sábado, 9 de junho de 2012

O papel do STF para a grande mídia | Brasilianas.Org

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O papel do STF para a grande mídia

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Grande mídia quer STF de joelhos

Primeiro, a grande imprensa, capitaneada por Globo, Folha, Estadão e Abril determinaram: o julgamento do chamado "mensalão" deve vir antes das eleições para que possa causar efeitos, principalmente no pleito de São Paulo.
Ainda que a aposta seja ingênua, o ministro Ayres Britto tomou para si o papel de mensageiro das grandes redações. Enfrentou as resistências dos colegas do Supremo Tribunal Federal, que viam na decisão uma precipitação sem motivos (ver no IG matéria sobre a resistência dos ministros).
O jornalista Luis Nassif já havia alertado para a ingenuidade com que Ayres Britto trata o poder da grande imprensa. Assim como a confusão que faz entre "liberdade de imprensa" (que basicamente é a liberdade de publicação) e a "liberdade de expressão", direito que volta e meia é subtraído pelos grandes grupos (ver a Carta Aberta aqui).
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Ayres pensa como um homem dos anos 50, quando a mídia ainda não era o poder que é hoje. Esquece como foi ela importante para a supressão da democracia já em 1964. Desavisado, não percebeu que parcelas inteiras da sociedade são silenciadas todos os diias por uma maquinaria midiática que julga, condena, exclui e desafia as instituições. Além de ter interesses muitas vezes incofessáveis.
Após agendar o julgamento, a segunda tarefa é determinar o veredicto. Para isso, cada voto será acompanhado atentamente pelas direções de mídia e, caso os ministros já não tenham praticado a auto-censura, serão devidamente expostos publicamente para que não contrariem a decisão que já foi tomada pelos grandes grupos.
O que o STF enfrenta hoje é a última batalha pela reistência da Justiça brasileira em manter-se como poder acima das mídias. As primeiras e segundas instâncias já foram plenamente sequestradas. Juízes e desembargadores têm poucas condições de enfrentar o poder dos grandes grupos. Aqueles que ousam enfrentar, acabam por pagar um preço demasiadamente caro e colocam em risco suas próprias carreiras (os relatos de difamação de magistrados foram bem explicados na série Caso Veja, de Luis Nassif: capítulo 10, o caso Edson Vidigal).
Quando o jornalista Jânio de Freitas (reproduzido aqui) chama a atenção para a prepotência da mídia, em resposta ao elogio de Ayres (sempre ele) à relação "siamesa" entre imprensa e democracia, era disso que estava falando.
Prepotência é o sentimento prévio de poder da mídia sobre as outras instituições. Sobre os outros Poderes do país. Há um sentimento claro nas direções de mídia de que ela é mais poderosa do que a Justiça brasileira, faltando ainda a capitulação do último guardião.
Vencer o STF nesta batalha por impor o veredito sobre o caso "mensalão" é estabelecer de uma vez por todas quem julga no país.
O STF parece sem forças para resistir. Os mnistros mais críticos temem o que pode acontecer de repercussão pública dos seus votos. Ainda mais diante da ação engajada de um personagem como Gilmar Mendes, que se prontifica a expor os colegas de turma à ridcularização permanente (obrigando-os a desmentidos frequentes, comoesse), e da ingenuidade e boa vontade de Ayres Britto, que parece não ter lido mais nada sobre imprensa nas últimas quatro décadas.

Poder Legislativo em perigo
Se o terceiro poder está à deriva diante da investida da artilharia de mídia, o primeiro, o Legislativo Federal ainda resiste.
Mas o efeito "de anulação das oposições" vem do fato de que a imprensa tomou esse lugar (como já foi dito pela pela presidente da ANJ, pelo presidente do grupo Abril, e mesmo por Fernando Henrique em artigo recente). Ora, sem oposição seriamente constituída, não há jogo equilibrado no Congresso.
Pode-se dizer, que pautadas pela mídia, as oposições abriram mão do seu papel de fiscalização e crítica. Todas as CPIs "conquistadas", por exemplo, o foram a partir de grandes artifícios de mídia. As oposições se submeteram a esse papel, porque acreditavam que, com tão forte aliado, teriam encontrado o atalho mais simples para a volta ao poder.
A opção foi desastrosa. Submetendo sua pauta à pauta da grande imprensa, as oposições tornaram-se uma legião sem bandeiras próprias, sempre á espera de uma manchete e um escândalo, graças aos quais pudessem atuar.
Sem programa, sem objetivos claros, escravos das determinações dos aquários, a oposição simplesmente desapareceu enquanto ente legislativo, colocando em risco este Poder do país.
Curiosamente hoje, os focos de resistência à prepotência midiática, são as alas governista e aliada. Justamente porque contam com o apoio do Executivo.
Os três poderes brasileiros estão sob constante ataque. E o drama do STF faz parte de um história que, iniciada no advento da redemocractização do país, já se desenha há duas décadas.
Passou da hora de reagir.

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