terça-feira, 20 de setembro de 2011

Encalhe, destruição: a superprodução de livros no Brasil - A biblioteca de Raquel - Estadao.com.br

Encalhe, destruição: a superprodução de livros no Brasil - A biblioteca de Raquel - Estadao.com.br

Encalhe, destruição: a superprodução de livros no Brasil

A reportagem de capa de hoje do Sabático começou a se desenhar muitos meses atrás na minha cabeça, ou, hm, talvez fosse melhor dizer que começou a se esparramar na minha mesa de trabalho. A ideia decorreu da percepção de que nunca tantos livros foram enviados para divulgação no jornal, impressão sobre a qual já escrevi aqui e que aproveitei para confirmar na entrevista que Rinaldo, Bira, Toninho e eu fizemos com o Luiz Schwarcz. Como disse na semana passada o Rinaldo, meu editor, se o Sabático tivesse uma carta ao leitor, ela poderia vir com uma foto das nossas baias, nas quais os livros se juntam numa coluna que se pode ver do outro extremo da redação.
Ficavam faltando números, então esperei sair a pesquisa anual de comportamento do mercado editorial, realizada pela Fipe, e trabalhei em cima dos resultados – como escrevi por aqui, a pesquisa tem lá suas limitações, mas é a mais detalhada que se tem desse mercado no Brasil. A apuração começou a ficar interessante mesmo foi depois que o Sergio Machado contou do dilema do armazém que a Record precisa desocupar nos próximos meses – se já não é simples, questões contratuais e de “sobrevivência” da cadeia produtiva, por assim dizer, tornam a coisa quase inviável.
A escrita da reportagem é que foi meio caótica, com direito a voo aqui para o Rio perdido quando eu deveria chegar cedo para terminar o texto e um laptop que me deixou na mão 95% do tempo. Vi entre outras coisas um Harry Potter com um t só na versão impressa e pensei em me matar, mas achei melhor corrigir no online e fingir que estava tudo bem.
Enfim, taí.
***
Expansão em ritmo acelerado
Raquel Cozer – O Estado de S.Paulo
Por alto, Sergio Machado calcula que sejam mais de 2 milhões de livros. Isso considerando só o excesso, “algo de que a gente poderia se desfazer sem afetar em nada a editora”. Estão estocados há cinco, seis anos, num armazém alugado próximo à sede da Record, grupo editorial que Machado preside, ali junto ao estádio do Vasco, na zona norte do Rio. Lá seguiriam indefinidamente não fosse o recente pedido de desocupação do lugar. Agora o dono da maior editora de obras de interesse geral do País tem poucos meses para dar destino às pilhas que abarrotam o lugar. “Estamos alugando outro espaço, menor e mais caro, e avaliando alternativas”, diz Machado. “É provável que alguma coisa seja destruída.”
A eliminação de sobras de livros é tema abordado com cautela por empresários, mas a prática de “transformar em aparas”, como eles preferem, é bem menos rara do que se possa pensar, em especial neste momento em que o mercado editorial brasileiro produz muito mais do que consegue vender. A mais recente pesquisa de produção e vendas do setor, realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), dá a dimensão. Em 2010, as editoras produziram quase 23% mais exemplares de livros que em 2009, enquanto o crescimento no número de cópias vendidas foi de apenas 13%. Conforme a estimativa, ao longo do ano foram produzidos 55 milhões de livros a mais do que se comercializou para o mercado e o governo, mantendo uma tendência à superprodução já percebida nos últimos anos. Num momento em que o digital domina o debate sobre o futuro do livro, o presente é feito de encalhe de livros em papel.
Os números confirmam a percepção unânime de editores e livreiros desse fenômeno que, mais cedo ou mais tarde, repete-se em vários países. “Há uma superprodução. Trabalho na área desde 1984 e nunca vi coisa igual. De uns dois anos para cá, deu um salto”, diz Ricardo Schil, gestor de negócios da Livraria Cultura. Atuando nos dois lados do segmento, o editor e livreiro Alexandre Martins Fontes diz não ter dúvida de que hoje se produz muito mais do que o mercado pode consumir. “E me pergunto onde isso vai parar. Em algum momento o mercado terá de se autorregular. Porque, se você publica e não vende, uma hora você quebra.”
O inchaço na produção teve como estímulos o aumento das compras pelo governo, o maior poder aquisitivo da classe C e o crescimento de um público leitor mais jovem, decorrência do sucesso de Harry Potter. Mas, mais do que o número de compradores em potencial, o que impulsionou essa superprodução foram as facilidades tecnológicas. “Antigamente, para editar um livro eram necessários equipamentos caros e sofisticados. Aquilo era uma espécie de filtro. Com as novas possibilidades de edição e impressão ficou tudo mais viável”, diz Sérgio Machado.
Entre edições e reedições, publicaram-se em 2010 no Brasil quase 55 mil títulos, numa média de 210 diferentes obras chegando ao mercado por dia útil. Só o Grupo Record, adepto de uma agressiva estratégia de publicar muito para que os sucessos compensem os fracassos, coloca no mercado todo mês 80 novos títulos. Nem uma esfriada nas vendas, como a percebida nos últimos meses pela diretora editorial da casa, Luciana Villas-Boas, prejudica a produção do grupo, que imprime 600 mil exemplares por mês. “Se caem as vendas, acabamos publicando mais títulos, porque as máquinas ficam menos tempo ocupadas com reimpressões.”
Esse tipo de pensamento incomoda editoras menores. “Se por um lado essa variedade de títulos parece boa, ao final, quando o gargalo é a distribuição, o problema fica ainda maior. A disputa por espaço nas livrarias torna-se inviável”, diz Cristina Warth, editora da Pallas.
Com cerca de cem associadas, a Libre, entidade que reúne pequenas e médias editoras, entende que o excesso de oferta prejudica a bibliodiversidade. Foi o que constatou também uma recente pesquisa divulgada na Espanha pela FGEE, a maior entidade editorial local: naquele país, um novo título tem no máximo 30 dias para chamar a atenção do público leitor antes de dar lugar a títulos ainda mais novos nas estantes das livrarias.
O excesso de oferta pode parecer positivo para o leitor, mas não é bem assim. No Brasil, desde 2004 as pesquisas apontam para uma queda no preço do livro, mas mais lenta do que fariam supor as facilidades de impressão e a concorrência acirrada. Como as editoras publicam muito mais do que as livrarias conseguem estocar, os gastos com marketing e estratégias de exposição aumentam os custos o investimento. “Com o exagero na produção de títulos, algumas coisas boas, autores ou títulos, já nascem mortas, pois não conseguirão o mesmo espaço para divulgação na imprensa ou nas livrarias”, diz Warth, da Pallas.
Estocagem. Há algum tempo, o escritor amazonense Márcio Souza recebeu do governo do Pará a sobra de uma HQ baseada em seu romance Galvez, o Imperador do Acre, editada com financiamento público. Era algo em torno de 300 exemplares, que Souza começou a distribuir entre amigos. “Acho que seria mais fácil eu me livrar de um cadáver do que dessa sobra. Ainda tenho aqui uns cem. Ninguém tem tanto amigo.”
Doar é sinônimo de dor de cabeça. Para editoras, preparar kits com poucos exemplares de cada livro e distribuir entre instituições sairia mais caro que estocar e não resolveria a questão da quantidade; tampouco interessa às instituições receber mil exemplares de um livro só. “A doação existe, mas não resolve. Além disso, dependendo do contrato, você não consegue doar sem pagar direitos autorais. Daí precisa de documentação para fins de doação do autor e do governo”, diz Roberto Feith, diretor da Objetiva.
Maria Zenita Monteiro, coordenadora do Sistema Municipal de Bibliotecas de São Paulo, responsável por mais de cem pontos na cidade, diz que iniciativas de doações são raríssimas. “Quase 100% dos livros que as bibliotecas têm são comprados. Este ano, recebemos uma única doação de uma editora, a 34, que teve uma sobra de livros que publicaram pelo governo.”
Junta-se a isso o fato de que estocar é muito mais caro que destruir o encalhe, mesmo que a destruição implique perder o dinheiro da edição. No caso dos 2 milhões de livros para os quais a Record precisa achar uma solução, até fazer um saldão seria difícil, já que, segundo Machado, os autores teriam de autorizar os descontos. Logisticamente seria complicado. Só de autores nacionais, ele imagina, são cerca de 1.200, num universo de 3 mil títulos que figuram no armazém.
Feith acredita que a seleção cada vez maior de títulos será imprescindível. “Tudo tem o seu ponto de equilíbrio, o mercado editorial precisa descobrir o seu. Vamos ter de descobrir quando começar a existir prejuízo.” É claro que, no mercado editorial, até o conceito de ponto de equilíbrio é de difícil definição, já que um único best-seller sempre poderá compensar toda a aposta em títulos que encalham.

Ainda sobre a superprodução de livros no Brasil


Fotos de Wilton Junior
Eu estava fora de São Paulo quando fechei a reportagem sobre superprodução de livros no Brasil, capa do Sabático da semana retrasada. Tinha pautado, com a autorização da Luciana Villas-Boas, diretora editorial da Record, fotos dos livros estocados no armazém que a Record precisa desocupar nos próximos meses – tanto Luciana quanto Sergio Machado, dono do grupo, sabem a dimensão do problema, para o qual ainda não encontraram solução, e falaram sobre ele mais abertamente do que eu poderia pensar e do que outros editores teriam coragem de falar. São as imagens do armazém, na zona norte do Rio, que ilustram este post. Não houve tempo de incluí-las na edição impressa.

Durante a conversa, o Sergio Machado lembrou que, nos EUA, acontecem leilões de obras encalhadas para empresas que as distribuem para venda em saldões. Algo importante a se lembrar nessa questão é a força da cadeia produtiva em decisões como essa – a avaliação de livreiros é a de que saldões pode estrangular o mercado. A tradutora Denise Bottman argumentou ainda que a venda de sobras para reciclagem gera faturamento para as editoras, ao contrário da doação (por engano, escrevi “lucro”, palavra que ela não usou, mas está devidamente corrigido).

Com certeza, a questão de perder menos dinheiro entra nessa conta, mas não se pode negar que não é fácil achar instituição disposta a receber esse tanto de livros das imagens – vale destacar que essa é só uma parcela de uma quantidade muito, muito maior de livros encalhados no País. Lembro que o Toninho, meu colega na cobertura de literatura do Estadão, comentou meses atrás ter ouvido sobre escolas públicas que têm caixas e caixas de livros doados fechados, sem ter o que fazer com eles.

Por último, é sempre bom ressaltar que incinerar, em vez de reciclar, é um método também usado. É a busca pelo menor prejuízo: entre estocar e jogar tudo fora, jogar tudo fora sai mais em conta.
Para quem quer ler mais sobre o assunto, o juiz Marcelo Semer repercutiu a discussão dias atrás em sua coluna no Terra Magazine. Nos comentários do post com a reportagem também há muitas opiniões e argumentos que valem a leitura.

Sem Juízo, por Marcelo Semer

Sem Juízo, por Marcelo Semer

.o interesse público, os fins e os meios....

Se nem para processar um criminoso, de nítido interesse público, meios ilícitos são permitidos, porque o seriam para produzir uma reportagem?






Na semana que passou, um jornalista da revista Veja foi acusado de ter tentado ingressar sem autorização no apartamento do ex-deputado José Dirceu e a própria revista de ter se utilizado de câmaras no hotel onde estava hospedado para flagrar políticos e autoridades que com ele se reuniam.

O hotel chegou a registrar Boletim de Ocorrência e as redes sociais repercutiram intensamente o episódio, mas o assunto foi praticamente ignorado pela grande imprensa.

Em se tratando dos personagens envolvidos, a prudência recomenda mesmo cautela, pois a denúncia partia justamente de quem se veria, nos dias seguintes, acusado de conspiração pela revista semanal. Já cassado e réu de um processo criminal, Dirceu tem todo o interesse em desacreditar quem lhe critica.

Mas o prolongado silêncio sobre o assunto, que chegou aos Trending Topics, insinua uma certa dose de corporativismo, defeito que é diuturnamente cobrado das autoridades pela própria imprensa.

O colunista Fernando de Barros e Silva, da Folha de S. Paulo, tocou no assunto nesta semana: "Não sei em que condições foi produzida a reportagem sobre a romaria de políticos ao quarto de hotel de José Dirceu, em Brasília, mas as imagens são boas e têm óbvio interesse público".

A questão que me intriga é a seguinte: saber "em que condições foi produzida a reportagem" também não é relevante ou será suficiente que ela tenha "óbvio interesse público"?

Seria razoável supor que na imprensa o conteúdo supere a forma, ou em outras palavras, que os fins justifiquem os meios?

A acusação de Dirceu e dos responsáveis pelo hotel provavelmente suportará investigações - quem trabalha com o direito penal sabe que um Boletim de Ocorrência é, muitas vezes, apenas uma versão unilateral do fato. A última coisa que poderia sugerir é uma condenação sem qualquer defesa ou prova.

Mas independente do resultado das apurações, e diante da circunstância do generalizado desprezo pela integridade dos meios, parece ser o caso de discutir a questão de fundo: o interesse público é o único limite para uma reportagem?

Recentes acusações contra um jornal do magnata Rudolph Murdoch, na Inglaterra, mostraram até onde é possível chegar a busca por uma revelação.

Grampos telefônicos de importantes autoridades conversando sobre temas de economia e política poderiam justificar o "interesse público". Mas quem seria capaz de concordar com tais métodos?

No direito, o tema de provas produzidas de forma ilícita, em nome do mesmo interesse público, suscitou muitas polêmicas. Houve até quem entendesse que os crimes do Estado podiam valer a pena, se fossem para apurar delitos graves.

Cada vez mais, no entanto, vem se firmando uma regra basilar: na democracia, tantos os fins quanto os meios devem ser legítimos.

Nossa Constituição, por exemplo, sepultou as dúvidas frisando que são inadmissíveis no processo as provas produzidas de forma ilícita.

O STF, ao interpretar o dispositivo, reconheceu ainda a teoria dos frutos da árvore envenenada, o que nasceu de forma irregular jamais se transforma em legal.

Não tem qualquer valor para o direito a confissão obtida sob tortura. A interceptação telefônica sem autorização judicial ou a violação de domicílio sem mandado também não servem como provas.

O que está por trás dessa ideia é o sentido ético do processo.

O Estado não pode punir criminosos cometendo outros crimes. Surge daí uma recomendação profilática que molda o tipo de agente que a democracia deve formar.

Se nem para processar um criminoso, de nítido interesse público, meios ilícitos são permitidos, porque o seriam para produzir uma reportagem?

A defesa incondicional da liberdade de expressão e a proibição da censura são combustíveis indispensáveis a qualquer democracia que se preze. Não devemos abrir mão delas sob nenhuma hipótese ou usar a perversão como álibi para reduzi-las.

Mas nem de longe o interesse público pode autorizar a violação de direitos fundamentais, seja na polícia seja na imprensa.

Submeter o direito individual ao interesse da sociedade é o que fazem os regimes totalitários. É o fascismo que sobrepõe a nação aos indivíduos, não as democracias.

Nem a busca da verdade pode nos permitir tudo. Também nas reportagens, os fins não justificam os meios.

Que ninguém durma…

Que ninguém durma…

Que ninguém durma…

O ex-ministro Delfim Netto publica hoje, no Valor Econômico, um artigo onde desenha um quadro completo e terrível da situação econômica mundial. vale a pena ser lido, para entendermos melhor a extensão dos problemas das economias centrais. O título, que traduzo aí em cima, é de uma ária de Turandot, ópera de Puccini, em que a Princesa Turandot submete os seus pretndentes a decifrar enigmas, ao preço de suas próprias vidas.

Nessun dorma…

É um fato conhecido que os competentes economistas alemães representam a fina flor do mais extremo monetarismo ao qual somam uma boa dose de conservadorismo. Foram ferozmente contra as concessões (com implicações econômicas) feitas por Helmut Kohl, quando aproveitou uma janela semiaberta e teve a coragem de reunificar a Alemanha, objetivo político de longo prazo absolutamente desdenhado pelos “puristas econômicos”.

Quando a Alemanha decidiu participar do euro, 150 dos seus mais reconhecidos acadêmicos publicaram um célebre manifesto contra, com bons argumentos, mas que de novo ignorava solenemente o objetivo político de longo prazo, que era a pacificação de um continente que durante os últimos mil anos foi atormentado por guerras.

Os argumentos eram respeitáveis e mostravam que o sucesso do euro dependia de um rigoroso controle da situação fiscal de cada país, preliminar para a construção de uma área monetária ótima: absoluto controle fiscal, liberdade de movimentos da mão de obra e de capitais e a cessão da emissão das moedas nacionais a um banco central autônomo, com uma nova unidade monetária, com relação à qual as taxas de câmbio de cada país seriam irrevogavelmente fixadas.

Eram contra, porque não acreditavam que os países se submeteriam a tal disciplina. Para impô-la, foi formalmente estabelecido e aprovado no acordo de Maastricht, que precedeu a introdução do euro, que: 1) nenhum país poderia ter déficit nominal superior a 3% do PIB; e 2) uma relação dívida/PIB maior do que 60%.

Por que não funcionou? Porque os governos de vários países (em particular da Grécia) mentiram, como suspeitavam os economistas alemães! Ilidiram aquelas condições com a conivência do sistema financeiro internacional e das agências de risco. Tudo veio à tona depois da “quebra” do Lehman Brothers, quando a “rede de patifarias” escondida nos derivativos tóxicos explodiu na cara dos bancos centrais, sob o nariz dos quais ela se realizara. É cada vez mais evidente que esses não se recuperaram do choque: nem o Federal Reserve dos EUA, nem o BCE da Eurolândia sabem, até agora, o que fazer.

Nos EUA, parece que começa a haver uma mudança. Mais de uma dezena de instituições financeiras, que ativamente (com a conivência das agências de risco) assaltaram os incautos aplicadores, começam a ser investigadas e, seguramente, algumas serão responsabilizadas criminalmente. Trata-se de um problema moral, que não pode mais ser escondido pelo governo Obama como foi até agora.

Tardiamente, ele propõe ao Congresso um novo pacote de estímulos para diminuir o sofrimento de 25 milhões de honestos trabalhadores (15 milhões com desemprego aberto e 10 milhões semiempregados), que acabaram desempregados com a política econômica (inspirada por distintos acadêmicos comprometidos com o sistema financeiro) que “salvou” os desonestos administradores.

Até agora, o presidente do Fed, Ben Bernanke, não disse a que veio: apenas repete, repete e repete o velho refrão, “farei o que tenho de fazer”. Continua indeciso sobre como atender ao seu duplo mandato: manter alto o nível de emprego e manter baixa a taxa de inflação.

RICOS PAGAM 1 MILHÃO DE DÓLARES PARA JANTAR COM DILMA

RICOS PAGAM 1 MILHÃO DE DÓLARES PARA JANTAR COM DILMA

terça-feira, 20 de setembro de 2011

RICOS PAGAM 1 MILHÃO DE DÓLARES PARA JANTAR COM DILMA

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A mídia está noticiando meio encabulada, aquilo que qualquer cidadão com QI superior a zero já percebeu. O Brasil há um bom tempo já não tem mais o complexo de vira-latas ao qual estávamos tão acostumados até o início dos anos 2000.

Naquela época o Ministro das Relações Exteriores tirava os sapatos para entrar no aeroporto dos EUA e era tratado como lixo por um simples funcionário da alfândega. Imagine o que faziam com ele os altos escalões da plutocracia mundial?

Na data de hoje, de pires na mão, a Europa pede pelo amor de Deus que compremos seus títulos, para que saiam da crise. Nós e o restante dos Brics.

Como a mídia claro, quer tirar o brilho do Brasil, se esquece de mencionar que o líder dos Brics (aliás, o FUNDADOR) é o Brasil. Sendo assim, joga no colo da China todo o respaldo que puder. Tudo para desacreditar os trabalho do ex-operário e de Celso Amorim, acusado pelo imprensalão submisso brasileiro, de ser "radical".

Hoje sabemos como valeu a pena ser "radical". Se tivessemos feito como queria Mirian Leitão e a vassalagem brasileira, estariamos quebrados agora. Muito mais quebrados do que os antigos países ricos. O que nossa imprensa pregava era o aumento do comércio com EUA e Europa. Na contramão, Lula disse que aumentariamos com a África e os outros consumidores mais pobres. Estávamos então diversificando o negócio. Por quê colocar todos os ovos na mesma cesta? A cesta caiu no chão. Os ovos do México, Canadá e Chile se quebraram. Os nossos, não. A aposta de Lula e de Amorim estava corretíssima, como se viu.

Pra matar FHC de inveja, megaempresários estadunidenses pagaram 1 milhão de dólares para poderem se sentar à mesa com Dilma e ouvir o que ela tem a dizer. E ver se ela dá uma brecha para que tragam capital de investimento (e não só de especulação) para nossas terras. Capital de investimento gera emprego. O de especulação, gera fuga de divisas e desemprego. Igualzinho nos anos tucanos, quando pagávamos 39% de juros ao ano e em dois anos e meio, duplicávamos a dívida pública brasileira. O Brasil era o paraíso dos especuladores e José Serra ainda teve a coragem de dizer que na crise de 2008, Lula estava errado.

Perdidos, os tucanos nos Estados se esfacelam em lutas primárias pelo poder.

Nada como um dia depois do outro!

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Revista Fórum - A religião contra o Estado

Revista Fórum - A religião contra o Estado

A religião contra o Estado

Uma bancada teocrática instalou-se no Congresso Nacional, pretendendo impor os mandamentos de seu Deus a toda a população. O fundamentalismo religioso, com seus códigos de conduta reacionários, é hoje o maior inimigo político do Estado Democrático de Direito.

Por Túlio Vianna

A religião é a política realizada em nome de Deus. O líder religioso, assim como qualquer líder político, pretende governar o maior número de pessoas possível. Um governo que se faz não por leis, mas por dogmas.

O monoteísmo é autoritário na sua essência. Nunca houve plebiscitos e nem mesmo reuniões com representantes eleitos pelo povo para criar os dogmas de uma religião. Eles são ditados de cima para baixo, por alguém que fala em nome do próprio Deus e, portanto, é incontestável, mesmo pela vontade da maioria.

Como os líderes religiosos não dispõem, nos dias de hoje, de um braço armado para fazer valer suas leis pela força, precisam convencer seus governados a se sujeitarem às suas normas pelo proselitismo. E mais: precisam convencer também aqueles que não se sujeitam àquelas normas, ao menos a respeitá-las.

A fé é a mais autoritária das ideologias políticas já inventadas. Um instrumento político quase perfeito que permite ditar normas unilateralmente, governar sem a necessidade de armas e, ainda por cima, blindar-se de críticas em nome da tolerância religiosa.

Como em toda ideologia, há aqueles que acreditam piamente nela e lutam para vê-la concretizada e há também aqueles que simplesmente a tomam como pretexto para satisfazer seus interesses pessoais. Creiam ou não em sua ideologia e em seus deuses, todos agem politicamente no sentido de agregar cada vez mais um número maior de seguidores e de acumular riquezas para sustentar a expansão de sua ideologia e de seu poder político.

E não há nada de errado, por si só, em tentar expandir uma religião ou uma ideologia, acumulando patrimônio e gente disposta a seguir seu código de condutas. É natural que as pessoas se unam em torno de convicções comuns e a partir daí surjam lideranças políticas. O problema surge quando estas lideranças reconhecidas dentro de um grupo resolvem expandir seu poder político para além do grupo, impondo suas normas de condutas não a quem resolveu por conta própria aderir a elas, mas a quem tem ideologias e deuses completamente diferentes. Neste ponto, não se trata mais de uma questão religiosa, mas de uma questão meramente política. A religião só é religião até ser imposta; depois disso é simplesmente política e pode ser exercida tanto pela força das armas como pelos votos de uma maioria fundamentalista. E o uso do nome de Deus para mascarar o exercício deste poder político é a ferramenta política mais hipócrita que já se inventou, mas tem funcionado muito bem ao longo da história.

O exemplo mais bem sucedido deste exercício de poder político em nome de Deus é o da Igreja Católica Apostólica Romana, que acumulou riquezas e impôs suas normas de condutas para populações espalhadas por todo o mundo em nome de seu Deus, durante vários séculos. A Inquisição e a catequização de índios não foram ações religiosas, mas políticas. E pouco importam as boas ou más intenções daqueles que as realizaram, o fato é que buscavam com elas impor normas de condutas a populações que não a aceitaram por livre e espontânea vontade.

O neopentecostalismo e a bancada teocrática

Na atualidade, o Vaticano perdeu grande parte de seu poder político na Europa e, mesmo no Brasil, onde sempre foi muito forte, tem perdido espaço para o neopentecostalismo que, nos últimos anos, vem acumulando grande poder político e econômico.

Se, por um lado, a ausência da uma liderança unificada dificulta o exercício do poder político por estas novas lideranças, por outro, sua ideologia espiritual favorece bastante a acumulação de riquezas pelos seus pastores. Enquanto a moral católica considera a temperança, a caridade e a humildade como virtudes, o neopentecostalismo está fundado na Teologia da Prosperidade e afirma que os verdadeiros fiéis devem desfrutar de uma excelente situação econômica. Há, é claro, um detalhe: para que Deus conceda ao fiel as benesses materiais, é preciso que este faça um pacto com Ele, oferecendo-Lhe toda sorte de oferendas materiais, dentre as quais se destaca o dízimo. É a chamada Doutrina da Reciprocidade, que viabilizou todas estas rápidas expansões de igrejas neopentecostais nos últimos anos.

Escudados na liberdade religiosa, pastores cobram impostos privados de seus fiéis – o famoso dízimo – e não precisam pagar qualquer imposto ao Estado, pois a Constituição da República garante em seu artigo 150, VI, b, a imunidade tributária a templos de qualquer culto. Verdadeiros impérios econômicos vêm sendo erguidos assim, tal como ocorreu no passado com a Igreja Católica. E, tal como ocorreu no passado também, esse dinheiro vem sendo usado para expandir o poder político dos líderes desta Igreja, seja por meio da aquisição de meios de comunicações (inclusive de redes de televisão), seja pelo financiamento de campanhas para cargos públicos destes líderes que cada vez mais vêm ocupando cargos, especialmente no Parlamento brasileiro.

Como sempre, os novos líderes espirituais afirmam que todos estes investimentos materiais têm como único e exclusivo objetivo a expansão da palavra do Deus deles e de seu código moral, que, como em toda boa religião monoteísta, deve ser universalizado para o “bem de todos”. Ainda que se admita, porém, que não haja interesses pessoais por trás da expansão destes impérios da fé, fato é que o seu principal objetivo declarado é a expansão de seu poder político, açambarcando a cada dia um número maior de fiéis e impondo seu código de condutas a um maior número de pessoas. Mesmo que para isso precise passar por cima do Estado Democrático de Direito que, ao contrário do monoteísmo, não impõe normas unilateralmente e pressupõe o respeito à pluralidade de opiniões.

Do ponto de vista exclusivamente político, o Estado Democrático de Direito é o maior entrave à expansão do império econômico e político das igrejas neopentescostais e de seus bispos. Não é à toa que cada vez mais eles têm buscado conquistar cadeiras do Parlamento. E a bancada teocrática tem se tornado a cada dia uma das principais forças políticas de nosso Congresso, restringindo os direitos fundamentais de quem não acredita em seu Deus em prol da expansão política e econômica de seu império.

A teocracia é incompatível com o Estado Democrático de Direito, dado o autoritarismo inerente ao monoteísmo. Não se realizam votações para saber se é da vontade de Deus receber dízimos ou condenar os homossexuais a passarem a eternidade no inferno. São seres humanos que afirmam isso e que impõem aos outros a palavra de Deus que eles próprios escreveram. E estas são ações políticas e como tais devem ser tratadas.

E é por isso que o Estado Democrático de Direito é, por sua própria natureza, laico. Porque é impossível ser democrático e monoteísta ao mesmo tempo. Assim como é impossível ser candidato a um cargo público e bispo, pastor ou padre ao mesmo tempo. Há um evidente conflito de interesses entre aquele que fala em nome de seu Deus e aquele que pretende falar em nome do povo em meio ao qual nem todos acreditam em seu Deus.

Para minimizar esta incompatibilidade é necessário, ao menos, que se exija que bispos, padres, pastores e outros clérigos se licenciem de suas atividades sacerdotais um ano antes de se candidatarem a cargos públicos. Restrição semelhante já é aplicada pela lei complementar 64/90 a magistrados, diretores de sindicatos e outros cargos públicos, tendo em vista a incompatibilidade de suas funções com uma campanha eleitoral, e poderia perfeitamente ser aplicada também aos sacerdotes de qualquer crença. Projeto de lei neste sentido foi apresentado pela deputada Denise Frossard (PSDB-RJ) na Câmara dos Deputados em 2004 (PLP 216/2004), mas foi arquivado em 2007, pois ainda se encontrava em tramitação no fim da 52ª legislatura e não houve pedido de desarquivamento na legislatura seguinte.

Uma outra iniciativa necessária é limitar a transmissão de programas religiosos em rádios e televisões para no máximo uma hora diária, tal como foi proposto em 1999 (PLS 299/99) pelo senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT). A Constituição da República é explícita em seu artigo 221, ao determinar que a programação das emissoras de rádio e televisão terá, por preferência, finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas. É inconcebível que, no Estado laico, concessões públicas de rádio e TV sejam usadas, como são nos dias de hoje, em prol do proselitismo religioso que não raras vezes passa boa parte do tempo solicitando doações financeiras a seus fieis. Um autêntico merchandising da fé, patrocinado pelo Estado que, por definição constitucional, é laico.

Lamentavelmente, porém, há pouca vontade e coragem política dos parlamentares brasileiros de desafiar o poder político e econômico do novo e do velho clero. A esquerda tem sido bastante leniente com as violações do Estado laico e as poucas inciativas para amenizar o problema, como se viu, por mais paradoxal que seja, partiram do conservador PSDB.

O Brasil precisa urgentemente de uma bancada secular no Congresso Nacional para fazer frente à bancada teocrática (que prefere ser chamada de evangélica). Os valores democráticos da laicidade precisam ser reafirmados por parlamentares que não temam desafiar o crescente fundamentalismo religioso que a cada dia ganha espaço na política brasileira. Não se trata de um combate a qualquer religião, mas à política realizada em nome de Deus e que pretende impor seus códigos de condutas conservadores a toda uma população.

A luta pela efetivação do Estado laico é a luta pela democracia. Por leis que sejam ditadas não de cima para baixo por uma autoridade que fala em nome de Deus, mas construídas a partir do diálogo plural e com respeito aos direitos fundamentais. E isto, deus monoteísta nenhum poderá conceder, pois seus mandamentos são – por definição – mandamentos.

Monoteísmo e democracia são ideologias políticas antagônicas. É esta a grande cruzada da religião contra o Estado.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Leitura partitiva? - Terra - Sirio Possenti

Leitura partitiva? - Terra - Sirio Possenti

Leitura partitiva?

Sírio Possenti
De Campinas (SP)

A diminuição da taxa básica dos juros, na semana passada, deu o que falar. O resumo pode ser o seguinte: os suspeitos de sempre (os ligados à banca, como diria Elio Gaspari) acharam que o Copom arriscou demais ou que cedeu às pressões do governo. Ou as duas coisas. Os outros, não menos suspeitos (os ligados à indústria), acharam que o Copom fez bem. Até o Serra, em entrevista relativamente longa, apoiou a decisão (o que deixa os tucanos sem discurso ou Serra sem candidatura).

Curiosa é a posição dos jornais. Como quase sempre, eles fazem a liçãozinha de casa, ouvindo mais um lado do que outro (eles afagam seus especialistas, os suspeitíssimos de sempre!). Bem a sua maneira. A marca mais clara de seu ponto de vista é também a mais previsível: as manchetes sempre são contrárias à decisão do "governo" - do atual, pelo menos.

Exemplar é pequena matéria da Folha de S. Paulo (PODER A6, de 02/09/2011). A chamada é ECONOMISTAS CRITICAM BC E PREVEEM INFLAÇÃO MAIOR. O texto reproduz rapidamente todas as posições possíveis: contra a decisão, a favor da decisão, a favor com pedidos de melhores explicações, a favor desde houvesse desaceleração de fato (o economista em questão acha que não há; logo, é contra) etc. Então, por que a manchete é a que é, e não, por exemplo, ECONOMISTAS DIVERGEM SOBRE DECISÃO DO BC?

Se a manchete fosse essa, a Folha não seria a Folha (não sei se posso generalizar e dizer "mas então jornais não seriam jornais"). Pode ser que seja filosofia: alguém disse que imprensa é de oposição ou não é imprensa (se isso for verdade, durante muito tempo quase não tivemos imprensa no Brasil). Mas pode ser interesse circunstancial (água mole em pedra dura etc.).

Vou destacar um dado que me parece interessante, e que a Folha poderia invocar em sua defesa, contra minha tese. Como se deve (ou pode) ler a manchete, tal como está, ou seja, sem o artigo definido? É fato que, se o título fosse OS ECONOMISTAS etc. a interpretação de que se dá a entender que houve unanimidade contra a decisão do BC seria mais segura. Mas assim, sem artigo, de onde viria a interpretação universalizante?

O português não tem partitivo, como o francês (des économistes...), ou seja, uma marca gramatical que faz com que um nome se aplique apenas a parte de uma classe. Claro, temos os quantificadores (alguns, diversos, vários, muitos), mas isso é outra coisa. Aliás, o tal partitivo sobrevive, mas apenas marginalmente. Em "bebeu do vinho da adega" ou "comeu do pão da mamãe", esse "de" significa que não bebeu nem comeu todo o vinho ou todo o pão.

Mas como interpretar "bebeu (o) vinho da adega"? Eventualmente, imaginaremos que não se bebeu o vinho todo. Mas esta interpretação se deve provavelmente ao fato de que nunca imaginamos que uma adega guarde tão pouco vinho que alguém possa bebê-lo todo de uma vez.

"Economistas criticam" quer dizer "todos os economistas criticam"? Diria que a primeira interpretação é esta. Se não se evita a generalização, convida-se a fazê-la. Além disso, "cães ladram" quer dizer que todos os cães ladram (se X é cão, X ladra), e o mesmo vale para "presidentes erram", "reis dormem", "atletas sofrem".

Num texto, uma construção como "os economistas" se refere apenas aos já mencionados. Em "Conheço dois economistas e um arquiteto americanos. Os economistas são Chicago boys e estão andando para nossos problemas. Já o arquiteto parece mais interessado", "os economistas" são apenas os dois mencionados antes. Complicados são os casos em que uma afirmação aparece fora de qualquer texto. Valem os textos anteriores, dos dias e semanas, até de anos, passados?

Vou fazer perguntas aos amigos semanticistas. Enquanto isso, fico remoendo a pergunta: por que a manchete tem que ir em uma direção e a matéria em outra? Seria porque muita gente só lê manchetes?


Sírio Possenti é professor associado do Departamento de Linguística da Unicamp e autor de Por que (não) ensinar gramática na escola, Os humores da língua, Os limites do discurso, Questões para analistas de discurso e Língua na Mídia.

domingo, 11 de setembro de 2011

Internacional

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Internacional| 09/09/2011 | Copyleft

A matemática macabra do 11 de setembro

A resposta dos EUA ao ataque contra o World Trade Center engendrou duas novas guerras e uma contabilidade macabra. Para vingar as mais de 2.900 vítimas do ataque, algumas centenas de milhares de pessoas foram mortas. Para cada vítima do 11 de setembro, algumas dezenas (na estatística mais conservadora) ou centenas de pessoas perderam suas vidas. Mas essa história não se resume a mortes. A invasão do Iraque rendeu bilhões de dólares a empresas norteamericanas. Essa matemática macabra aparece também no 11 de setembro de 1973. O golpe de Pinochet provocou 40 mil vítimas e gordos lucros para os amigos do ditador e para ele próprio: US$ 27 milhões, só em contas secretas.

O mundo se tornou um lugar mais seguro, dez anos depois dos atentados de 11 de setembro e da “guerra ao terror” promovida pelos Estados Unidos para se vingar do ataque? A resposta de Washington ao ataque contra o World Trade Center e o Pentágono engendrou duas novas guerras – no Iraque e no Afeganistão – e uma contabilidade macabra. Para vingar as mais de 2.900 vítimas do ataque, mais de 900 mil pessoas já teriam perdido suas vidas até hoje. Os números são do site Unknown News, que fornece uma estatística detalhada do número de mortos nas guerras nos dois países, distinguindo vítimas civis de militares. A organização Iraq Body Count, que usa uma metodologia diferente, tem uma estatística mais conservadora em relação ao Iraque: 111.937 civis mortos somente no Iraque.

Seja como for, a matemática da vingança é assustadora: para cada vítima do 11 de setembro, algumas dezenas (na estatística mais conservadora) ou centenas de pessoas perderam suas vidas. Em qualquer um dos casos, a reação aos atentados supera de longe a prática adotada pelo exército nazista nos territórios ocupados durante a Segunda Guerra Mundial: executar dez civis para cada soldado alemão morto. Na madrugada do dia 2 de maio, quando anunciou oficialmente que Osama Bin Laden tinha sido morto, no Paquistão, por um comando especial dos Estados Unidos, o presidente Barack Obama afirmou que a justiça tinha sido feita. O conceito de justiça aplicado aqui torna a Lei do Talião um instrumento conservadora. As palavras do presidente Obama foram as seguintes:

"Foi feita justiça. Nesta noite, tenho condições de dizer aos americanos e ao mundo que os Estados Unidos conduziram uma operação que matou Osama Bin Laden, o líder da Al Qaeda e terrorista responsável pelo assassinato de milhares de homens, mulheres e crianças."

O conceito de justiça usado por Obama autoriza, portanto, a que iraquianos e afegãos lancem ataques contra os responsáveis pelo assassinato de milhares de homens, mulheres e crianças. E provoquem outras milhares de mortes. E assim por diante até que não haja mais ninguém para ser morto. A superação da Lei do Talião, cabe lembrar, foi considerada um avanço civilizatório justamente por colocar um fim neste ciclo perpétuo de morte e vingança. A ideia é que a justiça tem que ser um pouco mais do que isso.

Nem tudo é dor e sofrimento



Mas a história dos dez anos do 11 de setembro não se resume a mortes, dores e sofrimentos. Há a história dos lucros também. Gordos lucros. Uma ótima crônica dessa história é o documentário “Iraque à venda. Os lucros da guerra”, de Robert Greenwald (2006), que mostra como a invasão do Iraque deu lugar à guerra mais privatizada da história: serviços de alimentação, escritório, lavanderia, transporte, segurança privada, engenharia, construção, logística, treinamento policial, vigilância aérea...a lista é longa. O segundo maior contingente de soldados, após as tropas do exército dos EUA, foi formado por 20 mil militares privados. Greenwald baseia-se nas investigações realizadas pelo deputado Henry Waxman que dirigiu uma Comissão de Investigação sobre o gasto público no Iraque.

Parte dessa história é bem conhecida. A Halliburton, ligada ao então vice-presidente Dick Cheney, recebeu cerca de US$ 13,6 bilhões para “trabalhos de reconstrução e apoio às tropas. A Parsons ganhou US$ 5,3 bilhões em sérvios de engenharia e construção. A Dyn Corp. faturou US$ 1,9 bilhões com o treinamento de policias. A Blackwater abocanhou US$ 21 milhões, somente com o serviço de segurança privada do então “pró-Cônsul” dos EUA no Iraque, Paul Bremer. Essa lista também é extensa e os números reais envolvidos nestes negócios até hoje não são bem conhecidos. A indústria da “reconstrução” do Iraque foi alimentada com muito sangue, de várias nacionalidades. Os soldados norte-americanos entraram com sua quota. Até 1° de setembro deste ano, o número de vítimas fatais entre os militares dos EUA é quase o dobro do de vítimas do 11 de setembro: 4.474. Somando os soldados mortos no Afeganistão, esse número chega a 6.200.

A matemática macabra envolvendo o 11 de setembro e os Estados Unidos manifesta-se mais uma vez quando voltamos a 1973, quando Washington apoiou ativamente o golpe militar que derrubou e assassinou o presidente do Chile, Salvador Allende. Em agosto deste ano, o governo chileno anunciou uma nova estatística de vítimas da ditadura do general Augusto Pinochet (1973-1990): entre vítimas de tortura, desaparecidos e mortos, 40 mil pessoas, 14 vezes mais do que o número de vítimas dos atentados de 11 de setembro de 2001. Relembrando as palavras do presidente Obama e seu peculiar conceito de justiça, os chilenos estariam autorizados a caçar e matar os responsáveis pelo assassinato de milhares de homens, mulheres e crianças.

Assim como no Iraque, nem tudo foi morte, dor e sofrimento na ditadura chilena. Com a chancela da Casa Branca e a inspiração do economista Milton Friedman e seus Chicago Boy’s, Pinochet garantiu gordos lucros para seus aliados e para si mesmo também. Investigadores internacionais revelaram, em 2004, que Pinochet movimentava, desde 1994, contas secretas em bancos do exterior no valor de até US$ 27 milhões. Segundo um relatório de uma comissão do Senado dos EUA, divulgado em 2005, Pinochet manteve elos profundos com organismos financeiros norte-americanos, como o Riggs Bank, uma instituição de Washington, além de outras oito que operavam nos EUA e em outros países. Segundo o mesmo relatório, o Riggs Bank e o Citigroup mantiveram laços com o ditador chileno durante duas décadas pelo menos. Pinochet, amigos e familiares mantiveram pelo menos US$ 9 milhões em contas secretas nestes bancos.

Em 2006, o general Manuel Contreras, que chefiou a Dina, polícia secreta chilena, durante a ditadura, acusou Pinochet e o filho deste, Marco Antonio, de envolvimento na produção clandestina de armas químicas e biológicas e no tráfico de cocaína. Segundo Contreras, boa parte da fortuna de Pinochet veio daí.

Liberdade, Justiça, Segurança: essas foram algumas das principais palavras que justificaram essas políticas. O modelo imposto por Pinochet no Chile era apontado como modelo para a América Latina. Os Estados Unidos seguem se apresentando como guardiões da liberdade e da democracia. E pessoas seguem sendo mortas diariamente no Iraque e no Afeganistão para saciar uma sede que há muito tempo deixou de ser de vingança.

Anvisa alerta para riscos de remédio "miraculoso" propagandeado por Veja

Agência Nacional de Vigilância Sanitária divulga nota oficial afirmando que "não reconhece a indicação do Victoza para qualquer utilização terapêutica diferente da aprovada e afirma que o uso do produto para qualquer outra finalidade que não seja como anti-diabético caracteriza elevado risco sanitário para a saúde da população". Matéria de capa da revista Veja apresentou medicamento como "um novo remédio que faz emagrecer entre 7 e 12 quilos em apenas cinco meses, sem grandes efeitos colaterais".

A matéria de capa da revista Veja, em sua edição de 7 de setembro, propagandeou os supostos milagres de um novo medicamento para emagrecer. Intitulada “Parece Milagre”, a reportagem afirma que “um novo remédio (Victoza) faz emagrecer entre 7 e 12 quilos em apenas cinco meses. E sem grande efeitos colaterais”. “Saiba tudo sobre ele”, convida a revista com uma sugestiva ilustração de emagrecimento voltada ao público feminino. Em nota oficial divulgada nesta sexta-feira (9), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), alerta para os erros da reportagem e, ao contrário do que a Veja afirma na capa, afirma que o medicamento em questão “não é indicado para emagrecimento”.

A diretoria colegiada da agência enviou uma nota de esclarecimentos sobre o assunto, solicitando que a mesma fosse publicada como um complemente à referida reportagem. A mesma nota também foi enviada para os demais veículos de imprensa e instituições da área da saúde como o Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Saúde (Conass), Conselho Nacional dos Secretários Municipais de Saúde (Conasems) e Conselho Federal de Farmácia, entre outros. A íntegra da nota da Anvisa:

Em relação a reportagem intitulada “Parece Milagre”, edição número 2.233 da revista VEJA, de 07/09/2001, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) esclarece que o Victoza é um produto “biológico”. Ou seja, trata-se de uma molécula de alta complexidade, de uso injetável, contendo a substância liraglutida. O medicamento, fabricado pelo laboratório Novo Nordisk, foi aprovado pela Anvisa para comercialização no Brasil em março de 2010, com a finalidade de uso específico no tratamento de diabetes tipo 2. Portanto, seu uso não é indicado para emagrecimento.

A indicação de uso do medicamento aprovada pela Anvisa é como “adjuvante da dieta e atividade física para atingir o controle glicêmico em pacientes adultos com diabetes mellitus tipo 2, para administração uma vez ao dia como monoterapia ou como tratamento combinado com um ou mais antidiabéticos orais (metformina, sulfoniluréias ou uma tiazollidinediona), quando o tratamento anterior não proporciona um controle glicêmico adequado”.

Por tratar se de um medicamento “biológico novo”, o Victoza, assim como outros medicamentos dessa categoria, estão submetidos a regras específicas tanto para o registro quanto para o acompanhamento de uso após o registro durante os primeiros cinco anos de comercialização. Além disto, o produto traz a seguinte advertência no texto de bula: “este produto é um medicamento novo e, embora pesquisas tenham indicado eficácia e segurança aceitáveis, mesmo que indicado e utilizado corretamente, podem ocorrer eventos adversos imprevisíveis ou desconhecidos. Nesse caso informe seu médico.”

Para o registro do produto foram apresentados os relatórios de experimentação terapêutica com estudos não clínicos e clínicos Fase I, Fase II e Fase III comprovando a eficácia e segurança do produto, para o uso específico no tratamento de diabetes tipo 2.

É importante destacar que além dos estudos apresentados para o registro, encontra-se em andamento um estudo Fase IV (pós registro) para confirmação da segurança cardiovascular da liraglutida. Os resultados deste estudo podem trazer novas informações a respeito da segurança do produto.

O laboratório fabricante já enviou à Anvisa três relatórios sobre o comportamento do produto, trata-se do documento conhecido como PSUR (Relatório Periódico de Farmacovigilância). Além disto, o Novo Nordisk decidiu incluir, em junho de 2011, em seu Plano de Minimização de Risco (PMR) a alteração da função renal como um potencial efeito adverso do uso da medicação.

Nos estudos clínicos do registro e nos relatórios apresentados à Anvisa foram relatados eventos adversos associados ao Victoza, sendo os mais freqüentes: hipoglicemia, dores de cabeça, náusea e diarréia. Além destes eventos destacam-se outros riscos, tais como: pancreatite, desidratação e alteração da função renal e distúrbios da tireóide, como nódulos e casos de urticária.

Outra questão de risco associada aos produtos biológicos são as reações de imunogenicidade, que podem variar desde alergia e anafilaxia até efeitos inesperados mais graves. No caso da liraglutida a mesma apresentou um perfil de imunogenicidade aceitável para a indicação como antidiabético, o que não pode ser extrapolado para outras indicações não estudadas, por ausência de dados científicos de segurança neste caso.

Para o caso de inclusão de novas indicações terapêuticas deve-se apresentar estudo clínico Fase III comprovando a eficácia e segurança desta nova indicação.

A única indicação aprovada atualmente para o medicamento é como agente antidiabético. Não há até o momento solicitação na Anvisa por parte da empresa detentora do registro de extensão da indicação do produto para qualquer outra finalidade. Não foram apresentados à Anvisa estudos que comprovem qualquer grau de eficácia ou segurança do uso do produto Victoza para redução de peso e tratamento da obesidade.

Conclui-se pelos dados expostos acima que desde a submissão do pedido de registro a aprovação do medicamento para comercialização e uso no Brasil, a ANVISA fez uma análise extensa e criteriosa de todos os dados clínicos que sustentam a aprovação das indicações terapêuticas do produto contendo a substância liraglutida, através da comprovação de que o perfil de eficácia e segurança do produto é aceitável para indicação terapêutica como antidiabético.

A Anvisa não reconhece a indicação do Victoza para qualquer utilização terapêutica diferente da aprovada e afirma que o uso do produto para qualquer outra finalidade que não seja como anti-diabético caracteriza elevado risco sanitário para a saúde da população.


(*) Os grifos são da Carta Maior

A revista Veja, considerando o teor da nota da Anvisa, pode ter incorrido em três crimes previstos no Código de Defesa do Consumidor:

Art. 67. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser enganosa ou abusiva:

Pena Detenção de três meses a um ano e multa.

Parágrafo único. (Vetado).

Art. 68. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa a sua saúde ou segurança:

Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa:

Parágrafo único. (Vetado).

Art. 69. Deixar de organizar dados fáticos, técnicos e científicos que dão base à publicidade:

Pena Detenção de um a seis meses ou multa.

E você? É também um turista “diferenciado”?

E você? É também um turista “diferenciado”?

E você? É também um turista “diferenciado”?

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Tibau do Sul (RN) - Por que falamos tanto em igualdade e lutamos, com unhas e dentes, para sermos tratados de forma diferente? Bem, antes que a turma que tem problemas com interpretação de texto chie, vou ser mais explícito: todos nós somos diferentes e dessa diferença surge a graça de viver. Minha indagação se refere ao desejo tresloucadamente esquisito de ter privilégios e, consequentemente, de lutar para que seu grupo ou classe social os tenha.

Em outra vida, trabalhei com jornalismo de turismo. E essa discussão ganha contornos dramáticos nessa área. Pois há muitas belezas naturais tupiniquins que você só poderá ver, caro leitor, se tiver muito dinheiro no bolso. E não estou falando de passagens aéreas e hospedagem custosas. Entradas caras, taxas de permanência abusivas, taxas de visitação altas, monopólio na operação de determinado sítio de interesse – há várias formas de fazer com que só a “gente de bem” tenha acesso a certos patrimônios que, pelo menos em tese, pertencem à coletividade. Dessa forma, tornam-se destinos de luxo, quando não precisariam ser.

É mais ou menos o que acontece com uma roupa. Não importa que o seu preço de custo seja menor que um saquinho de jujubas coloridas, afinal foi produzida por escravos bolivianos. Coloca-se um preço de patê de foie gras a fim de que apenas um grupo social tenha acesso a ela, tornando-a exclusiva dele. Nós que trabalhamos com investigação de cadeias produtivas nos divertimos ao ver como o mesmo produto, com etiquetas diferentes, se torna xepa de baciada no Brás ou ícone fashion nos Jardins. E como tem gente com nariz empinado arrotando arrogância do alto de sua ignorância dentro de um roupa de jujubas…

Ou seja, com o preço lá em cima, afunila-se o acesso a um bem que se torna, por isso, posse de poucos. Pelo fato de estar na praia, me lembro de exemplos que envolvem água: Abrolhos (BA), Bonito (MS), Fernando de Noronha (PE), mas não só. Ah, japonês maluco, isso é uma forma de trazer renda para um lugar com baixo impacto para o meio, devido ao reduzido número de visitantes. Sou a favor de limitar o acesso de turistas de acordo com o plano de manejo estabelecido, mas radicalmente contra fazer isso de forma financeira. Até porque não significa que dinheiro venha junto com consciência ambiental. E, enfim, Mar, rios e parques nacionais pertencem à União. Eu, tu, eles, nós.

Antes do plano de manejo do Atol das Rocas, o único do Atlântico Sul, a 25 horas da costa do Rio Grande do Norte, ser aprovado em 2009, tentou-se incluir o turismo entre as atividades previstas para esse bercário de aves, mamíferos e quelônios, sistema frágil e extremamente relevante para a pesquisa e para o ecossistema marinho. Mas não um turismo qualquer e sim um “turismo diferenciado” (essa foi a expressão adotada), de pessoas com alto poder aquisitivo, que topassem pagar horrores para ir até lá. Felizmente a idéia de jerico foi derrubada, mas pode ser reincluída na revisão do plano em 2014.

Nesse caso, muita gente chiou. Gente que tem dinheiro e acha que pode comprar tudo, gente que trabalha para quem tem dinheiro e acha que tem a procuração para comprar tudo. Construiu uma pousada de luxo em uma área de preservação em Noronha? Sem problema, sou importante, amigo de gente importante. Dá-se um jeito. Se eu fosse um pé-rapado, erguendo a segunda laje no meu casebre na beira da Represa Billings aí eu teria com que me preocupar.

Lembrei-me com tudo isso do churrascão de “gente diferenciada”, protesto realizado em Higienópolis, organizado pelas redes sociais, contra declarações preconceituosas de membros da elite local insatisfeitos com os “impactos” da construção de uma estação do metrô no bairro rico. A idéia é a mesma: a separação do que é público e do que é privado desaparece para alguns mesmo que a lei estabeleça direitos iguais para todos os que nascem nesta porção de terra do planeta. O espaço que seria do coletivo se torna meu quintal ou meu jardim de inverno e posso decidir o que quiser sobre ele. Pô, afinal de contas, para que dou dinheiro para campanhas eleitorais?

Os mecanismos de desigualdade institucionalizada são sutis, mas existem aos borbotões. Se eu fosse vocês, brigava pelo direito de seus filhos terem acesso mais barato a aquilo que pertence a todos. E quando ninguém tiver acesso a um patrimônio natural por uma boa razão (e não estou falando do Zé Ninguém – que é como muitos de cima olham os de baixo), isso tem que significar ninguém mesmo. Mesmo o pessoal que paga preço de grife por calça diferenciada do Brás.

PS: Não gosto muito da idéia de ter heróis e segui-los. Acho que o Zé Ninguém, que mantém a família com um salário mínimo por mês, indo contra todas as previsões racionais, é quem mereceria ganhar uma medalha todos os dias. Mas há exceções. Sou fã do trabalho de Zélia Brito, funcionária pública e guardiã do Atol das Rocas há muitos anos. Acho, que outras pessoas deveriam ser. Nós da mídia somos muito bons em ajudar a construir heróis vazios, que se tornam referência por nadar rápido, chutar forte, dirigir veloz ou cantar mal (ganhando muito bem para isso), quando tem gente guiada pelo seu senso de Justiça, que toma conta do nosso futuro e é constantemente ameaçada por isso. Prometo voltar a escrever sobre ela aqui, mas tinha que deixar o registro.

O ataque de 11 de Setembro – O terrorismo de Estado

O ataque de 11 de Setembro – O terrorismo de Estado

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Segunda, 05 Setembro 2011 02:00
Laerte Braga

O número estimado de mortos na “ação humanitária” da OTAN – Organização do Tratado Atlântico Norte – na Líbia é de 50 mil líbios. Os próprios generais comandantes da barbárie começam a pedir aos “rebeldes” que cessem as vinganças. Partidários de Muammar Kadafi são presos, torturados, violentados, assassinados. Homens, mulheres e crianças.
O desencontro de informações sobre a situação no País é deliberado. No caso do Brasil a mídia privada – braço da organização ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A – mente de forma descarada sobre os fatos.
Perto de quatro mil norte-americanos morreram no ataque contra as torres de gêmeas do World Trade Center, em New York, no dia 11 de setembro de 2001. George Walker Bush havia sido eleito presidente debaixo de denúncias de fraude eleitoral no estado de Miami, governado por seu irmão Jeb Bush e nove meses depois de sua posse, um ex-aliado Osama bin Laden, desfechou o ataque através da organização Al Qaeda.
Foi montada ao tempo da extinta União Soviética no Afeganistão, com recursos dos EUA. A família bin Laden é sócia da família Bush em negócios de petróleo e o documentário do diretor norte-americano Michael Moore sobre o assunto mostra que um único avião levantou voo para o exterior em todo o território dos Estados Unidos naquele dia. Com autorização especial a família bin Laden que estava no Texas tratando de negócios com a família Bush retornou a Arábia Saudita.
Em seguida ao ataque de 11 de setembro Bush criou todos os pretextos necessários para invadir o Iraque, derrubar o governo de Saddam Hussein (um antigo aliado na guerra contra o Irã) e assumir o controle do petróleo iraquiano. Quase que ao mesmo tempo o Afeganistão foi invadido por tropas norte-americanas, britânicas e de outras colônias de menor importância, a pretexto de libertar o país do governo dos Talibãs.
Num fato sem precedentes na história dos EUA o presidente George Bush assinou o chamado ATO PATRIÓTICO. Permite aos serviços de inteligência e às forças armadas qualquer tipo de ação dentro e fora do território norte-americano contra supostos terroristas, ou eventuais ameaças contra o país.
Prisões secretas foram criadas (e permanecem em atividade) na Europa, um campo de concentração foi instalado em Guantánamo – território de Cuba ocupado pelos EUA –, a tortura virou prática rotineira, os sequestros, os assassinatos de adversários, toda a barbárie que é implícita aos EUA.
No último fim de semana 400 mil cidadãos israelenses saíram às ruas para protestar contra o governo de extrema-direita de Benjamin Netanyahu. A mídia brasileira falou em 200 mil (reduziu à metade). Os jornais e tevês da Europa falam em 400 mil, os manifestantes calculam um milhão nas cidades de Tel Aviv, Jerusalém, Haifa e Eilat. Protestam contra o custo de vida, as políticas sociais do governo e estão sendo chamados de “indignados israelenses”.
O índice de desemprego em Israel é dos mais altos, os impostos cobrados a trabalhadores são escorchantes (a banqueiros não, têm todas as facilidades possíveis) e a corrupção é generalizada no governo. O custo do terrorismo de Estado praticado por Israel é alto e a conta paga pelo povo.
A invenção do povo judeu é um livro do professor israelense Shlomo Sand. O autor prova com documentos que os judeus de hoje não têm nada a ver com os antigos hebreus. São descendentes de europeus convertidos ao judaísmo. No passaporte do professor consta ao invés de cidadão de Israel, simplesmente, judeu.
Em todo esse processo desfechado desde o ataque às torres gêmeas a violência e boçalidade do terrorismo de Estado em Israel contra palestinos aumentou de forma impressionante. Tortura, prisões indiscriminadas, estupros, assassinatos, saques de propriedades, de bens, de terras, enfim, o que é comum a quadrilhas quando no poder.
O governo da Turquia resolveu que navios da armada turca irão escoltar barcos humanitários com destino a Faixa de Gaza submetida a um bloqueio imoral desfechado pelo governo terrorista de Tel Aviv. É uma perspectiva séria de um conflito armado e a Turquia é um dos países governados por muçulmanos mais moderados e com uma série de tentativas de entendimento com o Ocidente. De busca da paz.
A paz não interessa nem a Israel e muito menos aos EUA. O complexo terrorista está falido e necessita da guerra para se manter. Qualquer que seja a guerra, através de qualquer pretexto, como o das armas químicas e biológicas do Iraque, que não existiam.
No melhor estilo de impérios de bárbaros os norte-americanos saquearam até o Museu Babilônico. Muitas peças estão hoje em poder de bilionários daquele país ou em museus dos EUA. É uma velha prática dos grandes impérios, o saque, a pirataria.
O primeiro acordo de paz efetivo assinado entre palestinos e israelenses ocorreu no governo de Bil Clinton e previa o Estado Palestino. O primeiro-ministro de Israel Itzak Rabin, que celebrou o acordo, foi assassinado nas comemorações da paz. O assassino não era um palestino. Mas um fanático judeu, chamado de “judeu ortodoxo”. De lá para cá surgiram Ariel Sharon (uma espécie de Átila dos tempos contemporâneos) e toda a corja que dirige o terrorismo de Estado de Israel. Surgiu um muro que separa palestinos de israelenses e assegura o roubo de terras palestinas pelos terroristas de Tel Aviv. Terras e riquezas, prática rotineira também desde a invenção do estado de Israel.
O mundo assiste a um festival promovido pela mídia ocidental sobre o ataque às torres gêmeas em 11 de setembro de 2001.
Não foi um ato terrorista. Foi sim um ato de guerra.
A guerra dos povos oprimidos contra os norte-americanos e israelenses é uma realidade e responde à barbárie do complexo terrorista ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A.
As vitimas são pessoas comuns, homens, mulheres, crianças ao sabor dos interesses dos dois países. Uma ressurreição do Reich de Hitler. O IV Reich. Tem sede em Tel Aviv e em Washington.
A Europa é mero adereço. Tanto faz que o governante da antiga Grã Bretanha, hoje Micro Bretanha, seja Tony Blair (trabalhista) ou David Cameron (Conservador). São iguais, diferem apenas na farsa do jogo democrático sem democracia.
No governo Lula o Brasil aliou-se à Turquia e buscou um acordo com o governo do Irã sobre políticas nucleares. O uso de energia nuclear para fins pacíficos. O chanceler de então, Celso Amorim e seu companheiro turco conseguiram alcançar seus objetivos. Obama que havia se comprometido a aceitar o acordo voltou atrás e através de Hillary Clinton afirmou que “não confiamos nos iranianos”.
E quem dá as costas aos norte-americanos, ou aos terroristas de Tel Aviv?
O ex-deputado José Genoíno, assessor do Ministério da Defesa afirmou no Congresso do seu partido, o PT – Partido dos Trabalhadores (governa para banqueiros) que o Brasil cumpre missão “civilizatória” no Haiti. Foi vaiado e momentos depois retirou a expressão. Não importa, o fez por ter percebido que havia dito uma besteira, mas pensa a besteira, quis apenar atenuar o impacto do desastre de suas palavras.
O ataque terrorista de ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A ocorre em todas as frentes, em todo o mundo. Na América Latina o Brasil é um dos alvos. E ainda mais agora com o pré-sal. Reservas petrolíferas que colocam o país na condição de um dos grandes produtores de petróleo no mundo, detentor de reservas imensas.
Os americanos querem o pré-sal. O monopólio estatal do petróleo foi para as calendas no governo de FHC (agente norte-americano), o que facilita a tarefa, levando-se em conta que Dilma Roussef mantém os chamados leilões de áreas para prospecção e exploração de petróleo – Lula fazia o mesmo –. Uma entrega disfarçada, mas nem tanto.
O aeroporto de Natal vai para as mãos de empresas privadas. Porta de entrada do Brasil. Empresários, banqueiros e latifundiários não têm pátria, têm livro caixa e contas em paraísos fiscais. Fraudes e saques sistemáticos contra os trabalhadores.
O 11 de setembro, por mais que o agente norte-americano William Waack (preferido de Hillary Clinton) chame de “ato terrorista”, foi tão somente um ato de guerra em meio a um conflito em que um complexo terrorista, esse sim, ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A tenta sustentar-se e as suas políticas estúpidas, bárbaras.
Vão exibir ligações telefônicas de inocentes que estavam no World Trade Center, explorar a dor das vitimas e seus familiares, mas em nenhum momento vão mostrar a barbárie sistemática contra palestinos, iraquianos, afegãos, cubanos, as tentativas de golpes militares contra governos contrários, os golpes, toda a prática terrorista dos EUA e de Israel desde o fim da Segunda Grande Guerra.
A dor dessas vítimas, desses familiares.
Grandes impérios ao longo da história da humanidade sempre foram boçais como norte-americanos e israelenses. Com uma diferença hoje. O complexo terrorista ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A dispõe de um arsenal nuclear capaz de destruir o planeta cem vezes.
E se olharmos a história, atentado terrorista de fato, o maior deles, foram as bombas despejadas contra japoneses em Hiroshima e Nagazaki, isso quando a guerra já estava ganha e era necessário experimentar a “nova arma” e mostrar ao mundo quem mandava a partir daquele momento.
É a “SOCIEDADE DO ESPETÁCULO” em sua forja de robôs e seres objetos. Uma sociedade abjeta.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Aposentadoria de servidores não é déficit: eles pagaram a vida toda por ela « Tribuna da Internet

Aposentadoria de servidores não é déficit: eles pagaram a vida toda por ela « Tribuna da Internet

Aposentadoria de servidores não é déficit: eles pagaram a vida toda por ela

Pedro do Coutto

Um absurdo completo, uma colocação sinuosa e inverídica afirmar que as despesas da União com aposentadorias e pensões dos servidores civis e militares representa um déficit financeiro no orçamento. Tal declaração foi feita à repórter Ana Carolina Oliveira, Folha de São Paulo de terça- feira, 30, pelo Secretário de Seguridade Pública da Previdência, Jaime Mariz. Sustentou ele que, tal prejuízo, este ano, está previsto na escala de 57 bilhões de reais.

Em que se baseou ele? – perguntam os leitores. Na lei de meios em vigor, Diário Oficial de 29 de Julho, das pags. 63 às 65, relatório da Secretaria do tesouro nacional por Gilven da Silva Dantas.O orçamento deste exercício alcança 1 trilhão e 994 bilhões de reais em números redondos. Deste total (está lá assinalado) os encargos com o pessoal civil e militar, ao todo 1 milhão e 100 mil servidores, elevam-se a 183,5 bilhões. Não chegam a 10% da despesa geral. Menos, inclusive do que a despesa do governo federal com o pagamento dos juros anuais à rede bancária pela rolagem da dívida interna que atinge maias de 2 trilhões.

Muito bem. Da parcela e 183,5 bilhões de reais, um terço refere-se ao pagamento dos aposentados civis, dos reformados militares, dos pensionistas de ambas as categoria. É por isso que, desinformando a repórter Ana Carolina e aos leitores, Jaime Mariz aponta o falso déficit de 57 bilhões. Não há déficit algum. Qual a proposta? Acabar com a aposentadoria no país? Isso de um lado. De outro, omite que funcionários públicos contribuíram a vida toda para a Seguridade Social pagando 11% sobre seus vencimentos sem limite. Os descontos foram praticados. Para onde foi o dinheiro? Como foi aplicado? Qual seu destino?Aposentadorias, reformas e pensões são benefícios. Não são favores ou concessões. Nada disso. São seguros sociais que os estipulantes, no caso os funcionários, conquistaram pagando por eles. Como se fossem, vale frisar, apólices da previdência privada, seja ela aberta, como a que os bancos oferecem, seja fechada caso dos fundos complementares de aposentadoria do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Petrobrás, Furnas, Eletrobrás, Eletronuclear e Empresa dos Correios.

Quaisquer apólices vencem com o término do prazo de contribuição. Cabe às seguradoras e aos fundos de pensão aplicarem correta e eficientemente o dinheiro recolhido, inclusive com valores atualizados, uma vez que a cada reajuste de salário corresponde um pagamento maior em números absolutos. Afirmar o contrário é uma desleal tentativa de iludir os que não conhecem bem o tema. Jornalistas, em vários casos, se deixam levar por colocações fantasiosas sempre buscando pesar contrariamente aos direitos que vêm do trabalho humano.

O secretário Jaime Mariz chegou ao ponto de dizer à repórter da FSP que, enquanto o déficit da Seguridade é de 57 bilhões, o do INSS, que reune 26 milhões de trabalhadores regidos pela CLT, pesa 43 bilhões de reais. Incrível. Neste caso, como o orçamento federal é unificado, o déficit não seria nem de 57 nem de 43, mas sim de 100 bilhões de reais. Nunca jamais em tempo algum, para citar Lula, houve uma informação assim. Os leitores já sentiram que o custo das aposentadorias do funcionalismo civil e militar está senado contabilizado. Pesa contra de um lado e igualmente de outro.Para chegar a isso, é necessário apenas mudar a matemática de Einstein e sua teoria de 1905. Cria-se um novo sistema: somam-se as despesas, mas não se somam as receitas. O resultado final? Uma farsa completa. Extremamente negativa para o governo Dilma Roussef.