domingo, 7 de agosto de 2016

O caixa 2 de Serra: precisava de tudo isso para descobrir? – O Cafezinho

O caixa 2 de Serra: precisava de tudo isso para descobrir? – O Cafezinho




O caixa 2 de Serra: precisava de tudo isso para descobrir?



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Na Folha de hoje, mais uma delação futurística da Lava Jato.


Segundo a reportagem, os executivos da Odebrecht disseram aos procuradores que José Serra recebeu R$ 23 milhões de caixa 2.


A delação ainda não foi assinada, mas já foi devidamente vazada à imprensa, como de praxe.


Há tempos que a Lava Jato vaza as delações antes mesmo delas existirem oficialmente.


Pela lei da delação premiada, tanto aqui como nos Estados Unidos, o
vazamento deveria ser suficiente para anulá-la, até porque permite que o
réu destrua provas, mas isso não vem ao caso, pois o objetivo principal
é o tribunal da mídia.


José Serra é um tucano velho e decadente: um cordeiro gordo perfeito para um sacrificiozinho político temporário.


A matéria vem com infográficos, coisa rara em se tratando de material negativo aos tucanos.


Os executivos prometeram entregar recibos dos depósitos feitos em bancos no exterior.


Quando disputou as eleições em 2010, o Congresso em Foco apurou que o
tucano era o recordista, entre os candidatos, de processos na justiça:
tinha 17 processos, todos por improbidade administrativa. Mais um menos
um. Que diferença faz?


O que me deixa intrigado, com a Lava Jato e com a mídia, porém, é o seguinte.


Precisava quase destruir a Odebrecht, prender o Marcelo por mais de
um ano, provocar demissão de centenas de milhares de famílias, criar um
clima de golpe de estado, para descobrir que José Serra fez caixa 2 em
2010?


O Amaury Ribeiro escreveu um livro, Privataria Tucana, onde não
quebrou sigilo de ninguém, não torturou ninguém com prisão preventiva,
não destruiu nenhuma empresa, nem prejudicou um único trabalhador, não
gastou um centavo de verba pública, e, no entanto, descobriu muito mais
podres sobre Serra do que a Lava Jato!


A Folha e a grande mídia em geral desprezaram o conteúdo apresentado
no livro do Amaury, apesar dele trazer provas abundantes de tudo que
dizia, e agora dão destaque, com direito a infográfico, a uma delação
ainda não assinada, que não traz, por enquanto, prova nenhuma?


A reportagem mostra os métodos da Lava Jato:


ScreenHunter_259 Aug. 07 04.12


Casos que interessam aos procuradores...


A Lava Jato está na fase "pega tucano", ou seja, naquele momento em que disfarça suas intenções.


Algumas reportagens-denúncias sobre o PSDB, nada que provoque grandes reviravoltas...


Afinal, algum tesoureiro tucano foi preso? A sede do PSDB foi invadida pela Polícia Federal?


Esse dinheiro de campanha era para pagar marketeiros: algum foi preso?


A filha de Serra também será perseguida pela Lava Jato?


Voltando ao livro do Amaury, o leitor, a mídia e os procuradores
descobrirão que a fortuna da família Serra não é feita de canoas de
alumínio num sítio de amigo.


A minha teoria sobre o golpe, é bom lembrar, para eu mesmo não me
perder nessa rede de intrigas e conspirações, é que ele foi costurado
pelas castas burocráticas e mídia. Os políticos aproveitaram o vácuo
criado e o ocuparam. Mas o golpe foi feito para isso mesmo, para que
exatamente esses mesmos políticos ocupassem o vácuo.


O MPF e as castas em geral, fazem questão de manter os políticos bem
conscientes de que eles, mesmo tendo ocupado o vácuo, são apenas
representantes dos interesses das castas, da mídia e dos patrocinadores
da mídia.


O poder real está em mãos das castas judiciais e da mídia, cuja arma
principal agora é a Lava Jato, que é uma espécie de ensaio de Estado de
Exceção, uma "pausa democrática", um cão raivoso vigiado de perto por
seus donos.


Há um embate surdo dentro do golpe. As gravações de Sergio Machado
revelaram isso muito bem. Os políticos que assumiram o Planalto
conspiram agora para ampliarem sua autonomia.


O "barbarismo", o radicalismo neoliberal, que vemos no governo Temer,
é tão grande porque são as únicas ações que agradam à grande mídia e
aos representante do setor privado que também conspiraram pelo golpe. Os
interinos tentam, desesperadamente, agradar aos patrocinadores do golpe
visando ganhar um pouco de crédito e autonomia para brincarem de
governo.


Aparentemente, a Lava Jato finge seguir o moralismo fanático descrito na máxima latina fiat iustitia pereat mundus. Faça-se justiça ainda que o mundo pereça.


Mas é mentira. Quer dizer, no que toca à economia brasileira e à
democracia, é verdade, e com apoio da mídia. Miriam Leitão escrevia nas
suas colunas: não importa o prejuízo a ser provocado na economia, a Lava
Jato tem de seguir em frente.


Claro, havia um cálculo: uma economia em dificuldades era condições fundamental para se criar a atmosfera de golpe.


O fanatismo moral da Lava Jato, porém, sempre foi uma máscara.


Quando, numa das fases da Lava Jato, as investigações se aproximaram
de uma offshore usada pela Globo e outros grupos para fazerem seus
negócios no Brasil, Sergio Moro e a força tarefa recuaram imediatamente,
soltaram os detidos e voltaram aos pedalinhos de Lula.


O jogo é simples. Vou repetir alguns argumentos do post anterior. A
votação final do impeachment se aproxima. Caso a insatisfação social com
Temer e a rejeição ao impeachment cresçam além do controle, a Lava Jato
precisará lançar alguns factoides especialmente fortes nas duas
próximas semanas.


Ou seja, a Lava Jato terá que prender, naquele método da prisão
preventiva perpétua, às vésperas da votação, alguns petistas graúdos: um
Edinho Silva, por exemplo, seria uma vítima perfeita, porque geraria a
manchete: tesoureiro da campanha de Dilma é preso.


Pronto: clima de intimidação, perplexidade, golpe. Os próprios
senadores pró-impeachment ficam assustados, porque farejam no ar o clima
de linchamento midiático ao PT e intuem que, senão aderirem à onda,
serão eles mesmos agredidos.


A prisão de Lula pode ficar para depois do golpe consumado, caso haja
clima... Agora já se criou duas frentes promissoras de ataque: a
própria Lava Jato e o MPF do Distrito Federal.


A Lava Jato precisa, contudo, fazer um movimento calculado. Antes de
encetar novo violento ataque ao PT, é de bom tom distribuir uma denúncia
forte contra um tucano. É como comprar créditos.


Denuncia-se um tucano, nada mortal, como movimento preparatório para mais um grande ataque judicial-midiático ao PT.


A Globo, vê-se logo, por seu tamanho, riqueza e arrogância, tem
enorme dificuldade para entender e seguir as sutilezas desse jogo, mas
vem aprendendo rápido e, sobretudo, é a proprietária da conta bancária
de longe a mais polpuda dentre os barões de mídia e pode comprar,
portanto, através de consultorias, a inteligência que seus diretores e
donos não possuem.

Um comentário:

  1. Serra está no partido certo pra se safar, e ainda faz parte desse governo corrupto que aquelas gravações do Machado fizeram a gente perceber desde o início.

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