O presidente do Banco Central leva o título pelo que fez de melhor: ficar longe dos refletores
Faz muito tempo, um general (Jorge de Sá Pinho) foi promovido e um curioso perguntou a Ernesto Geisel quem era ele. O ex-presidente respondeu: "É um grande general. A prova disso é que você não sabe quem é".
Em um ano, Alexandre Tombini tornou-se o primeiro presidente do Banco Central cuja notoriedade não rivaliza com a do elenco da novela das oito. Fala pouco, aparece menos e não exerce função de mestre-pensador da ciência econômica com paramentos de tutor do governo.
Funcionário de carreira do banco, com uma breve passagem pelo FMI, Tombini assumiu uma diretoria do BC em 2006. Pouco se sabia dele, salvo que tinha uma relação crispada com o líder da área conservadora do Copom, Afonso Bevilaqua. Numa entrevista, recusou-se a mencionar quem são seus economistas ou escritores prediletos. Informou apenas que tem mulher (americana, cujo nome não achou necessário revelar), dois filhos e torce pelo Internacional.
Em agosto, depois de ter patrocinado cinco altas da taxa de juros, de 10,75% para 12,50%, o BC os baixou para 12%. O "mercado", seja lá o que isso significa, esperava que ela ficasse estável. Quando os baixou, foi vassalagem ao Planalto. Colaram em Tombini o rótulo da subserviência imprudente.
Em sua defesa, saltou o professor Delfim Netto: "A indignada e quase raivosa reação de alguns analistas, que se supõem portadores da 'verdadeira' ciência monetária, (...) revela que, para eles, a sacrossanta "independência" do Banco Central só é reconhecida quando esse decide de acordo com os conselhos que eles, paciente, gratuita e patrioticamente, lhe dão todos os dias".
Afinal, como Delfim já dissera, "o Brasil é o ultimo peru disponível com farofa para a mesa dos especuladores".
A crise europeia agravou-se, a economia americana continua patinando e a providência revelou-se certa. O BC fez em 2011 o que deveria ter feito em 2008. Tombini estava certo, mas continuou longe dos refletores.
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