quinta-feira, 26 de maio de 2016

Cadê os paneleiros hipócritas, mentirosos e desavergonhados?

Cadê os paneleiros hipócritas, mentirosos e desavergonhados?

 







Cadê os paneleiros hipócritas, mentirosos e desavergonhados?





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Apoiar quem está no governo é extremamente penoso, a menos que você
esteja entre os que são beneficiados pessoalmente por seu governismo.
Como esse nunca foi o caso deste blogueiro – tanto nos governos do PT
como nos anteriores –, estou amando ser oposição de novo, em um momento
em que os ex-oposicionistas têm que mostrar a que vieram.


Ser governo implica em o governista ter que explicar por que defende
aquele projeto político-administrativo – e, convenhamos, durante 11 dos
13 anos de governos do PT nunca foi muito difícil explicar meu apoio aos
governos Lula e Dilma.


Até 2014, quando me perguntavam por que eu apoiava o PT eu mandava
quem me questionasse ir vasculhar o site do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). A perscrutação do referido site revela
que os governos Lula e Dilma civilizaram o Brasil. A pobreza, a miséria,
a desigualdade e o desemprego despencaram e dispararam a renda média do
trabalhador, os empregos formais, o ingresso no superior, enfim, subiu
muito o padrão de vida dos brasileiros de todas as classes sociais.


A vida melhorou mais, obviamente, entre os mais pobres, entre os que
mais precisavam melhorar, entre aqueles que era justo que melhorassem
antes. E aí estava a razão para o topo da pirâmide social querer tirar o
PT do poder.


Agora, porém, ficou claro que a gritaria da elite, da grande imprensa
e de partidos políticos oposicionistas contra os governos do PT, sob
alegação de que aquele comportamento era “combate à corrupção”, nunca
passou de balela.


Desde a madrugada de segunda-feira 23 de maio, os fatos desmascararam
hipócritas que, ao longo de uma trinca de anos, com suas manifestações
desavergonhadas vinham vendendo a teoria de que não toleravam nenhum
tipo de corrupção. Balela. Não toleram corrupção – ou suposta corrupção –
dos outros, mas amam a dos amigos, sócios, parentes, aliados ou mesmo
dos políticos que vociferam “ideias” e “ideais” com os quais concordam


Se tivessem um pingo de ética, um pingo de decência, o mínimo que os
paneleiros deveriam fazer, após a gravação de Jucá desmascarar o golpe,
seria repudiar a armação que resultou no afastamento da presidente da
República.


Senão, vejamos: um dos artífices do processo que culminou no
afastamento de Dilma é flagrado em escutas nas quais confessa que esse
afastamento é uma trama destinada a atrapalhar investigações policiais
contra quem a tirou do cargo. Precisa de mais o quê para entender que o
impeachment fez uma pessoa inocente ser punida em troca da impunidade
dos culpados?


Seja como for, no primeiro dia útil desta semana caiu uma infinidade
de máscaras. Além das máscaras dos golpistas e dos paneleiros das
varandas gourmet, caiu máscara da mídia golpista, a comandante do golpe.


A Globo resistiu o dia todo a divulgar a gravidade do caso envolvendo
o agora ex-ministro do Planejamento Romero Jucá. Na noite da última
segunda-feira, porém, ela teve que se render ao cataclísmico noticiário
na internet e, assim, o Jornal Nacional teve que fazer barba, cabelo e
bigode sobre fatos que comprovaram, cabalmente, que o golpe era mesmo
golpe.


O JN teve que divulgar um verdadeiro linchamento público dos tucanos,
feito por Romero Jucá, enquanto este reinventava o conceito de
“boi-de-piranha” (bode expiatório)





O JN teve que mostrar Temer sendo chamado de golpista





O JN teve até que noticiar elogios de Temer a Romero Jucá, que acaba
de ser flagrado planejando um golpe de Estado com a finalidade de
obstruir a Justiça





O noticiário da Globo sobre o surgimento da prova de que o golpe é
golpe, por sua vez, não foi voluntário; foi, digamos assim, coercitivo. A
emissora pretendia manter o clima “banal” que Jucá tentou conferir às
próprias declarações criminosas, mas não colou.


O noticiário sobre Jucá foi jogado para o fim do Jornal Nacional
porque foi feito às pressas, após o ministro “renunciar”. Isso é o que
explica o telejornal ter anunciado a matéria sobre o caso em sua
“escalada” – apresentação das manchetes do dia, no começo da edição do
telejornal –, mas só ter veiculado a matéria no fim da edição.


O fato é que, com liberdade de informação e opinião, é muito difícil,
se não impossível, sustentar a versão de que um golpe não é golpe.


Em termos históricos, já é cabalmente impossível manter a versão de
que o impeachment de Dilma foi um ato legal. A avalanche de fatos que
desmascaram o golpe não deixa a menor possibilidade de os livros de
história negarem que em 2016 o Brasil sofreu um golpe de Estado
engendrado e perpetrado por setores do Judiciário, grupos de mídia e
partidos de oposição.


Na prática, o Brasil vive hoje uma ditadura judiciária. Romero Jucá
revelou ao mundo que houve um golpe no Brasil, denunciou a Justiça
brasileira, disse que ela pararia a Lava Jato se o governo Dilma fosse
derrubado.


Enquanto o Judiciário e a própria Lava Jato não prenderem aqueles que
Jucá disse que acabariam sendo presos pela Operação se Dilma não fosse
derrubada, restará intocada a suspeita (agora) escandalosamente
disseminada de que a presidente foi derrubada para interromper
investigações que poderiam atingir inclusive a oposição e, quem sabe,
até a própria mídia oposicionista.


A derrubada de Dilma tira o PT de cena e coloca o PMDB e o PSDB.
Viraram vidraça. Não adianta acharem que poderão começar a berrar
“Lula”, “Dilma”, “PT” quando forem cobrados ou quando começarem a surgir
denúncias.


Diante das gravações envolvendo Romero Juca que mostraram que Dilma
foi derrubada para interromper a Lava Jato, é ensurdecedor o silêncio
das varandas gourmet, onde as panelas, antes tão eloquentes, agora
permaneceram silentes, cúmplices de Cunha, Jucá, Temer e do resto da
quadrilha golpista que estuprou a democracia rasgando 54 milhões de
votos.


Não foi só o golpe que foi desmascarado, foram desmascarados os
grupos que pregaram o impeachment e, assim, foram cúmplices de um crime.

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