mesma entrevista, Mendes acusou o ex-presidente Lula de agir como uma "central de divulgação" com informações sobre as suas ligações com o senador Demóstenes Torres e seu amigo, o contraventor Carlinhos cachoeira.
Ao falar para o Estadão, Gilmar Mendes desta vez mirou também em Paulo Lacerda, delegado aposentado da Polícia Federal, ex-chefe da Agência Brasileira de Informações (Abin), a quem acusou de fazer investigações e fornecer informações contra ele para o PT.
"Eu acho que o ministro Gilmar Mendes, se ele falou isso, está totalmente desinformado em relação à minha vida e ao meu trabalho. Eu não tenho nenhuma relação com partido político. Nunca tive e não tenho", disse Lacerda ao repórter Eduardo Kattah.
Paulo Lacerda foi afastado da direção da Abin no célebre caso do "grampo sem áudio" publicado pela revista "Veja", em setembro de 2008, com denúncias sobre a gravação de supostas conversas entre Gilmar Mendes e seu amigo Demóstenes Torres.
Falando sem parar durante todo o dia aos veículos das Organizações Globo, Gilmar Mendes denunciou "uma sórdida ação orquestrada para enfraquecer o Supremo, levar o tribunal para a vala comum, fragilizar a instituição e estabelecer a nulidade da Corte", segundo a versão publicada pelo jornal impresso.
Para ele, como fica claro em todas as entrevistas, o principal responsável por esta ação é o ex-presidente Lula, mas Mendes não foi convidado por nenhum veículo a apresentar provas sobre as suas acusações. Prefere fazer comparações: "... o Brasil não é a Venezuela de Chávez... ele mandou até prender juiz."
É neste clima que Brasília convive com os preparativos para o julgamento do processo do mensalão e as trombadas da CPI do Cachoeira, a quatro meses das eleições municipais. Se juntar tudo e bater no liquidificador, vai dar um caldo meio esquisito.
Até o momento em que escrevo, na manhã desta quarta-feira, Lula ainda não respondeu às acusações de Gilmar Mendes.
O fato é que o ex-presidente, ainda se recuperando das sequelas do tratamento do câncer na laringe, que já completou sete meses, fez três apostas de alto risco: denunciar a "farsa do mensalão", bancar a candidatura de Fernando Haddad a prefeito de São Paulo e incentivar a criação da CPI do Cachoeira, tudo ao mesmo tempo.
Enquanto isso, com boa retaguarda na mídia, o ministro Gilmar Mendes vai assumindo o papel de líder da oposição a Lula e ao PT.
O que pensarão de tudo isso os demais membros do Supremo Tribunal Federal?
ÉPOCA – Paulo Moreira Leite » Lula deve ser amordaçado? » Arquivo
ÉPOCA – Paulo Moreira Leite » Lula deve ser amordaçado? » Arquivo
Lula deve ser amordaçado?
A julgar pela oposição, Luiz Inácio Lula da Silva só tem liberdade para falar de futebol. O ministro Celso de Mello declarou que, se Lula fosse presidente da República, poderia enfrentar um processo de impeachment caso tivesse feito declarações e insinuações semelhantes àquelas que
o ministro Gilmar Mendes afirma que ele fez.
O caso é este. Um presidente da República não tem opinião pessoal. Tudo o que ele pensa e manifesta envolve o cargo que ocupa e pode
ser considerado uma forma de pressão sobre alguém.
Mas Lula é ex-presidente e tem o direito de dizer o que pensa para toda pessoa que tenha disposição de ouvi-lo.
Ex-presidente é assim. Se o Fernando Henrique pode falar a favor da legalização das drogas num pais infernizado pelo crack, embora muitos educadores considerem que essa simples medida pode estimular o consumo da droga, pergunto por que Lula não pode dizer o que pensa sobre a melhor época para o julgamento do mensalão.
Não pode, é claro, chantagear nem sugerir uma barganha, coisa que eu duvido sinceramente que tenha feito.
Mas eu acho que toda pessoa maior de idade e em pleno gozo de sua saúde mental que senta-se para conversar com um ex-presidente e um
ex-ministro do Supremo, do governo Lula e do governo FHC, como Nelson Jobim, sabe que a conversa não vai se limitar a futebol nem a mulher bonita. Vai se falar de política e é claro que, de uma forma ou de outra, vai chegar ao assunto do momento, que é o mensalão.
E é claro que quando Lula, Gilmar Mendes e Nelson Jobim falam desses assuntos, a conversa não é simples tertulia literária. Vem carregada
de duplos, triplos e quádruplos sentidos.
São profissionais da conversa. Muito pouco precisa ser dito porque tudo pode ser entendido.
O esforço para transformar esse triálogo atende a outra agenda. Consiste na tentativa permanente da oposição para criar um clima politizado em torno do julgamento do mensalão.
Essa é a questão. Na medida em que as partes já apresentaram suas armas, as estratégias para o julgamento estão cada vez mais claras.
A oposição aposta que um clima politizado, de denuncia, de indignação, será útil para obter uma condenação. Torce, também, por uma decisão no primeiro semestre, que poderá trazer benefícios nas eleições de outubro. Não é preciso ter diploma de marketing eleitoral para calcular que uma sentença do Supremo terá um valor de prova na visão de muitos eleitores.
O PT se esforça na direção contrária. Acredita que o exame das provas, a exposição serena dos pontos de vista pode ser favorável aos acusados.
Essa é a discussão.
Imprensa é dócil com Mendes, esquece Jobim e mantém encenação
Imprensa é dócil com Mendes, esquece Jobim e mantém encenação
O próprio ministro Gilmar Mendes confirmou que esteve em Berlim e se encontrou com Demóstenes, mas teria dito a Lula, na mítica conversa de uma só versão (ou nota), que costuma ir Berlim, tal como Lula vai a São Bernardo do Campo...
A Operação Monte Carlo flagrou tal conversa de Cachoeira com Wladmir sobre a liberação de um jatinho para trazer Demóstenes da capital alemã, juntamente com um tal de “Gilmar”, de carona em voo patrocinado por um contraventor...
Não seria coincidência demais?
E fica por isso mesmo? Ninguém se coça para ir mais fundo, pelo menos, em reportagens baseadas nestes fortes indícios?
A Globo News que entrevistou o douto ministro do Supremo em Manaus sequer tocou no assunto, não o questionou sobre nenhuma destas informações. Parecia conversa de amigos, para livrar a barra daquele que está no sufoco.
A âncora do programa, Leilane Neubarth, preferiu alimentar dúvidas, onde o próprio entrevistado, segundo sua postura vacilante, já não sustentava a versão que deu a Veja, dias antes, de uma suposta pressão sofrida um mês atrás...
Outra questão deve ser aplicada a todos aqueles citados no início deste texto: Por que Gilmar Mendes demorou trinta dias para ficar indignado?
Nova indagação: O que teria se passado neste período para que não se pronunciasse de imediato?
Mais uma: por que não convocar uma entrevista coletiva, mesmo com tamanho retardo, para apresentar os graves fatos enunciados?
Afinal uma acusação desta natureza feriria de morte a independência dos poderes e colocaria o STF como presa fácil para movimentações ardilosas. Mereceria um mar de microfones a sua volta, um salão nobre e espaçoso para tantos jornalistas e meios de comunicação que lá coubessem, com transmissão ao vivo, inclusive, na TV aberta.
Mas procurar a Veja, um mês após a suposta chantagem e dois dias depois da publicação e repercussão na mídia da revista do grupo Abril, de Robert Civita, soa a muito pouco esforço feito para esclarecer, mais parece um movimento calculado, que não logrou o êxito vislumbrado no início da trama.
Qual seria o êxito? Esta questão, aqueles citados, lá no começo deste texto, também não parecem dispostos a explorar, pelo menos até este momento.
Não se pode ser categórico em uma questão tão sensível, principalmente vindo de quem e de onde veio esta nova tentativa de desviar o foco da CPMI, porque são personagens (Veja, Demóstenes e “Gilmar”) citados e flagrados em esquemas sinistros de Carlinhos Cachoeira.
Acredito que faltou combinar melhor o script com Nelson Jobim ou, sabe-se lá, tenha faltado algum ponto que o convencesse a embarcar nesta canoa furada.
Fica, por fim, a pergunta (também a dúvida): Pelo menos a imprensa, falo das grandes corporações que predominam no noticiário, Globo, Veja, Folha e Estadão, não vai tentar descobrir e apresentar ao grande público quem seria este tal “Gilmar”, citado nas escutas da Operação Monte Carlo, que estaria acompanhado de Demóstenes Torres e voltaria no jatinho providenciado pelo amigo senador junto a um contraventor???
Nenhuma ilação vai ser explorada na pauta jornalística destes veículos de comunicação???
Nenhuma entrevista vai ser solicitada ao ministro do STF para elucidar tais fatos???
Não vai haver uma postura mais incisiva e perseverante dos repórteres em tais questionamentos???
Os articulistas mais preditos tecerão comentários e análises que apontem supostas razões para o ocorrido???
Ou será que este tipo de expediente só está autorizado para ser utilizado para com a outra parte, um tão somente popularíssimo ex-presidente da república???
São perguntas demais, como de costume, poucas serão respondidas...
p.s. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel encaminhou para o Ministério Público Federal do Distrito Federal (MPF-DF), representação protocolada pelo PSDB contra Lula por supostamente ter pressionado o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Os tucanos acusam Lula de praticar “coação no curso do processo, tráfico de influência ativo e, ainda, promessa de vantagens indevidas”. Desta vez Gurgel não vacilou momento algum e deu curso imediato a um pedido judicial...
p.s. 2 O ex-ministro da Defesa e ex-ministro do STF, Nelson Jobim, foi, misteriosamente, esquecido pelas redações de alguns órgãos da grande imprensa em toda esta polêmica encenada...
Imprensa é dócil com Mendes, esquece Jobim e mantém encenação
O próprio ministro Gilmar Mendes confirmou que esteve em Berlim e se encontrou com Demóstenes, mas teria dito a Lula, na mítica conversa de uma só versão (ou nota), que costuma ir Berlim, tal como Lula vai a São Bernardo do Campo...
A Operação Monte Carlo flagrou tal conversa de Cachoeira com Wladmir sobre a liberação de um jatinho para trazer Demóstenes da capital alemã, juntamente com um tal de “Gilmar”, de carona em voo patrocinado por um contraventor...
Não seria coincidência demais?
E fica por isso mesmo? Ninguém se coça para ir mais fundo, pelo menos, em reportagens baseadas nestes fortes indícios?
A Globo News que entrevistou o douto ministro do Supremo em Manaus sequer tocou no assunto, não o questionou sobre nenhuma destas informações. Parecia conversa de amigos, para livrar a barra daquele que está no sufoco.
A âncora do programa, Leilane Neubarth, preferiu alimentar dúvidas, onde o próprio entrevistado, segundo sua postura vacilante, já não sustentava a versão que deu a Veja, dias antes, de uma suposta pressão sofrida um mês atrás...
Outra questão deve ser aplicada a todos aqueles citados no início deste texto: Por que Gilmar Mendes demorou trinta dias para ficar indignado?
Nova indagação: O que teria se passado neste período para que não se pronunciasse de imediato?
Mais uma: por que não convocar uma entrevista coletiva, mesmo com tamanho retardo, para apresentar os graves fatos enunciados?
Afinal uma acusação desta natureza feriria de morte a independência dos poderes e colocaria o STF como presa fácil para movimentações ardilosas. Mereceria um mar de microfones a sua volta, um salão nobre e espaçoso para tantos jornalistas e meios de comunicação que lá coubessem, com transmissão ao vivo, inclusive, na TV aberta.
Mas procurar a Veja, um mês após a suposta chantagem e dois dias depois da publicação e repercussão na mídia da revista do grupo Abril, de Robert Civita, soa a muito pouco esforço feito para esclarecer, mais parece um movimento calculado, que não logrou o êxito vislumbrado no início da trama.
Qual seria o êxito? Esta questão, aqueles citados, lá no começo deste texto, também não parecem dispostos a explorar, pelo menos até este momento.
Não se pode ser categórico em uma questão tão sensível, principalmente vindo de quem e de onde veio esta nova tentativa de desviar o foco da CPMI, porque são personagens (Veja, Demóstenes e “Gilmar”) citados e flagrados em esquemas sinistros de Carlinhos Cachoeira.
Acredito que faltou combinar melhor o script com Nelson Jobim ou, sabe-se lá, tenha faltado algum ponto que o convencesse a embarcar nesta canoa furada.
Fica, por fim, a pergunta (também a dúvida): Pelo menos a imprensa, falo das grandes corporações que predominam no noticiário, Globo, Veja, Folha e Estadão, não vai tentar descobrir e apresentar ao grande público quem seria este tal “Gilmar”, citado nas escutas da Operação Monte Carlo, que estaria acompanhado de Demóstenes Torres e voltaria no jatinho providenciado pelo amigo senador junto a um contraventor???
Nenhuma ilação vai ser explorada na pauta jornalística destes veículos de comunicação???
Nenhuma entrevista vai ser solicitada ao ministro do STF para elucidar tais fatos???
Não vai haver uma postura mais incisiva e perseverante dos repórteres em tais questionamentos???
Os articulistas mais preditos tecerão comentários e análises que apontem supostas razões para o ocorrido???
Ou será que este tipo de expediente só está autorizado para ser utilizado para com a outra parte, um tão somente popularíssimo ex-presidente da república???
São perguntas demais, como de costume, poucas serão respondidas...
p.s. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel encaminhou para o Ministério Público Federal do Distrito Federal (MPF-DF), representação protocolada pelo PSDB contra Lula por supostamente ter pressionado o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Os tucanos acusam Lula de praticar “coação no curso do processo, tráfico de influência ativo e, ainda, promessa de vantagens indevidas”. Desta vez Gurgel não vacilou momento algum e deu curso imediato a um pedido judicial...
p.s. 2 O ex-ministro da Defesa e ex-ministro do STF, Nelson Jobim, foi, misteriosamente, esquecido pelas redações de alguns órgãos da grande imprensa em toda esta polêmica encenada...
GILMAR MENDES USA LULA PARA OFENDER E TENTAR HUMILHAR JOAQUIM BARBOSA
GILMAR MENDES USA LULA PARA OFENDER E TENTAR HUMILHAR JOAQUIM BARBOSA
GILMAR MENDES USA LULA PARA OFENDER E TENTAR HUMILHAR JOAQUIM BARBOSA
Gilmar Mendes nunca engoliu a revelação feita pelo Ministro Joaquim Barbosa de que possui "capangas". A oportunidade de se vingar do "colega" de STF veio no bojo da mais recente parceria com a Revista Veja, que publicou uma matéria em que Gilmar Mendes faz graves acusações ao ex-presidente Lula, indo de pressão indevida para retardar o julgamento do caso mensalão até chantagem, relacionada com o encontro (já confirmado) entre o Ministro acusador, e Carlos Cachoeira, na Alemanha.
Deixemos de lado se o que diz Gilmar Mendes é verdade, seja no todo, seja em parte. Qual o sentido de "revelar" que Lula chamou Joaquim Barbosa de "frustrado" ? Se verdadeiro que Lula se referiu dessa forma ao "colega" de Gilmar, essa não seria dentro do contexto do "pseudo teor da conversa", uma afirmação que guardasse relação com a suposta tentativa de Lula em pressionar Gilmar Mendes.
Ao tornar público essa parte, tenha Lula dito ou não isso, Gilmar Mendes mostrou o quanto é um ser humano mesquinho, capaz de atitudes pequenas e vingativas. Que revelasse aos "colegas" de STF, ou o fizesse de forma reservada ao próprio Joaquim Barbosa, e seria a atitude digna e cortês que se espera tenha um membro da SUPREMA CORTE.
Gilmar preferiu porém, com a "prestimosa" ajuda da revista Veja, sempre pronta a realizar serviços sujos de enlamear a honra alheia, a lançar a intriga no "ar".
De um jeito ou de outro, Gilmar Mendes que demonstra escancaradamente que não tem a menor preocupação em preservar o Tribunal de que faz parte, nem aos seus colegas ministros, usou Lula para atacar covardemente, de forma rasteira, Joaquim Barbosa.
Faz-se necessário que Lula tenha a agilidade de apresentar sua negativa em relação a essa gravíssima ofensa, talvez, o pior de tudo nessa "história" eivada de erros e baixarias. Eu não acredito que Lula tenha dito isso, na minha opinião é MENTIRA de Gilmar Mendes, acho que Joaquim Barbosa também não crê na "história' de Gilmar, nem no todo, nem nessa parte bastante específica, mas, LULA precisa apresentar um desmentido e DESAGRAVO ao Ministro Joaquim Barbosa, e tem de ser público.
Dalmo Dallari, avisou, mas ninguém escutou
Dalmo Dallari, avisou, mas ninguém escutou
QUE ABSURDO! GILMAR MENDES DESMENTE GILMAR MENDES E DIZ QUE LULA ‘NÃO FEZ NENHUM PEDIDO EM RELAÇÃO AO MENSALÃO’
São inacreditáveis as atitudes do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes e da revista Veja, assim como da grande mídia ao repercutir uma notícia falsa divulgada pela revista que está envolvida na investigação da quadrilha de Carlinhos Cachoeira, segundo a Polícia Federal.
Em reportagem de ontem à noite do Jornal da Globo, o ministro Gilmar Mendes (da Globo) desmentiu o ministro Gilmar Mendes (da Veja). Ele diz no vídeo: “não houve nenhum pedido específico do presidente em relação ao mensalão”. Mas que bandalheira é essa?!
Será que Gilmar Mentes? Ou seria a Veja que mente? Dalmo Dallari, avisou, mas ninguém escutou. Veja a declaração de Gilmar Mendes a partir do segundo minuto do vídeo abaixo.
Enquanto os responsáveis pela revista Veja não se sentarem na CPMI do Carlinhos Cachoeira, a situação continuará dessa maneira, com um jornalismo totalmente sórdido e irresponsável. É hora de convocar o Civita para a CPMI.
Leia mais em Educação Política:
Lula, Gilmar e Jobim, uma trinca do escracho, por Elio Gaspari - Ricardo Noblat: O Globo
Lula, Gilmar e Jobim, uma trinca do escracho, por Elio Gaspari - Ricardo Noblat: O Globo
O que aconteceu no dia 26 de abril no escritório de Nelson Jobim, ex-ministro da Justiça, da Defesa, e ex-presidente do Supremo Tribunal Federal? Certo mesmo, só que lá se encontraram Lula, o ministro Gilmar Mendes e o dono da casa.
Os repórteres Rodrigo Rangel e Otávio Cabral revelaram a lembrança de Mendes. Coisa tenebrosa. Lula recomendou que se adiasse o julgamento do mensalão: “É inconveniente julgar esse processo agora”, e contou que estava caitituando votos da Corte.
Cármen Lúcia? “Vou falar com o Pertence para cuidar dela.” Referia-se ao ex-ministro Sepúlveda Pertence, por coincidência presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência.
Dias Toffoli? “Ele tem de participar do julgamento.” (O ministro, como ex-advogado-geral da União, poderia dar-se por impedido.)
Ricardo Lewandowski? “Ele só iria apresentar o relatório no semestre que vem, mas está sofrendo muita pressão.”
Joaquim Barbosa: “Complexado.”
Finalmente, Lula prensou Mendes com uma pergunta. “E a viagem a Berlim?”
Por trás da curiosidade estava a maledicência de que o ministro fizera uma viagem a Berlim com o senador Demóstenes Torres e parte do paganini por conta de Carlinhos Cachoeira. O ministro rebateu a insinuação e dobrou a aposta: “Vá fundo na CPI.”
O repórter Jorge Bastos Moreno ouviu a narrativa de Jobim: “Não houve nada disso.” Ele contou que o encontro ocorreu por acaso, durou cerca de uma hora, e em nenhum momento os dois estiveram a sós. Dias depois, corrigiu-se e disse que marcou o encontro a pedido de Lula.
O ex-presidente, por intermédio de sua assessoria, contestou, indignado, a reconstrução de Gilmar Mendes.
Alguém está mentindo. Ou mente Gilmar, ou mentem Lula e Jobim.
Pela narrativa de Gilmar, “fiquei perplexo com o comportamento e as insinuações despropositadas do presidente Lula”. O ministro conta que narrou o episódio ao presidente da Corte, Carlos Ayres Britto, na quarta-feira da semana passada, 27 dias depois do ocorrido.
Infelizmente, ambos mantiveram-no restrito ao mundo de confidências que alimentam a nobiliarquia de Brasília.
Se a narrativa de Gilmar é verdadeira, o escracho começou na própria conversa. Nem Lula poderia ter dito o que disse, nem Gilmar poderia ter ouvido. Sua perplexidade diante das “insinuações despropositadas” deveria ter sido expressa no ato.
A comunicação do ocorrido ao ministro Ayres Britto deveria ter desencadeado uma imediata iniciativa pública. A essa altura era Britto quem não poderia ter ouvido o que Gilmar lhe contou. O cargo em que está investido recomendava que pedisse ao colega que narrasse o episódio na sala de sessões da Corte, ao vivo e em cores, como já fez o ministro Joaquim Barbosa quando julgou impertinente um telefonema que lhe dera um ex-ministro da Casa, advogando um caso milionário.
Nessa ocasião, Barbosa começou a construir sua fama de intratável.
Um Supremo Tribunal Federal com onze juízes intratáveis jamais acabaria metido numa história dessas.
P.S.- A memória exige o registro de que em 2008 o ministro Gilmar Mendes, presidindo o STF, denunciou um “estado policialesco” a partir da leitura do que seria a transcrição de uma conversa que tivera com o senador Demóstenes Torres. Até hoje não apareceu o áudio desse grampo.
Lula, Gilmar e Jobim, uma trinca do escracho, por Elio Gaspari
Elio Gaspari, O GloboO que aconteceu no dia 26 de abril no escritório de Nelson Jobim, ex-ministro da Justiça, da Defesa, e ex-presidente do Supremo Tribunal Federal? Certo mesmo, só que lá se encontraram Lula, o ministro Gilmar Mendes e o dono da casa.
Os repórteres Rodrigo Rangel e Otávio Cabral revelaram a lembrança de Mendes. Coisa tenebrosa. Lula recomendou que se adiasse o julgamento do mensalão: “É inconveniente julgar esse processo agora”, e contou que estava caitituando votos da Corte.
Cármen Lúcia? “Vou falar com o Pertence para cuidar dela.” Referia-se ao ex-ministro Sepúlveda Pertence, por coincidência presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência.
Dias Toffoli? “Ele tem de participar do julgamento.” (O ministro, como ex-advogado-geral da União, poderia dar-se por impedido.)
Ricardo Lewandowski? “Ele só iria apresentar o relatório no semestre que vem, mas está sofrendo muita pressão.”
Joaquim Barbosa: “Complexado.”
Finalmente, Lula prensou Mendes com uma pergunta. “E a viagem a Berlim?”
Por trás da curiosidade estava a maledicência de que o ministro fizera uma viagem a Berlim com o senador Demóstenes Torres e parte do paganini por conta de Carlinhos Cachoeira. O ministro rebateu a insinuação e dobrou a aposta: “Vá fundo na CPI.”
O repórter Jorge Bastos Moreno ouviu a narrativa de Jobim: “Não houve nada disso.” Ele contou que o encontro ocorreu por acaso, durou cerca de uma hora, e em nenhum momento os dois estiveram a sós. Dias depois, corrigiu-se e disse que marcou o encontro a pedido de Lula.
O ex-presidente, por intermédio de sua assessoria, contestou, indignado, a reconstrução de Gilmar Mendes.
Alguém está mentindo. Ou mente Gilmar, ou mentem Lula e Jobim.
Pela narrativa de Gilmar, “fiquei perplexo com o comportamento e as insinuações despropositadas do presidente Lula”. O ministro conta que narrou o episódio ao presidente da Corte, Carlos Ayres Britto, na quarta-feira da semana passada, 27 dias depois do ocorrido.
Infelizmente, ambos mantiveram-no restrito ao mundo de confidências que alimentam a nobiliarquia de Brasília.
Se a narrativa de Gilmar é verdadeira, o escracho começou na própria conversa. Nem Lula poderia ter dito o que disse, nem Gilmar poderia ter ouvido. Sua perplexidade diante das “insinuações despropositadas” deveria ter sido expressa no ato.
A comunicação do ocorrido ao ministro Ayres Britto deveria ter desencadeado uma imediata iniciativa pública. A essa altura era Britto quem não poderia ter ouvido o que Gilmar lhe contou. O cargo em que está investido recomendava que pedisse ao colega que narrasse o episódio na sala de sessões da Corte, ao vivo e em cores, como já fez o ministro Joaquim Barbosa quando julgou impertinente um telefonema que lhe dera um ex-ministro da Casa, advogando um caso milionário.
Nessa ocasião, Barbosa começou a construir sua fama de intratável.
Um Supremo Tribunal Federal com onze juízes intratáveis jamais acabaria metido numa história dessas.
P.S.- A memória exige o registro de que em 2008 o ministro Gilmar Mendes, presidindo o STF, denunciou um “estado policialesco” a partir da leitura do que seria a transcrição de uma conversa que tivera com o senador Demóstenes Torres. Até hoje não apareceu o áudio desse grampo.
Comentário de Bob Fernandes
Estranhíssimo que um ministro e ex-presidente do Supremo Tribunal vaze conversa reservada com um ex-presidente da República. Muito mais estranho: se a conversa teve tal gravidade, por que Gilmar Mendes não reuniu o Tribunal no dia seguinte e não denunciou o fato? Por que não fez uma representação contra Lula? Por que esperou um mês para se dizer indignado?
É digno de um ministro, e ex-presidente do Supremo, vazar através da imprensa informações desse teor? Se é que são verdadeiras. Se era para revelar, por que ele mesmo não revelou? Por que esperou a Veja fazer o trabalho para, só então, numa tabelinha, dizer o que disse?
Jobim, também ex-presidente do Supremo, em entrevista ao Jornal Zero Hora negou que o mensalão tenha sido tema da conversa. Contou Jobim: "Foi uma conversa institucional. Não teve nada nos termos em que a Veja está falando". Perguntado sobre a hipótese de Lula e Gilmar terem conversado reservadamente, Jobim negou: "Não, não, não".
E por quê a Revista Veja? O que já produziu para a história o quarteto Veja, Gilmar, Jobim, e Lula? Em 3 de setembro de 2008, acompanhado de outros ministros do Supremo, Gilmar Mendes foi ao Palácio. Para, como disse então, "chamar "Lula às falas". Isso porque a Veja havia publicado capa sobre grampos. E informado que Gilmar Mendes e o senador Demóstenes Torres tinham sido grampeados.
O grampo nunca existiu. Mas a cobrança de Gilmar, nisso auxiliado pelo mesmo Jobim, então ministro da Defesa, levou à queda de Paulo Lacerda e diretores da Abin. Mais grave. Reverberado por colunas amestradas, o grampo que nunca existiu foi a arma usada para atacar a Operação Satiagraha. Aquela que prendeu Daniel Dantas.
O campo para os ataques foi a CPI dos Grampos. CPI presidida pelo deputado Marcelo Itagiba. Itagiba que teve ajuda do presidente do banco de Daniel Dantas para sua campanha. Tudo sempre muito estranho. Ou, muito claro. Estranho, por exemplo, que Demóstenes Torres, o mesmo da CPI do Cachoeira, tenha empregado em seu gabinete uma enteada de... Gilmar Mendes.
Aliás, depois disso tudo o ministro Gilmar Mendes ainda se considera habilitado para votar no caso Mensalão? Esse gesto do ministro se torna, obviamente, uma declaração de voto antecipada.
Mais um fato estranho: por quê Lula, tão experiente, tão rodado, se põe outra vez numa conversa do gênero com Jobim e Gilmar Mendes? A assessoria de Lula negou há pouco o que Gilmar Mendes diz que ele disse. Se disse, ou tivesse dito, isso seria um desastre.
De qualquer forma, o ex-presidente Lula cometeu um erro político. Não bastaram o grampo que não existiu e a atuação anterior do triunvirato Gilmar Mendes, Jobim e Demóstenes Torres?
O que Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal, foi fazer no escritório do hoje advogado, Jobim, e com um ex-presidente da República? E por que, ainda e mais uma vez Lula confiou em... Gilmar Mendes?
Irritado, Gilmar Mendes acusa Lula de divulgar informações falsas | Carta Capital
Irritado, Gilmar Mendes acusa Lula de divulgar informações falsas | Carta Capital
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acusou nesta terça-feira 29 o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de centralizar a divulgação de informações falsas contra ele.
Nesta terça, Mendes elevou o tom usado em entrevista à TV Globo na noite de segunda-feira. Nela, Mendes havia sido bem menos incisivo e disse ter “entendido” que Lula queria pressioná-lo a tentar adiar o julgamento do mensalão. A história veio à tona na edição da revista Veja deste final de semana, segundo a qual Mendes sofreu pressão de Lula a respeito do julgamento do mensalão. Os outros dois participantes da reunião desmentem o teor da denúncia: o próprio Lula e o ex-ministro e ex-presidente do STF Nelson Jobim.
Em entrevista coletiva nesta terça-feira 28, Mendes afirmou que é vítima de uma “armação”. Para ele, quem divulgou informações a seu respeito estaria interessado em “melar” o julgamento do mensalão. “Ele (Lula) recebeu esse tipo de informação. Gente que o subsidiou com esse tipo de informação e ele acreditou nela. As notícias que me chegaram era que ele era a central de divulgação disso. O próprio presidente”, afirmou Gilmar, segundo o jornal O Globo.
Mendes estava irritado e com o tom de voz alterado. Segundo a Folha de S. Paulo, ele estaria irritado com as pessoas, classificadas por ele de “criminosos e gângsters”, que estavam “vazando” informações sobre um encontro que teve com o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), em Berlim, e que a viagem teria acontecido após Cachoeira disponibilizar um avião ao senador e ao ministro. “Não viajei em jatinho coisa nenhuma. Vamos parar com fofoca. A gente está lidando com gângsters. Vamos deixar claro: estamos lidando com bandidos que ficam plantando essas informações”, disse o ministro, sem identificar quem seriam os supostos “criminosos”. Mendes apresentou notas e cópias de suas passagens aéreas que teriam sido emitidas na TAM pelo Supremo Tribunal Federal.
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acusou nesta terça-feira 29 o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de centralizar a divulgação de informações falsas contra ele.
Nesta terça, Mendes elevou o tom usado em entrevista à TV Globo na noite de segunda-feira. Nela, Mendes havia sido bem menos incisivo e disse ter “entendido” que Lula queria pressioná-lo a tentar adiar o julgamento do mensalão. A história veio à tona na edição da revista Veja deste final de semana, segundo a qual Mendes sofreu pressão de Lula a respeito do julgamento do mensalão. Os outros dois participantes da reunião desmentem o teor da denúncia: o próprio Lula e o ex-ministro e ex-presidente do STF Nelson Jobim.
Em entrevista coletiva nesta terça-feira 28, Mendes afirmou que é vítima de uma “armação”. Para ele, quem divulgou informações a seu respeito estaria interessado em “melar” o julgamento do mensalão. “Ele (Lula) recebeu esse tipo de informação. Gente que o subsidiou com esse tipo de informação e ele acreditou nela. As notícias que me chegaram era que ele era a central de divulgação disso. O próprio presidente”, afirmou Gilmar, segundo o jornal O Globo.
Mendes estava irritado e com o tom de voz alterado. Segundo a Folha de S. Paulo, ele estaria irritado com as pessoas, classificadas por ele de “criminosos e gângsters”, que estavam “vazando” informações sobre um encontro que teve com o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), em Berlim, e que a viagem teria acontecido após Cachoeira disponibilizar um avião ao senador e ao ministro. “Não viajei em jatinho coisa nenhuma. Vamos parar com fofoca. A gente está lidando com gângsters. Vamos deixar claro: estamos lidando com bandidos que ficam plantando essas informações”, disse o ministro, sem identificar quem seriam os supostos “criminosos”. Mendes apresentou notas e cópias de suas passagens aéreas que teriam sido emitidas na TAM pelo Supremo Tribunal Federal.
Sua opinião
- luiz pinheiro disse:2012-05-30 10:54:36O Gilmar está totalmente transtornado, despiu por completo a postura de magistrado. Está tão apavorado como o Capitão Gancho quando houve o implacável tic-tac do relógio deglutido - sinal da aproximação do crocodilo que, cedo ou tarde, vai devorá-lo. O ministro fala em "gangsters", "bandidos", mas todos sabemos que não se refere ao Daniel Dantas, nem ao Cachoeira, dos quais é cúmplice. Refere-se ao Paulo Lacerda, o crocodilo do bem, que para a felicidade do povo brasileiro pode ajudar a enfim promover Justiça com J maiúsculo nesse país, e colocar no chilindró esse tumor putrefato a céu aberto chamado Gilmar Mendes.
- Luiz Chaimsohn disse:2012-05-30 10:39:13Só uma pergunta que não quer calar : A matéria diz que ele viajou com a passagem emitida pelo STF com a TAM ... mas na imagem que apareceu do printer do E-ticket apresentado diante das câmeras de TV aparecia vôo IB 6820 GRU / MAD , ou seja vôo Ibéria 6820 S.paulo/ Madri.... tem algo estranho não tem? embora em se tratando do Sinistro Gilmar Mente, isso é normal !
terça-feira, 29 de maio de 2012
PT inclui ministro do STF nas investigações da CPI | Valor Econômico
PT inclui ministro do STF nas investigações da CPI | Valor Econômico
O PT busca dados contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as relações do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com empresas e autoridades.
A informação de que Mendes se encontrou em Berlim, na Alemanha, com o senador Demóstenes Torres (GO), apontado pela Polícia Federal como o principal braço político de Cachoeira, foi a primeira mais relevante delas e partiu de integrantes do partido na comissão.
Ela integra a estratégia inicial do partido para a CPI, de "desvendar a farsa do mensalão". Com essa informação em mãos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva partiu para uma conversa com o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, no dia 26 de abril. Segundo a revista 'Veja', no encontro, Lula pediu o adiamento do julgamento do mensalão. Ofereceu em troca a disposição da maioria governista da CPI de livrá-lo de uma investigação.
O ex-presidente nega ter conversado sobre o mensalão no encontro. A versão petista é que foi Mendes quem marcou o encontro pois soubera por um assessor que acompanha os trabalhos na CPI que alguns parlamentares obtiveram a informação de seu encontro com Demóstenes em Berlim. A razão de ele só falar sobre o assunto agora, mais de um mês após o encontro com Lula, seria uma espécie de "vacina" contra o aprofundamento da investigação contra ele pelo PT.
A razão é que há outras linhas de apuração contra Mendes, como uma eventual influência dele sobre o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, na decisão de não abrir uma ação penal contra Demóstenes no STF após receber os dados da Operação Vegas, em 2009.
Os petistas tentaram, mas não conseguiram aprovar na CPI um requerimento para convocar Gurgel para falar sobre isso. Na semana passada, porém, o procurador encaminhou à CPI sua justificativa: a de que detectou apenas desvios no "campo ético", insuficientes para a abertura de ação judicial.
Até mesmo o ex-diretor da Polícia Federal, Paulo Lacerda, segundo um petista, tem auxiliado na operação. Ele foi visto há algumas semanas no Congresso em conversas com integrantes do partido. Sua motivação seria o afastamento do posto maior da PF após Mendes denunciar grampo, nunca comprovado em seu gabinete, que teria flagrado um diálogo dele com Demóstenes. Agora seria o momento de "dar o troco".
Tanto que uma terceira linha de atuação contra Mendes na CPI é ligar a Mendes o ex-policial Jairo Martins, ex-funcionário da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), preso na Operação Monte Carlo. A suspeita é de que foi Martins quem, a pedido de Mendes, detectou suposto grampo no gabinete do ministro. O episódio foi publicado pela revista "Veja" e resultou na demissão de Lacerda.
Mas de acordo com um interlocutor de Lacerda, sua presença no Congresso se deve ao fato de ele estar atuando em uma associação de segurança privada, que tem entre suas funções acompanhar a tramitação de projetos ligados ao setor.
Apesar dessas linhas de apuração estarem em andamento, o PT sempre avaliou que o encontro de Demóstenes e Mendes em Berlim era insuficiente, ao menos por ora, para ligar o ministro ao esquema de Cachoeira. Ontem, o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto, afirmou que Mendes não é alvo da CPI. Mas sugeriu, entretanto, que pode vir a ser.
"Se o ministro viajou a Berlim com Demóstenes, alguém pagou a passagem. Se o grampo [de Mendes com Demóstenes] não ocorreu, alguns dados estão sendo levantados e vamos verificar. Está sendo levantado tudo na CPI. Gilmar não está [diretamente] no foco da CPI. [Mas] Todos, indiretamente, estão no foco da CPI. Vamos verificar o conteúdo disso e verificar os limites de cada um. Não vamos partidarizar a CPI, o que não significa que seremos omissos."
A oposição também optou por não levar o possível pedido de Lula a Mendes para dentro da CPI. Ao menos formalmente. Hoje é provável que haja discursos na CPI contra o episódio, mas isso não será transformado em convocação do ex-presidente ou até mesmo de acareação, como foi inicialmente pensado. Ciente de que não teria votos suficientes para aprovar nenhum desses requerimentos, o PSDB optou por interpelação judicial contra Lula.
PT inclui ministro do STF nas investigações da CPI
O PT busca dados contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as relações do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com empresas e autoridades.
A informação de que Mendes se encontrou em Berlim, na Alemanha, com o senador Demóstenes Torres (GO), apontado pela Polícia Federal como o principal braço político de Cachoeira, foi a primeira mais relevante delas e partiu de integrantes do partido na comissão.
Ela integra a estratégia inicial do partido para a CPI, de "desvendar a farsa do mensalão". Com essa informação em mãos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva partiu para uma conversa com o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, no dia 26 de abril. Segundo a revista 'Veja', no encontro, Lula pediu o adiamento do julgamento do mensalão. Ofereceu em troca a disposição da maioria governista da CPI de livrá-lo de uma investigação.
O ex-presidente nega ter conversado sobre o mensalão no encontro. A versão petista é que foi Mendes quem marcou o encontro pois soubera por um assessor que acompanha os trabalhos na CPI que alguns parlamentares obtiveram a informação de seu encontro com Demóstenes em Berlim. A razão de ele só falar sobre o assunto agora, mais de um mês após o encontro com Lula, seria uma espécie de "vacina" contra o aprofundamento da investigação contra ele pelo PT.
A razão é que há outras linhas de apuração contra Mendes, como uma eventual influência dele sobre o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, na decisão de não abrir uma ação penal contra Demóstenes no STF após receber os dados da Operação Vegas, em 2009.
Os petistas tentaram, mas não conseguiram aprovar na CPI um requerimento para convocar Gurgel para falar sobre isso. Na semana passada, porém, o procurador encaminhou à CPI sua justificativa: a de que detectou apenas desvios no "campo ético", insuficientes para a abertura de ação judicial.
Até mesmo o ex-diretor da Polícia Federal, Paulo Lacerda, segundo um petista, tem auxiliado na operação. Ele foi visto há algumas semanas no Congresso em conversas com integrantes do partido. Sua motivação seria o afastamento do posto maior da PF após Mendes denunciar grampo, nunca comprovado em seu gabinete, que teria flagrado um diálogo dele com Demóstenes. Agora seria o momento de "dar o troco".
Tanto que uma terceira linha de atuação contra Mendes na CPI é ligar a Mendes o ex-policial Jairo Martins, ex-funcionário da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), preso na Operação Monte Carlo. A suspeita é de que foi Martins quem, a pedido de Mendes, detectou suposto grampo no gabinete do ministro. O episódio foi publicado pela revista "Veja" e resultou na demissão de Lacerda.
Mas de acordo com um interlocutor de Lacerda, sua presença no Congresso se deve ao fato de ele estar atuando em uma associação de segurança privada, que tem entre suas funções acompanhar a tramitação de projetos ligados ao setor.
Apesar dessas linhas de apuração estarem em andamento, o PT sempre avaliou que o encontro de Demóstenes e Mendes em Berlim era insuficiente, ao menos por ora, para ligar o ministro ao esquema de Cachoeira. Ontem, o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto, afirmou que Mendes não é alvo da CPI. Mas sugeriu, entretanto, que pode vir a ser.
"Se o ministro viajou a Berlim com Demóstenes, alguém pagou a passagem. Se o grampo [de Mendes com Demóstenes] não ocorreu, alguns dados estão sendo levantados e vamos verificar. Está sendo levantado tudo na CPI. Gilmar não está [diretamente] no foco da CPI. [Mas] Todos, indiretamente, estão no foco da CPI. Vamos verificar o conteúdo disso e verificar os limites de cada um. Não vamos partidarizar a CPI, o que não significa que seremos omissos."
A oposição também optou por não levar o possível pedido de Lula a Mendes para dentro da CPI. Ao menos formalmente. Hoje é provável que haja discursos na CPI contra o episódio, mas isso não será transformado em convocação do ex-presidente ou até mesmo de acareação, como foi inicialmente pensado. Ciente de que não teria votos suficientes para aprovar nenhum desses requerimentos, o PSDB optou por interpelação judicial contra Lula.
Sul 21 » “A Veja deve explicações ao país”, diz presidente da Fenaj
Sul 21 » “A Veja deve explicações ao país”, diz presidente da Fenaj
A CPI realizada pelo Congresso Nacional que tenta investigar a influência do bicheiro Carlinhos Cachoeira sobre o poder público acabou suscitando um debate tão inesperado quanto necessário no país: a relação da mídia com as esferas de poder, sejam elas políticas ou econômicas.
A Polícia Federal identificou cerca de 200 conversas telefônicas entre o diretor da sucursal da revista Veja em Brasília, Policarpo Júnior, e o contraventor. A divulgação dessas escutas mostra que Cachoeira pautava a publicação da editora Abril, que se deixava levar pelos interesses políticos de um empresário fortemente ligado ao senador Demóstenes Torres (ex-DEM).
Diante desse cenário, alguns parlamentares têm defendido a convocação de Policarpo para depor na CPI, mesmo que o relator Odair Cunha (PT-MG) já tenha rejeitado pedido de informações a respeito. Para o presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Celso Schröder, a revista precisa explicar o que guiou sua prática jornalística nesse episódio. “A Veja tem que dar explicações ao Brasil. É preciso explicar como ela exerce a atividade jornalística com essas veleidades, com descompromisso e irresponsabilidade em relação a princípios éticos e técnicos consagrados pelo jornalismo”, entende.
Nesta entrevista ao Sul21, Schröder avalia a conduta da revista nesse e em outros episódios e defende a necessidade de um marco regulatório para a comunicação no país.
Celso Schröder – A CPI está nos mostrando que a mídia é uma instituição como qualquer outra e precisa estar submetida a princípios públicos, na medida em que a matéria-prima do seu trabalho é pública: a informação. Quanto menos pública essa instituição for e mais submetida aos interesses privados dos seus gestores ela estiver, mais comprometida ficará a natureza do jornalismo. Como qualquer instituição, a mídia não está acima do bem e do mal, dos preceitos republicanos do Estado de Direito e do interesse público. Do ponto de vista político, a Veja confundiu o público com o privado. Do ponto de vista jornalístico, comete um pecado inaceitável: estabelecer uma relação promíscua entre o jornalista e a fonte. Não é só um repórter, mas é a organização, a chefia da empresa, que conduz e encaminha uma atividade tecnicamente reprovável e eticamente inaceitável. Todo jornalista sabe, desde o primeiro semestre da faculdade, que a fonte é um elemento constituidor da notícia na medida em que ela for tratada como fonte. A fonte tem interesses e, para que eles não contaminem a natureza da informação, precisam ser filtrados pelo mediador, que é o jornalista. A fonte, ao mesmo tempo em que dá credibilidade e constitui elemento de pluralidade na matéria, por outro lado, se não for mediada e relativizada pelo jornalista, pode contaminar o conteúdo.
Sul21 – Em que pontos a relação entre Policarpo Júnior e Cachoeira extrapolaram uma relação saudável entre repórter e fonte?
Schroder – Ele não tratou o Cachoeira como fonte. O problema é um jornalista ou uma empresa jornalística atribuir a alguém uma dimensão de fonte única, negociando com ela o conteúdo e a dimensão da matéria e, principalmente, conduzindo a Veja para uma atuação de partido político. Esse é um pecado que a Veja vem cometendo há algum tempo. A oposição no Brasil é muito frágil. Por não existir uma oposição forte, a imprensa assume esse papel, o que é uma distorção absoluta. A imprensa não tem que assumir essa função, a sociedade não atribui a ela uma dimensão político-partidária, como a Veja se propõe. A Veja acaba de nos produzir um dos piores momentos do jornalismo. Quando houve o episódio da tentativa de invasão do apartamento do ex-ministro José Dirceu (PT) por um repórter da Veja, eu escrevi um artigo dizendo que, assim como Watergate tinha sido o grande momento do jornalismo no mundo, a atuação da Veja no quarto de Dirceu foi um anti-Watergate. Mal sabia eu que teríamos um momento ainda pior. Não foi a ação individual de um repórter sem capacidade de avaliação. Foi uma ação premeditada e sistêmica de uma empresa de comunicação, de um chefe que conduzia seu repórter para uma ação imoral, tangenciando perigosamente a ilegalidade.
Schröder - Neste momento, isso se consolida. É uma revista que coloca em jogo a matéria-prima básica da sua existência: a credibilidade. Parece-me um suicídio, inclusive do ponto de vista de um negócio jornalístico. A não ser que a Veja esteja contando com um outro tipo de financiamento, ou já esteja sendo subsidiada por outro mecanismo que não seja decorrente da credibilidade e da inserção no público. Não temos dados concretos sobre isso, mas tudo leva a crer que, nesse momento, o financiamento da Veja esteja se dando por outro caminho. O comprometimento e o alinhamento inescrupuloso da revista a uma determinada visão de mundo conduz à ideia de que a Veja possa ter aberto mão de ser um veículo de comunicação para ser um instrumento político com financiamento deste campo.
Sul21 – Mas a revista já passou por períodos em que era mais comprometida com o jornalismo. Como ocorreu essa mudança?
Schroder – Não é de agora que a Veja vem dando indícios de que abre mão de um papel de referência jornalística. A Veja foi fundamental para a redemocratização do país, foi referência para jornalistas de várias gerações e teve em sua direção homens como Mino Carta. Depois de um certo tempo, a revista começa a alinhar-se a um determinado grupo social brasileiro. É claro que os editores da revista têm opiniões e cumprem um papel conservador no país. Tudo bem que isso aconteça nas dimensões editoriais. Agora, que se reserve ao jornalismo informativo um espaço de discussão com contrapontos. Princípios elementares do jornalismo foram sendo abandonados e essa revista, que foi importante para a democracia e para o jornalismo, passa a ser um exemplo ruim que precisa ser enfrentado.
Sul21 – Como o senhor vê a possibilidade de Policarpo Júnior ser convocado para depor na CPI?
Schroder – Tenho visto declarações de alguns políticos, como da senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS), que diz que o envolvimento do Policarpo nisso representa um ataque à imprensa. Os jornalistas não estão acima da lei e não podem estar acima dos princípios republicanos. Se ele for convocado pela CPI, tem o direito de não ir. Se ele for, tem o direito de exercer a prerrogativa do sigilo de fonte. Mas a convocação não representa uma ameaça. A Veja tem que dar explicações ao Brasil. É preciso explicar como ela exerce a atividade jornalística com essas veleidades, com descompromisso e irresponsabilidade em relação a princípios éticos e técnicos consagrados pelo jornalismo. Questionar isso é fundamental. Os jornalistas e a academia têm obrigação de fazer esse questionamento.
Sul21 – Nesse sentido, não seria válido também convocar o presidente do Grupo Abril, Roberto Civita?
Schroder – Parece que seria deslocar o problema. Na CPI, a Veja é um dos pontos. O problema é a corrupção entre o Cachoeira e o Parlamento brasileiro. Um depoimento do Civita geraria um debate que desviaria os trabalhos da CPI. Não há dúvida de que a Veja praticou um mau jornalismo e deve prestar contas. A CPI tem gravações de integrantes da revista com o bicheiro. Que eles sejam convocados, então. Não é pouca coisa trazer o chefe da sucursal da Veja em Brasília para depor.
Schroder – Há uma certa sensação de que estamos vivendo um momento de corrupção absoluta no país. E isso está longe de ser verdade. Basta olhar a história e ver que agora temos instituições democráticas funcionando. A imprensa cumpre um papel democrático e fiscalizador importante com a denúncia. O problema é que alguns setores, ao fazerem denúncias, atribuem um papel absoluto à ideia da corrupção. No caso da Veja, o pior de tudo é que a própria revista estava envolvida. Não é só um mau jornalismo sendo praticado. Há indícios perigosos de uma locupletação – que não precisa ser necessariamente financeira. Pode ser uma troca de favores, onde o que a Veja ganhou foi a constituição de argumentos para uma atuação política, não jornalística. Como se fosse o partido político que a oposição não consegue ser. Se a imprensa se propõe a esse tipo de coisa, volta a um patamar de atuação do século XVIII. Se é para ser assim, que a revista mude de nome e assuma o alinhamento a determinado partido. Agora, ao se apresentar como um espaço informativo, a Veja precisa refletir a complexidade do espaço político brasileiro. Se ela não faz isso, está comprometendo o jornalismo e tangenciando uma possibilidade de ilegalidade que, se houver, precisa ser esclarecida. A Fenaj não vai proteger jornalistas criminosos.
Sul21 – A revelação desse modus-operandi da Veja está gerando uma discussão quase inédita no país: a mídia está debatendo a mídia. A revista Carta Capital tem dedicado diversas capas ao tema e a Record já fez uma reportagem sobre o assunto. É um fenômeno comum em outros países, mas até então não ocorria no Brasil.
Schroder – Nos anos 1980, quando a Fenaj propôs uma linha para a democratização da comunicação, partimos da compreensão de que a democratização do país não havia conseguido chegar à mídia. O sistema midiático brasileiro, ao contrário de todas as outras instituições, não havia sido democratizado. Temos cinco artigos da Constituição nessa área que não estão regulamentados. Durante 30 anos tivemos diversas iniciativas de tentar construir esse debate. A lógica da regulamentação existe em todos os países do mundo. Mas, no Brasil, isso enfrenta resistências de uma mídia poderosa, que fez os dois primeiros presidentes da República após a democratização. Sarney e Collor são dois políticos que saíram dos quadros da Rede Globo. Na presidência do Congresso tivemos outros afilhados da Rede Globo, como Antonio Carlos Magalhães, que também foi ministro das Comunicações. A mídia não só está concentrada, no sentido de ter monopólios, como está desprovida de qualquer controle público. Está absolutamente entregue à ideia de que a liberdade de expressão é a liberdade de expressão dos donos da mídia. Enquanto que o preceito constitucional diz que a liberdade de expressão é do povo, e o papel da mídia é assegurar isso.
Schroder – Estamos há 30 anos pautando esse debate até chegarmos a Confecom (Conferência Nacional de Comunicação, realizada em dezembro de 2009). A Fenaj consegue constituir a ideia de que esse debate precisa ser público, já que ele é omitido pela mídia, que atribui à essa discussão uma tentativa de censura. A Confecom, no início, teve a anuência das empresas. Eu fui junto com os representantes da RBS e da Globo aos ministros Helio Costa (Comunicações), Tarso Genro (Justiça) e Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência) propor a conferência. As empresas compreendiam que, naquele momento, a telefonia estava chegando e ameaçava um modelo de negócios. Mas, durante a Confecom, a Rede Globo e todos os seus aliados se retiraram, tentando sabotar mais uma vez o debate. O espírito conservador está no DNA da Rede Globo. Ela acostumou-se à ideia de que para o seu negócio não deve existir nenhuma regra. Acostumou-se a impor seus interesses ao país e, portanto, é ontológicamente contra qualquer regra. Naquele momento em que a Globo se retirou da Confecom ficou claro que não é possível contar com esses empresários para qualquer tipo de tentativa de atribuir à comunicação no Brasil uma dimensão pública, humana e nacional, regida por princípios culturais, democráticos e educacionais, não simplesmente pelo lucro fácil e rápido.
Sul21 – O editorial do jornal O Globo defendendo a revista Veja é um indício de que há um corporativismo muito grande entre os donos da mídia tradicional?
Schroder – O princípio que os une é aquele verbalizado pela Sociedade Interamericana de Imprensa: Lei melhor é lei nenhuma. As empresas alinhadas à ideia de que não podem estar submetidas à lei protegem-se. Abrigadas no manto de uma liberdade de expressão apropriada por elas, protegem seus interesses e seus negócios, atuando de uma maneira corporativa e antipública. O jornalismo é fruto de uma atividade profissional, não é fruto de um negócio. Jornalismo não é venda de anúncios. Jornalismo é, essencialmente, o resultado do trabalho dos jornalistas. Portanto, a obrigação dos jornalistas é denunciar sempre que o jornalismo for maculado, como ocorreu com a Veja. Seria, também, uma obrigação das empresas jornalísticas, na medida em que elas não estejam envolvidas com esse tipo de prática. Ao tornarem-se cúmplice e acobertarem esse tipo de prática, as empresas aliam-se a elas. Essas empresas disputam o mercado, mas protegem-se no que consideram essencial, no sentido de inviabilizar a ideia de que exercem uma atividade submetida aos interesses públicos, como qualquer outra.
“A Veja deve explicações ao país”, diz presidente da Fenaj
Samir OliveiraA CPI realizada pelo Congresso Nacional que tenta investigar a influência do bicheiro Carlinhos Cachoeira sobre o poder público acabou suscitando um debate tão inesperado quanto necessário no país: a relação da mídia com as esferas de poder, sejam elas políticas ou econômicas.
A Polícia Federal identificou cerca de 200 conversas telefônicas entre o diretor da sucursal da revista Veja em Brasília, Policarpo Júnior, e o contraventor. A divulgação dessas escutas mostra que Cachoeira pautava a publicação da editora Abril, que se deixava levar pelos interesses políticos de um empresário fortemente ligado ao senador Demóstenes Torres (ex-DEM).
Diante desse cenário, alguns parlamentares têm defendido a convocação de Policarpo para depor na CPI, mesmo que o relator Odair Cunha (PT-MG) já tenha rejeitado pedido de informações a respeito. Para o presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Celso Schröder, a revista precisa explicar o que guiou sua prática jornalística nesse episódio. “A Veja tem que dar explicações ao Brasil. É preciso explicar como ela exerce a atividade jornalística com essas veleidades, com descompromisso e irresponsabilidade em relação a princípios éticos e técnicos consagrados pelo jornalismo”, entende.
Nesta entrevista ao Sul21, Schröder avalia a conduta da revista nesse e em outros episódios e defende a necessidade de um marco regulatório para a comunicação no país.
“Não é só um repórter, mas é a organização, a chefia da empresa, que conduz e encaminha uma atividade tecnicamente reprovável e eticamente inaceitável”
Sul21 – O que a CPI do Cachoeira pode nos dizer sobre a mídia brasileira?Celso Schröder – A CPI está nos mostrando que a mídia é uma instituição como qualquer outra e precisa estar submetida a princípios públicos, na medida em que a matéria-prima do seu trabalho é pública: a informação. Quanto menos pública essa instituição for e mais submetida aos interesses privados dos seus gestores ela estiver, mais comprometida ficará a natureza do jornalismo. Como qualquer instituição, a mídia não está acima do bem e do mal, dos preceitos republicanos do Estado de Direito e do interesse público. Do ponto de vista político, a Veja confundiu o público com o privado. Do ponto de vista jornalístico, comete um pecado inaceitável: estabelecer uma relação promíscua entre o jornalista e a fonte. Não é só um repórter, mas é a organização, a chefia da empresa, que conduz e encaminha uma atividade tecnicamente reprovável e eticamente inaceitável. Todo jornalista sabe, desde o primeiro semestre da faculdade, que a fonte é um elemento constituidor da notícia na medida em que ela for tratada como fonte. A fonte tem interesses e, para que eles não contaminem a natureza da informação, precisam ser filtrados pelo mediador, que é o jornalista. A fonte, ao mesmo tempo em que dá credibilidade e constitui elemento de pluralidade na matéria, por outro lado, se não for mediada e relativizada pelo jornalista, pode contaminar o conteúdo.
Sul21 – Em que pontos a relação entre Policarpo Júnior e Cachoeira extrapolaram uma relação saudável entre repórter e fonte?
Schroder – Ele não tratou o Cachoeira como fonte. O problema é um jornalista ou uma empresa jornalística atribuir a alguém uma dimensão de fonte única, negociando com ela o conteúdo e a dimensão da matéria e, principalmente, conduzindo a Veja para uma atuação de partido político. Esse é um pecado que a Veja vem cometendo há algum tempo. A oposição no Brasil é muito frágil. Por não existir uma oposição forte, a imprensa assume esse papel, o que é uma distorção absoluta. A imprensa não tem que assumir essa função, a sociedade não atribui a ela uma dimensão político-partidária, como a Veja se propõe. A Veja acaba de nos produzir um dos piores momentos do jornalismo. Quando houve o episódio da tentativa de invasão do apartamento do ex-ministro José Dirceu (PT) por um repórter da Veja, eu escrevi um artigo dizendo que, assim como Watergate tinha sido o grande momento do jornalismo no mundo, a atuação da Veja no quarto de Dirceu foi um anti-Watergate. Mal sabia eu que teríamos um momento ainda pior. Não foi a ação individual de um repórter sem capacidade de avaliação. Foi uma ação premeditada e sistêmica de uma empresa de comunicação, de um chefe que conduzia seu repórter para uma ação imoral, tangenciando perigosamente a ilegalidade.
“A Veja é uma revista que coloca em jogo a matéria-prima básica da sua existência: a credibilidade. Parece-me um suicídio”
Sul21 – O mesmo pode ser dito para o episódio recente entre Policarpo Júnior e Cachoeira?Schröder - Neste momento, isso se consolida. É uma revista que coloca em jogo a matéria-prima básica da sua existência: a credibilidade. Parece-me um suicídio, inclusive do ponto de vista de um negócio jornalístico. A não ser que a Veja esteja contando com um outro tipo de financiamento, ou já esteja sendo subsidiada por outro mecanismo que não seja decorrente da credibilidade e da inserção no público. Não temos dados concretos sobre isso, mas tudo leva a crer que, nesse momento, o financiamento da Veja esteja se dando por outro caminho. O comprometimento e o alinhamento inescrupuloso da revista a uma determinada visão de mundo conduz à ideia de que a Veja possa ter aberto mão de ser um veículo de comunicação para ser um instrumento político com financiamento deste campo.
Sul21 – Mas a revista já passou por períodos em que era mais comprometida com o jornalismo. Como ocorreu essa mudança?
Schroder – Não é de agora que a Veja vem dando indícios de que abre mão de um papel de referência jornalística. A Veja foi fundamental para a redemocratização do país, foi referência para jornalistas de várias gerações e teve em sua direção homens como Mino Carta. Depois de um certo tempo, a revista começa a alinhar-se a um determinado grupo social brasileiro. É claro que os editores da revista têm opiniões e cumprem um papel conservador no país. Tudo bem que isso aconteça nas dimensões editoriais. Agora, que se reserve ao jornalismo informativo um espaço de discussão com contrapontos. Princípios elementares do jornalismo foram sendo abandonados e essa revista, que foi importante para a democracia e para o jornalismo, passa a ser um exemplo ruim que precisa ser enfrentado.
Sul21 – Como o senhor vê a possibilidade de Policarpo Júnior ser convocado para depor na CPI?
Schroder – Tenho visto declarações de alguns políticos, como da senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS), que diz que o envolvimento do Policarpo nisso representa um ataque à imprensa. Os jornalistas não estão acima da lei e não podem estar acima dos princípios republicanos. Se ele for convocado pela CPI, tem o direito de não ir. Se ele for, tem o direito de exercer a prerrogativa do sigilo de fonte. Mas a convocação não representa uma ameaça. A Veja tem que dar explicações ao Brasil. É preciso explicar como ela exerce a atividade jornalística com essas veleidades, com descompromisso e irresponsabilidade em relação a princípios éticos e técnicos consagrados pelo jornalismo. Questionar isso é fundamental. Os jornalistas e a academia têm obrigação de fazer esse questionamento.
Sul21 – Nesse sentido, não seria válido também convocar o presidente do Grupo Abril, Roberto Civita?
Schroder – Parece que seria deslocar o problema. Na CPI, a Veja é um dos pontos. O problema é a corrupção entre o Cachoeira e o Parlamento brasileiro. Um depoimento do Civita geraria um debate que desviaria os trabalhos da CPI. Não há dúvida de que a Veja praticou um mau jornalismo e deve prestar contas. A CPI tem gravações de integrantes da revista com o bicheiro. Que eles sejam convocados, então. Não é pouca coisa trazer o chefe da sucursal da Veja em Brasília para depor.
“A Fenaj não vai proteger jornalistas criminosos”
Sul21 – As críticas à Veja costumam ser rebatidas com argumentos que valorizam o trabalho supostamente investigativo feito pela revista, com diversas denúncias de corrupção. Entretanto, as gravações entre Policarpo e Cachoeira revelam como funcionava a engenharia que movia algumas dessas denúncias.Schroder – Há uma certa sensação de que estamos vivendo um momento de corrupção absoluta no país. E isso está longe de ser verdade. Basta olhar a história e ver que agora temos instituições democráticas funcionando. A imprensa cumpre um papel democrático e fiscalizador importante com a denúncia. O problema é que alguns setores, ao fazerem denúncias, atribuem um papel absoluto à ideia da corrupção. No caso da Veja, o pior de tudo é que a própria revista estava envolvida. Não é só um mau jornalismo sendo praticado. Há indícios perigosos de uma locupletação – que não precisa ser necessariamente financeira. Pode ser uma troca de favores, onde o que a Veja ganhou foi a constituição de argumentos para uma atuação política, não jornalística. Como se fosse o partido político que a oposição não consegue ser. Se a imprensa se propõe a esse tipo de coisa, volta a um patamar de atuação do século XVIII. Se é para ser assim, que a revista mude de nome e assuma o alinhamento a determinado partido. Agora, ao se apresentar como um espaço informativo, a Veja precisa refletir a complexidade do espaço político brasileiro. Se ela não faz isso, está comprometendo o jornalismo e tangenciando uma possibilidade de ilegalidade que, se houver, precisa ser esclarecida. A Fenaj não vai proteger jornalistas criminosos.
Sul21 – A revelação desse modus-operandi da Veja está gerando uma discussão quase inédita no país: a mídia está debatendo a mídia. A revista Carta Capital tem dedicado diversas capas ao tema e a Record já fez uma reportagem sobre o assunto. É um fenômeno comum em outros países, mas até então não ocorria no Brasil.
Schroder – Nos anos 1980, quando a Fenaj propôs uma linha para a democratização da comunicação, partimos da compreensão de que a democratização do país não havia conseguido chegar à mídia. O sistema midiático brasileiro, ao contrário de todas as outras instituições, não havia sido democratizado. Temos cinco artigos da Constituição nessa área que não estão regulamentados. Durante 30 anos tivemos diversas iniciativas de tentar construir esse debate. A lógica da regulamentação existe em todos os países do mundo. Mas, no Brasil, isso enfrenta resistências de uma mídia poderosa, que fez os dois primeiros presidentes da República após a democratização. Sarney e Collor são dois políticos que saíram dos quadros da Rede Globo. Na presidência do Congresso tivemos outros afilhados da Rede Globo, como Antonio Carlos Magalhães, que também foi ministro das Comunicações. A mídia não só está concentrada, no sentido de ter monopólios, como está desprovida de qualquer controle público. Está absolutamente entregue à ideia de que a liberdade de expressão é a liberdade de expressão dos donos da mídia. Enquanto que o preceito constitucional diz que a liberdade de expressão é do povo, e o papel da mídia é assegurar isso.
“O espírito conservador está no DNA da Rede Globo. Ela acostumou-se à ideia de que para o seu negócio não deve existir nenhuma regra”
Sul21 – Quanto se conseguiu avançar nesse debate desde então?Schroder – Estamos há 30 anos pautando esse debate até chegarmos a Confecom (Conferência Nacional de Comunicação, realizada em dezembro de 2009). A Fenaj consegue constituir a ideia de que esse debate precisa ser público, já que ele é omitido pela mídia, que atribui à essa discussão uma tentativa de censura. A Confecom, no início, teve a anuência das empresas. Eu fui junto com os representantes da RBS e da Globo aos ministros Helio Costa (Comunicações), Tarso Genro (Justiça) e Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência) propor a conferência. As empresas compreendiam que, naquele momento, a telefonia estava chegando e ameaçava um modelo de negócios. Mas, durante a Confecom, a Rede Globo e todos os seus aliados se retiraram, tentando sabotar mais uma vez o debate. O espírito conservador está no DNA da Rede Globo. Ela acostumou-se à ideia de que para o seu negócio não deve existir nenhuma regra. Acostumou-se a impor seus interesses ao país e, portanto, é ontológicamente contra qualquer regra. Naquele momento em que a Globo se retirou da Confecom ficou claro que não é possível contar com esses empresários para qualquer tipo de tentativa de atribuir à comunicação no Brasil uma dimensão pública, humana e nacional, regida por princípios culturais, democráticos e educacionais, não simplesmente pelo lucro fácil e rápido.
Sul21 – O editorial do jornal O Globo defendendo a revista Veja é um indício de que há um corporativismo muito grande entre os donos da mídia tradicional?
Schroder – O princípio que os une é aquele verbalizado pela Sociedade Interamericana de Imprensa: Lei melhor é lei nenhuma. As empresas alinhadas à ideia de que não podem estar submetidas à lei protegem-se. Abrigadas no manto de uma liberdade de expressão apropriada por elas, protegem seus interesses e seus negócios, atuando de uma maneira corporativa e antipública. O jornalismo é fruto de uma atividade profissional, não é fruto de um negócio. Jornalismo não é venda de anúncios. Jornalismo é, essencialmente, o resultado do trabalho dos jornalistas. Portanto, a obrigação dos jornalistas é denunciar sempre que o jornalismo for maculado, como ocorreu com a Veja. Seria, também, uma obrigação das empresas jornalísticas, na medida em que elas não estejam envolvidas com esse tipo de prática. Ao tornarem-se cúmplice e acobertarem esse tipo de prática, as empresas aliam-se a elas. Essas empresas disputam o mercado, mas protegem-se no que consideram essencial, no sentido de inviabilizar a ideia de que exercem uma atividade submetida aos interesses públicos, como qualquer outra.
O que já produziu para a história o quarteto Veja, Gilmar, Jobim, e Lula?
O que já produziu para a história o quarteto Veja, Gilmar, Jobim, e Lula?
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O que já produziu para a história o quarteto Veja, Gilmar, Jobim, e Lula?
Estranhíssimo que um ministro e ex-presidente do Supremo Tribunal vaze conversa reservada com um ex-presidente da República. Muito mais estranho: se a conversa teve tal gravidade, por que Gilmar Mendes não reuniu o Tribunal no dia seguinte e não denunciou o fato? Por que não fez uma representação contra Lula? Por que esperou um mês para se dizer indignado?
É digno de um ministro, e ex-presidente do Supremo, vazar através da imprensa informações desse teor? Se é que são verdadeiras. Se era para revelar, por que ele mesmo não revelou? Por que esperou a Veja fazer o trabalho para, só então, numa tabelinha, dizer o que disse?
Jobim, também ex-presidente do Supremo, em entrevista ao Jornal Zero Hora negou que o mensalão tenha sido tema da conversa. Contou Jobim: "Foi uma conversa institucional. Não teve nada nos termos em que a Veja está falando". Perguntado sobre a hipótese de Lula e Gilmar terem conversado reservadamente, Jobim negou: "Não, não, não".
E por quê a Revista Veja? O que já produziu para a história o quarteto Veja, Gilmar, Jobim, e Lula? Em 3 de setembro de 2008, acompanhado de outros ministros do Supremo, Gilmar Mendes foi ao Palácio. Para, como disse então, "chamar "Lula às falas". Isso porque a Veja havia publicado capa sobre grampos. E informado que Gilmar Mendes e o senador Demóstenes Torres tinham sido grampeados.
O grampo nunca existiu. Mas a cobrança de Gilmar, nisso auxiliado pelo mesmo Jobim, então ministro da Defesa, levou à queda de Paulo Lacerda e diretores da Abin. Mais grave. Reverberado por colunas amestradas, o grampo que nunca existiu foi a arma usada para atacar a Operação Satiagraha. Aquela que prendeu Daniel Dantas.
O campo para os ataques foi a CPI dos Grampos. CPI presidida pelo deputado Marcelo Itagiba. Itagiba que teve ajuda do presidente do banco de Daniel Dantas para sua campanha. Tudo sempre muito estranho. Ou, muito claro. Estranho, por exemplo, que Demóstenes Torres, o mesmo da CPI do Cachoeira, tenha empregado em seu gabinete uma enteada de... Gilmar Mendes.
Aliás, depois disso tudo o ministro Gilmar Mendes ainda se considera habilitado para votar no caso Mensalão? Esse gesto do ministro se torna, obviamente, uma declaração de voto antecipada.
Mais um fato estranho: por quê Lula, tão experiente, tão rodado, se põe outra vez numa conversa do gênero com Jobim e Gilmar Mendes? A assessoria de Lula negou há pouco o que Gilmar Mendes diz que ele disse. Se disse, ou tivesse dito, isso seria um desastre.
De qualquer forma, o ex-presidente Lula cometeu um erro político. Não bastaram o grampo que não existiu e a atuação anterior do triunvirato Gilmar Mendes, Jobim e Demóstenes Torres?
O que Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal, foi fazer no escritório do hoje advogado, Jobim, e com um ex-presidente da República? E por que, ainda e mais uma vez Lula confiou em... Gilmar Mendes?
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Mensalão só foi denunciado ao STF porque Lula não interferiu | Blog da Cidadania
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Se você anda espalhando por aí que acredita nessa denúncia de Gilmar Mendes contra Lula que a revista Veja publicou, ou é estúpido ou não tem um pingo de caráter. É possível a qualquer pessoa, mesmo não sendo muito inteligente, concluir, sem a menor sombra de dúvida, que tal denúncia não faz o menor sentido.
Lula foi acusado de tentar interferir no andamento do inquérito do mensalão propondo um escambo ao magistrado: ele postergaria o julgamento até depois das eleições em troca de indulgência da CPI do Cachoeira em relação a supostas evidências de seu envolvimento com Demóstenes Torres e Carlos Cachoeira.
Gilmar foi Advogado-Geral da União do Governo Fernando Henrique Cardoso. No último ano de seu mandato, FHC o indicou para ministro do Supremo Tribunal Federal. Naquele momento, o professor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo Dalmo de Abreu Dallari teve um artigo publicado na Folha de São Paulo em que declarou o seguinte sobre tal indicação:
Se essa indicação (de Gilmar Mendes) vier a ser aprovada pelo Senado, não há exagero em afirmar que estarão correndo sério risco a proteção dos direitos no Brasil, o combate à corrupção e a própria normalidade constitucional. (…) o nome indicado está longe de preencher os requisitos necessários para que alguém seja membro da mais alta corte do país.
Gilmar tentou processar criminalmente o jurista Dallari por esse artigo, mas a Justiça recusou a instauração da ação penal que o agora ministro do STF pretendia mover. Dizia a sentença: “A crítica, como expressão de opinião, é a servidão que há de suportar (…) quem se encontrar catalogado no rol das figuras importantes”
A previsão de Dallari se faria sentir cerca de seis anos após a nomeação de Gilmar. Em 2008, o magistrado concedeu habeas-corpus ao banqueiro Daniel Dantas. No mesmo dia, 42 procuradores da República, 134 juízes federais e a Associação de Delegados da Polícia Federal (ADPF) divulgaram documentos manifestando indignação com a soltura do banqueiro.
Alguns Procuradores Regionais da República estudaram até fazer um abaixo-assinado solicitando o impeachment de Gilmar. O senador Demóstenes Torres, então, já exibia suas relações com ele: classificou esse movimento dos Procuradores Regionais da República como “ridículo”.
Esses são apenas alguns fatos que deveriam ser considerados antes de pessoas subdotadas intelectualmente ou moralmente comprarem a acusação de Gilmar a Lula sem o menor questionamento, mas não são o cerne da questão. Servem apenas para lembrar quem é o sujeito que acusa o presidente mais querido da história do Brasil.
O cerne da questão é que os oito anos de mandato de Lula provam que ele jamais interferiu na Justiça com nenhum fim, muito menos para impedir o progresso do inquérito do mensalão. Venho dizendo isso desde 2010, quando publiquei um post contendo informação que desmonta completamente a tese de Gilmar sobre o ex-presidente.
Lula nomeou três procuradores-gerais da República enquanto que FHC manteve o mesmo, Geraldo Brindeiro, de 1995 a 2002, contrariando o Ministério Público Federal por oito anos seguidos.
Claudio Fonteles, que hoje integra a Comissão da Verdade, foi indicado por Lula em 2003 e ficou no cargo até 2005, quando o nome indicado pelo MP foi acatado por Lula novamente. Antonio Fernando de Souza denunciou o mensalão e foi reconduzido por Lula ao cargo. Ficou até 2009, quando Roberto Gurgel, o novo escolhido pelo MP, foi nomeado. O mesmo Gurgel que recentemente difamou o partido do ex-presidente na tevê.
Lula tinha o poder. Se não interferiu nem no Judiciário nem no Ministério Público naquela época, se não há uma só denúncia de outro ministro do STF de que tenha sofrido qualquer pressão do ex-presidente, por que ele escolheria começar a fazê-lo justo com Gilmar Mendes, que tantas vezes se mostrou um adversário político?
A história não se sustentaria só por isso, mas há mais. Nelson Jobim, ex-ministro do Supremo e ministro da Defesa de Lula e Dilma, saiu do governo dela descontente porque foi demitido por declarar publicamente que votou em seu adversário José Serra em 2010. Esse mesmo Jobim desmentiu a acusação de Gilmar a Lula.
É desolador o volume de desonestidade ou burrice que vêm sendo espargidas com ímpeto tão infatigável. Tudo isso produz uma reflexão: será possível que tanta canalhice venha a vingar? Até quando o Brasil será esbofeteado dessa forma? Em que tipo de país mentiras tão grosseiras ganham tal dimensão?
Mensalão só foi denunciado ao STF porque Lula não interferiu
Posted by eduguim on 29/05/12 • Categorized as Opinião do blog
Se você anda espalhando por aí que acredita nessa denúncia de Gilmar Mendes contra Lula que a revista Veja publicou, ou é estúpido ou não tem um pingo de caráter. É possível a qualquer pessoa, mesmo não sendo muito inteligente, concluir, sem a menor sombra de dúvida, que tal denúncia não faz o menor sentido.
Lula foi acusado de tentar interferir no andamento do inquérito do mensalão propondo um escambo ao magistrado: ele postergaria o julgamento até depois das eleições em troca de indulgência da CPI do Cachoeira em relação a supostas evidências de seu envolvimento com Demóstenes Torres e Carlos Cachoeira.
Gilmar foi Advogado-Geral da União do Governo Fernando Henrique Cardoso. No último ano de seu mandato, FHC o indicou para ministro do Supremo Tribunal Federal. Naquele momento, o professor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo Dalmo de Abreu Dallari teve um artigo publicado na Folha de São Paulo em que declarou o seguinte sobre tal indicação:
Se essa indicação (de Gilmar Mendes) vier a ser aprovada pelo Senado, não há exagero em afirmar que estarão correndo sério risco a proteção dos direitos no Brasil, o combate à corrupção e a própria normalidade constitucional. (…) o nome indicado está longe de preencher os requisitos necessários para que alguém seja membro da mais alta corte do país.
Gilmar tentou processar criminalmente o jurista Dallari por esse artigo, mas a Justiça recusou a instauração da ação penal que o agora ministro do STF pretendia mover. Dizia a sentença: “A crítica, como expressão de opinião, é a servidão que há de suportar (…) quem se encontrar catalogado no rol das figuras importantes”
A previsão de Dallari se faria sentir cerca de seis anos após a nomeação de Gilmar. Em 2008, o magistrado concedeu habeas-corpus ao banqueiro Daniel Dantas. No mesmo dia, 42 procuradores da República, 134 juízes federais e a Associação de Delegados da Polícia Federal (ADPF) divulgaram documentos manifestando indignação com a soltura do banqueiro.
Alguns Procuradores Regionais da República estudaram até fazer um abaixo-assinado solicitando o impeachment de Gilmar. O senador Demóstenes Torres, então, já exibia suas relações com ele: classificou esse movimento dos Procuradores Regionais da República como “ridículo”.
Esses são apenas alguns fatos que deveriam ser considerados antes de pessoas subdotadas intelectualmente ou moralmente comprarem a acusação de Gilmar a Lula sem o menor questionamento, mas não são o cerne da questão. Servem apenas para lembrar quem é o sujeito que acusa o presidente mais querido da história do Brasil.
O cerne da questão é que os oito anos de mandato de Lula provam que ele jamais interferiu na Justiça com nenhum fim, muito menos para impedir o progresso do inquérito do mensalão. Venho dizendo isso desde 2010, quando publiquei um post contendo informação que desmonta completamente a tese de Gilmar sobre o ex-presidente.
Lula nomeou três procuradores-gerais da República enquanto que FHC manteve o mesmo, Geraldo Brindeiro, de 1995 a 2002, contrariando o Ministério Público Federal por oito anos seguidos.
Claudio Fonteles, que hoje integra a Comissão da Verdade, foi indicado por Lula em 2003 e ficou no cargo até 2005, quando o nome indicado pelo MP foi acatado por Lula novamente. Antonio Fernando de Souza denunciou o mensalão e foi reconduzido por Lula ao cargo. Ficou até 2009, quando Roberto Gurgel, o novo escolhido pelo MP, foi nomeado. O mesmo Gurgel que recentemente difamou o partido do ex-presidente na tevê.
Lula tinha o poder. Se não interferiu nem no Judiciário nem no Ministério Público naquela época, se não há uma só denúncia de outro ministro do STF de que tenha sofrido qualquer pressão do ex-presidente, por que ele escolheria começar a fazê-lo justo com Gilmar Mendes, que tantas vezes se mostrou um adversário político?
A história não se sustentaria só por isso, mas há mais. Nelson Jobim, ex-ministro do Supremo e ministro da Defesa de Lula e Dilma, saiu do governo dela descontente porque foi demitido por declarar publicamente que votou em seu adversário José Serra em 2010. Esse mesmo Jobim desmentiu a acusação de Gilmar a Lula.
É desolador o volume de desonestidade ou burrice que vêm sendo espargidas com ímpeto tão infatigável. Tudo isso produz uma reflexão: será possível que tanta canalhice venha a vingar? Até quando o Brasil será esbofeteado dessa forma? Em que tipo de país mentiras tão grosseiras ganham tal dimensão?
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