domingo, 27 de fevereiro de 2011

Estilo Dilma e a oposição desorientada, por Jânio | Brasilianas.Org

Estilo Dilma e a oposição desorientada, por Jânio | Brasilianas.Org: "JANIO DE FREITAS

Um desejo de Dilma


AS DIFERENÇAS de métodos e de modos entre Dilma Rousseff e Lula ganham um componente novo, e impressentido pelas inúmeras comparações feitas dos dois. Decorre de particularidade pessoal da presidente, mas, não menos, de uma condição especial que distingue politicamente sua Presidência de todas as anteriores, não só de Lula.

O desejo de Dilma Rousseff de reuniões desarmadas com oposicionistas, bem simbolizado na cordialidade do encontro e do seu convite a Fernando Henrique Cardoso, contrasta com a rigidez atribuída, naquelas comparações, a seu temperamento e a sua atitude política na Presidência. Até aí, uma novidade interessante. A partir dela, porém, projeta-se um elemento indigesto a mais no embaraço em que a oposição está desde que o governo Lula começou a construir fisionomia própria, não mais apenas de constrangida prorrogação do antecessor.

A satisfação com a política econômica, nas classes média e alta, e a recepção das medidas populares deixaram a oposição, no governo Lula, sem matéria substancial para fazer o seu papel.

Ir além do governo, com propostas mais avançadas, era inconcebível pelo conservadorismo que impregnava, e impregna, a oposição. Restou o oposicionismo superficial, aos modos pessoais de Lula, às práticas permanentes de populismo, e a uma ou outra posição na política externa -as relações com Chávez, com a complicada Bolívia de Evo Morales, com o Equador, mais tarde com o Irã, nada que desse forças à oposição.

O embaraço oposicionista se repete. O oposicionismo em meios de comunicação martela no alarmismo, com os dados insatisfatórios, e produz sempre um 'mas' para juntar aos dados positivos. Entre deputados e senadores, até agora a oposição limitou-se à cômoda hipocrisia de defender um salário mínimo que sabia não ser aprovável e contrário a tudo o que sempre disse e fez, quando governo. Os ataques pesados emitidos por José Serra caíram no vácuo, nem os parlamentares do seu partido o embalaram.

Nesse embaraço revestido de falta de criatividade, a tendência de uma relação cordial entre a presidente e lideranças oposicionistas é estender-se, forçosamente, dos modos pessoais aos modos políticos. O que funcionará, em silêncio, como uma restrição aos ataques exaltados que, incidentes embora em aspectos superficiais ou de expressão limitada, constituem o oposicionismo. O embaraço do embaraço.

Fernando Henrique e Lula gostariam muito de ter conseguido algum grau de convívio amistoso, pessoal e político, com lideranças das respectivas oposições. Não esconderam esse desejo, nem conseguiram dar um passo na direção dele. Dilma Rousseff desfruta de uma condição que faltou aos dois, como é próprio das Presidências.

Sua origem e seu percurso para chegar ao Planalto não se fizeram na vida política, nas disputas partidárias, nos embates parlamentares, nas lutas entre oposição e governo. Dilma Rousseff não traz, nem deixou nas eminências partidárias, ressentimentos e idiossincrasias que podem ser disfarçados, mas não são inativos. Conduzem, mesmo, grande parte da política. Não, até agora, em relação a Dilma Rousseff.

Em efeito extremo e, sobretudo, improvável, relações positivas entre a presidente e lideranças oposicionistas poderiam resultar em ambiente e reordenação política, ou partidária, de importância até imprevisível. Mas levar as coisas a tal ponto conflita com as ambições pessoais, que se juntam sob a máscara de objetivo ou interesse partidário. Se, no entanto, do propósito manifestado por Dilma Rousseff surgir algo novo, já será avanço. Qual e quanto, importa menos.


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Carta Maior - Internacional - Guerra de robôs na internet

Carta Maior - Internacional - Guerra de robôs na internet: "Guerra de robôs na internet
O fingimento online está mais avançado e automatizado do que podemos imaginar. O anonimato da rede garante a companhias e governos uma oportunidade de ouro para executar falsas campanhas populares na internet que criam a impressão de que um grande grupo de pessoas está defendendo ou se opondo a alguma política em particular. Essa artimanha está mais propensa a acontecer quando os interesses das companhas ou dos governos estão em conflitos com os do público. As empresas de tabaco, por exemplo, têm uma história antiga nesta área. O artigo é de George Monbiot.

George Monbiot - The Guardian

Todos os meses, mais evidência acumula-se, sugerindo que comentários, tópicos e fóruns de internet estão sendo tomados por pessoas que não são exatamente o que parecem ser. O anonimato da rede garante a companhias e governos uma oportunidade de ouro para executar operações de astroturf(*): falsas campanhas populares que criam a impressão de que um grande grupo de pessoas está defendendo ou se opondo a alguma política em particular. Essa artimanha está mais propensa a acontecer quando os interesses das companhias ou dos governos estão em conflitos com os do público. Por exemplo, há uma história antiga das companhias de tabaco por trás de campanhas de astroturfing para lutar contra a regulamentação da indústria. (1)

Depois da última vez que escrevi sobre astroturfing (2), em dezembro, uma fonte disposta a contar detalhes entrou em contato comigo. Ele fazia parte de um time encarregado de infestar fóruns e tópicos de discussão na internet em favor de clientes corporativos, promovendo suas causas e discutindo com quem se opusesse. Como o resto da equipe, ele se passava por um cidadão comum, sem interesses particulares no assunto. Ou, para ser mais exato, como algumas dezenas de cidadãos comuns, sem interesses particulares no assunto: ele usava 70 perfis, para evitar ser desmascarado e criar a impressão de amplo apoio ao seu argumento pró-corporativo.

Eu revelarei mais do que ele me contou assim que terminar a investigação na qual estou trabalhando no momento. Mas parece que essas operações estão mais difundidas, mais sofisticadas e mais automatizadas do que a maioria de nós consegue imaginar. E-mails que hackers políticos obtiveram junto a uma empresa norte-americana de ciber-segurança chamada HB Gary Federal sugerem que um arsenal tecnologicamente impressionante está sendo usado para encobrir as vozes das pessoas reais. Como o Daily Kos relatou (3), os e-mails mostram que:

- Companhias agora usam um “software de gerenciamento de personagem”, que multiplica os esforços dos astroturfers trabalhando para eles, dando a impressão de que existe um apoio majoritário para aquilo que as empresas ou governos estão tentando colocar em prática.

- Esse software cria toda a mobília virtual que uma pessoa de verdade teria: um nome, contas de e-mail, páginas de internet e perfis em redes sociais. Em outras palavras, gera automaticamente um perfil que parece autêntico, dificultando a diferenciação entre o comentário de um robô e o de uma pessoa real.

- Contas falsas podem ser mantidas atualizadas pela republicação ou conexão de material gerado em outros lugares, reforçando a impressão de que o usuário da conta é real e ativo.

- Astroturfers humanos podem utilizar essas contras “pré-envelhecidas” para criar uma história sugerindo que eles estiveram publicando links e tweets por meses. Ninguém pode suspeitar que eles só agora apareceram pela primeira vez, com o único propósito de atacar um artigo sobre ciência climática ou argumentar contra novos controles dos níveis de sal em lanches das grande cadeias de fast food.

- Com o uso inteligente das redes sociais, os astroturfers podem, nas palavras da empresa de segurança, “fazer parecer que o personagem esteve em uma conferência e apresentar-se a certas pessoas chave como parte do exercício... Há variados truques de redes sociais que podemos usar para adicionar um grau de realismo a esses personagens fictícios”.

Mas talvez a mais perturbadora revelação seja essa. A Força Aérea dos EUA abriu licitação para empresas para o fornecimento de software de gerenciamento de personagem, que deve ter as seguintes capacidades:

a) criar “10 perfis por usuário, com passado, história, detalhes que os reforcem e ciber-presença que sejam técnica, cultural e geograficamente consistente.... Perfis precisam ser capazes de ser originários de qualquer parte do mundo e poder interagir através de serviços online convencionais e plataformas de redes sociais”.

b) Prover automaticamente os astroturfers com um “endereço de IP randomicamente escolhido através do qual possam acessar a internet”. [Um endereço de IP é o número que identifica o computador de alguém]. Eles precisam mudar todos os dias, “ocultando a existência da operação”. O software também deve misturar o tráfego de internet dos astroturfers com “o tráfego de multidão de usuários de fora da organização. Esse tráfego misturado fornece uma excelente cobertura e [é] uma poderosa negação”.

c) Criar “endereços de IP estáticos” para cada perfil, permitindo diferentes astroturfers “parecer a mesma pessoa ao longo do tempo”. Deve também permitir “organizações que usam os mesmos sites/serviços com frequência trocar endereços de IP para parecer como usuários normais e não uma organização”.

Um software como esse tem o potencial de destruir a internet como um fórum para o debate construtivo. Desrespeita e faz piada da democracia online. Tópicos em questões de maiores implicações comerciais já estão sendo arruinados pelo que parecem ser exércitos de provocadores organizados – como você pode ver com frequência nos sites do The Guardian. A internet é um presente maravilhoso, mas também o é para os lobistas do mundo corporativo, criadores de marketing viral e relações públicas de governos, que podem operar no mundo virtual sem regulamentação, responsabilização ou medo de serem detectados.

Deixe-me repetir uma pergunta que eu coloquei em meus artigos passados, e que ainda tem que ser respondida de modo satisfatório: o que devemos fazer para combater essas táticas?

Tradução: Wilson Sobrinho (Correspondente da Carta Maior em Londres)

(*) Nota do tradutor - A expressão “astroturfing” é aqui usada em oposição a “grassroots movements”, que na língua inglesa se refere aos movimentos políticos e sociais que tem alguma base de apoio popular. Sendo “grassroots”, na tradução literal, as “raízes da grama”. E AstroTurf, a marca de uma grama sintética comercializada nos EUA.

(1) The denial industry

(2) These astroturf libertarians are the real threat to internet democracy

(3) The HB Gary Email That Should Concern Us All

(4) https://www.fbo.gov/index?s=opportunity&mode=form&id=d88e9d660336be91552fe8c1a51bacb2&tab=core&_cview=1

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Clipping do dia | Brasilianas.Org

Clipping do dia | Brasilianas.Org: "http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2702201108.htm

Respeito à própria intimidade

ROBERTO SOARES GARCIA

O abuso do direito à imagem escancarada pode suprimir o direito à privacidade, abrindo espaço para uma ditadura do monitoramento ilimitado

A falta de recato com a própria intimidade, revelada sem pejo em algumas páginas da internet, nas telas do 'Big Brother' e nas traseiras de automóveis, onde se veem grudadas figurinhas representativas da composição da família proprietária, constitui, em um primeiro olhar, exercício de direito à autoexposição.
Pondero, para a reflexão do leitor, que o abuso desse direito à imagem escancarada poderá levar à supressão do direito fundamental à privacidade, abrindo espaço para a ditadura do monitoramento oficial ilimitado. A perda de espaço destinado à intimidade, como se lembram os que leram '1984', é característica de regimes autoritários.
Sociedades democráticas prezam os direitos de minorias, em especial o direito da menor minoria possível, que é o indivíduo.
Não foi por acaso que, pós-ditadura, a Constituição destinou seu dispositivo mais extenso à tutela de direitos individuais: o artigo 5º tem 78 incisos e diz, ao fim, que o rol não é exaustivo, o que confere a todos nós proteção contra o Estado, que não pode atentar contra a intimidade do cidadão, bisbilhotando, sem autorização judicial, sua movimentação bancária ou suas comunicações telefônicas; se o fizer, o indivíduo pode recorrer ao Judiciário para resguardar seus direitos.
É, contudo, no exagerado exercício individual do direito de abrir mão da privacidade que mora o problema. Se considero normal informar ao estranho que vai à traseira do meu carro que somos cinco em casa, como poderei exigir da loja da esquina a manutenção em segredo do cadastro que lá preenchi?
Por que o fiscal do Imposto de Renda deveria se privar de vasculhar minha conta corrente se tuíto a todos os que me 'seguem' o quanto gastei no final de ano em determinado shopping?
Como sustentar que a polícia não pode ouvir minhas conversas telefônicas se divulgo detalhadamente todos os meus pecados, fotografados ou filmados, no Orkut?
Em resumo: se não velo pelo que me é próprio, pela minha intimidade, por que o Estado estaria obrigado a velar? A resposta, por ora, está na vigência da lei, que me autoriza a divulgar meus segredos e veda ao Estado acesso indiscriminado à minha intimidade.
Mas a legitimidade da lei está no eco que seus comandos encontram na sociedade. Se a norma visa proteger o que o indivíduo não se importa mais em perder, a vida da tutela ao direito será curta. Ao abrir reiteradamente mão do resguardo da intimidade como vetor de vida, o cidadão, sem perceber, leva a sociedade para um modelo autoritário, em que o indivíduo e a privacidade não importam.
Já que, por definição, se descartam intervenções que substituam o próprio cidadão nas decisões sobre sua intimidade, a solução está no alerta para que, em nossas condutas, cada um preze um pouco mais por sua privacidade. Esse cuidado responsável e voluntário não trará prejuízo. Já o descuido poderá ser fatal até para a democracia!

ROBERTO SOARES GARCIA é advogado criminal e professor do curso de pós-graduação da GVLaw. Foi diretor vice-presidente do Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD).

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Blog do Sakamoto » Blog Archive » Precisamos de mais consumidores chatos e nervosos

Blog do Sakamoto » Blog Archive » Precisamos de mais consumidores chatos e nervosos: "Precisamos de mais consumidores chatos e nervosos
27/02/2011 - 10:45 - Sem categoria 37 Comentários »

Acompanhei um amigo que foi fazer compras no supermercado. Estranhei a escolha da loja, pertencente a uma grande rede, pois havia sido nela, tempos atrás, que o mesmo fora destratado pela gerência ao tentar devolver um produto estragado. Ao indagá-lo que raios ele estava fazendo ali, respondeu com um misto de resignação e estranhamento: “mas é assim em todo o lugar, não faz diferença”.

Sei que dá preguiça brigar com uma grande empresa que insiste em não garantir o tratamento que lhe é de direito ou continue a empurrar produtos sem qualidade social e ambiental. Ainda mais quando constatamos a dificuldade de determinados grupos econômicos de escutar algo que não seja o tilintar das receitas batendo no seu cofre. Surdez seletiva, diga-se de passagem. Pois como diria Dona Rosa, poço de sabedoria do Vale do Jequitinhonha, tem coisa que é como o feijão, só funciona na pressão.

Pressão esta que não precisa ficar restrita a investigações da mídia ou às ações do Ministério Público. Lembro de casos como o de donas de casa que protestaram contra um grande magazine de roupas por conta da revelação de trabalho escravo em sua linha de produção. Isso assusta. E muito. Ainda mais em um país onde acredita-se que o andar de baixo seja gado dócil. Quando ocorre um estouro de boiada, ninguém sabe o que faz.

Sempre vi minha mãe reclamando como consumidora. Talvez tenha sido uma das melhores lições que ela me passou. Enquanto isso, tenho amigos que saem de perto quando vou questionar o gerente de uma loja por mais informação ou exigir a solução de um determinado problema. Dizem que sentem vergonha alheia, que “uma pessoa educada não compra esse tipo de briga”, que “brigar por dinheiro é o fim da picada”. E aí reside o problema: a sociedade gosta de criar bezerros para o abate e não seres autônomos. Criado como boi, boi será – a menos que seja conscientizado do contrário. Da mesma forma que nós homens, de um forma geral, somos educados para sermos machistas, também crescemos para sermos compradores e não cidadãos.

E o ceticismo na relação é a praxe. Uma pesquisa dos instituto Akatu e Ethos sobre consumo aponta que 44% das pessoas não acreditam no que as empresas divulgam em termos de responsabilidade social. Outros 32% dizem que isso depende de que empresa estamos falando.

Além do mais, nossa sociedade é de panos quentes, do deixa disso. Quem sai dessa toada, é taxado de maluco. É só dar uma espiada nos posts que trato dos protestos contra o aumento na tarifa do ônibus em São Paulo para ver a quantidade de comentários de pessoas que defendem com unhas e dentes o reajuste acima da inflação em São Paulo e chamam os manifestantes de baderneiros e vagabundos. Isso seria uma inversão de lógica cidadã se a lógica ou a cidadania fizessem sentido por aqui.

É sensacional o fato da maior parte da população brasileira acreditar em um ser sobrenatural que tudo vê, seja ele ou ela quem for, e não ter fé no potencial transformador de suas próprias ações ou na capacidade da sociedade de se organizar. Sei que as ações para despertar o nível de consciência de todos sobre esse potencial dificilmente são patrocinadas. Ou são ensinadas nas escolas.

Daí a importância de cada chato passar adiante essa chatice e não deixar seu amigo entrar no supermercado que o destratou ou pelo menos garantir que ele vá fazer uma reclamação sobre isso. Levar desaforo para casa não.

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Carta Maior - Política - A Folha e o neocolonialismo petroleiro

Carta Maior - Política - A Folha e o neocolonialismo petroleiro: "A Folha e o neocolonialismo petroleiro
Com o título de “TV Companheira”, a Folha de São Paulo publicou artigo de Eliane Cantanhede tentando atingir a credibilidade jornalística da Telesur, em seu esforço de cobrir a crise na Líbia. A Folha integra o leque de conglomerados midiáticos que, durante décadas, protegeu os 'ditadores amigos' no Oriente Médio. Assim é que durante mais de 30 anos protegeu Mubarak, tratando-o como o árabe moderado, porque transformou o Egito em cúmplice do massacre do povo palestino por Israel, com o apoio de Washington. O artigo é de Beto Almeida.

Beto Almeida

Com o título de “TV Companheira”, o jornal Folha de São Paulo – que tem o nome marcado por ter defendido e colaborado com operações da ditadura em torturas e mortes de prisioneiros políticos - publicou artigo de Eliane Cantanhede tentando atingir, sem o lograr, a credibilidade jornalística da Telesur, 'La nueva televisión del sur', em seu esforço de cobrir a crise na Líbia.

Há muitas lições a partir da precária nota da jornalista. Primeiramente, está escancarado que a grande mídia comercial brasileira, seguindo orientações dos conglomerados internacionais midiáticos, editorialmente controlados pelas indústrias bélicas, petroleiras e a ditadura financeira, sempre protegeram os ditadores do Oriente Médio que serviram e ainda servem a estes interesses. A Folha de São Paulo está dentro deste leque de proteção aos “ditadores amigos”. Assim é que durante mais de 30 anos protegeu Mubarak, tratando-o como o árabe moderado, porque transformou o Egito em cúmplice do massacre do povo palestino por Israel, com o apoio de Washington.

Durante 30 anos a Folha de São Paulo jamais cobrou eleições diretas ou democracia no Egito, mas, revelando a imensa hipocrisia da sua linha editorial de dois pesos, duas medidas, engajou-se na campanha dos oligopólios midiáticos mundiais contra o governo da Venezuela que, em 12 anos, eleito pelo voto, realizou mais de 15 eleições, plebiscitos e referendos livres, vencendo 14 deles e respeitando democraticamente o único resultado eleitoral adverso registrado.

“Ditaduras amigas” foram protegidas
A reportagem de Telesur está sim na Líbia, como esteve no Egito e na Tunísia, para oferecer uma cobertura com linha editorial diferenciada, sem qualquer influência do poder petroleiro comandado pelos países imperialistas. Telesur não descobriu somente agora que Mubarak era um ditador e que saqueou recursos do povo egípcio, bem como seu comparsa Ben Ali, tunisino, sempre protegidos pelos grandes países imperiais como EUA, França, Inglaterra etc., por se transformarem em peões da política que facilita a intervenção militar imperialista no mundo árabe, com o óbvio objetivo de rapina sobre suas imensas riquezas energéticas, da qual são tão dependentes.

A linha editorial que protegia Mubarak, era a mesma que sempre condenou Kadafi. Não supreende. Kadafi nacionalizou a riqueza petroleira da Líbia e usou esta extraordinária receita para transformar o país , hoje possuidor do mais elevado IDH da África e dos mais elevados no mundo árabe. Este exemplo se chocava com os interesses imperialistas. Preferiam que Kadafi fosse como a oligarquia que reina sobre a Arábia Saudita, a mais maquiavélica das ditaduras da região, sob a proteção da mídia comercial internacional, inclusive a Folha de São Paulo. E sem uma linha sequer da articulista que esboce qualquer reivindicação democrática para este país, cujo petróleo é rigorosamente controlado por empresas dos EUA. Portanto, rigorosamente diferente da Líbia, onde o petróleo foi estatizado permitindo uma elevação do padrão de vida do povo, com progressos reconhecidos internacionalmente nos serviços públicos e gratuitos de educação e saúde, com uma renda per capta e um salário mínimo que superam em muito os registrados no Brasil e na Argentina. Estas informações nunca circularam nem no fluxo internacional da mídia comandada pelos poderes do petróleo, das armas ou do dinheiro, muito menos aqui na submissa Folha de São Paulo.

Ao contrário desta linha editorial complacente com os crimes que se comentem contra os povos árabes, em particular contra o povo palestino, Telesur , em sua curta existência, pouco mais de 5 anos de vida, procura revelar, com critérios jornalísticos, a falsidade e hipocrisia dos discursos “democráticos” que servem sempre de parâmetros para as coberturas que tentam esconder sob o palavreado democrático, o objetivo fundamental que esta mídia cumpre: dar suporte e favorecer o controle total das riquezas energéticas do Oriente Médio pelos trustes imperialistas.

É por esta razão que a Folha de São Paulo tenta, inutilmente, atacar a Telesur, porque questiona e se diferencia do jornalismo obediente ao poder bélico-petroleiro que tantas vidas ceifa na região, inclusive na própria Líbia, tantas vezes bombardeada, agredida e boicotada pelos países membros da Otan. É a subserviência a esta política imperial que leva a Folha e sua articulista a afrontarem as políticas externas soberanas que os países do eixo sul-sul estão desenhando, com o objetivo de libertarem-se das algemas da OTAN, inclusive postulando a criação de uma Organização do Tratado do Atlântico Sul, proposta defendida por vários países sistematicamente enfrentados pela linha editorial da Folha, inclusive por Kadafi, certamente, uma das tantas razões que o leva a ter sido sempre condenado pelos imperialistas, pela ONU, pela OTAN. Vale lembrar que Kadafi teve sua residência destruída por um bombardeio ordenado por Bill Clinton, no qual morreu sua filha recém-nascida. A articulista escreveu algum protesto na época? Ou lamentou que a pontaria poderia ter sido mais certeira?

Hipocrisia editorial
Mubarai foi protegido e elogiado por este jornalismo tipo Folha de São Paulo - que, aliás, não chamava Pinochet de ditador, mas de presidente - porque comandou o retrocesso das conquistas socioeconômicas que o Egito havia alcançado durante a Era Nasser. Tal como aqui a Folha serve aos interesses estrangeiros e de seus prepostos internos que operaram para demolir as conquistas da Era Vargas; o elogio e a tolerância para com a ditadura de Mubarak deve-se ao fato dele desconstruir o nacionalismo revolucionário de Nasser, aliado da Líbia e da Síria, colocando o Egito na posição de ser um vergonhoso coadjuvante da macabra política israelense na região, a serviço da indústria petroleira imperial. Mas, os milhões de egípcios nas praças estão escrevendo outra história para aquele país!

Telesur conta esta história. Faz jornalismo para revelar o direito histórico da luta dos povos árabes por sua independência, por sua soberania. É por isso que incomoda tanto. É por isso que agressão da Folha não surpreende, faz parte da blitz midiática internacional que sustenta o intervencionismo militar dos grandes países imperialistas. Esta mídia atua como os clarins que anunciam e clamam pela guerra!

Independente do desfecho que esta crise na Líbia produzirá, a esta altura imprevisível, não há como não perceber a imensa hipocrisia jornalística dos que se calam diante dos sanguinários bombardeios que estão caindo agora mesmo sobre a população civil no Afeganistão, ilegalmente ocupado pelos EUA, ou no Iraque, onde mais de um milhão de vidas foram dizimadas a partir de uma guerra iniciada por meio de grosseiras falsificações de notícias sobre a existência de armas químicas naquele país, fraude jornalística que a Folha de São Paulo endossou, o que lhe retira qualquer moral, juntamente à assessoria que prestou à ditadura militar no Brasil, para reivindicar democracia ou clamar por direitos humanos.

Colônia petroleira
Provavelmente, a crise atual na Líbia tenha também explicação pelos erros cometidos pelo seu governo, entre eles, provavelmente o mais grave, o de ter realizado inesperados e improdutivos acordos com os EUA, com a Inglaterra, com o FMI, inclusive dando início a medidas de privatização injustificáveis e abrindo mão, unilateralmente, do programa de energia nuclear, bobagem que o Irã e o Brasil, mesmo sob pressão, indicam não estarem dispostos a cometer. As concessões de Kadafi aos patrocinadores da morte e de opressão contra os povos iraquiano, afegão, palestino, entre eles Bush e Blair, aprofundou, certamente, os conflitos internos, agravando as disputas tribais, facilitando a infiltração dos que nunca aceitaram a nacionalização do petróleo líbio. Agora, a Folha de São Paulo, que se crê tão moderna, apresenta-se aliada aos que levantam novamente a bandeira da Líbia do Rei Idris, demonstrando preferir operar para o retrocesso histórico da república à monarquia, o que faria da Líbia uma colônia petroleira controlada pelos conglomerados anglo-saxões.

Enquanto as grandes redes oligopólicas de tvs comerciais operam para justificar, auxiliar e assessorar a pilhagem dos recursos energéticos dos povos, - por isso assumiram editorialmente as mentiras que justificaram a guerra de rapina contra o Iraque - Telesur coloca seu jornalismo a serviço do direito dos povos de conhecerem na íntegra a versão objetiva dos fatos, inclusive dando voz aos povos que lutam, que buscam construir modelos de sociedade em que a soberania sobre seus recursos e o seu uso em benefício da população sejam sagrados. Telesur tem consciência de quão árdua é a meta de fazer um jornalismo não controlado pelos oligopólios da guerra, do dinheiro e do petróleo. Mas, desta meta não se afastará, pois foi como expressão dos povos que se rebelam na América Latina contra a dominação imperial que nasceu e que assumiu como bandeira o princípio “ O nosso Norte, é o Sul”

(*) Beto Almeida é membro da Junta Diretiva da Telesur

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Blog Leituras Favre

Blog Leituras Favre: "A cura pela leitura

Literatura: Um ramo tanto da biblioteconomia quanto da psicologia, a biblioterapia vem ganhando adeptos no Brasil.

AP
“La Lecture”, de Picasso: “Sabemos que o poder da boa literatura é profundo e transformador, mas não nos advogamos como médicos. Somos doutores de livros!”, ressalta a britânica Ella Berthoud


Mariane Morisawa | Para o Valor, de São Paulo

Um relacionamento que termina é sempre um motivo de tristeza ou de pausa para repensar a vida. Para superar a fase difícil, que tal um bom livro? “Flashman”, de George MacDonald Fraser, sobre um soldado britânico pouco recomendável, condecorado por heroísmo, pode distraí-lo de sua autopiedade. “Do Amor”, de Stendhal, pode auxiliá-lo a lidar com a melancolia, e “As Consolações da Filosofia”, de Alain de Botton, pode servir mesmo de consolo. Acabou de perder o emprego? Dureza, mas não se desespere! Uma boa pedida é rir com o conto “Bartleby”, de Herman Melville, sobre um empregado que recebe a solicitação para fazer uma coisa e diz preferir não fazer, mas estranhamente continua dia e noite no escritório. Já quem sofre pelo luto pode encontrar suporte em “Uma Comovente Obra de Espantoso Talento”, de Dave Eggers, baseado na história do próprio autor, que perdeu os pais jovem e precisou cuidar do irmão, ou “Metamorfoses”, de Ovídio, que descreve as transformações de todas as coisas, da vida à morte.

Essas são indicações genéricas de Ella Berthoud, da School of Life de Londres, fundada em 2008. Na prática, as “receitas” são individualizadas. O interessado pode marcar uma consulta pessoalmente, por telefone ou Skype. Depois de responder a um questionário sobre suas preferências literárias e conversar com a especialista, recebe uma lista de livros mais adequados às suas aflições. Usar literatura para ajudar a superar alguma dificuldade ou dor tem nome: biblioterapia. Desde a Antiguidade há relatos de prescrição de livros para enfrentar problemas cotidianos, mas só no século passado a prática ganhou esse nome e os primeiros estudos sobre seus benefícios, principalmente para doentes e presidiários. No Brasil, ela começa a ser difundida, com trabalhos principalmente em hospitais, ainda que não haja grupos fixos até o momento.

A biblioterapia pode ser um ramo tanto da biblioteconomia quanto da psicologia. A bibliotecária Clarice Fortkamp Caldin, autora de “Biblioterapia: um Cuidado com o Ser”, prefere fazer a distinção. “Biblioterapeuta é o psicanalista que se vale da leitura como uma das terapias, pois desenvolve a biblioterapia clínica com o intuito de cuidar das patologias psíquicas”, diz. “O bibliotecário, a seu turno, desenvolve a biblioterapia de desenvolvimento, quer dizer, cuida do ser na sua totalidade, sem fazer julgamento do que é ou não normal. Costumo chamá-lo de ‘aplicador da biblioterapia’. Não é um título tão charmoso quanto o primeiro, mas me parece mais justo.”

Clarice começou a se interessar pelo assunto quando percebeu que o bibliotecário estava muito preso às funções técnicas, esquecendo-se do lado humanista da profissão. Em 2001, defendeu dissertação sobre a leitura como função pedagógica, social e terapêutica. Depois, elaborou um curso de 80 horas na Universidade Federal de Santa Catarina. Na sua opinião, a eficácia vem da falta de cobranças. “O aplicador de biblioterapia não prescreve uma norma de conduta nem um remédio a ser tomado em horários determinados. Dela participa quem quiser, quem tiver vontade de escutar uma história”, afirma. “Essa história agirá no ouvinte do jeito que ele achar melhor ou mais conveniente naquele instante de sua vida. Será digerida lentamente, ficará na sua mente ou no seu subconsciente por tempo indeterminado e poderá ser retomada a qualquer momento.” E, como é grátis, não precisa ser interrompida se o dinheiro estiver curto.

Em sua experiência de quatro meses na ala pediátrica de um hospital em Santa Catarina, na qual se executou a biblioterapia por meio de leitura, contação, dramatização de histórias e brincadeiras, as crianças, segundo ela, esqueceram-se de que estavam em um hospital. Os familiares também se beneficiaram com o alívio do estresse. Num presídio feminino, as sessões de contos e poesias ajudaram as participantes a superar a sensação de impotência e a saudade dos maridos e filhos. Elas saíram do estado de prostração e chegaram até a escrever um jornalzinho interno.

Normalmente, a biblioterapia se dá em grupo. O aplicador seleciona o texto, faz a leitura, narração ou dramatização de uma história e aposta no envolvimento do público. Cuida, ainda, de permitir a liberdade de interpretação, propiciar o diálogo, a catarse, a identificação, a introspecção. “É bom frisar que para esse mister se presta a literatura, quer dizer, a ficção. Textos informativos ou didáticos não são considerados biblioterapêuticos, porque não produzem a explosão e apaziguamento das emoções [catarse], não permitem a identificação com as personagens [experiência vicária], nem induzem à introspecção [reflexão sobre como nosso comportamento afeta o outro].”

Os livros infantis são os geralmente utilizados por Lucélia Paiva, doutora em psicologia escolar e do desenvolvimento pela Universidade de São Paulo e autora da tese “A Arte de Falar da Morte: a Literatura Infantil como Recurso para Abordar a Morte com Crianças e Educadores”. Ela conta que descobriu o valor da biblioterapia intuitivamente. “Sentia que era mais fácil falar sobre certos temas com metáforas, de forma mais suave”, diz ela, que desenvolve trabalho voltado para pessoas em situações de crise e emergência, perdas e luto.

Lucélia começou a usar livros infantis para tratar de assuntos como a morte com seus sobrinhos. Mais tarde, conheceu o termo biblioterapia. Hoje, utiliza o mesmo gênero para adultos e crianças, em sessões em grupo ou individuais. “A Menina e o Pássaro Encantado”, de Rubem Alves, sobre uma garota que aprisiona uma ave numa gaiola por amá-la muito, serve para tratar de relações familiares ou conjugais e de luto. Já “Dona Saudade”, de Claudia Pessoa, ajuda a lidar com o luto e a saudade. “A Aids e Alguns Fantasmas no Diário de Rodrigo”, de Jonas Ribeiro e André Neves, auxilia na superação do estigma da doença.

As histórias, segundo ela, sempre precisam ter começo, meio e fim. “Não precisa ser final feliz, desde que exista uma solução. É ela que minimiza o sofrimento.” É preciso buscar o envolvimento do ouvinte, seja pela identificação com personagem ou história. “Se fizer eco, se fizer sentido, ele vai começar a ter um envolvimento emocional. A partir dessa catarse, pode identificar-se. E o desfecho daquele conflito do livro pode trazer para ele a possibilidade de desfecho de seus conflitos.” Ela afirma ter tido certeza de que dava certo quando soube que uma mãe enlutada tinha lido “Dona Saudade”, presenteada por uma amiga em comum, e espalhado o livro pelas outras pessoas afetadas pela perda de seu filho. Em outro caso, conseguiu, em sessão de psicoterapia, acessar até um trauma maior, fazendo uma senhora falar sobre o abuso sexual sofrido na infância.

Já os especialistas no ramo da biblioteconomia, ou aplicadores de biblioterapia, como descreve Clarice Fortkamp Caldin, deixam claro que a biblioterapia não é científica e não exclui os cuidados médicos. “Como arte, ela é criativa. Assim, o sujeito dela se vale para mitigar pequenos problemas pessoais. Cada um do seu jeito, usando a imaginação e de acordo com suas emoções”, diz ela. Para pessoas com problemas psicológicos sérios, pode ser auxiliar, sem ter a capacidade de cura. Mas dá seus resultados para quem embarca na viagem.

“Sabemos que o poder da boa literatura é profundo e transformador. Temos um feedback positivo de nossos clientes, que frequentemente voltam para mais sessões. Mas nós não nos advogamos como médicos. Somos doutores de livros!”, ressalta Ella Berthoud, da School of Life, que faz apenas atendimento individual. Para ela, funciona porque “você entra na cabeça de outra pessoa e vive outra vida por meio dos personagens do romance”. Essa experiência permite que se entenda melhor seus dilemas, se o livro for bem escolhido. “Você vê um personagem cometendo um erro e pode evitar fazer o mesmo. Outras vezes você vê os personagens superando as dificuldades, e isso dá a você, leitor, a resolução de resolver enfrentar a própria situação.” Fortalecido pela boa literatura ou por uma contação de histórias eficiente, ele tem a chance de estar mais apto a superar as dificuldades e os momentos de desânimo e de tristeza. Como se diz por aí, ler realmente faz bem, para a mente e para a alma.

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Blog de Ricardo Noblat: colunista do jornal O Globo com notícias sobre política direto de Brasília - Ricardo Noblat: O Globo

Blog de Ricardo Noblat: colunista do jornal O Globo com notícias sobre política direto de Brasília - Ricardo Noblat: O Globo: "Farsa

Maurício Dias, Carta Capital

José Serra pegou carona na situação da Líbia para espalhar, no Twitter, o terror político contra os adversários. Lula é o alvo. Foi transformado em amigo de Kaddafi, um ditador chamado outrora de “O louco de Trípoli”.

O reingresso de Serra no cenário, após a derrota eleitoral de 2010, tem sido um desastre. Teve um artigo e uma entrevista criticados, surpreendentemente, pelos seus próprios aliados. O ex-candidato tucano parece ter olvidado sua cálida recepção ao vice de Kaddafi, Ashamikh, quando governador de São Paulo.

Em 2009, entretanto, no governo de São Paulo, Serra recebeu amistosamente, como era devido, o vice-primeiro-ministro da Líbia. Imbarek Ashamikh anunciou a disposição do governo Kaddafi de investir no Brasil muitos milhões de dólares.

Esta é apenas mais uma prova de que Serra se desnorteou desde que, em campanha eleitoral no Rio, recebeu uma pancada na cabeça proveniente do impacto de uma bolinha de papel. A consequência percebe-se agora: a vítima sofreu traumatismo moral.

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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O inquérito do mensalão mineiro | Brasilianas.Org

O inquérito do mensalão mineiro | Brasilianas.Org: "O inquérito do mensalão mineiro
Enviado por luisnassif, sex, 25/02/2011 - 07:52
Por Stanley Burburinho

'Mais um integrante do alto escalão do antigo governo de Eduardo Azeredo (PSDB), atual deputado federal, informou ter recebido ordens para repassar recursos dos cofres estaduais à agência do empresário Marcos Valério, a SMP&B, responsável pela campanha pela reeleição de Azeredo em 1998.'

Novo depoimento põe em xeque Marcos Valério e Eduardo Azeredo no caso do 'mensalão mineiro'

Plantão | Publicada em 25/02/2011 às 00h08m

Thiago Herdy

BELO HORIZONTE - Mais um integrante do alto escalão do antigo governo de Eduardo Azeredo (PSDB), atual deputado federal, informou ter recebido ordens para repassar recursos dos cofres estaduais à agência do empresário Marcos Valério, a SMP&B, responsável pela campanha pela reeleição de Azeredo em 1998. O esquema foi denunciado pelo Ministério Público e ficou conhecido como 'mensalão mineiro'. Em depoimento à Justiça estadual nesta quinta-feira, o diretor jurídico da empresa pública Comig (atual Codemig), Jolcio Carvalho Pereira, disse ter recebido por intermédio do presidente da Comig carta oriunda da Secretaria de Comunicação (Secom) do governo determinando o repasse de R$ 1,5 milhão à agência de Valério, para o patrocínio ao Enduro da Independência, evento de motocross, às vésperas da eleição.

O Ministério Público acredita que o destino real dos recursos foi a campanha de Azeredo, e não a organização do evento, que teria custado muito mais barato. Em depoimento, Jolcio disse ter advertido outros dirigentes da Comig para a necessidade da proposta seguir todos os trâmites de praxe e análise do setor jurídico da empresa, o que não aconteceu.

_ A Secom alegou que tinha urgência. Na forma como foi feito, foi um caso excepcional - disse o diretor da empresa, que atualmente continua como integrante da diretoria da Codemig.

Além de Jolcio, o ex-presidente da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), Ruy Lage, já disse durante audiência ter recebido ordens por escrito por passar mais R$ 1,5 milhão da estatal para a SMP&B, apesar de a conta da empresa pertencer a outra agência de publicidade. As informações foram prestadas em depoimento à Justiça Federal em Minas na última semana, por meio de carta precatória do processo paralelo que corre no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o tema porque dois réus - os senadores Eduardo Azeredo e Clésio Andrade (PR) - têm foro privilegiado. Lage deveria ter prestado depoimento novamente nesta quinta à Justiça estadual, onde outros oito réus sem foro privilegiado respondem pelos crimes, mas não apareceu por motivos de saúde.

Nesta quinta, outras 12 testemunhas prestaram depoimento na 9ª Vara Criminal do Fórum Lafayette, em sessão que durou quase nove horas. O advogado Carlos Henrique Martins Teixeira obteve o direito de não prestar depoimento, por ter sido contratado por um dos réus no processo para defendê-lo em ação de cobrança na Justiça. Com a manobra, o depoimento que Teixeira havia prestado antes à Polícia Federal perdeu força no processo. Suas revelações chegaram a ser destacadas pelo ministro do STF, Cezar Peluso, como prova de que Azeredo tinha conhecimento da origem ilícita dos recursos empregados em sua campanha.

O Ministério Público avaliou que a falta do depoimento não trará grande prejuízo à tese que defende. Isso porque os promotores não apostam mais em grandes revelações de testemunhas e acusados, mas no poder de convencimento das perícias realizadas pela Polícia Federal para comprovar o desvio de recursos para a campanha.

O MP busca confirmar a realização dos serviços relacionados à eleição por pessoas que receberam recursos da SMP&B, caso das testemunhas Alfeu Aguiar, Leopoldo Oliveira, Roberto Gontijo e Otimar Ferreira Bicalho, que prestaram depoimentos nesta quinta-feira. Otimar, inclusive, disse ter ouvido de um dos coordenadores da campanha de Azeredo e réu no processo, Cláudio Mourão, que o partido estava com problemas para pagar fornecedores e, por isso, o vice-candidato Clésio Andrade buscaria um empréstimo junto a bancos mineiros.

Um dos parceiros da SMP&B na realização do Enduro da Independência, o empresário Helvécio Aparecido Ribeiro, afirmou em depoimento que, nos bastidores, o custo da realização do evento era estimado em cerca de R$ 400 mil. A SMP&B de Marcos Valério conseguiu R$ 3,5 milhões em patrocínio da Comig, Copasa e do Bemge a título de patrocínio, valor bem superior ao estimado nesta quinta.

A Justiça aguardará o cumprimento de cartas precatórias com depoimento de outras 10 testemunhas arroladas pelo Ministério Público. Somente depois disso serão convocadas as testemunhas de defesa dos réus e os próprios acusados. Por isso, não há qualquer estimativa de prazo para se chegar à sentença do processo.

Além de Marcos Valério, que não compareceu à audiência desta quinta, são réus o ex-ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia, o ex-secretário de estadual de Comunicação, Eduardo Guedes; o ex-presidente do Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge) José Afonso Bicalho; os ex-sócios de Valério nas agências de publicidade DNA e SMPB, Cristiano de Melo Paz e Ramon Hollerbach Cardoso; o ex-tesoureiro da campanha de Azeredo e ex-secretário de Administração, Cláudio Mourão; o ex-diretor da Copasa Fernando Moreira Soares; e os ex-diretores da Companhia Mineradora (Comig) - atual Codemig - Lauro Wilson de Lima Filho e Renato Caporali Cordeiro.

http://oglobo.globo.com/pais/mat/2011/02/25/novo-depoimento-poe-em-xeque...

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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Blog Limpinho e Cheiroso: Revista da Abril chama Chico Buarque de ‘moleque’ por defender Lula, Dilma, Chavez e Fidel

Blog Limpinho e Cheiroso: Revista da Abril chama Chico Buarque de ‘moleque’ por defender Lula, Dilma, Chavez e Fidel: "quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
Revista da Abril chama Chico Buarque de ‘moleque’ por defender Lula, Dilma, Chavez e Fidel
O Limpinho reproduz texto publi-cado no sítio Futepoca.

Depois do despropósito de enfiar uma foto de José Serra no encarte de um CD de Chico Buarque, a Editora Abril volta a fustigar o artista carioca. Chico está na capa da edição de fevereiro da revista Alfa Homem, o que me convenceu a comprá-la. O mote da reportagem, que visitou o entrevistado em seu apartamento no Leblon, no Rio de Janeiro, é sua volta à música: ele deve entrar em estúdio até abril, para gravar um novo álbum, depois do jejum imposto pela produção do (muito premiado) livro Leite derramado. Até aí, tudo bem. A materinha conta trivialidades curiosas, como o fato de hoje Chico só beber moderadamente, com uma tacinha de vinho ou de grappa (cachaça italiana) após o jantar, depois de livrar-se do consumo forte de álcool nos anos de 1980, ao ingerir ervas amazônicas do “bruxo” Lourival; e também sua paixão pelo futebol, que o levou, certa vez, a identificar-se como “um famoso jogador” no aeroporto de Paris. “E aquela caixa de violão na esteira?”, perguntou, cético, o funcionário. “É o disfarce para as minhas chuteiras”, respondeu o artista.

Porém, o texto de Regina Zappa guarda certo tom de “desagravo”, uma linha condutora que leva a crer que a reportagem louva Chico Buarque “apesar de alguma coisa”. E essa “alguma coisa”, lógico, é sua posição política. Chico se engajou publicamente na campanha de Dilma Rousseff, em 2010 (contra José Serra, o candidato da família Civita, proprietária da Editora Abril). E nunca deixou de defender Fidel Castro e as transformações em Cuba ou mesmo Hugo Chavez e os avanços sociais na Venezuela. Isso, para a revista Alfa Homem, é pecado. “[Chico] É amado, respeitado, invejado, celebrado – e odiado, muitas vezes, por causa de suas posições políticas de esquerda”, opina o texto de Regina Zappa. “Deixou claro, várias vezes, seu apreço a Lula e apoiou Dilma Rousseff durante a campanha. ‘Dilma é uma mulher corajosa’, declarou no programa eleitoral. Para o bem ou para o mal, nunca causou surpresa nessa área. Chico sempre foi de esquerda”, prossegue a matéria.

Mas o acusatório “para o bem ou para o mal” não foi suficiente. Os editores resolveram agregar um “desagravo” ainda mais contundente para o “hediondo defeito” de Chico Buarque. Escalaram um tal de Caco de Paula para escrever um breve – e inacreditável – textinho para ser agregado à reportagem, sob o singelo título de “Não chute o poeta”. Diz um trecho (o grifo é nosso): “Sua obra tem grande importância, independentemente de suas opiniões favoráveis aos dinossauros de Cuba e da Venezuela. Por crença pessoal, estilo, molecagem, necessidade de seguir contra a corrente, ou tudo isso junto, Chico se mantém fiel ao ideário romântico e utópico que em alguma esquina da história acabou fulanizado nas imagens patéticas de Fidel e Chavez”. E mais: “Chico tem o direito de expressar sua opinião sobre os ‘comandantes’ e pode perfeitamente ser criticado por quem os considera, estes sim, os verdadeiramente imperdoáveis” – como se Chico precisasse ser “perdoado”...

Tá, eu também tô careca de saber a posição política da Editora Abril e de suas publicações, de seu conservadorismo, fascismo ou o que seja. Basta dar uma olhada nas capas da Veja, não precisa nem abrir para ler. Mas dessa vez eles estão usando (repito: usando) alguém que não compartilha de suas opiniões, mas que é simplesmente Chico Buarque, para dizer que “sim, ele é legal, mas não devemos odiá-lo por apoiar essa corja esquerdista; você deve considerá-lo apenas um genial artista, mas, em política, é uma besta”. E, para fazer essa patifaria, eles vão até a casa do cidadão, partilham de sua privacidade e boa vontade, colocam sua cara na capa para vender mais revistas e, depois disso tudo, enxertam um textinho classificando de “molecagem” sua militância e postura política. Quando a gente acha que já viu de tudo, eles conseguem se superar. Ô, racinha, essa tucanada “iluminada”.

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Folha de S.Paulo - Receita cobra R$ 8 bilhões por remessas irregulares - 23/02/2011

Folha de S.Paulo - Receita cobra R$ 8 bilhões por remessas irregulares - 23/02/2011: "Receita cobra R$ 8 bilhões por remessas irregulares

Multas vêm de apurações sobre caso Banestado

FREDERICO VASCONCELOS
DE SÃO PAULO

Levantamento da Secretaria da Receita Federal revela que, até 31 de dezembro de 2010, foram feitas autuações fiscais de R$ 8,2 bilhões, atingindo contribuintes que movimentaram ilegalmente recursos no exterior em operações através do antigo Banestado. Foram realizados 1.938 procedimentos fiscais.
Trata-se de resultado das investigações realizadas de 2003 a 2006 pela Força-Tarefa do Banestado, o maior rastreamento internacional já realizado por Ministério Público Federal, Polícia Federal e Receita Federal.
A CPI do Banestado estimou que houve uma evasão de divisas de US$ 30 bilhões.
O total de autuações fiscais corresponde aos tributos federais lançados sobre o dinheiro rastreado no exterior, acrescidos de multas e juros.
Não inclui os valores bloqueados em ações penais por lavagem de dinheiro e crimes financeiros.
As autuações decorrem de compartilhamento de provas em inquérito policial autorizado pelo juiz federal Sergio Moro, da 2ª Vara Federal Criminal de Curitiba.
Envolve contribuintes identificados nas bases do Banestado/NY, Beacon Hill Service Corp., MTB-CBC/ HUB Merchants, Lespan, Safra, Israel Discount Bank, em Nova York, entre outras.
A lista dos contribuintes autuados por remessas ilegais é mantida em sigilo. Inclui empresários, políticos, pessoas jurídicas, profissionais liberais e doleiros que intermediaram as operações.
O montante das autuações da Receita reforça o entendimento de membros do Ministério Público Federal contrários ao projeto de anistia.
O relator da CPI do Banestado, deputado federal José Mentor (PT-SP), foi autor de proposta para conceder perdão fiscal e penal aos que enviaram dinheiro ilegalmente ao exterior e que concordassem em repatriar esses valores. Eles teriam uma alíquota reduzida de imposto.
As investigações do Banestado enfrentaram dificuldades no início, por falta de recursos. O processo sofreu com a lentidão do judiciário.
Em 2010, uma ação que condenara 14 agentes do Banestado corria o risco de prescrição (perda de prazo para punir). A Procuradoria-Geral da República levou um ano e três meses para opinar em recurso que tramitava no Superior Tribunal de Justiça.

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Blog Leituras Favre

Blog Leituras Favre: "“Dilma tem outro estilo, mas a mesma linha”

Entrevista: Carvalho diz que mínimo de R$ 545 será compensado com descontos a remédios de aposentados

Ruy Baron/Valor
Carvalho em seu gabinete: “O Guido – Mantega – conversa todo mês com empresários. Por que ele não pode conversar com o movimento sindical?”


Cristiano Romero e Paulo de Tarso Lyra | VALOR

Integrante do núcleo decisório do novo governo, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, informou que, depois de segurar a correção do salário mínimo, limitando-a à inflação do ano passado, o governo vai adotar uma política de valorização dos aposentados. A ideia é reduzir os custos de medicamentos para essa parcela da população, a exemplo do que já é feito nos remédios usados para doenças como hipertensão e diabetes. O governo pode, também, rever os valores das aposentadorias.

Carvalho reconheceu, nesta entrevista ao Valor, que o governo teve que conter a evolução do salário mínimo neste momento porque gastou muito nos últimos dois anos do governo Luiz Inácio Lula da Silva. “Todo mundo sabe que em 2009 e 2010 nós enfiamos o pé no acelerador para sair da crise. Desoneramos, estimulamos, fizemos concessões de toda sorte. 2011 se afigura como um ano em que você precisa controlar. A inflação está batendo na porta”, disse.

“Temos que mandar um sinal claro para a sociedade de que o governo não vai brincar com a economia, não vai aceitar a indexação, porque, no fundo, se tem um prejuízo grande para o trabalhador é a inflação”, acrescentou o ministro. Ele informou que, também por causa da preocupação com a inflação, o governo vai limitar a correção da tabela do Imposto de Renda (IR) a 4,5%. “Nossa resistência de ir além dos 4,5% é por isso. Se dermos 5%, 5,5%, estaremos projetando inflação superior à que estamos perseguindo.”

Responsável pela interlocução com os movimentos sociais, Carvalho disse que a ordem da presidente Dilma Rousseff é aprofundar o diálogo com as entidades que os representam, mas deixou claro que isso não ocorrerá se o MST invadir terras e prédios públicos. “Não vamos nunca ceder desse ponto de vista. As ações vão ocorrer, podem ocorrer, mas depois vai ter que ter recuo. Não somos aqui militantes. Isso aqui não é um partido, é um governo”, avisou. “A Dilma tem outro estilo, mas não tem outra linha. Vai ser diferente do Lula por causa disso: não vai ficar colocando chapeuzinho [das centrais ou do MST].”

Instalado no 4º andar do Palácio do Planalto, Carvalho confessa que sente falta do 3º andar, onde fica o gabinete da presidente e onde ele trabalhou, numa sala contígua à do presidente Lula, durante oito anos. “Eu estava acostumado a trabalhar mais na retaguarda, trabalhando muito, embora mais protegido e menos exposto”, compara.

Em sua espaçosa sala, avista a Praça dos Poderes. Numa mesa de canto, expõe o porta-retrato de padre Alfredinho, suíço que morou numa favela em Crateús (CE) e exerceu grande influência sobre ele. “Na minha juventude, estava num seminário e li um livro dele que contava essa história e mudou minha cabeça. Depois, fui também morar numa favela.”

Valor: Qual foi o papel que a presidente Dilma designou ao senhor?

Gilberto Carvalho: Ela teve uma conversa muito simples comigo. Disse: ‘Gilbertinho, preciso de você porque eu quero que alguém me traga a realidade dos movimentos sociais, as demandas, as carências, as crises, alguém que me sensibilize para esse sofrimento do povo, alguém que diga a verdade. Não quero ser enganada nunca’.

Valor: Na prática, o que significa isso?

Carvalho: Significa que cabe a mim fazer a ponte. Todo ministério tem diálogo com os movimentos sociais. Minha área não tem o monopólio desses contatos, mas é o lugar, digamos, onde se organiza esse diálogo. Começou com o salário mínimo, em que fiz reuniões com as centrais sindicais.

Valor: Central sindical se enquadra no conceito de movimento social?

Carvalho: Sim, as centrais são a ponta de lança, até pela nossa tradição de relação. Estão incluídos também os chamados movimentos populares, como o MST, os movimentos indígena, dos negros, de gays e lésbicas, enfim, todas as formas de organização da sociedade, além das ONGs e das igrejas.

Valor: Como vai se estabelecer essa ponte?

Carvalho: Vamos acompanhar todas as conferências. Ao longo de oito anos, o governo Lula fez 73 conferências temáticas. Queremos democratizar ainda mais essas conferências. O governo tem se apropriado bem das propostas. Algumas, como aquela dos direitos humanos, são polêmicas. O Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH), por exemplo, foi fruto de uma conferência.

Valor: Como evitar que o governo vete, no fim, um documento aprovado numa conferência, como ocorreu no caso da criação da Comissão da Verdade?

Carvalho: O problema do PNDH é que a conclusão da conferência foi transformada em decreto do presidente Lula. O governo absorveu na totalidade as propostas. Você não tem condição de colocar [no início da discussão] um filtro e dizer ‘olha, isso aqui não pode ser discutido’. A sociedade discute tudo e depois o governo é que vai dizer o que vai cumprir ou não.

Valor: Quais serão os canais de diálogo, além das conferências?

Carvalho: As mesas de negociação. Agora em março, por exemplo, vamos receber a pauta da Contag (Confederação dos Trabalhadores na Agricultura) por causa do ‘Grito da Terra’. Daqui a pouco, chega o MST com o ‘Abril Vermelho’. Depois, tem a ‘Marcha das Margaridas’, movimento das mulheres agricultoras. Há a questão dos servidores públicos, cujo debate é no Ministério do Planejamento, mas aqui eles têm uma interlocução. Além disso, estamos buscando não ficar apenas na espera.

“Todo mundo sabe que enfiamos o pé no acelerador para sair da crise. 2011 é o ano em que se deve controlar”

Valor: De que forma?

Carvalho: A ideia é estabelecer mesas permanentes de conversas.

Valor: Por exemplo?

Carvalho: O Guido [Mantega, ministro da Fazenda] conversa todo mês com os empresários. Por que ele não pode conversar com o movimento sindical? Vou tentar construir essa ponte. Vou chamar também os movimentos para discutir políticas nossas. Por exemplo: vamos fazer a desoneração da folha de pessoal. É importante chamar as centrais para conversar. Portanto, o plano é deixar o governo mais permeável a essa participação, a sugestões. É claro que, como ficou demonstrado agora na questão do salário mínimo, não tem conversa desse tipo sem tensão.

Valor: Durante a votação do salário mínimo no Congresso as centrais se juntaram à oposição para tentar derrotar o governo. Como o senhor explica esse fato?

Carvalho: É muito natural a tensão e a disputa entre governo e movimentos sociais. Não cabe aos movimentos serem cooptados por nós. Cabe a eles lutar, combater, porque eles trazem bandeiras que são históricas. Cabe ao governo receber essas demandas e tentar atendê-las no limite máximo, naquilo que julgamos prudente, responsável, ampliando os direitos sociais.

Valor: Por que não houve negociação no caso do salário mínimo?

Carvalho: Aí foi diferente. Não estávamos iniciando uma discussão. Tínhamos uma discussão já realizada. Então, para nós este ano não haveria discussão. Porque era um acordo [firmado em 2007] que julgamos como uma enorme vitória. Como houve essa circunstância em que o PIB de 2009 foi negativo e, na campanha eleitoral, o [José] Serra trouxe o debate dos R$ 600, isso provocou a retomada de um debate que já havia sido feito. Mas nós nos apressamos em dizer, desde a primeira conversa aqui, com o Nelson Barbosa [secretário-executivo do Ministério da Fazenda] e o Carlos Lupi [ministro do Trabalho], que o governo [sempre] negocia, mas que nesse caso não haveria negociação. ‘Querem discutir a correção do IR? Vamos discutir, mas o salário mínimo não está em discussão’.

Valor: O governo trocou uma coisa pela outra?

Carvalho: De forma alguma. O IR é outra frente de negociação. Dissemos às centrais que não havia razão para mudar a regra do mínimo. Por duas razões. Primeiro, eu disse a eles, ‘porque é uma conquista de vocês. Se a gente mudar agora, vocês estão nos autorizando no ano que vem, quando o aumento for de 12%, 13%, a rediscutir’. Este é o risco, inclusive desse questionamento que está se fazendo agora do decreto [que permite ao governo fixar anualmente o valor do mínimo sem passar novamente pelo Congresso].

Valor: Por que conter a evolução do mínimo?

Carvalho: Porque este é um ano muito especial. Todo mundo sabe que em 2009 e 2010 nós enfiamos o pé no acelerador para sair da crise. Desoneramos, estimulamos, fizemos concessões de toda sorte. 2011 se afigura como um ano em que você precisa controlar. A inflação está batendo na porta, tivemos que fazer um corte no orçamento que não é catastrófico, é um corte sobretudo de planos, projetos, mas é um corte importante. Temos que mandar um sinal claro para a sociedade de que o governo não vai brincar com a economia, não vai aceitar a indexação, porque, no fundo, se tem um prejuízo grande para o trabalhador é a inflação.

Valor: Por que as centrais sindicais, na sua avaliação, não aceitam essa tese?

Carvalho: Tem uma cultura nossa, que é a cultura sindicalista. Nunca esqueço de uma greve nossa, de 1979, em Curitiba, em que conseguimos 70% de aumento e, mesmo assim, não conseguimos repor a inflação naquele ano. Temos uma cultura de reivindicação que prioriza mais o índice do que propriamente a perda inflacionária. Depois, tem um problema: existem seis centrais sindicais e há uma disputa enorme entre elas para ver quem é mais combativa e quem não trai a sua base. A Força Sindical está dizendo agora que a CUT não foi combativa na questão do salário mínimo. É uma cultura que eu acho ruim, que deixa de cumprir um papel mais amplo, mais responsável. Não quero dizer que elas são irresponsáveis e admito que não podemos esperar das centrais uma conduta que não seja a de lutar pelos direitos dos trabalhadores porque, seja como for, é verdade também que o mínimo, criado pela Constituição de 1946, segundo o Dieese, deveria ser hoje de mais de R$ 2,3 mil. Há uma defasagem histórica. O problema é que você não vai repor isso da noite para o dia. Vamos fazendo uma política de valorização que corrige distorções, mas o país não aguentaria estabelecer um mínimo de R$ 2 mil. Seria uma completa loucura.

Valor: O presidente Lula unificou o movimento sindical em torno dele. O Ministério do Trabalho é comandado pelo PDT e pela Força Sindical, adversária histórica da CUT. O senhor teme dificuldades nessa relação nos próximos anos?

Carvalho: A unificação em torno do governo se fez no final do governo. Em 2006, o Paulinho [Paulo Pereira da Silva, deputado e presidente da Força] não fez campanha para o Lula. O apoio se deu depois de muita construção, muito convencimento, de uma política evidentemente muito favorável aos trabalhadores. Foi quase uma rendição. Eles não podiam ficar contra a base. Não vai ser diferente em relação à Dilma. O Lula epidermicamente tinha uma linguagem que ajudava muito, uma sedução. A Dilma tem outro estilo, mas não tem outra linha. A ordem no governo é para que haja diálogo. Vai ser diferente do Lula por causa disso: ela não vai ficar colocando chapeuzinho.

Não somos militantes; Dilma vai ser diferente do Lula porque não vai por chapeuzinho [das centrais ou do MST]

Valor: O senhor não teme um rompimento com a Força Sindical, por exemplo?

Carvalho: Conversei nesta mesa com o Paulinho no dia da votação do mínimo: ‘Quero combinar uma coisa com vocês: não vamos queimar pontes.’ O governo não tem prazer em vencer um aliado, que são as forças sindicais. É uma disputa que estamos achando correta dentro da nossa responsabilidade. Muitos temas ainda vão se colocar. Vencido o mínimo, vamos discutir o IR, depois outras questões, como os aposentados e a desoneração da folha. Não acho provável que haja uma ruptura, a menos que haja uma enorme crise e, se as bases estiverem descontentes com o governo, pode ocorrer. Mas ninguém ali queima nota de R$ 100. Se as bases acharem que o governo está certo, o dirigente sindical não vai fazer uma aventura de romper porque tem um monte de eleição sindical este ano.

Valor: No caso dos aposentados, o que vai ser discutido?

Carvalho: Uma política geral de valorização dos aposentados.

Valor: De que forma?

Carvalho: Vamos pensar a questão da Saúde. Uma das coisas que pesam no bolso dos aposentados é o preço dos medicamentos. Já temos uma linha de medicamentos para hipertensão e diabetes. Vamos avaliar para outras doenças.

Valor: Pode ter algo em relação ao valor do benefício?

Carvalho: Pode vir a ter, não vou dizer que não.

Valor: O ex-presidente Lula chamou as centrais de “oportunistas”, criticando-as por causa da posição delas em relação ao salário mínimo. Ele fez isso a pedido da presidente Dilma?

Carvalho: Não. Eu é que manifestei a ele, lá em Dacar, umas preocupações que a gente estava tendo.

Valor: Em relação a quê?

Carvalho: Eu disse a ele: ‘Estão tentando abrir uma cunha entre você e a Dilma, dizendo que no seu tempo tinha tudo e que com a Dilma não vai ter nada. E na imprensa já se tenta colocar que a Dilma é séria, responsável, e você era gastador’.

Valor: Como ele reagiu?

Carvalho: Ele respondeu: ‘Você tem toda a razão. Na primeira oportunidade eu vou dar uma dura porque esses caras [os sindicalistas] estão querendo jogar fora um acordo que eu fiz com eles. Não admito uma coisa dessas, foi difícil, nós costuramos, não estou entendendo’. Foi uma avaliação dele. E logo depois de conversa, ele deu aquela declaração.

Valor: Em quanto o governo admite corrigir a tabela do IR?

Carvalho: Já asseguramos 4,5%, que é o centro da meta de inflação. Votado o salário mínimo no Senado, vamos dar uma olhada no orçamento para ver se é possível ir além. É pouco provável. Se for 4,5%, eu não vou chamar as centrais para conversar à toa.

Valor: O senhor não teme que as regras de correção do salário mínimo e da tabela do IR dificultem o controle da inflação no Brasil, à medida que reintroduzem mecanismos de indexação da economia?

Carvalho: É evidente que tem que tomar cuidado. Nossa resistência no IR de ir além dos 4,5% é por isso. Se dermos 5%, 5,5%, estaremos projetando inflação superior à que estamos perseguindo. Mas sabemos que o salário mínimo tem uma prevalência da questão social. As centrais argumentam com razão que o sujeito, quando recebe um aumento salarial, vai para uma faixa superior e o Leão come quase tudo que ele ganhou. [A correção da tabela] é mais uma questão de justiça. E a gente aposta que a economia continuará crescendo 4,5%, 5%, então, a arrecadação de impostos não vai ser prejudicada. Agora, estamos muito de olho na coisa da inflação. Vamos ter uma política muito severa para impedir a volta da inflação.

Valor: A presidente deixou claro, durante a campanha, que o MST é um movimento aliado, mas que ela não permitirá ilegalidades, como invasões de prédios públicos nem fazendas produtivas. O que muda na relação com o MST?

Carvalho: Nada. O Lula tinha aquela bonomia toda, mas ele nunca aliviou. Vocês não imaginam quantas vezes o MST esteve aqui, invadindo prédios públicos e pedindo audiência com o presidente, e ele dizia: ‘Não, eu só converso depois que eles saírem’. Não vou enganar vocês dizendo que vamos passar quatro anos sem que o MST ocupe terras, isso é uma bobagem. Eles têm autonomia. Vamos tentar azeitar ao máximo o Incra, que tem uma estrutura muito difícil, enferrujada, muito desgastada. Vamos fazer um acordo para estimular muito a qualificação dos assentamentos, como as cooperativas. Agora, você tem um passivo de gente debaixo de lona.

Valor: O governo tem ideia de quantos estão nessa situação?

Carvalho: É difícil saber, mas esse número diminuiu muito a partir do emprego quase pleno que temos na economia no momento. Houve um tempo em que uma das grandes fontes do MST era o pessoal da periferia das grandes cidades, o que também trouxe muitos problemas para eles porque eram pessoas que iam para o campo sem ter vocação rural. Eles sabem. Não temos dúvida de que há ainda um passivo a ser coberto, de gente que precisa de terra, então, não é que não vai ter mais reforma agrária. Vai continuar tendo, mas vamos trabalhar fortemente na qualificação do assentamento porque a pior coisa que pode acontecer com o MST é um assentamento que vire uma favela rural.

Valor: Mas como o governo vai lidar com as invasões?

Carvalho: O que você não pode nunca imaginar é que vá haver criminalização do movimento neste governo. Não tem margem nenhuma para isso. Vamos tentar persuadir os companheiros de que é muito importante o diálogo. E, para dialogar com o governo, não podemos dialogar nos acumpliciando com a ilegalidade. Não vamos nunca ceder desse ponto de vista. As ações vão ocorrer, podem ocorrer, mas depois vai ter que ter recuo. Não somos aqui militantes, isso aqui não é um partido, isso aqui é um governo. Nem sempre você pode fazer o que gostaria. Tem que agir dentro dos parâmetros. A fala da presidente vai nessa linha.

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Blog Leituras Favre

Blog Leituras Favre: "Cientistas atacam texto de Rebelo na Câmara
O Estado de S.Paulo

Cientistas ligados à Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e à Academia Brasileira de Ciência (ABC) apresentaram ontem, na Câmara dos Deputados, argumentos contrários ao relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) para alterar o Código Florestal.

O texto proposto por Rebelo reduz, por exemplo, o tamanho da mata ciliar a ser preservada em margens de rio. Diminui de 30 metros para 15 metros a largura da faixa de mata que deve ser mantida em margens de rios com menos de 5 metros de largura. A proposta deve ser votada na segunda quinzena de março.

As matas ciliares, assim como topos de morros e encostas inclinadas, são Áreas de Preservação Permanente (APPs) e, como o nome diz, não podem ser desmatadas. Os pesquisadores afirmam que as dimensões previstas na lei atual ainda são insuficientes – portanto, reduzi-las seria um “gigantesco ônus para a sociedade como um todo”.

Segundo os cientistas, as APPs são “insubstituíveis” e importantes até mesmo para a produção agropecuária – promovem serviços ambientais como a polinização, o controle de pragas, de doenças e de espécies exóticas invasoras. As APPs também têm papel relevante na atenuação de cheias, na redução da erosão superficial, no condicionamento da qualidade da água e na manutenção de canais pela proteção de margens e redução do assoreamento, dizem eles.

Por tudo isso, essas áreas também são consideradas importantes para evitar tragédias como a que aconteceu neste ano na região serrana do Rio de Janeiro.

Para Carlos Nobre, climatologista e secretário no Ministério de Ciência e Tecnologia, o Código Florestal deveria incluir o “princípio da preservação da vida humana”.

Amanhã, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) lançará um hotsite para “esclarecer a população sobre a necessidade de atualização do Código Florestal”. A presidente da CNA, senadora Kátia Abreu (DEM-TO), afirma que, sem a aprovação do relatório de Rebelo, “o Brasil deixará de ter a melhor e mais barata comida do mundo e perderá seus superávits na balança comercial”.

Mas ela ressalta que a agropecuária brasileira tem potencial para “multiplicar a produção de alimentos sem derrubar mais nenhuma árvore”. “Não queremos desmatar. Só queremos regularizar a produção”, afirma ela, em sua página no Twitter. Mas, no ano passado, ela disse que considerava a reserva legal (área que varia de 20% a 80% nas propriedades rurais) inútil, com finalidade apenas paisagística.

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Carta Maior - Blog do Emir Sader - Os recursos para a saúde pública

Carta Maior - Blog do Emir Sader - Os recursos para a saúde pública: "Acredito que a CPMF é uma contribuição que deveria virar imposto e gradativamente ser aumentada para substituir outros impostos.É uma absurdo o povo pagar 20% ou mais de ICMS sobre alimentos, 42% sobre a energia elétrica (em MG) e outros impostos caríssimos que acaba saindo do bolso dos trabalhadores.
A raiva que alguns congressistas tem contra a CPMF é porque pela primeira vez, o narcotráfico, os tradicionais sonegadores e operadores de contas altíssimas tiveram que pagar impostos e não tinham como sonegar. Eles financiam sua eleição e eles os livra de ter que prestar explicação pela extensa verba manejada. Simples assim não é !

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Carta Maior - Blog do Emir Sader - Os recursos para a saúde pública

Carta Maior - Blog do Emir Sader - Os recursos para a saúde pública: "Os recursos para a saúde pública

Um governo que pretende reverter a brutalmente desigual distribuição de renda no Brasil, tem que ter na reforma tributária, socialmente progressiva, um instrumento insubstituível. A tributação é um meio fundamental para que a ação estatal se contraponha às tendências a concentração de renda do mercado.

Os recursos fundamentais do governo vêm da tributação que, no Brasil, tem um sistema extremamente injusto, que tributa mais aos que ganham menos e menos aos que ganham mais. Que privilegia os impostos indiretos em relação aos diretos.

A CPMF é um imposto direto, que cobra conforme o movimento de dinheiro, que não pode ser sonegado. Quando propôs a renovação da CPMF, na sua primeira versão, o governo não explicitava o destino dos recursos arrecadados, o que dificultou sua aprovação. Quando os campos de votação já estavam praticamente definidos, o governo apresentou a emenda segundo a qual a totalidade do arrecadado seria destinado para a saúde pública, mas já era tarde e a proposta foi derrotada.

Aquele que é talvez o tema mais agudo nas politicas sociais - extensão e a qualidade dos serviços de saúde publica – está desfinanciado, sem os recursos suficientes para garantir sua realização. É inevitável voltar ao tema, criar as condições favoráveis, mobilizando a massa da população – beneficiária direta de uma tributação esse tipo, que tem um profundo caráter redistributivo – para que o governo disponha dos recursos para dar o salto indispensável no atendimento da saúde da massa da população.

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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Homero Fonseca. “Beber é coisa de babaca”. Sensacional !!! | NO TOITIÇO.com – O Blog do Domingos Sávio

Homero Fonseca. “Beber é coisa de babaca”. Sensacional !!! | NO TOITIÇO.com – O Blog do Domingos Sávio:

"Cartaz de campanha internacional contra o alcoolismo Bebo, sim, não nego.
E já fiz muita merda sob os eflúvios etílicos: já brochei, briguei,falei toneladas de besteiras, discuti com mulher, perdi carteiras e documentos, chorei em público, dormi à mesa de bar, dirigi 250km bêbado em cima de uma moto numa rodovia, já acordei ‘n’ vezes sem lembrar nada da noite anterior.

Não me orgulho de nada disso.

Daí, venho maneirando há um bom tempo. Quase nunca bebo em bares, tomo um vinho com Iracema ao jantar duas ou três vezes por semana, uma ou duas vezes por mês arrisco uma cachacinha Sanhaçu com Alberto na pousada dele e de Telma aqui em Maragogi, não dirijo mais quando estou bebendo (só falhei nessa resolução uma vez e por pouco não fui apanhado numa blitz do bafômetro). Pretendo ser mais rígido nesse quesito.

E sabem por que? Porque o álcool, exceto tomado em doses mínimas, é um câncer social. Tô parecendo um pastor puritano? Não importa. Vamos aos fatos: leio hoje nos jornais relatório da Organização Mundial de Saúde revelando abre aspas que o álcool já mata mais no mundo que epidemias como a Aids, tuberculose, violência ou guerras fecha aspas. Releiam o trecho entre aspas aí em cima. Viram a gravidade da coisa? Além disso, o Brasil aparece em primeiro lugar no ‘ranking’ de alcoolismo no mundo, folgadamente, superando os russos e outros bebuns contumazes. Essa Taça aí, positivamente, não é motivo para soltar girândolas.

Antes do estudo, o primeiro em cinco anos sobre o consumo de bebidas, eu já vinha desconfiando dos malefícios sociais do álcool (os pessoais variam caso a caso e dependem da tomada de consciência de cada um).

As evidências, disponíveis nas páginas dos jornais diariamente: o número de brigas, rixas, ferimentos e mortes, assim como o de acidentes de trânsito, cresce exponencialmente todo final de semana em relação aos dias comuns, e mais ainda nos feriados e, sobretudo, feriadões. O motivo, cara pálida, é um só: aumento do consumo de álcool. Pois então como se explicaria que, justamente nos dias de menor circulação de pessoas e de diminuição do estresse cotidiano e, ainda, de muitos menos carros circulando nas ruas e estradas, aconteçam mais brigas e acidentes? Não é só hipótese: os registros dos prontos socorros e as notícias jornalísticas explicitam a presença sinistra do álcool nos cenários dos crimes e desastres automobilísticos.

Mas não é só: mesmo quando não mata por briga ou colisão, o álcool aleija um monte de gente, mutilando suas vidas e acarretando despesas enormes à rede pública de saúde, em forma de internamentos, cirurgias, medicamentos. O absenteísmo (sabe aquela segunda-feira que a ressaca inutiliza? Multiplique por milhões de dias, ao longo do ano…) reduz a produtividade no trabalho. Sem falar na previdência social, que arca com as aposentadorias precoces e pensões dos prejudicados. Mas todo mundo, toda a sociedade é prejudicada, pois a conta, camaradas, sai do bolso de todos em forma de impostos, mesmo quem seja abstêmio radical.

Companheiros agridem companheiras, casais se desmancham, filhos são espancados, lares abandonados, jovens se tornam traumatizados e revoltados quando um ou os dois cônjuges são alcoólatras. Não seis se já fizeram alguma correlação, mas creio que o crescente número de mulheres cabeças de casal, em especial e de forma cada vez mais freqüente nas camadas mais pobres, isto é, na maioria da população, tem a ver com o alcoolismo dos maridos. Isso não é discurso de aiatolá fundamentalista nem senhoras da Liga pela Temperança, é realidade.

Leio num saite médico: “O abuso do álcool e o alcoolismo estão entre os principais problemas da nossa sociedade. O álcool é uma droga como a heroína, a cocaína e o crack. Por que ? Porque vicia, altera o estado mental da pessoa que o utiliza, levando-a a atos insensatos, muitas vezes violentos. Pior, causa mais problemas à família e à sociedade. Infelizmente, faz parte da nossa cultura o seu uso.”

Aí está a questão: “faz parte da nossa cultura”, como o ópio em antigas civilizações asiáticas etc. Isso quer dizer que a droga, pior que a heroína, a cocaína, o crack etc., é aceita socialmente e estimulada. A maioria de nós já cresceu vendo um pai ou um tio bonachão bebendo; aniversários, casamentos, batizados, festas de natal, ano novo, são João são impensáveis sem que sejam regadas a álcool. O vício elemento essencial dos ritos de iniciação: bebi meu primeiro gole de cerveja (e achei horrível, amarga pra cacete!) aos 13 ou 14 anos, porque queria ser rapaz, ser aceito pelos garotos mais velhos e admirado pelas meninas. Sendo desajeitado pra requebrar, enchia a cara pra tirar as gatas pra dançar nos bailinhos de fins de semana. Quantos amigos são inaptos para engatar uma conversa descontraída ou produzir competentemente os passos da dança de sedução do sexo oposto (atenção damas: muitíssimas de vocês estão também nesse time!) sem um bom e largo (e repetido, quase sempre) trago?

E não suponham (talvez vocês já saibam, mas evitem pensar a respeito) que alcoólatra é só o papudinho de bochechas lustrosas e mãos trêmulas do botequim do subúrbio. Ou o morador de coberturas incapaz de botar a cara no mundo sem, antes, entornar uma dose da água que passarinho não bebe vinda diretamente da Escócia.
Não, meus caros. Segundo os especialistas, todos que bebam em excesso e pratiquem atos fora do ou contra o estado normal de consciência são alcoólatras (ou alcoólicos, como estão chamando mais comumente agora, mas o termo me parece sempre se referir a algo não humano, como “teor alcoólico”, por exemplo). Alguém aí coloca a carapuça? Eu coloco.

Quase nunca nos damos conta dessas verdades evidentes porque a coisa faz parte da cultura, isto é, estamos imersos nela.

Principalmente por um detalhe: o ato de beber, de tanto ser socialmente aceito, foi incorporado à nossa super-estrutura, isto é, está plenamente legitimado por lei, exceto para menores de idade. E o fato de estar legalizado torna o vício mais socialmente aceito e aí está formado o círculo vicioso, dificílimo de quebrar, ainda mais por vir reforçado por interesses econômicos poderosíssimos da indústria de bebidas e entretenimento em geral, pela condescendência dos governos que cobram altos impostos (mas que talvez gastem mais com os custos dos prejuízos citados no começo, alguém precisa fazer essa conta, cadê os economistas?). Reforçado, principalmente, pela formidável máquina publicitária, que gasta bilhões anualmente para nos convencer de que ser viciado em álcool é bom, charmoso e faz bem à saúde, além de estar sempre associado a sambistas e jogadores de futebol, ao lado de mulatas gostosíssimas rebolando seus bumbuns maravilhosos numa festa de espuma. Claro que aquela advertência obrigatória, exposta em letras miúdas nos anúncios impressos e ditos em voz não persuasiva pelos locutores de comerciais (“Beba com moderação”) não passa de hipocrisia, pois os fabricantes querem é que bebamos até cair e levantar para beber de novo, os governos enchem as burras com os impostos da engrenagem comercial-industrial envolvida e nós quase nunca estamos dispostos a parar após um ou dois goles.

“Fazem parte da cultura” as velhíssimas anedotas com o bebinho inofensivo, as tiradas babacas tipo “Deus protege os bêbados”, os milhares de saites chamados Fanáticos do Botequim, Loucos por Álcool, Confraria da Cachaça ou que tais, apresentando as mais constrangedoras e embaraçosas histórias e fotos como troféus. Olhem e vejam o ridículo dos flagrantes, ostentados despudoradamente como feitos esportivos.

Mas o fato, amigos, que me soa patético é ver gente inteligente se gabando do porre que tomou na véspera (quando isso deveria ser segredo de polícia), zombando de quem não é viciado (quando poderia ser o inverso, pois no fundo, quem precisa de metabolizante etílico para as mais prosaicas atividades somos todos dignos@ X lvez, de zombaria) e deixando de fazer um monte de coisas interessantes para jogar literalmente conversa fora nesses locais legalmente dedicados ao tráfico dessa droga lícita, tão cantada em prosa e verso por aí afora.

Não defendo a proibição do comércio de bebidas alcoólicas, claro, cujo resultado é o tráfico ilegal e seu rosário de crimes (vide Lei Seca americana da década de 20 e o caso da cocaína e crack no Rio e tantos lugares), mas o máximo de restrições à sua disponibilidade, acesso e propaganda, além de taxação fortíssima. E campanhas fortes dee conscientização para que o cidadão possa escolher entre ser um sensato sóbrio ou um babaca bêbado.Também estou descobrindo (com algum esforço, com algum esforço) ser possível conversar, dançar, trepar, torcer pela Seleção, dizer coisas interessantes, conhecer pessoas, falar em público, sem uma muleta etílica. Ou, pelo menos, buscando parar exatamente naquele momento crucial implícito na célebre frase de Humphrey Bogart (“A humanidade está duas doses abaixo do normal”).

Juntar quatro machos, numa mesa de bar, para falar de mulheres (quando melhor é estar com elas), discutir futebol (correndo o risco de perder um amigo) e, principalmente, gastar tempo e dinheiro pra nada, a não ser ir criando as condições para o desabrochar das cirroses, hepatites, gota e delirium tremens? Tô fora! E se me virem nessa situação num bar, me internem ou me carreguem para casa, porque estarei borratcho.

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Dilma na grande mídia: do “poste” à governante encantadora - Portal Vermelho

Dilma na grande mídia: do “poste” à governante encantadora - Portal Vermelho: "Dilma na grande mídia: do “poste” à governante encantadora
A mídia que tratou Dilma Rousseff como um poste durante o processo eleitoral enche a nova presidente de elogios, tenta apresentá-la como antagônica a Lula e cobra dela um programa de oposição, que foi fragorosamente derrotado ano passado. Para a imprensa de mercado, Dilma é comprometida com a austeridade e tem que resolver uma pesada herança deixada por Lula, “o gastador”

Por Mair Pena Neto, no Direto da Redação
Um leitor desavisado poderia achar que Lula saiu derrotado das últimas eleições e não que fez a sua sucessora, escolhida pessoalmente. Que Dilma não foi eleita para prosseguir as políticas dos últimos oito anos, principalmente dos quatro últimos, de redução das desigualdades e erradicação da miséria. Estes são os principais compromissos de Dilma, reiterados constantemente e que guiarão o seu governo.

Enquanto esteve à frente da Presidência, Lula acusou a herança maldita do governo Fernando Henrique Cardoso, que se evidenciava num crescimento econômico pífio (menos de 1% entre 1998 e 2002), endividamento externo aviltante, falta de reservas cambiais, inflação de dois dígitos, desemprego em alta, privatizações e Estado cada vez menor e mais fraco.

Lula, com o auxílio de Dilma, mudou inteiramente essa lógica e entregou a sua sucessora um país com crescimento médio de 4,2%, sem considerar o resultado de 2010, estimado em 7,5%; mudança de devedor para credor internacional, reservas internacionais de US$ 300 bilhões (FHC deixou o país com menos de US$ 40 bilhões), inflação dentro da meta, emprego em nível recorde e, principalmente, um papel mais ativo do Estado, responsável pela ascensão de mais de 30 milhões de brasileiros à classe média, o equivalente a quase uma Argentina.

Agora, a mídia tenta criar uma herança maldita que Lula teria deixado para Dilma, com aumento dos gastos públicos, e chega a invocar inflação e taxa de juros em alta como problemas. Os dois últimos argumentos nem mereceriam resposta. FHC entregou o país com a inflação em dois dígitos (12,53% pelo IPCA) e a taxa de juros em 27%, enquanto Dilma começa com a inflação dentro da meta (5,85%) e a Selic em 11%, depois de uma trajetória de queda no governo Lula que chegou a 8,75% em meados de 2009.

A questão dos gastos públicos é que merece discussão. O governo Lula não seguiu exclusivamente as regras de mercado, como seu antecessor e como aprecia a grande imprensa, e devolveu ao Estado um papel preponderante, não apenas nas questões econômicas, mas, sobretudo, nas políticas, incluindo a externa.

Lula aumentou os gastos para fazer políticas públicas, aquelas que causam ojeriza às elites, como o Bolsa-Família; para investir mais em educação, pesquisa, ciência e tecnologia (vide apoio maciço da comunidade acadêmica a seu governo e à candidatura Dilma) e para combater uma das maiores crises do capitalismo, que explodiu no fim de 2008 e afeta até hoje grandes economias, como a dos Estados Unidos e da Europa.

O governo Lula não aumentou impostos e desprezou o receituário dos analistas de mercado, os mesmos que sugerem agora a Obama que estenda o corte de US$ 1,1 trilhão no Orçamento à previdência e a programas de saúde para idosos e pobres. Para combater a crise, Lula obrigou os bancos públicos (política de Estado) a concederam crédito, fez desonerações tributárias e apostou no consumo, reduzindo o vagalhão que engolia o mundo à marolinha.

É lógico que isso tem custos e precisa ser revisto quando a situação melhora. O que Dilma herda não é uma situação desastrosa e inadministrável. Se fosse este o cenário que Lula tivesse encontrado quando assumiu o governo, em 2003, o Brasil certamente estaria muito melhor. Dilma foi parte importante do governo Lula, aprovou suas políticas e tende a aprofundá-las. O resto é tentativa de apresentar à população o que a presidente não é.

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Acelera e freia - cultura - Estadao.com.br

Acelera e freia - cultura - Estadao.com.br: "Luis Fernando Verissimo - O Estado de S.Paulo

Acontece muito na administração de clubes de futebol. Uma direção gastadora é seguida por uma direção austera, uma aceleradora por uma freadora, uma irresponsável - ou 'audaz' na sua própria avaliação - por uma realista. A gastadora gasta o que não tem, compra times de sonho e deixa o clube num buraco, do qual a austera precisa tirá-lo. Sacrifica-se então o futebol pela economia e a sensatez. O que geralmente não dá certo e leva a torcida a pedir audácia de novo, e outro acelerador na direção.

A analogia com o Brasil de Lula e de Dilma é quase perfeita. Como a torcida, no futebol, o povo se interessa por resultados, não por contas ajustadas. Os resultados vieram com Lula, as contas ficaram para Dilma. Os resultados foram evidentes - aumento do poder de consumo de quem antes não consumia, mobilidade social inédita, empregos em alta -, mas as contas pertencem àquele nebuloso mundo do longo prazo e da estabilidade estrutural, nada menos palpável. Os resultados explicam, em parte, a popularidade de Lula, que ainda crescia no fim do seu governo. Não se sabe como a austeridade afetará a opinião nacional sobre Dilma.

A analogia só não é perfeita porque os ciclos de aceleração e freadas de um clube de futebol afetam o humor passageiro da sua torcida enquanto a decisão de um governo de gastar mais ou menos mexe com a vida de uma nação inteira, e não apenas sua vida econômica. A opção de investir ou cortar é uma escolha ideológica do Estado, diferente da simples necessidade de evitar a falência ou desmoralização de um clube.

Num país que precisa crescer extraordinariamente a ortodoxia econômica pode ser uma distração. Um governo cuja prioridade declarada é eliminar a miséria do país não pode fazer isso usando uma contabilidade convencional, ou a calculadora do inimigo. Ou talvez a audácia da Dilma seja fechar o cofre e, ao mesmo tempo, contratar o Ronaldinho Gaúcho.

Ou talvez tenha havido um entendimento, um testa a testa, entre Lula e Dilma na transmissão do cargo.

Lula - Você pisa no freio, sai do governo em desgraça e eu volto em 2014 nos braços do povo para acelerar outra vez.

Dilma - Combinado!

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Após articulação, ministro da Saúde obtém vitória e amplia controle do setor - vida - Estadao.com.br

Após articulação, ministro da Saúde obtém vitória e amplia controle do setor - vida - Estadao.com.br: "O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, conseguiu ontem a primeira vitória de sua gestão. Depois de 40 dias de articulação, ele foi eleito por aclamação como presidente do Conselho Nacional de Saúde, colegiado encarregado de formular políticas e de fiscalizar a administração na área.
Andre Dusek/AE
Andre Dusek/AE
Estratégia. O ministro Alexandre Padilha participa da reunião em que foi eleito presidente do Conselho Nacional de Saúde

Mais do que a prerrogativa de chefiar o conselho, com a vitória Padilha torna mais distante um problema enfrentado por seu antecessor, José Gomes Temporão: a oposição constante a propostas por ele formuladas, além de críticas abertas contra a sua forma de gestão.

Desde o discurso de posse, Padilha mostrou estilo totalmente distinto. Enquanto Temporão procurou apontar problemas no conselho, o novo ministro garantiu que uma de suas principais missões seria garantir a representatividade do colegiado. 'Ali ele lançou sua candidatura', afirmou um dos integrantes do conselho, Arthur Custódio Sousa. Na plataforma, a principal proposta de Padilha foi a construção de consensos.

Embora tenha sido feita por aclamação, conselheiros sabiam que a escolha do ministro poderia passar um recado que há tempos eles querem evitar: o de perda do poder. A tradição sempre foi de a presidência do conselho ser assumida pelo ministro.

Essa espécie de tabu foi quebrada em 2006 com a eleição de Francisco Batista Júnior, representante dos trabalhadores da Saúde, para o posto. Júnior foi reeleito nos anos seguintes e, este ano, não apresentou candidatura - para alguns, já prevendo a difícil batalha que enfrentaria com o ministro-candidato.

Nesta semana, foi a vez de Padilha convencer a representante de usuários, Jurema Werneck, a retirar sua candidatura. Na véspera da eleição, ele teve uma longa conversa com a candidata e com demais representantes dos usuários. Hoje pela manhã, todos estavam convictos de que Jurema sairia da disputa. O único receio do grupo seria o de passar a imagem de que a desistência representaria um sinal de 'alinhamento' com o ministério.

Questionado, Padilha garantiu que o conselho continuará independente para fiscalizar. 'Não sou o primeiro ministro ou o primeiro gestor a se tornar presidente', rebateu. Integrantes sabem, no entanto, que agora será preciso um esforço maior para garantir a 'identidade' do colegiado.

Revisão. A representante da comunidade científica no conselho, Lígia Bahia, avalia que a vitória de Padilha vai exigir uma revisão da forma de atuação do colegiado. 'É preciso maior participação. Temos de reagir aos riscos de cair na discussão burocrática', defendeu. Mas ela acredita que o resultado de ontem pode trazer benefícios. 'A vitória não significa que Padilha tenha recebido um cheque em branco. O conselho não é do ministro. Temos de estar conscientes de que ele é do governo. Nosso papel de controle tem de ser mantido', explicou.

Lígia acredita, no entanto, que, passada a eleição, é preciso cobrar do ministro sua promessa de reforçar a representatividade do conselho. 'Que tal cobrar dele maior participação de outros atores do governo, de outros ministérios?'

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Blog de Ricardo Noblat: colunista do jornal O Globo com notícias sobre política direto de Brasília - Ricardo Noblat: O Globo

Blog de Ricardo Noblat: colunista do jornal O Globo com notícias sobre política direto de Brasília - Ricardo Noblat: O Globo: "CNS nas mãos de Padilha

Trabalhadores da Saúde comandavam órgão

O Globo

Numa disputa repleta de intrigas, o Ministério da Saúde retomou o comando do Conselho Nacional de Saúde (CNS), após quatro anos de uma relação conturbada com o órgão de controle social do SUS.

O ministro Alexandre Padilha vai comandar o órgão por um ano, mas com possibilidade de se manter à frente do conselho até o fim do governo Dilma.

O CNS é formado por 48 representantes de usuários, trabalhadores, gestores e prestadores de serviço, e toma resoluções que precisam ser homologadas pelo Ministério da Saúde.

Após negociação de bastidores, Padilha conseguiu desmobilizar os usuários do SUS, que na última hora retiraram a candidatura da conselheira Jurema Werneck. Só não conquistou os trabalhadores da Saúde, único grupo que se opôs publicamente à sua indicação.

Para ser eleito, Padilha disse que vai reformular integralmente a gestão do conselho, dando voz à diretoria colegiada, e que a 14ª Conferência Nacional de Saúde vai nortear a nova política de acesso e qualidade do SUS.

Os trabalhadores, no comando do CNS desde 2006, chegaram a preparar manifesto em que diriam que Padilha seria incapaz de, simultaneamente, formular e decidir políticas para o SUS e presidir o controle social, mas, no debate em plenário, os trabalhadores limitaram-se a defender que a presidência deveria ser comandada por 'uma organização da sociedade'.

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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Blog Leituras Favre

Blog Leituras Favre: "A oposição se desmancha
VINICIUS TORRES FREIRE – FOLHA SP


Individualismo rudimentar e mudança climática na política brasileira ameaçam existência de PSDB e de DEM

A AGONIA dos partidos de oposição é evidente desde 2010. Há tempos doentes de dengue programática e anorexia social, partidos como PSDB e DEM parecem agora ter se entregue à autoamputação.
Gilberto Kassab, prefeito de SP, pode causar hemorragia de um terço dos quadros do seu DEM, a caminho que está de algum outro partido, qualquer partido que lhe dê a legenda para o governo paulista em 2014 e boas relações com o petismo.
Caso se confirme a migração de Kassab, o DEM será um partido nanico, mas sem nacos de poder que alimentam os nanicos agregados ao petismo no poder.
José Serra talvez apenas ameace cortar braços e pernas de PSDB, dada a disputa que trava com Geraldo Alckmin e Aécio Neves, mas o fato mesmo de que sugira a cisão ilustra o baixo nível da discórdia tucana.
O desarranjo da oposição ficara evidente na derrota inglória de 2010, quando o PSDB fizera uma campanha desnorteada, sem programa, sem apelo ou base social e que descambava ora para a demagogia, ora populista ora direitista.
A desorientação tornou-se manifesta na conversa fiada da “refundação tucana”. Aécio e Alckmin passaram a procurar um verniz partidário mais adequado aos novos tempos de hegemonia petista. Deram de falar sobre a importância de “políticas sociais”, de se “aproximar” do “povo” e de sindicatos. Deram de pregar “oposição responsável” a Dilma, “cooperação” com o governo federal. Tudo isso é também um outro modo de fritar Serra, desafeto radical do petismo.
O motivo mais imediato da crise é o fato de que a coligação sudestina de PSDB-DEM tem quatro candidatos (Aécio, Alckmin, Serra e Kassab) para dois cargos em 2014 (governo paulista e presidente). Mas há mais. Kassab pensa em se bandear para um partido associado ao governo petista. Alckmin, como já se disse, é diplomático com Dilma Rousseff, e há mesmo setores do alckmismo ideológico que já se agregaram ao governismo, como Gabriel Chalita.
Há uma mudança climática na política, em parte resultado do sucesso do petismo-lulismo, do “desenvolvimentismo” e as várias derrotas ideológicas, políticas, eleitorais e morais de ideias ligadas à “modernização tucana”. Tais reveses erodiram a base ideológica do tucanato e encolheram ainda mais sua base social-eleitoral.
Há os defeitos intrínsecos da oposição. O PSDB era o partido de certa elite sulista, escovada em universidades americanas, gente mais ilustrada da finança, da grande empresa e parte da universidade “modernizante” e de representantes mais “modernos” de elites regionais.
Os quadros ideológicos se foram, para ganhar a vida no mercado. A base social organizada jamais existiu. A grande finança aceita conviver com o PT, desde que não barbarizem demais o Banco Central e as contas públicas. A grande empresa foi cativada com subsídios. Os quadros políticos restantes do PSDB, sem projeto coletivo, se matam em nome de suas carreiras individuais. O DEM era um resquício de eras passadas, apenas.
Se a mudança é duradoura, não se sabe. Mas o sucesso acidental ou não do petismo ameaça explodir os partidos de oposição. Caso a agonia termine em mortes, estaremos diante da maior mudança partidária em quase um quarto de século.

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