Bolsonaro insulta jornalistas em vez de dar respostas sobre seu governo
Presidente não dá explicação satisfatória às relações comerciais do seu secretário de Comunicação
Nada mais é exótico sob o regime bolsoneiro. Nem por isso é menor a curiosidade sobre o que sucederá. Certo é que haverá efeitos importantes. Nenhum deles capaz, por exemplo, de dar explicação satisfatória às relações comerciais que têm, em uma ponta e na outra, o secretário de Comunicação da Presidência —Fabio Wajngarten, empresário chamado a controlar os altos gastos de todo o governo em propaganda.
Esse agressivo mentor de ataques de Bolsonaro à imprensa diz que a Folha mente, ao noticiar o conflito de interesses, porque ele deixou o comando da empresa em questão. Mas não deixará de lado, quando partilhados os lucros, os 95% que tem da composição societária. Nem o dinheiro público que possa haver, também, no caldeirão dos ganhos empresariais. Essa é a origem de uma das respostas que Bolsonaro, não podendo dar aos repórteres, substituiu por insulto de moleques.
Saíram 6.000, vão dar 30% de extra a 7.000 militares reformados para um quebra-galho temporário no instituto, reduzindo-lhe as filas. Por que militares, que ainda passarão por aprendizado, e não ex-funcionários, só se explica como outro presente de Bolsonaro à sua turma. E ninguém indaga dele e Paulo Guedes o que acham ainda, diante do INSS estagnado, da sua política de não substituição de aposentados no serviço público. Política, por sinal, bem vista na imprensa.
No estudo "Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil", agora divulgado pela Fenaj, a Federação Nacional de Jornalistas, os ataques a jornalistas e empresas de comunicação aumentaram 54% em um ano, de 135 para 208. Bolsonaro, só ele, é autor de 58% desses ataques, em pessoa ou pela internet. Tem razão em achar que, para ele, o insulto é livre. Até prova em contrário.
Poluições
A água imprestável que a Cedae fornece a parte do Rio e de vários municípios não é só caso de poluição. É também caso de polícia.Incluída nas privatizações e já em fase de fixação do valor e condições para venda, à Cedae foi atribuída uma contribuição quase milagrosa para o cofre fluminense. A situação crítica alcançou-a de imprevisto, com uma queda de qualidade sem explicações convincentes e compras, de equipamentos e substâncias, repentinamente necessárias. Como repentina, mais ainda, foi a aparição da água não tratada com o resultado de sempre.
E então, antes que a semana acabasse, a informação preciosa: a despoluição do manancial, que é o rio Guandu, indispensável para o fornecimento de água limpa, custará R$ 1,4 bilhão. Ao menos. E por ora.
Pois é, o valor de privatização já diminuiu em um bilhão e meio. Antes mesmo de ser consolidado. E ficou fácil entender o que poluiu a água: foi a poluição da sua privatização.
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