247 – Documentos obtidos com exclusividade pelo 247 mostram que dias atrás, mais precisamente em 20 de novembro, o Grupo Abril consolidou em última instância a venda das operações da TVA em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba – três das principais praças comerciais do Brasil – para nenhuma menos que a Truston International Inc.
Trata-se, a Truston, da controladora da Compor Communications Holding Ltda., empresa norte-americana que tem como única acionista a própria Truston. Fácil de entender, não tão simples de rastrear nos meandros das legislação nacionais (Brasil, EUA e Panamá), internacionais e acordos comerciais multilaterais e bilaterais. Um novelo.
A um tanto complexa conexão é importante politicamente, mas, do ponto de vista comercial, não parece ter problemas. Afinal, contou com a aprovação, no dia 20, depois de três anos de processo correndo, do Cade.
A Compor é a mesma companhia que foi apontada, em rede nacional, na noite da terça-feira 3, no Jornal Nacional, da Rede Globo, como contratante do auxiliar José Euguenio Silva Ritter. Cidadão panamenho, ele seria o 'laranja' que tornou-se proprietário do hotel Saint Peter, em Brasília. Sem provas contra a participação de Dirceu numa insinuada triangulação, a Globo associou os personagens para carregar no ar de suspeita contra Dirceu.
O hotel, como se sabe, convidou o ex-ministro José Dirceu para trabalhar em suas instalações.
Para que se entadam as implicações da venda da TVA, o que se tem é uma forte suspeita de o Grupo Abril lançou mão de uma empresa que usa 'laranjas' para fazer seus negócios. Ao menos, foi assim que Silva Ritter, que trabalha para a Compor, no Panamá – por sua vez controlada "por um único acionista, a Transpor" – foi apresentado no Jornal Nacional de ontem. Sendo assim, a Compor, de Ritter, pode ser vista, por meio de seu "único" acionista controlador, a Trasnpor, como a companhia que adquiriu, do Grupo Abril, o filé mignon da TVA.
Na política, a crítica de que o ex-presidente do PT José Dirceu tivera um convite para trabalhar vindo de uma empresa nacional – o hotel Saint Peter – controlada por um 'laranja' estrangeiro pode se espalhar. Na mesma medida, chega ao maior grupo editorial do País, numa operação de compra e venda obscura de muito maior vulto.
Na edição de terça-feira 3, o Jornal Nacional mostrou que José Eugênio Silva Ritter mora num bairro pobre do Panamá, onde trabalha como auxiliar de escritório numa empresa de advocacia, a Morgan y Morgan, há mais de 30 anos. Ele disse ter ciência de que seu nome está envolvido em diversas empresas no mundo todo.
"Trabalho na Morgan y Morgan e eles se dedicam a isso", disse. Apesar de ter a clara intenção de implicar o ex-ministro José Dirceu, contratado pelo hotel, a reportagem não traz nenhuma acusação direta contra ele (leia mais
aqui).
Em texto postado no endereço veja.com. o blogueiro Reinaldo Azevedo procurou fazer pressão para o STF não conceder direito ao trabalho no Saint Peter a José Dirceu. A prevalecer a posição dele, de bloqueio a brasileiros em empresas controladas por companhias off-shore no Panamá, como fica Azevedo em relação ao Grupo Abril e sua conexão TVA?
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