Folha de S.Paulo - Prisão de suspeito de vazar papéis gera críticas a Obama - 01/05/2011: "Prisão de suspeito de vazar papéis gera críticas a Obama
Bradley Manning, apontado como fonte do WikiLeaks, não teve 1ª audiência e ficou confinado em solitária
Segundo a rede de apoio que arca com os custos da defesa de Manning, há várias razões para acusar maus-tratos
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
A recente divulgação de novos documentos secretos do governo americano obtidos pelo WikiLeaks reavivou protestos nos EUA contra a situação do soldado Bradley Manning, que se encontra preso há quase um ano.
Ele é suspeito de ter sido o responsável pelo vazamento do material diplomático.
Durante o tempo encarcerado, Manning, 23, foi submetido ao que seus defensores classificam como punição extrema pré-julgamento.
O soldado ainda não teve sua primeira audiência, agendada para ocorrer em junho e ficou confinado em solitárias, sem exposição à interação humana, a exercícios e à luz do sol.
Na semana passada, ele finalmente foi transferido para uma prisão no Kansas, onde poderá conviver com outras pessoas.
O Pentágono afirma que seu tratamento tem sido adequado e legal. Mas, segundo o 'Free Bradley Manning', uma rede de apoio que paga a defesa do soldado, há várias razões para maus-tratos.
A primeira seria 'que os militares sabem que o caso contra Bradley não é tão forte quanto anunciam e, caso ele seja inocentado, querem garantir alguma punição que sirva de 'alerta' a outros no futuro', disse à Folha Jeff Paterson, porta-voz do grupo.
CONSTRANGIMENTO
Manning foi detido em maio de 2010, após um hacker dizer ao FBI ter tido conhecimento do roubo dos documentos.
Há, entre os dados vazados para o WikiLeaks, um vídeo do assassinato de iraquianos por americanos em um helicóptero, arquivos do Afeganistão, telegramas diplomáticos e, na última semana, fichas dos suspeitos de terrorismo detidos na prisão militar de Guantánamo, em Cuba.
Herói para alguns, criminoso para outros, o soldado cria divergências até dentro do governo. O presidente dos EUA, Barack Obama, disse, no último dia 21, que Manning 'violou a lei'.
Para seus defensores, além de supor culpa antes do julgamento, Obama influenciou injustamente o júri, que será formado por militares sob suas ordens.
O ex-porta-voz do Departamento de Estado PJ Crowley, ao contrário de Obama, disse que o tratamento dado a Manning é 'ridículo, contraproducente e estúpido'. Ele renunciou pouco depois.
O presidente também sofreu o constrangimento de ver um ex-professor assinar um manifesto de juristas criticando as condições da detenção. Um representante da ONU foi outro a protestar.
Paterson diz que o soldado já não é o mesmo. 'Quando recebe visitas, leva um tempo até que a parte do cérebro ligada à interação social volte ao normal e ele se lembre de como conversar. Isso não faz mais parte de sua rotina.'
– Enviado usando a Barra de Ferramentas Google"
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