Campos a Gullar: "não se venda"!
Sem ter nada de novo a declarar, passou a defender o Golpe!
O Conversa Afiada
convida o amigo navegante a contemplar essa implacável surra que o
poeta Augusto de Campos (o ansioso blogueiro acaba de ler seu magnifico
trabalho "Poesia Russa Moderna", com Haroldo de Campos e Boris
Schnaiderman) aplicou no poeta-golpista Ferreira Gullar, colonista da Fel-lha:
convida o amigo navegante a contemplar essa implacável surra que o
poeta Augusto de Campos (o ansioso blogueiro acaba de ler seu magnifico
trabalho "Poesia Russa Moderna", com Haroldo de Campos e Boris
Schnaiderman) aplicou no poeta-golpista Ferreira Gullar, colonista da Fel-lha:
Um neocordeiro superconcreto e um expremio
Vestindo
tosca pele de cordeiro e fingindo espanto, Ferreira Gullar se faz de
vítima para contestar a réplica com a qual respondi a mais um acinte
que, por estranha compulsão, voltou a me fazer.
Nunca me
provocou –se lamenta. Nunca atacou os poetas concretos. Limitou-se,
coitado, a discordar civilmente de nossas ideias. "Não é do meu
feitio...", agrega. E desfila com cinismo um rol de lamúrias, dizendo-se
insultado por um "feroz inimigo".
Assim se apresenta o
angélico articulista que, nos últimos tempos, sem ter nada de novo a
falar em literatura ou em arte, pôs-se a fazer virulenta campanha contra
Dilma e seus defensores.
Não quer ter razão mas apoia a
deposição da presidente eleita, operada cirurgicamente por uma trama
vergonhosa de mídia, elites e altos poderes da República, num golpe
ilegítimo em nossas instituições democráticas.
Ora, só se
insulto for sinônimo de documento. O poeta aposta na desinformação dos
leitores. Esquece, como certos políticos, que há jornais, revistas e
entrevistas publicados. E imagina que o ataque é a melhor defesa, mesmo
confrontado com impressos, datas e fatos que venho arrolando desde que
abalroado pela acrimônia do poeta, como constantemente tenho sido.
Já desmontei, em artigos anteriores, a farsa da precedência de Gullar
sobre o reconhecimento de Oswald pelos poetas concretos. Com
documentação irrefutável sobre a qual silenciou. Que sentido teria a
nova menção ao meu nome se não a de voltar a inculcar a balela de que
descobriu Oswald para nós?
Mas não é só. Volta a afirmar que
publicamos um "manifesto" no "Jornal do Brasil" apregoando que a poesia
concreta seria feita a partir de "equações matemáticas". Não é verdade.
Tratava-se de artigo de Haroldo, postulando o que entendia por
"matemática sensível" do poema, na linhagem de Poe, Lautréamont ("Ó
matemáticas severas"), Pound ("poesia, matemática inspirada") Maiakóvski
("eu à poesia só permito uma forma: concisão, precisão das formulas
matemáticas").
Gullar nunca telefonou para mim ou para Haroldo
(que mal conhecia). Não tinha intimidade, telefone ou peito para isso.
Publicou, sem aviso, e com uma réplica, o artigo de Haroldo. E quando
este mandou sua tréplica, Gullar e Reynaldo Jardim a vetaram.
Durante mais de meio século, passou ele, destemperado, a agredir-nos em
artigos e entrevistas, nos quais repetia que a poesia concreta era
bobagem e Haroldo e Décio não eram poetas, excetuando-me com a ressalva
de que havia sido corrompido por eles. Jamais o provoquei, limitando-me a
responder-lhe.
Não redargui ao seu artigo com ressentimento,
embora não tenha qualquer respeito por seu perfil ético. Nossos caminhos
não mais se cruzam. Não me interesso por sua poesia, que considero
apenas regular. Cutucado, não o insultei. Usei do humor oswaldiano que
lhe falta, porque não conhece realmente Oswald. Conhece apenas o seu
próprio umbigo.
Se há alguém ressentido é ele, porque a poesia
concreta é a vanguarda que deu certo, seu prestígio internacional é
inquestionável. O prêmio Pablo Neruda só fez comprová-lo.
Para
piorar, o Acadêmico Ferreira Gullar acena-me com um prêmio de R$ 300
mil da Academia Brasileira de Letras, que eu deixaria de levar, apesar
do seu "placet", por ter criticado a entidade. Ora, somos mesmo pessoas
completamente diferentes. Como somos poetas diferentes. Isso, sim, é um
insulto. Jamais aceitaria qualquer prêmio, de que valor fosse, vindo
dessa instituição, que considero inútil, caduca e até nociva, pelo mau
exemplo que dá a cultura brasileira, acolhendo gente que nada tem a ver
com literatura –velhos políticos, governantes, empresários e jornalistas
conservadores– uma confraria de mediocridades que se chamam
despudoradamente de "imortais", envergando fardões, espadas, colares e
medalhas. Com raríssimas exceções.
Nego-lhes autoridade para
conferir prêmios e prebendas. E encerro com as palavras de um poema
instrutivo e fácil de entender: NÃO ME VENDO / NÃO SE VENDA / NÃO SE
VENDE.
Controvérsia: Em 12/6, Ferreira Gullar publicou em sua coluna na "Ilustrada" texto retomando antiga discordância entre ele e os poetas concretos paulistas sobre Oswald de Andrade. Augusto de Campos replicou. Gullar voltou ao assunto. Como é praxe na Folha, para pôr fim à controvérsia foi oferecido aos dois um derradeiro artigo com o mesmo espaço. Gullar declinou da tréplica final.
Vestindo
tosca pele de cordeiro e fingindo espanto, Ferreira Gullar se faz de
vítima para contestar a réplica com a qual respondi a mais um acinte
que, por estranha compulsão, voltou a me fazer.
Nunca me
provocou –se lamenta. Nunca atacou os poetas concretos. Limitou-se,
coitado, a discordar civilmente de nossas ideias. "Não é do meu
feitio...", agrega. E desfila com cinismo um rol de lamúrias, dizendo-se
insultado por um "feroz inimigo".
Assim se apresenta o
angélico articulista que, nos últimos tempos, sem ter nada de novo a
falar em literatura ou em arte, pôs-se a fazer virulenta campanha contra
Dilma e seus defensores.
Não quer ter razão mas apoia a
deposição da presidente eleita, operada cirurgicamente por uma trama
vergonhosa de mídia, elites e altos poderes da República, num golpe
ilegítimo em nossas instituições democráticas.
Ora, só se
insulto for sinônimo de documento. O poeta aposta na desinformação dos
leitores. Esquece, como certos políticos, que há jornais, revistas e
entrevistas publicados. E imagina que o ataque é a melhor defesa, mesmo
confrontado com impressos, datas e fatos que venho arrolando desde que
abalroado pela acrimônia do poeta, como constantemente tenho sido.
Já desmontei, em artigos anteriores, a farsa da precedência de Gullar
sobre o reconhecimento de Oswald pelos poetas concretos. Com
documentação irrefutável sobre a qual silenciou. Que sentido teria a
nova menção ao meu nome se não a de voltar a inculcar a balela de que
descobriu Oswald para nós?
Mas não é só. Volta a afirmar que
publicamos um "manifesto" no "Jornal do Brasil" apregoando que a poesia
concreta seria feita a partir de "equações matemáticas". Não é verdade.
Tratava-se de artigo de Haroldo, postulando o que entendia por
"matemática sensível" do poema, na linhagem de Poe, Lautréamont ("Ó
matemáticas severas"), Pound ("poesia, matemática inspirada") Maiakóvski
("eu à poesia só permito uma forma: concisão, precisão das formulas
matemáticas").
Gullar nunca telefonou para mim ou para Haroldo
(que mal conhecia). Não tinha intimidade, telefone ou peito para isso.
Publicou, sem aviso, e com uma réplica, o artigo de Haroldo. E quando
este mandou sua tréplica, Gullar e Reynaldo Jardim a vetaram.
Durante mais de meio século, passou ele, destemperado, a agredir-nos em
artigos e entrevistas, nos quais repetia que a poesia concreta era
bobagem e Haroldo e Décio não eram poetas, excetuando-me com a ressalva
de que havia sido corrompido por eles. Jamais o provoquei, limitando-me a
responder-lhe.
Não redargui ao seu artigo com ressentimento,
embora não tenha qualquer respeito por seu perfil ético. Nossos caminhos
não mais se cruzam. Não me interesso por sua poesia, que considero
apenas regular. Cutucado, não o insultei. Usei do humor oswaldiano que
lhe falta, porque não conhece realmente Oswald. Conhece apenas o seu
próprio umbigo.
Se há alguém ressentido é ele, porque a poesia
concreta é a vanguarda que deu certo, seu prestígio internacional é
inquestionável. O prêmio Pablo Neruda só fez comprová-lo.
Para
piorar, o Acadêmico Ferreira Gullar acena-me com um prêmio de R$ 300
mil da Academia Brasileira de Letras, que eu deixaria de levar, apesar
do seu "placet", por ter criticado a entidade. Ora, somos mesmo pessoas
completamente diferentes. Como somos poetas diferentes. Isso, sim, é um
insulto. Jamais aceitaria qualquer prêmio, de que valor fosse, vindo
dessa instituição, que considero inútil, caduca e até nociva, pelo mau
exemplo que dá a cultura brasileira, acolhendo gente que nada tem a ver
com literatura –velhos políticos, governantes, empresários e jornalistas
conservadores– uma confraria de mediocridades que se chamam
despudoradamente de "imortais", envergando fardões, espadas, colares e
medalhas. Com raríssimas exceções.
Nego-lhes autoridade para
conferir prêmios e prebendas. E encerro com as palavras de um poema
instrutivo e fácil de entender: NÃO ME VENDO / NÃO SE VENDA / NÃO SE
VENDE.
Controvérsia: Em 12/6, Ferreira Gullar publicou em sua coluna na "Ilustrada" texto retomando antiga discordância entre ele e os poetas concretos paulistas sobre Oswald de Andrade. Augusto de Campos replicou. Gullar voltou ao assunto. Como é praxe na Folha, para pôr fim à controvérsia foi oferecido aos dois um derradeiro artigo com o mesmo espaço. Gullar declinou da tréplica final.
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