domingo, 29 de abril de 2012

A nova Guerra Fria, agora na internet | Blogs OI | Observatório da Imprensa - Você nunca mais vai ler jornal do mesmo jeito

A nova Guerra Fria, agora na internet | Blogs OI | Observatório da Imprensa - Você nunca mais vai ler jornal do mesmo jeito

Por Carlos Castilho em 26/04/2012
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Os Estados Unidos ganharam a Guerra Fria nuclear sem disparar um tiro, mas podem estar perdendo a versão cibernética do conflito pela supremacia mundial. E acredite quem quiser: a nova superpotência virtual  é a China, apontada pelos especialistas ocidentais em segurança cibernética como a maior incógnita contemporânea no que se refere a políticas de uso da internet.
Os norte-americanos não admitem publicamente, mas o jornal inglês The Guardian afirmou na série "Batalha pela Internet" que o número de chineses especialistas em crackear [1] computadores e redes virtuais é maior do que o dos engenheiros norte-americanos dedicados ao desenvolvimento de novos programas e equipamentos para computação. Os crackers chineses são conhecidos também como cyber jedis (guerreiros cibernéticos), numa analogia com os guerreiros do bem na série Guerra nas Estrelas.
No fundamental, a nova versão da Guerra  Fria é essencialmente uma guerra por informações onde as armas convencionais passaram a um segundo plano, para desespero de toda a multimilionária indústria bélica mundial. Os jedis chineses, em sua esmagadora maioria protegidos pelo governo de Beijing, vasculham o sistema financeiro ocidental, as redes de comunicações privadas e governamentais, descobrem vulnerabilidades em bancos de dados, em complexos de energia e transporte, bem como, é óbvio, nos serviços de inteligência militar.
A grande diferença em relação à Guerra Fria nuclear é que agora a busca por informações não está voltada para o botão vermelho da retaliação atômica, mas a um complexo e ainda pouco estudado sistema de tomada de decisões no qual os indivíduos estão sendo substituídos por processos  impessoais, como as bolsas de valores.  A balança do poder mundial não depende mais exclusivamente de decisões tomadas na Casa Branca ou no Palácio do Povo, em Beijing.
A descoberta do poder chinês na internet assustou os governos ocidentais, em especial os Estados Unidos e a Inglaterra, onde os seguidores da velha Guerra Fria ainda são muito influentes. Se até a queda do Muro de Berlim (1989) , os espiões e cientistas nucleares eram os grandes alvos dos estrategistas soviéticos e norte-americanos, agora todas as atenções se voltam para jovens entre 17 e 30 anos, a faixa etária dos modernos guerreiros cibernéticos, um ramo dos nerds (jovens fanáticos por computação).
Em 2011 foi criado na Inglaterra um projeto chamado Cyber Security Challange (Concurso sobre Segurança Cibernética)  destinado a atrair nerds  para o campo da Guerra  Fria cibernética.  Logo na primeira edição, no ano passado, quatro mil jovens de ambos os sexos se inscreveram para a competição, que não chegou a ser divulgada na imprensa. No ano passado, o vencedor foi Jonathan Millican, estudante do primeiro ano de engenharia eletrônica, com 19 anos incompletos.
O julgamento final da versão 2012 Cyber Security Challange deveria ter ocorrido em março, mas teve que ser adiado porque o site do concurso foi crackeado, segundo os britânicos, por cyber jedis chineses. Os prêmios previstos no concurso variam desde bolsas de estudo até inscrição grátis em eventos ligados à segurança cibernética. Não há prêmios em dinheiro, mas segundo o jornal The Guardian, o emprego em empresas do setor é imediato.
São garotos como Jonathan que passaram a ser observados de perto por estrategistas mililtares que acabam de receber plenos poderes do presidente Barack Obama e do governo inglês para desenvolver uma estratégia antichinesa na guerra pelo controle da internet. Segundo a Casa Branca, cerca de 60% das empresas norte-americanas que tiveram seus sites invadidos por crackers acabaram pedindo falência.
Até agora a principal estratégia do Pentágono era criar muros virtuais (firewall) contra invasões de redes de computadores, mas os especialistas já se deram conta que a defesa passiva é inútil, porque a criatividade dos cyber jedis é quase infinita. Para cada muro criado surgem imediatamente dezenas de opções sobre como derrubá-lo. Por isso a tendência é investir nas ações ofensivas, atacando os centros onde se aglutinam os guerreiros virtuais.
O problema é que a dispersão é enorme nessa área, da mesma forma que o altíssimo índice de privatização das empresas ligadas ao gerenciamento de informações na web  complica a ação dos militares, cuja cultura operacional é tradicionalmente centralizadora e vertical. Nos Estados Unidos, de 80% a 90% dos bancos de dados estão em mãos privadas, o que torna extremamente relevante o papel da Google, a megacorporação no setor de informações e a terceira maior empresa privada do mundo no ramo das comunicações.
A estratégia da Google na Guerra Fria cibernética é fundamental para a balança do poder entre os Estados Unidos e a China, mas também transcendental para nós, que usamos gratuitamente os mecanismos de busca, correio eletrônico, YouTube e dezenas de outros aplicativos desenvolvidos pela empresa para captar nossas preferências e dados pessoais.


[1]Neologismo criado para expressar o ato de identificar códigos, senhas e arquivos protegidos em computadores ou redes de computadores. Os crackers são o oposto dos hackers, que desenvolvem novos softwares.

Quatro “grampos” de separação - José Roberto de Toledo - Estadao.com.br

Quatro “grampos” de separação - José Roberto de Toledo - Estadao.com.br

Quatro “grampos” de separação

A cada novo “grampo” vazado da Operação Monte Carlo se aprende um pouco mais sobre o funcionamento da República. Sabe-se, por exemplo, que o senador Demóstenes Torres (ex-DEM) era um ágil despachante dos interesses do empresário preso Carlinhos Cachoeira: pedia favores, cobrava contrapartidas, intercedia junto a agentes públicos. Tudo em nome do amigo com quem manteve mais de 300 conversas telefônicas em curto período de tempo.
Aprende-se também que para ser nomeado para um cargo público de chefia no governo de Minas Gerais (e em Goiás, em Brasília etc) não é preciso nem currículo. Basta uma sequência de telefonemas entre poderosos e seus cupinxas e o emprego se materializa com rapidez de corar burocrata.
Mônica Vieira liga para o primo Carlinhos Cachoeira, que liga para o amigo Demóstenes Torres, que liga para o colega de Senado Aécio Neves, que obtém o aval do governador Antonio Anastasia para o secretário de Governo de Minas Gerais ligar para Mônica comunicando sua nomeação. O ciclo se fecha com 4 graus de separação, ou melhor, de conhecimento. Na contabilidade do repórter Fausto Macedo, bastaram 12 dias e 7 telefonemas.
Se todo brasileiro desfrutasse de tanta presteza e gentileza do poder público o Brasil não seria o Brasil.
Mônica disse à reportagem do Estado que foi nomeada para ser chefe regional da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de Minas por sua “competência”, por seus 25 anos de carreira. Pode ser, mas quem apadrinhou sua nomeação não sabia disso.
Aécio perdera o currículo de Mônica. Foi o que Demóstenes relatou a Cachoeira, em telefonema na noite de 20 de maio do ano passado. Aos repórteres, o senador tucano disse desconhecer a origem do pedido de nomeação. Mesmo sabendo muito pouco ou quase nada, passou-o à frente. Talvez retribuísse algo, ou quisesse ficar com crédito junto a Demóstenes, contra quem até então “não recaía questionamento”, nas escolhidas palavras de Aécio.
Patrocinador da nomeação de Mônica, Cachoeira não enfatiza as qualidades profissionais da prima ao despachar com o amigo Demóstenes. O apelo é pessoal: “É importantíssimo pra mim. Você consegue por ela lá com o Aécio (…). Pô, a mãe dela morreu. É irmã da minha mãe”. Só se preocupam com o salário, que não pode ser menos do que R$ 10 mil -“se não estou perdida”, na expressão de Mônica. E quem não estaria? Uns 190 milhões de brasileiros.
Em outro “grampo”, descobre-se que Demóstenes -mais uma vez no papel de despachante de Cachoeira- deixou “intranquilo” Maguito Vilela (PMDB), um ex-governador de Goiás que agora é prefeito de Aparecida de Goiânia. A intranquilidade seria fruto de conversa do senador com o político goiano. Demóstenes relata ter dito que Cachoeira estava “uma onça” com Maguito, por causa da falta de celeridade no cumprimento de um acordo entre ambos.
Não fica claro o porquê de Demóstenes ser o intermediário da cobrança, de ser ele a dizer que seu representado estava uma fera, em lugar de o próprio Cachoeira arreganhar os dentes para Maguito. Pelo jeito, cada um com seu papel.
Entre um despacho e outro com Cachoeira, Demóstenes encontrava tempo para cobrar honestidade de seus pares, em entrevistas a meios de comunicação e em discursos na tribuna do Senado. Antes dos “grampos”, só essa parte de sua vida pública era de conhecimento público.
Com a CPI que se instala nesta quarta-feira, mais “grampos” devem ser desengavetados. Mais lições sobre o funcionamento da República serão oferecidas aos interessados. Mais bastidores da vida pública aparecerão.
O maior bem que a CPI pode fazer à sociedade é liberar todos os “grampos”. Os vazamentos pontuais implicam uns mas  podem omitir outros. O controle do fluxo de informações em escândalo dessa magnitude é o que todos os partidos buscam, para defenderem-se e atingirem os adversários. Só a liberação geral e irrestrita das gravações minimiza o uso político e eleitoral da CPI. A alternativa deixa o público a quatro ou mais “grampos” de separação da verdade.

Justiça condena Monsanto por cobrança indevida de royalties sobre soja transgênica – Marco Weissheimer

Justiça condena Monsanto por cobrança indevida de royalties sobre soja transgênica – Marco Weissheimer

Justiça condena Monsanto por cobrança indevida de royalties sobre soja transgênica

O juiz Giovanni Conti, da 15ª Vara Cível, da Comarca de Porto Alegre, determinou a imediata suspensão, por parte da Monsanto, da cobrança de royalties, taxa tecnológica ou indenização sobre a comercialização da soja transgência, classificando como ilegal a incidência dessas cobranças sobre os produtores. A decisão foi motivada pela ação coletiva proposta pelo Sindicato Rural de Passo Fundo, Sindicato Rural de Sertão, Sindicato Rural de Santiago, Sindicato Rual de Giruá, Sindicato Rural de Arvorezinha e Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag) contra a Monsanto do Brasil Ltda e a Monsanto Technology LLC.
Em sua decisão, anunciada dia 4 de abril, o magistrado também reconheceu “o direito dos pequenos, médios e grandes sojicultores brasileiros, de reservar o produto cultivares de soja transgênica, para replantio em seus campos de cultivo e o direito de vender essa produção como alimento ou matéria-prima, sem nada mais pagar a título de royalties, taxa tecnológica ou indenização, a contar do dia 1º de setembro de 2012”. Conti também reconheceu o direito dos produtores que cultivam soja transgênica, de doar ou trocar sementes reservadas a outros pequenos produtores rurais, contando também a partir de 1º de setembro de 2010.
Além disso, determinou ainda que as empresas “se abstenham de cobrar royalties, taxa tecnológica ou indenização sobre a comercialização da produção da soja transgênica produzida no Brasil a contar da safra 2003/2004”. O juiz também condenou a Monsanto a devolver “os valores cobrados sobre a produção da soja transgênica a partir da safra 2003/2004, corrigida pelo IGPM e acrescida de juros de 1% ao mês, a contar da safra 2003/2004”.
Giovanni Conti concedeu, de ofício, a liminar para “determinar a imediata suspensão na cobrança de royalties, taxa tecnológica ou indenização, sobre a comercialização da produção da soja transgênica produzida no Brasil, sob pena de multa diária no valor de um milhão de reais”. As empresas também foram condenadas ao pagamento integral das custas e honorários advocatícios fixados em 500 mil reais.
A ação contra a Monsanto
Em sua ação coletiva contra a Monsanto, os produtores gaúchos contestaram os procedimentos adotados pela empresa, impedindo-os de “reservar cultivares transgênicas para replantio e comercialização, além da proibição de doar e trocar sementes dentro de programas oficiais e cobrar de forma arbitrária, ilegal e abusiva royalties sobre sementes e grãos descendentes da chamada soja Roundup Ready (RR)”. Os agricultores acusaram a empresa de violar a Lei de Cultivares (lei nº 9,456/97) que “permite a reserva de grãos para plantios subsequentes sem pagamento de nova taxa de remuneração à propriedade intelectual, sendo inaplicável a incidência da propriedade industrial (Lei nº 9.279/96), cujas patentes registradas são eivadas de nulidades”.
Os produtores também pediram (e conseguiram) o “reconhecimento do direito dos pequenos, médios e grandes sojicultores brasileiros, de reservar o produto de cultivares de soja transgênica, para replantio em seus campos de cultivo e o direito de vender essa produção como alimento ou matéria prima, sem pagar a título de royalties, taxa tecnológica ou indenização; garantia de cultivar a soja transgênica, de doar ou trocar sementes reservadas a outros pequenos produtores rurais”.
Em sua defesa, a Monsanto apresentou pareceres jurídicos assinados pelos juristas Paulo Brossard, Célio Borja, Araken de Assis e Ruy Rosado de Aguiar Jr. O juiz Giovanni Conti considerou que os pareceres “não esgotaram a matéria, em especial a análise das patentes que justificariam a cobrança de royalties pelas requeridas”.

Momento único

Momento único

Momento único


As últimas gravações que vários blogs estão publicando não deixam mais dúvidas sobre o caso Demóstenes/Cachoeira: é o maior escândalo político surgido no país em muitos anos.
O grau de envolvimento do senador com o esquema criminoso é amplo, geral e irrestrito, e tudo indica que Cachoeira também contava, para turbinar seus negócios, entre tantos mais, com a ajuda generosa do governador Marconi Perillo e da revista Veja.
A oportunidade que esse caso dá ao Brasil para se curar de um dos seus males endêmicos mais nefastos, a corrupção, é enorme. As autoridades policiais e judiciárias, assim como os políticos honestos que ainda existem, têm pela frente o desafio de levar adiante o processo da forma mais republicana possível, sem se deixar contaminar pelos seus inegáveis atrativos ideológicos.
Se isso for feito, se aos implicados forem dadas as oportunidades de defesa que recentemente foram negadas a tantas pessoas, quem sabe não estabeleça um divisor de águas que interrompa o interminável fluxo de sujeiras que vem abalando o Brasil há tanto tempo.
O mais importante nessa história não é a punição que possa ser aplicada a uns e outros. Ela, de qualquer maneira, já foi dada: a repercussão das diatribes cometidas pelo bando é tão grande que ninguém, daqui em diante, vai querer se aproximar de seus integrantes.
O que vai diferenciar este caso de muitos outros é a possibilidade de, a partir dele, os órgãos e as pessoas públicas passarem a fixar como regra dos relacionamentos profissionais a transparência e o interesse social, e não, como é muito frequente hoje, a propina como maior indutor dos negócios.
Está claro que o país passa por um momento especial em sua história. O que acontece agora é algo impensável  há alguns anos. E isso só foi possível graças ao trabalho de um exército de abnegados que se indignou com o fato de a informação ser refém de meia dúzia de grupos empresariais que veem nela apenas uma moeda de troca para seus interesses.
Sem a internet, sem as centenas de blogs e sites que se contrapõem à imprensa "oficial", Demóstenes/Cachoeira/Perillo/Veja e toda essa turma estariam alegres e fagueiros por aí, contaminando toda a sociedade com o veneno de sua ação corruptora.
Quem sabe a luta desses inúmeros Brancaleones sirva de exemplo para aqueles que detêm o poder de mudar alguma coisa.

CPI da mídia? | Carta Capital

CPI da mídia? | Carta Capital

CPI da mídia?

Capas exemplares. Quando o caso explode, a revisitação do Sudário. Decidida a CPI, a versão que agrada ao patrão
Recheada de anúncios, a última edição da Veja esmera-se em representar à perfeição a mídia nativa. A publicidade premia o mau jornalismo. Mais do que qualquer órgão da imprensa, a semanal da Editora Abril exprime os humores do patronato midiático em relação à CPI do Cachoeira e se entrega à sumária condenação de um réu ainda não julgado, o chamado mensalão, apresentado como “o maior escândalo de corrupção da história do País”.
A ligação entre o inquérito parlamentar e o julgamento no Supremo Tribunal Federal é arbitrária, a partir das sedes diferentes dos dois eventos. Mas a arbitrariedade é hábito tão arraigado dos herdeiros da casa-grande a ponto de formar tradição. Segundo a mídia, a CPI destina-se a desviar a atenção da opinião pública do derradeiro e decisivo capítulo do processo chamado mensalão. Com isso, a CPI pretenderia esconder a gravidade do escândalo a ser julgado pelo Supremo.
O caso revelado pelo vazamento dos inquéritos policiais que levaram à prisão do bicheiro Cachoeira existe. Pode-se questionar o fato de que o vazamento se tenha dado neste exato instante, mas nada ali é invenção. Inclusive, a peculiar, profunda ligação do jornalista Policarpo Junior, diretor da sucursal de Veja em Brasília, com o infrator enfim preso. Não é o que se espera de um qualificado integrante do expediente de uma revista pronta a se apresentar como filiada ao clube das mais importantes do mundo. Pois é, o Brasil ainda é capaz de dar guarida a grandes humoristas.
Não faltam, nesta área, os alquimistas, treinados com requinte para cumprir a vontade do patrão. Jograis inventores. Um deles sustenta impávido que a presidenta Dilma despenca em São Paulo para recomendar a Lula toda a cautela em apoiar a CPI do Cachoeira, caldeirão ao fogo, do qual respingos candentes poderão atingir o PT. É possível. E daí? Certo é que a recomendação não houve. E que o Partido dos Trabalhadores escala, no topo da pirâmide, um presidente, Rui Falcão, tão pateticamente desastrado ao rolar a bola na boca da pequena área para o chute midiático. Disse ele que a CPI vinha para “expor a farsa do mensalão”. De graça, ofertou a deixa preciosa aos inimigos. Só faltava essa…
De todo modo, o mensalão. Se o inquérito policial falou claro a respeito de Cachoeira e companhia, o mensalão ainda não foi provado. É este um velho argumento de CartaCapital, pisado e repisado. É inaceitável, em tese, antecipar-se ao julgamento, mesmo que no caso haja razoável clareza para admitir outros crimes, como uso de caixa 2 e lavagem de dinheiro. Não há provas, contudo, de um pagamento mensal, mesada pontual a irrigar o Congresso. A sentença compete ao Supremo, e a presença de Ayres Brito na presidência do tribunal representa uma garantia. O mesmo Ayres Brito que não aceita declarar mensalão enquanto carece de provas.
Sobra a CPI do Cachoeira. Veremos o que veremos. Resta, de minha parte, a convicção de que poderia tornar-se o inquérito da mídia nativa. Outros são os jornalistas (jornalistas?) envolvidos, além de Policarpo Junior, de sorte a configurar a chance de naufrágio corporativo. Entendam bem, evito ilusões. Não creio, infelizmente, que o Brasil esteja maduro para certos exames de consciência entre o fígado e a alma.
Casa-grande e senzala continuam de pé e, por ora, falta quem se atire à demolição. No fundo, os graúdos sempre anseiam aparecer no Jornal Nacional e nas páginas amarelas de Veja. Um convescote promovido por João Dória Jr., de próxima realização, conta com a presença de 14 governadores. Nem ouso me referir ao ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, advogado de Cachoeira. O qual, obviamente, está em ótimas mãos. Igual a Daniel Dantas.
Resta algo mais, merecedor de destaque e, suponho em vão, da atenção da mídia nativa. Passou oito anos a agredir o presidente Lula e o agredido contumaz deixou o governo com quase 90% de aprovação. A presidenta Dilma, embora ex-guerrilheira não é ex-metalúrgica, e tem merecido alguma condescendente compreensão. Mesmo assim, se houver oportunidade, não será poupada. Por enquanto, cuida-se, de quando em quando, de colocar pedras em seu caminho. Não são o bastante, ela cresce inexoravelmente em popularidade. Não me arrisco a crer que os alicerces da senzala comecem a ser abalados, já me enganei demais ao longo da vida. Por parte da mídia, não valeria, porém, analisar os fatos com um mínimo de realismo?

Usando a Veja para chantagem

Usando a Veja para chantagem

Usando a Veja para chantagem

Autor: 
A partir de dica de Celso Madureira, pelo Twitter
É surreal o jogo de sofismas para explicar o envolvimento da Veja com Carlinhos Cachoeira. Pega-se um diálogo aqui ou ali para se tirar conclusões taxativas sobre a lisura das relações com o bicheiro.
Mesmo ainda sem as gravações de Policarpo Jr. – o que apareceram até agora foram relatórios sobre o senador Demóstenes Torres, tem-se todo o quadro de crime organizado: comando central, influência no Judiciário, Legislativo e Executivo e braço midiático.
O que diferencia Carlinhos Cachoeira de tantas outras organizações criminosas foi sua extraordinária influência política. E ela se devia, na maior parte, ao acesso que tinha à revista Veja, à possibilidade de detonar adversários ou recalcitrantes com matérias escandalosas – mesmo, muitas delas, não obedecendo sequer aos critérios de verossimilhança.
Confira aí no Apenso 1, Volume 7, página 6 (ou 110) a conversa do Cláudio, da Delta, com Carlinhos Cachoeira (PJ é Policarpo Jr):
CLÁUDIO: Deixa eu falar, o DADA me posicionou aqui, aquela história, nós não pediu nem nada, mas, deu uma reviravolta na turma lá, tudo desesperado né ? O DADA já me falou que você falou pra ele "botou a cabeça, agora deixa!" eles que tem que resolver, não resolvem minhas coisas lá, bicho.

CARLlNHOS:Falei pro DADA, eu liguei pro nosso amigo, falei: "ó solta o bete" (...) é ao contrário, vai bater, aí, depois de arrumar os seus negócios, ele para, entendeu?
CLÁUDIO: É, exatamente (...).
(...)
CLÁUDIO: Arrebentou, hein, o bicho arrebentou, hein.

CARLlNHOS:Foi bom demais, hein.

CLÁUDIO: Mas eu já tinha falado isso pro PJ lá: "PJ, vai nesse caminho", bicho se o PJ for no em cima do cara que eu falei do "alcoforado (?)" , rapaz do céu, vai estourar trem pra cacete.
Há jornalistas experientes que, no afã de mostrar serviço à casa, estão desmoralizando-se, interpretando esses jogos como mera oferta para publicar notinhas inofensivas em colunas de fofocas.
Aí estão provas insofismáveis de crime, de organização criminosa. Cadê a lógica da tal “delação premiada” – tese estapafúrdia desenvolvida pela Veja para justificar esses crimes?
A cada divulgação do inquérito vai se comprovando que o poder de Cachoeira residia no acesso que tinha à revista. E que ela a utilizava recorrentemente para chantagear adversários.

Jornalismo e cumplicidade não são o mesmo

Jornalismo e cumplicidade não são o mesmo

ornalismo e cumplicidade não são o mesmo

Não está em pauta, na CPI do Cachoeira, o sigilo de fontes jornalísticas.
Ninguém se interessa em saber qual foi a fonte do senhor Policarpo Júnior, da Veja, para os oito anos de matérias bombásticas, com gravações de diálogos escusos e revelação de supostos negócios ilegais.
Não tem interesse, porque todos já sabem: Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, o “empresário de jogos”.
O que se quer saber é outra coisa: como foi o pacto de interesses políticos firmado entre a revista e o contraventor.
Carlos Cachoeira não forneceu uma ou duas informações à Veja. Teve, sim, uma longa convivência que, em termos biológicos, teria o nome de mutualismo: uma interação entre duas espécies que se beneficiam reciprocamente.
Cachoeira usava a Veja como instrumento de seu esquema de coação, chantagem, propinagem.
Veja usava Cachoeira como fonte de combustível para a fornalha de seu ódio político contra governos de esquerda, Lula e Dilma.
A maior prova é que as ligações de Cachoeira com Demóstenes Torres e Marcone Perillo, dois aliados de Veja no campo político, nunca foram objeto de apuração por parte da revista.
Ao contrário, o tal “grampo” do diálogo entre Demóstenes e o então presidente do STF, Gilmar Mendes, foi apresentado como resultado de arapongagem governista e fez estragos dentro da Polícia Federal.
Repíto: não se quer saber quem era a fonte de Veja, porque isso já se sabe, mas quais foram as relações entre a revista e a editora Abril no uso de gravações clandestinas, que eram as ferramentas de chantagem de Cachoeira.
Não existe “sigilo de fonte” na decisão interna de um órgão de imprensa em manter uma  longa sistemática relação com um bandido.
Qualquer jornalista sabe a diferença entre receber informações de um bicheiro sobre algum caso e a de, sistematicamente, receber dele material clandestino que incrimine os policiais que lhe criem problemas. Sobretudo, durante anos e sem qualquer menção à luta de submundo que se desenvolvia nestes casos.
No primeiro caso, é jornalismo. É busca da informação e sua apresentação no contexto em que ela se insere.
No segundo, é cumplicidade. É uma associação para delinquir, criminal e jornalisticamente.
No crime, porque viola, de forma deliberada, direitos e garantias constitucionais. No caso Murdoch, o escândalo foi seu jornal ter grampeado telefones por razões políticas. Neste, o de ter utilizado por anos gravações clandestinas fornecidas por um terceiro, umn contraventor.
Sob o ponto de vista jornalístico, a pergunta é: se o “grampeador” de Murdoch tivesse trabalhado de graça, o seu jornal, News of the World,  teria menos culpa?
Cachoeira trabalhou “de graça” para a revista, mas a revista sabia perfeitamente de seus lucrativos interesses em fornecer-lhe “o material”.
Seria o mesmo que o repórter de polícia, durante anos, saber que a fonte das informações que recebia as transmitia por estar interessado em “tomar” outros pontos de bicho e ampliar seu império zoológico.
É irrelevante se o repórter fazia isso por dinheiro ou por prestígio.
Repórter que agia assim, no meu tempo, chamava-se “cachorrinho”. E tinha o desprezo da redação.
Não se ofenda a profissão confundindo as duas coisas e nem se diga que o sr. Policarpo é mero repórter. É alguém, que pelo seu cargo, tem realções diretas com a administração empresarial da revista.
Não tem sentido falar em “preservação de fontes jornalísiticas” quando a fonte e o relacionamento entre ela e um editor – não um simples e inexperiente repórter – já são objeto de registro policial devidamente autorizado pela Justiça.
Sobre o que Veja e Cachoeira conversavam está no processo, não há sigilo a se quebrado aí.
O que se quer saber é como e porque Veja e Cachoeira viveram esta longa relação mútua e que benefícios para uma e outro advieram dela.
Por isso, o senhor Policarpo Júnior deve prestar, como testemunha, declarações à CPI.
Poderá alegar preservação de fontes quando for perguntado se a direção da editora sabia a origem do material que publicava?
Não parece que isso seja sigilo profissional, do contrário Murdoch escaparia ileso.
As gravações hoje pelo jornalista Luis Carlos Azenha,no Viomundo, reveladas a partir dos documentos publicados pelo Brasil 247, são uma pá de cal no tal segredo de justiça que, todos estão vendo, não existe mais.
Dois bandidos assumem que dirigiam as publicações de “escândalos” na Veja.
E isso é um escândalo, que não pode ficar oculto.
Ocultar fatos, sim, é que é um atentado à liberdade de imprensa.

Documentos do STF vazados na web ligam, definitivamente, Policarpo Jr. e a Veja ao crime organizado por Cachoeira e Demóstenes

Documentos do STF vazados na web ligam, definitivamente, Policarpo Jr. e a Veja ao crime organizado por Cachoeira e Demóstenes

Documentos do STF vazados na web ligam, definitivamente, Policarpo Jr. e a Veja ao crime organizado por Cachoeira e Demóstenes

Na sexta-feira, dia 27, o jornalista Vassil Oliveira, do Brasil 247 com o auxílio da Agência Brasil, trouxe com exclusividade o documento encaminhado pelo ministro Ricardo Lewandowski do Supremo Tribunal Federal (STF) à CPI do Cachoeira e ao Conselho de Ética do Senado (clique aqui).
O Limpinho, após a leitura do documento, separou os principais trechos em que Policarpo Jr., vulgo PJ ou Poli, editor da revista Veja em Brasília, aparece em conversas pouco convencionais com suas “fontes” Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e o senador Demóstenes Torres. Também estão presentes nos diálogos selecionados abaixo Cláudio Abreu, diretor da Delta na Região Centro-Oeste; Aredes Correia Pires, diretor geral da Polícia Civil de Goiás; vereador Wesley Silva, do PMDB de Anápolis (GO); Gleyb Ferreira da Cruz, um dos principais assessores de Cachoeira; e sargento da PM do Distrito Federal Jairo Martins de Souza.
O documento traz provas contundentes que Policarpo Jr. e seu patrão, Roberto Civita, estão envolvidos com os crimes de Cachoeira e sua quadrilha.
Confira a seguir.
23/4/2009 e 13/5/2009 – O senador Demóstenes Torres articulou com Carlos Cachoeira a divulgação pela imprensa de dados sigilosos que seriam entregues informalmente a um repórter pela Polícia Civil do Estado de Goiás. Segundo consta dos diálogos, o plano não se consumou porque o diretor geral da Polícia Civil teria desistido de entregar ao repórter os documentos que conteriam os dados sigilosos. Abaixo segue o diálogo em que é dito o nome do tal repórter.

09/03/2011 – Demóstenes diz que está na cidade e marca de encontrar com Carlinhos na manhã seguinte. Carlinhos diz que vai até Demóstenes depois de passar no Policarpo.

27/04/2011 – Carlinhos diz que vai almoçar com a prefeita de Valparaíso e com Policarpo Jr. da revista Veja.
27/04/2011 – Carlinhos e Demóstenes conversam sobre Marcelo Miranda (senador). Demóstenes pede orientação sobre sua situação partidária. Conversam sobre uma lista de materiais e volta o assunto do almoço com Policarpo.

28/04/2011 – Carlinhos diz que está com Gleyb e está vendo os negócios de compra de som. E Policarpo Jr. aparece na conversa novamente.

02/05/2011 – Conversa entre Carlinhos e Wesley. Carlinhos diz que o Policarpo Jr. da Veja está atrás da fita. Wesley diz que vai procurar.

09/05/2011 – Carlinhos conversa com Cláudio sobre a Sigma, Delta e mais um encontro com o Policarpo.
10/05/2011 – Carlinhos conta a Cláudio sobre a conversa que leve com Policarpo, da Veja, a respeito da reportagem que saiu na revista no último final de semana.

10/05/2011 – Carlinhos conversa com Dadá. Carlinhos diz que falou com Policarpo, da Veja. Dadá diz que ficou sabendo que quem fez a reportagem foi Hugo Marques. Conversam sobre reportagem que iria sair na Veja envolvendo filmagem de Agnelo com a Delta.

04/06/2011 – Carlinhos e Cláudio conversam: “O Policarpo Jr. vai detonar a associação...”

29/06/2011 – Cláudio diz que esteve com Policarpo Jr. e passou informações sobre reunião em Curitiba sobre licitação da BR-280.
02/07/2011 – Cláudio fala com Carlinhos da reportagem de Policarpo Jr. sobre o Ministério dos Transportes.

07/07/2011 – Carlinhos pergunta para Cláudio o que o Márcio Pontes está ameaçando. Cláudio diz que é falar merda e que dia 13 é a recisão dele. Bilhetagem vai ficar na mão de Valdir e vai querer ajuda financeira de 300 mil agora. E Policarpo Jr. é tratado como “o homem”.

26/07/2011 – Carlinhos conversa com Policarpo Jr., que lhe pergunta como faz para levantar umas ligações entre o deputado Jovair Arantes e a gente da Conab.

04/08/2011 – Carlinhos e Policarpo Jr. conversam por telefone.

04/08/2011 – Cláudio diz a Carlinhos que o PJ – Policarpo Jr., editor da Veja, em Brasília – quer falar com ele em Brasília. Carlinhos fala para Cláudio mandar Policarpo soltar a nota do Carlos Costa. Cláudio diz que está esperando Policarpo no apartamento 1103, do Hotel Meliá.

04/08/2011 – Depois do encontro no Meliá, Claudio diz que ele [Policarpo Jr.] já chegou e perguntou onde era para publicar. Carlinhos diz que pode ser no “Radar” ou no “On-Line”, mas se for como matéria da revista, seria melhor ainda.

04/08/2011 – Cláudio conversa com Calinhos sobre o encontro que teria com Policarpo Jr., mas jornalista não pôde comparecer. Policarpo pede a Cláudio que mandasse o material para seu e-mail: pjunior@abril.com.br.
11/08/2011 – Demóstenes pergunta se Carlinhos deu uma olhada no negócio do Áureo. Policarpo Jr. também aparece na conversa.

10/08/2011 – Jairo se encontra com Policarpo Jr. num churrasquinho.
11/08/2011 – Carlinhos diz a Cláudio que está no Churchill, possivelmente com Policarpo Jr.
11/08/2011 – Carlinhos conversa com Demóstenes, que fala que o primeiro assunto está com o estrangeiro e o segundo já tem reunião. Carlinhos diz que o assunto do Zé vai estremece o partido.

12/08/2011 – Carlinhos liga para Demóstenes e conversam sobre Edivaldo, Paulo Bernardo, Colbert, prisão, Congonhas, Policarpo Jr.

15/08/2011 – Carlinhos orienta Jairo sobre conversa com Policarpo Jr. Diz que eles têm de pedir aquele assunto para ele.

15/08/2011 – Policarpo está entrando de serviço agora e marca encontro com Jairo em 10 minutos no espetinho.

Em determinadas passagens do texto do inquérito, é dito o seguinte sobre Policarpo Jr, José Dirceu, Dilma Rousseff, dentre outros:

O triunfo da verdade põe #VejaGOLPISTA no TT | Brasil 247

O triunfo da verdade põe #VejaGOLPISTA no TT | Brasil 247

O triunfo da verdade põe #VejaGOLPISTA no TT

O triunfo da verdade põe #VejaGOLPISTA no TT Foto: Folhapress_Divulgação

Neste sábado, a revista da Abril fez uma leitura particular do inquérito sobre a Operação Monte Carlo e seu julgou inocentada; nas redes sociais, a interpretação foi totalmente distinta; Roberto Civita tem um sério problema de credibilidade; fãs da revista reagem com #VejaNelles; batalha animada

29 de Abril de 2012 às 13:27
247 – Desde a noite desta sexta-feira, quando o Brasil 247 publicou com exclusividade o inquérito relacionado à Operação Monte Carlo, internautas do Brasil inteiro começaram a garimpar informações ainda não divulgadas pela imprensa. Muitos se focaram nas relações entre o bicheiro Carlos Cachoeira e a revista Veja – cuja parceria editorial, com benefícios empresariais e políticos, fica evidenciada em vários trechos.
Neste sábado, Veja fez uma leitura bem particular do relatório. Por meio do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), noticiou que o documento esvazia a possibilidade de uma “CPI da mídia”. E, através do blogueiro Reinaldo Azevedo, que escreveu o texto “O Triunfo da Verdade”, defendeu a tese de que ratos, obscurantistas e inimigos da liberdade estariam combatendo o bom jornalismo investigativo praticado pela revista.
Pois, neste sábado, a hashtag #VejaGOLPISTA alcançou o topo dos assuntos mais comentados no Twitter global. Internautas do Brasil inteiro se mobilizaram para protestar contra os métodos utilizados pelo carro-chefe da Abril, empresa de Roberto Civita. Mais tarde, fãs da publicação reagiram com a hashtag #VejaNelles, que também entrou nos TTs. Porta-voz da publicação, Reinaldo Azevedo publicou novo texto acusando José Dirceu de comandar um movimento organizado na internet contra a imprensa livre.
A batalha envolveu milhares de tuiteiros, mas o fato é que Veja se vê hoje diante de um problema sério de imagem. Ninguém é contra que Veja ou qualquer outro veículo de comunicação fiscalize o poder e faça jornalismo. O problema ocorre quando o jornalismo é colocado a serviço dos interesses de um contraventor.
Leia, abaixo, o texto “A última diatribe de Reinaldo”:
Inquérito vazado pelo 247 já revelou Cachoeira editando a Veja, a produção do escândalo Naoum, a ação contra um diretor do Dnit e a tentativa de implodir um secretário de segurança; blogueiro da Abril, no entanto, enxerga apenas a ação de obscurantistas que querem acabar com o jornalismo investigativo
247 – Não deve ser fácil ser Reinaldo Azevedo nos dias de hoje. A antiga referência moral no Congresso, Demóstenes Nacional (sem partido/GO), é uma monstruosidade. Quem o levou para a Abril, Mario Sabino, caiu em desgraça. O amigo Diogo Mainardi refugia-se na Itália. E a defesa apaixonada da casa perde credibilidade a cada dia.
Num texto postado neste sábado, ele pinça um ponto do inquérito vazado pelo 247 para “provar” a independência de Veja em relação a Carlos Cachoeira. É um diálogo em que o bicheiro comentar com Demóstenes erros de um matéria publicada por Veja sobre a Delta – o principal erro seria o vínculo da construtora com José Dirceu. “Não tem essa ligação com o Zé Dirceu”, diz Cachoeira, que, na conversa com Demóstenes, sugere ações para abafar o impacto da reportagem.
O fato de Cachoeira ter ficado contrariado com uma reportagem, no contexto de uma parceria editorial que durou mais de uma década, foi a tábua de salvação à qual Reinaldo se agarrou.
Ocorre que o inquérito vazado ontem já revelou que, em vários momentos, Veja trabalhou em defesa dos interesses do bicheiro. Como quando Cachoeira se vangloriou de “colocar no r...” de Luiz Pagot. Ou quando discutiu com Demóstenes como “f... um secretário”, valendo-se dos préstimos de “Poli”, o jornalista Policarpo Júnior. Ou ainda quando planejou a reportagem de capa sobre os encontros de figuras petistas no hotel Naoum. Há até o episódio em que o bicheiro discute com Cláudio Abreu se uma nota de seu interesse deve ser publicada na coluna Radar, de Lauro Jardim, ou na revista impressa. Sim, Cachoeira era uma espécie de “editor at large” da publicação.
O fato de uma reportagem ter desagrado a este “editor” não significa que ele tenha emplacado uma série de outras – como já ficou amplamente demonstrado. E que não atendiam ao interesse público, mas sim ao interesse privado de um dos maiores contraventores que o Brasil já conheceu.
Em sua reflexão sobre ética jornalística, Eurípedes Alcântara diz que o critério de Veja na relação com fontes criminosas é baseado na avaliação de que a publicação deve sempre contribuir para reduzir o raio de ação de corruptos. Tendo Veja como aliada, Cachoeira deixou de ser um personagem menor de Goiás para dominar boa parte do País e se tornar até sócio de empreiteira.
Reinaldo, que denuncia a ação de obscurantistas contra a liberdade de expressão, tem se esforçado muito. Mas seu poder de convencimento é cada vez menor. Até porque a Inglaterra, um país livre, já demonstrou que o debate sobre métodos dos meios de comunicação é salutar. Em vez de solapar, aprofunda a democracia.

terça-feira, 24 de abril de 2012

TERRA BRASILIS: Antes do "mensalão", há um processo contra José Se...

TERRA BRASILIS: Antes do "mensalão", há um processo contra José Se...:

Antes do "mensalão", há um processo contra José Serra que precisa ser julgado

Julgamento de José Serra está na fila antes do caso ‘mensalão’


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Apesar de as expectativas estarem voltadas a celeridade no julgamento do caso ‘mensalão’, prometido para breve pelo novo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Ayres Britto, outros processos de escândalos de corrupção seguem arquivados.  Entre eles, o processo que se arrasta desde 2003 e envolve o ex-governador de São Paulo, José Serra (PSDB) em um desvio de recursos do Banco Econômico. 

Em termos de réus ilustres supera o chamado “mensalão”, e em termos de valores também. O rombo no Banco Econômico, socorrido com R$ 3 bilhões no âmbito do PROER, quando Serra era ministro do planejamento envolve praticamente toda a equipe econômica do governo FHC. Estão entre os envolvidos, o ex-ministro Pedro Malan, ex-ministro e banqueiro Ângelo Calmon de Sá e os ex-presidentes do Banco Central Gustavo Loyola e Gustavo Franco. 

A juíza Daniele Maranhão Costa, da 5ª Vara da Seção Judiciária do Distrito Federal, acatou a denúncia apontando dano ao erário, enriquecimento ilícito e violação aos princípios administrativos no caso. O processo corre no TRF1-DF, e os detalhes da ação estão aqui, íntegra.

CRÔNICAS DO MOTTA: A ética do boimate

CRÔNICAS DO MOTTA: A ética do boimate:

A ética do boimate


Como não pôde descontar em quem queria, a revista Veja resolveu dar o troco atacando os baixinhos.
A capa de sua última edição por pouco não se ombreia (ops!) à sensacional matéria sobre o boimate, o cruzamento do boi com o tomate, furo mundial editado anos atrás, que tornou a publicação ainda mais famosa e respeitada pelo público em geral, reportagem que deve ter exigido um esforço considerável de seu autor, uma checagem e rechecagem infindável de dados, e acima de tudo, muito respeito a seus leitores.
Se já tinha uma legião de gente que não pode nem ouvir o seu nome, a revista, com esse besteirol de agora certamente vai ganhar mais um tanto de desafetos, graças ao preconceito explícito contra sei lá quantos por cento da população brasileira que não atinge os padrões de altura que Veja julga ideais.
O assunto de capa é tão palpitante que deve ser devido a ele que o diretor de redação, Eurípedes Alcântara, abriu o editorial "Ética Jornalística: uma reflexão permanente", publicado apenas no site da revista, dizendo que "VEJA nunca permitiu que suas páginas fossem usadas para outro fim que não a busca do interesse público".
O problema é que, quem se dispõe a ler o restante do artigo, vai notar que o jornalista não estava se referindo aos baixinhos, o alvo da vez da fúria moralizadora da publicação.
O que ele tenta, na verdade, explicar é como a revista é feita, que critérios jornalísticos utiliza e o modus operandi de seus valorosos e leais funcionários, talvez motivado pelo cipoal de denúncias que enreda a publicação desde que o caso Demóstenes/Cachoeira veio à luz.
No mundo ideal, aquele em que a sujeira e a maldade, os crimes e o cinismo, a corrupção e a hipocrisia. não têm lugar, num mundo em que nada de ruim acontece, talvez toda a sua peroração sobre ética fosse entendida como um depoimento absolutamente crível.
Neste mundo, porém, em que as imperfeições do ser humano se revelam a cada instante como a essência de sua atividade, as palavras do sr. diretor de redação sobre princípios éticos e coisa e tal soam absolutamente vãs e sem sentido.
Afinal, para que esse blá-blá-blá se, como a própria capa de Veja mostra, a evolução "tecnofísica" explica "por que as pessoas mais altas são mais saudáveis e tendem a ser mais bem-sucedidas", e essa revelação apaga toda as estrepulias do bando de Demóstenes/Cachoeira?
Não seria melhor para a revista, carro-chefe de uma megaempresa de comunicação, recorrer a essa tal de "tecnofísíca"  para pautar o seu comportamento daqui para adiante, sempre com o princípio de sua chamada de capa em mente?
"As pessoas altas tendem a ser mais bem-sucedidas"...
Pensando bem, esse seria um início bem melhor para o editorial do sr. diretor de redação do que palavras tão sem sentido como "VEJA nunca permitiu que suas páginas fossem usadas para outro fim que não a busca do interesse público".
Ai que saudades do boimate...

Leandro Fortes

Leandro Fortes

A CPI e o fim do jornalismo investigativo de araque

Há oito anos, escrevi um livrete chamado “Jornalismo Investigativo”, como parte do esforço da Editora Contexto em popularizar o conhecimento básico sobre a atividade jornalística no Brasil. Digo “livrete” sem nenhum desmerecimento, muito menos falsa modéstia, mas para reforçar sua aparência miúda e funcional, um livro curto e conceitual onde plantei uma semente de discussão necessária ao tema, apesar das naturais deficiências de linguagem acadêmica de quem jamais foi além do bacharelado. Quis, ainda assim, formular uma conjuntura de ordem prática para, de início, neutralizar a lengalenga de que todo jornalismo é investigativo, um clichê baseado numa meia verdade que serve para esconder uma mentira inteira. Primeiro, é preciso que se diga, nem todo jornalismo é investigativo, embora seja fato que tanto a estrutura da entrevista jornalística como a mais singela das apurações não deixam de ser, no fim das contas, um tipo de investigação. Como é fato que, pelo prisma dessa lógica reducionista, qualquer atividade ligada à produção de conhecimento também é investigativa.
A consideração a que quero chegar é fruto de minha observação profissional, sobretudo ao longo da última década, período em que a imprensa tornou-se, no Brasil, um bloco quase que monolítico de oposição não somente ao governo federal, a partir da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, mas a tudo e a todos vinculados a agendas da esquerda progressista, aí incluídos, principalmente, os movimentos sociais, os grupos de apoio a minorias e os defensores de cotas raciais. Em todos esses casos, a velha mídia nacional age com atuação estrutural de um partido, empenhada em fazer um discurso conservador quase sempre descolado da realidade, escoltado por um discurso moralista disperso em núcleos de noticiários solidificados, aqui e ali, em matérias, reportagens e editoriais de indignação seletiva.
A solidez – e a eficácia – desse modelo se retroalimenta da defesa permanente do grande capital em detrimento das questões sociais, o que tanto tem garantido um alto grau de financiamento desta estrutura midiática, como tem servido para formar gerações de jornalistas francamente alinhados ao que se convencionou chamar de “economia de mercado”, sem que para tal lhes tenha sido apresentado nenhum mecanismo de crítica ou reflexão. Essa circunstância tem ditado, por exemplo, o comportamento da imprensa em relação a marchas, atos públicos e manifestações de rua, tratados, no todo, como questões relacionadas a trânsito e segurança pública. Interditados, portanto, em seu fundamento social básico e fundamental, sobre o qual o jornalismo comercial dos oligopólios de comunicação do Brasil só se debruça para descer o pau.
O resultado mais perverso dessa estrutura midiática rica e reacionária é a perpetuação de uma política potencialmente criminosa de assassinato de reputações e intimidação de agentes públicos e privados contrários às linhas editoriais desses veículos. Ou, talvez pior ainda, a capacidade destes em atrair esses mesmos agentes para seu ventre, sob a velha promessa de conciliação, para depois, novamente, estrangulá-los sob a vista do público.
“Jornalismo Investigativo”, porém, foi escrito anteriormente ao chamado “escândalo do mensalão”, antes, portanto, de a mídia brasileira formar o bloco partidário ora em progresso, tristemente conservador, que se anuncia diuturnamente como guardião das liberdades de expressão e imprensa – conceitos que mistura de forma deliberada para, justamente, esconder sua real indiferença, tanto por um quanto pelo outro. Distante, por um breve instante de tempo, da guerra ideológica deflagrada a partir do mensalão, me foi possível escrever um livro essencialmente simples sobre o verdadeiro conceito de jornalismo investigativo, ao qual reputo a condição de elemento de influência transversal, e não um gênero capaz de ser enclausurado em editorias, como o são os jornalismos político, econômico, esportivo, cultural, etc.
Jornalismo investigativo é a sistematização de técnicas e conceitos de apuração para a produção de reportagens de fôlego, não necessariamente medidas pelo tamanho, mas pela profundidade de seus temas e, principalmente, pela relevância da notícia que ela, obrigatoriamente, terá que encerrar. Este conceito, portanto, baseado na investigação jornalística, existe para se utilizado em todos os gêneros de reportagem, em maior ou menor grau, por qualquer repórter. Daí minha implicância com o termo “jornalista investigativo”, ostentado por muitos repórteres brasileiros como uma espécie de distintivo de xerife, quando na verdade a investigação jornalística é determinada pela pauta, não pela vaidade de quem a toca. O mesmo vale para o título de “repórter especial”, normalmente uma maneira de o jornalista contar ao mundo que ganha mais que seus colegas de redação, ou que ficou velho demais para estar no mesmo posto de focas recém-formados.
Para compor o livro editado pela Contexto, chamei alguns jornalistas para colaborar com artigos de fundo, como se dizia antigamente, os quais foram publicados nas últimas páginas do livro. Fui o mais plural possível, em muitos sentidos, inclusive ideológico, embora essa ainda não fosse uma discussão relevante, ou pelo menos estimulante, dentro da imprensa brasileira, à época. O mais experiente deles, o jornalista Ricardo Noblat, hoje visceralmente identificado ao bloco de oposição conservadora montado na mídia, havia também escrito um livro para a Contexto sobre sua experiência como editor-chefe do Correio Braziliense, principal diário de Brasília que, por um breve período de oito anos (1994-2002), ele transformou de um pasquim provinciano e corrupto em um jornal respeitado em todo o país. Curiosamente, coube a Noblat assinar um artigo intitulado “Todo jornalismo é investigativo” e, assim, reforçar a lengalenga que o livro esforça-se, da primeira à última página, em desmistificar.
Tivesse hoje que escrever o mesmo livro, eu teria aberto o leque desses artigos e buscaria opiniões menos fechadas na grande imprensa. Em 2004, quando o livro foi escrito (embora lançado no primeiro semestre de 2005), o fenômeno da blogosfera progressista era ainda incipiente, nem tampouco estava em voga a sanha reacionária dos blogs corporativos da velha mídia. No mais, minha intenção era a de fazer um livro didático o bastante para servir de guia inicial para estudantes de jornalismo. Nesse sentido, o livro teve relativo sucesso. Ao longo desses anos, são raras as palestras e debates dos quais participo, Brasil afora, em que não me apareça ao menos um estudante para comentar a obra ou para me pedir que autografe um exemplar.
Faz-se necessário, agora, voltar ao tema para trazer o mínimo equilíbrio ao recrudescimento dessa discussão na mídia, agora às voltas com uma CPI, dita do Cachoeira, mas que poderá lhe revolver as vísceras, finalmente. Contra a comissão se levantaram os suspeitos de sempre, agora, mais do que nunca, prontos a sacar da algibeira o argumento surrado e cafajeste dos atentados às liberdades de imprensa e expressão. A alcova de onde brota essa confusão deliberada entre dois conceitos distintos está prestes a tomar a função antes tão cara a certo patriotismo: o de ser o último refúgio dos canalhas.
Veio da revista Veja, semanal da Editora Abril, a reação mais exaltada da velha mídia, a se autodenominar “imprensa livre” sob ataque de fantasmas do autoritarismo, em previsível – e risível – ataque de pânico, às vésperas de um processo no qual terá que explicar as ligações de um quadro orgânico da empresa, o jornalista Policarpo Jr., com a quadrilha do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Primeiro, com novos estudos do Santo Sudário, depois, com revelações sobre a superioridade dos seres altos sobre as baixas criaturas, a revista entrou numa espiral escapista pela qual pretende convencer seus leitores de que a CPI que se avizinha é parte de uma vingança do governo cuja consequência maligna será a de embaçar o julgamento do “mensalão”. Pobres leitores da Veja.
Não há, obviamente, nenhum risco à liberdade de imprensa ou de expressão, nem à democracia e ao bem estar social por causa da CPI do Cachoeira. Há, isso sim, um claro constrangimento de setores da mídia com a possibilidade de serem investigados por autoridades às quais dedicou, na última década, tratamento persecutório, preconceituoso e de desqualificação sumária. Sem falar, é claro, nas 200 ligações do diretor da Veja em Brasília para Cachoeira, mentor confesso de todos os furos jornalísticos da revista neste período. Em recente panfletagem editorial, Veja tentou montar uma defesa prévia a partir de uma tese obtusa pela qual jornalistas e promotores de Justiça obedecem à mesma prática ao visitar o submundo do crime. Daí, a CPI da Cachoeira, ao investigar a associação delituosa entre a Veja e o bicheiro goiano, estaria colocando sob suspeita não os repórteres da semanal da Abril, mas o trabalho de todos os chamados “jornalistas investigativos” do país.
A tese é primária, mas há muita gente no topo da pirâmide social brasileira disposta a acreditar em absurdos, de modo a poder continuar a acreditar nas próprias convicções políticas conservadoras. Caso emblemático é o do atentado da bolinha de papel sofrido pelo tucano José Serra, na campanha eleitoral de 2010. Na época, coube ao Jornal Nacional da TV Globo montar um inesquecível teatro com um perito particular, Ricardo Molina, a fim de dar ao eleitor de Serra um motivo para entrar na fila da urna eleitoral sem a certeza de estar cometendo um ato de desonestidade política. Para tal, fartou-se com a fantasia do rolo-fantasma de fita crepe, gravíssimo pedregulho de plástico e cola a entorpecer as idéias do candidato do PSDB.
Todos nós, jornalistas, já nos deparamos, em menor ou maior escala, com fontes do submundo. Esta é a verdade que a Veja usa para tentar se safar da CPI. Há, contudo, uma diferença importante entre buscar informação e fazer uso de um crime (no caso, o esquema de espionagem da quadrilha de Cachoeira) como elemento de pauta – até porque, do ponto de vista da ética jornalística, o crime em si, este sim, é que deve ser a pauta. A confissão do bicheiro, captada por um grampo da PF, de que “todos os furos” recentes da Veja se originaram dos afazeres de uma confraria de criminosos, nos deixa diante da complexidade desse terrível zeitgeist, o espírito de um tempo determinado pelos espetáculos de vale tudo nas redações brasileiras.
Foi Cachoeira que deu à Veja, a Policarpo Jr., a fita na qual um ex-diretor dos Correios recebe propina. O material foi produzido pela quadrilha de Cachoeira e serviu para criar o escândalo do mensalão. Sob o comando de Policarpo, um jovem repórter de apenas 24 anos, Gustavo Ribeiro, foi instado a invadir o apartamento do ex-ministro José Dirceu, em um hotel de Brasília. Flagrado por uma camareira, o jornalista acabou investigado pela Polícia Civil do Distrito Federal, mas escapou ileso. Não se sabe, até hoje, o que ele pretendia fazer: plantar ou roubar coisas. A matéria de Ribeiro, capa da Veja, era em cima de imagens roubadas do sistema interno de segurança do hotel, onde apareciam políticos e autoridades que freqüentavam o apartamento de Dirceu. A PF desconfia que o roubo (atenção: entre jornalistas de verdade, o roubo seria a pauta) foi levado a cabo pela turma de Cachoeira. A Veja, seria, portanto, receptadora do produto de um crime. Isso se não tiver, ela mesmo, o encomendado.
Por isso, além da podridão política que naturalmente irá vir à tona com a CPI do Cachoeira, o Brasil terá a ótima e rara oportunidade de discutir a ética e os limites do jornalismo a partir de casos concretos. Veremos como irão se comportar, desta feita, os arautos da moralidade da velha mídia, os mesmos que tinham no senador Demóstenes Torres o espelho de suas vontades.

sábado, 7 de abril de 2012

O Dadá sabe tudo: como o Dantas soube da Satiagraha | Conversa Afiada

O Dadá sabe tudo: como o Dantas soube da Satiagraha | Conversa Afiada

O Dadá sabe tudo: como
o Dantas soube da Satiagraha

    Publicado em 07/04/2012
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Dadá conversava muito com a Folha
O Dadá está preso na companhia do Carlinhos Cachoeira.

O Dadá sabe muita coisa.

Na pág 3 do Globo deste sábado, Dadá aparece como representante de Carlinhos Cachoeira e licitações ou supostas licitações na Infraero, para defender interesses de Demóstenes e Cachoeira.

Dadá era do serviço de Inteligência da Aeronáutica e depois se tornou figurinha manjada do sub-mundo da arapongagem e do “jornalismo investigativo” de Brasília.

Se o PiG (*) apertar bem, se furar com broca de dentista, vai chegar à jornalista investigativa da Folha (**), Andrea Michael.

O Dadá sabe como a Andrea Michael passou informações da Satiagraha ao Daniel Dantas e quase desmonta a Satiagraha.

Dadá sabe de todos os detalhes desse serviço inestimável que o banqueiro condenado recebeu da jornalista “investigativa”.

Foi um dos momentos inesquecíveis da História da Folha.

Andrea Michael aparecerá num próximo livro da Editora Três que tratar das caminhonetes da Folha a serviço da tortura.

O Juiz Fausto De Sanctis lamenta não ter mandado prender Michael, como pediu o presidente da Satiagraha, o ínclito delegado Protógenes Queiroz.

De Sanctis acreditava que o PiG (*) saberia fazer a mea-culpa e extirparia Michael de seu meio.

Ao contrário: numa sessão de fuzilamento no programa com Protógenes, no Roda Morta, da TV Cultura, Michael foi elevada à condição de Joana D’Arc pelos jornalistas “investigativos” que a defenderam com unhas e dentes.

Dadá conhece mais da Historia do Jornalismo Contemporâneo Brasileiro do que os autores daquele livro que a Folha editou para se blindar.

O amigo navegante não se recorda desse Momento Sublime do PiG (*) ?

Uma desinteressada contribuição se segue:

Protógenes identifica advogado e jornalista da gravação

A propósito da divulgação de um áudio da Operação Satiagraha, onde há menção a um advogado e a uma jornalista, este ansioso blogueiro conversou por telefone com o deputado federal pelo PC do B de São Paulo, Protógenes Queiroz.

Na qualidade de delegado da Polícia Federal, Protógenes presidiu a Operação Satiagraha.

O áudio é verdadeiro ?

Sim, parece idôneo, ele respondeu.

(Ouça abaixo a íntegra da entrevista.)

Protógenes observou que foi precisamente um suposto vazamento que o condenou na Justiça, na primeira instância.

Pergunta ele: por que ele vazaria a Satiagraha ?

Para boicotá-la ?

E agora: quem vazou para os hackers ?

Com que objetivo ?, pergunto.

Segundo Protógenes, esse vazamento, agora, tem o objetivo de tentar desestabilizar o Governo Dilma.

Num telefonema posterior, este ansioso blogueiro perguntou: por que desestabilizar ?

Porque a Satiagraha pega o PT e o PSDB, ele respondeu.

Quem são Bernardo e Cristina, que aparecem no início da gravação ?

São integrantes do grupo do banqueiro condenado, Daniel Dantas, ele responde.

Quem é Nélio ?

Quem defendia Daniel Dantas era o Dr Nélio Machado, respondeu Protógenes.

Nélio Machado é quem traçava a estratégia de defesa de Dantas.

O Nélio do áudio se refere a uma jornalista – sem dar o nome – que passava informações muito precisas.

Tão precisas que deram “consistência” a um pedido de “salvo conduto” que Nélio tentaria na Justiça.

Quem é essa jornalista, perguntei.

É a Andréa Michael, da Folha (**), ele respondeu.

Foi ela quem em abril de 2008, no sábado, na Folha, estampou parte da investigação Operação, explicou Protógenes.

Por causa disso, foi preciso fazer um esforço muito grande para “fechar” a investigação.

Por que fechar ?, pergunto.

Porque havia indícios de que uma parte da cúpula da Polícia Federal estava comprometida com esses vazamentos.

Protógenes conta que foi obrigado a “fechar” a investigação até para a cúpula da Polícia.

A mesma cúpula que tirou pessoal da Satiagraha, e que, em pouco tempo, mudou duas vezes a base física da Operação.

Houve tempo em que Protógenes só contava com dois funcionários da Polícia Federal para realizar o trabalho.

A reportagem da Andrea Michael poderia ter destruído a Satiagraha, perguntei ?

Sim !, ele responde.

O vazamento ocorreu em abril e a Satiagraha só pôde ser desfechada em julho.

Quase que a gente não consegue apreender o R$ 1 milhão em espécie, diz Protógenes.

Sobre essa apreensão em dinheiro, convém assistir à reportagem sobre a passagem de bola que o jornal nacional exibiu e Gilmar Dantas (***) ignorou.

A voz de Brasília no áudio se refere a um delegado Troncón, da Polícia Federal, que teria posição diferente da sua na Satiagraha – explicou o ansioso blogueiro.

Quem é Troncón, perguntou o ansioso blogueiro.

Trata-se de Roberto Troncón, hoje Superintende da Policia Federal em São Paulo e, na época, diretor geral do Combate ao Crime Organizado – explicou Protógenes.

Ele explica que Troncón – um homem acima de qualquer suspeita, diz Protógenes -, de fato, via a Operação de forma diversa.

Protógenes lembra também que muitos vazamentos para a imprensa, talvez provenientes da própria Polícia Federal,  mais tarde se confirmaram.

Por exemplo, o vazamento sobre a remoção de Protógenes da Diretoria de Inteligência – onde começou a investigar Daniel Dantas – para a de Combate ao Crime Organizado – e, portanto, subordinado de Troncón.

Troncón foi nomeado para o importantíssimo cargo de Superintendente em São Paulo pelo Ministro da Justiça Zé Eduardo Cardozo.

Sobre a conclusão da Satiagraha pelo Delegado Saadi, existe um pedido do líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira, ao Ministro Zé Cardozo.

Por que a Satiagraha II só vaza para a Época ?

E por que o vazamento para a Época não provoca nenhum processo, como os 893 que Luis Fernando Corrêa – aquele que não acha o áudio do grampo – moveu contra Protógenes ?

Viva o Brasil !


Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

(***) Clique aqui para ver como um eminente colonista do Globo se referiu a Ele. E aqui para ver como outra eminente colonista da GloboNews e da CBN se refere a Ele.

Russia working on electromagnetic radiation guns | Space, Military and Medicine | Herald Sun

Russia working on electromagnetic radiation guns | Space, Military and Medicine | Herald Sun

Russia working on electromagnetic radiation guns

    zombies
    A scene from Call of Duty: Black Ops Zombies.
    WHILE many believed it to be an April Fool's Day joke, Vladimir Putin has confirmed Russia has been testing mind-bending psychotronic guns that can effectively turn people into zombies.
    The futuristic weapons - which attack their victims' central nervous system - are being developed by scientists and could be used against Russia's enemies and even its own dissidents by the end of the decade.
    Mr Putin has described the guns, which use electromagnetic radiation like that found in microwave ovens, as entirely new instruments for achieving political and strategic goals.
    Plans to introduce the super-weapons were announced by Russian defence minister Anatoly Serdyukov.
    While the technology has been around for some time, MrTsyganok said the guns were recently tested for crowd control purposes.
    “When it was used for dispersing a crowd and it was focused on a man, his body temperature went up immediately as if he was thrown into a hot frying pan," Mr Tsyganok said.
    "Still, we know very little about this weapon and even special forces guys can hardly cope with it,'' he said.
    Research into electromagnetic weapons has been carried out in the US and Russia since the '50s but it appears Putin has stolen a march on the US.
    Precise details have not been revealed but previous research has shown that low-frequency waves or beams can affect brain cells, alter psychological states and make it possible to transmit suggestions and commands directly into someone's thoughts.
    Mr Putin said the technology is comparable in effect to nuclear weapons but “more acceptable in terms of political and military ideology''.
    Mr Serdyukov said the weaponry based on new physics principles - direct-energy weapons, geophysical weapons, wave-energy weapons, genetic weapons and psychotronic weapons - were part of the state arms procurement program for 2011-2020.
    Maybe there will be a reason to purchase that zombie safe house, after all.
    Last year Texan Austin Fleming’s created the Vagabond Mobile Safe House Device, which incorporates potable water filtration, tracking devices and photovoltaic cells into a handy and stylish leather backpack.
    The whole things flips out armadillo-style in under three minutes and is covered in reflective coating to confuse drooling marauders.
    The design won the 2011 Architects Southwest Zombie Safe House competition.