Um meio de ter proteção nuclear sem os custos de fazer a bomba, por J. Carlos de Assis | GGN
Um meio de ter proteção nuclear sem os custos de fazer a bomba
por J. Carlos de Assis
O Brasil se apresenta como uma nação pacífica, amiga dos EUA. Mas os EUA se comportam como se fossem inimigos do Brasil. Muitos especialistas em política internacional, como o infatigável Moniz Bandeira, tem apontado essa contradição, mas a realidade veio à tona quando se divulgou que a NSA, principal agência de espionagem norte-americana, espionou a Petrobrás e a Presidenta Dilma. A reação da Presidenta foi simbólica: adiou uma visita a Washington. Já a Petrobrás não teve espaço para reagir, pois os próprios EUA, como se sabe hoje, trataram de usar o juiz Sérgio Moro para divulgar os escândalos de seus diretores.
Foi a partir dessa espionagem que se tornaram mais frequentes as viagens do juiz Sergio Moro para palestras e recepção de prêmios nos Estados Unidos. Hoje se sabe com bastante segurança que o juiz e os procuradores da Lava Jato não apenas receberam informações sobre a Petrobrás de autoridades americanas, oriundas da espionagem, como transmitiram ilegalmente a elas informações obtidas em delações premiadas não apenas sobre a Petrobrás mas também sobre a cadeia de empresas privadas em torno dela. Não sou jurista mas, no meu entender, acho que se trata de uma clara situação de crime de lesa-pátria.
O povo ainda não se deu conta de que a corrupção – inequívoca, é verdade – está sendo usada para mascarar a conquista da soberania brasileira pelo capital financeiro e pelas petrolíferas internacionais, com foco nos EUA. Isso já não se faz com canhoneiras, exceto se uma convulsão social instigada no Brasil pelos próprios americanos resultar numa guerra civil cuja parte contrária às posições deles ameaçar ganhar. Nesse caso entrarão para “defender” a democracia como fizeram no Iraque, na Líbia, no Egito, na Síria, através não só de marines mas principalmente das ONGs que se apresentam como defensoras dos direitos humanos e paladinos contra a corrupção.
Os Estados Unidos não nos dão sequer o status de inimigos. Isso é para a Rússia e a China, que são potências nucleares. Nós, cujo projeto atômico secreto do Exército foi liquidado pelo “democrata” Collor de Mello, merecemos a posição de subalternos. Por imposição deles, sem qualquer contrapartida, assinamos o Tratado de Não Proliferação Nuclear. Eles não se deram sequer ao trabalho de garantir a nós, e ao mundo, que jamais usarão bombas nucleares em primeiro lugar contra nós ou contra qualquer país. Ao contrário, se dão o direito de tomar a iniciativa de destruir o mundo com a estratégia de “guerra nuclear protegida” – a ideia de desfechar um primeiro ataque e proteger o próprio território tecnologicamente.
Propusemos aos Estados Unidos transformar o Atlântico Sul, nosso vizinho, numa zona não nuclearizada. Já que desistimos de fazer a bomba atômica que nos dessem ao menos o direito de não ter armas atômicas nas nossas costas. Riram de nós. Reativaram a IV Frota, com seu poderio nuclear, certamente com vistas à “proteção” do nosso pré-sal, descoberto por nós com tecnologia nossa, e agora visado por eles com sua ganância peculiar. Apenas num ponto ficaram assustados: quando nos aliamos à China, à Rússia e à Índia na criação dos BRICS. A partir daí passaram a nos sabotar, e o meio adotado foi, adivinhem, a corrupção da cúpula do poder no Brasil. A propósito, estudo do Bank of America Merryl Linch acaba de decretar abertamente que “é hora de dividir os BRiCS”, grupo que “nunca fez muito sentido”.
O movimento que demos na direção de uma relativa autonomia geopolítica e geoeconômica, contra a tendência asfixiante da globalização financeira, foi reforçado pela nossa conquista no desenvolvimento de centrífugas para enriquecimento de urânio até 20%, o que nos possibilitará ter combustível nosso para o submarino nuclear que estamos construindo com tecnologia transferida pelos franceses. Provavelmente por ordem dos Estados Unidos o esquema do juiz Moro mandou para a cadeia, com pena de 43 anos, o herói nacional Almirante Othon, do qual não conseguiram arrancar em delação premiada, justamente por ser um herói, a rota no mercado negro dos equipamentos usados para construir as centrífugas.
Espero que os militares leiam e reflitam sobre esse artigo. Se quisermos preservar nossa soberania temos que nos aliar a potências não subalternas aos Estados Unidos. O caminho é óbvio. Um tratado de proteção recíproca no âmbito dos BRICS pelo qual se ofereça à Rússia e à China, e preferivelmente às duas simultaneamente, uma base militar na costa brasileira em condições de defender o pré-sal e o Atlântico Sul. O presidente que se opuser a isso deve ser afastado por desídia em relação a interesses fundamentais do Brasil. Com esse tratado poderemos dormir em paz sem precisar de armas nucleares sob nosso controle, obedecendo ao que ordenou a Collor o governo norte-americano.
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