Padrões indicam como o Google controla as notícias
26/02/2013 na edição 735
Tradução: Rodrigo Neves, com edição de Leticia Nunes. Com informações de Ari Melber [“Patent Offers Clues on How Google Controls the News”, The Nation, 22/2/13]
Quase quinhentas mil pessoas pagam pelo acesso digital ao New York Times, um dos poucos jornais a atingir esse número de assinaturas. Enquanto isso, o agregador de notícias Google News, que seleciona principalmente conteúdo gratuito, atrai um bilhão de leitores toda semana.
A comparação é injusta, claro, assim como as economias do jornalismo. O Google extrai artigos de cerca de 50 mil fontes, os processa através de um algoritmo de computador patenteado (sem editores) e dá aos seus usuários o que eles pensam que querem. Antigamente, a ferramenta de busca funcionava com foco em reputação: os links mais “confiáveis” apareciam primeiro entre os resultados. No entanto, o foco mudou para valores sociais (o que seus amigos gostam) e velocidade (o que é novo). Por exemplo, buscar hoje por “Obama” ou “American Idol” no Google faz com que os resultados do Google News apareçam antes dos links oficiais do presidente ou do programa de TV. Isso é sutil para o internauta comum, mas é crucial para o Google, que atualmente se tornou uma das forças mais importantes do jornalismo.
No entanto, em um ambiente jornalístico em que alegações parciais são uma constante, o poder e as premissas do Google News atraem pouca atenção. Uma leitura da patente do Google para selecionar notícias pode ser instrutiva.
Indicadores de classificação
O site ComputerWorld encontrou a aplicação do Google para revisar seu algoritmo de computador para notícias e analisou o que a abordagem da empresa diz para o futuro do jornalismo:
“A aplicação oferece detalhes de mais de uma dúzia de indicadores que a empresa usou para classificar os artigos e notícias produzidos por outros sites. As decisões do Google afetam o que usuários leem, potencialmente moldando suas visões dos eventos jornalísticos. Os indicadores incluem: o número de textos produzidos por um jornal durante um período de tempo, o tamanho médio dos textos da fonte, a importância da cobertura das fontes de notícias nas últimas notícias, a opinião humana, as estatísticas de circulação e o tamanho da redação das fontes jornalísticas.”
Ainda que a abordagem do Google sempre recompense o conteúdo rápido e agregado em vez da reportagem original que a empresa canibaliza, a aplicação de patente ainda inclui indicadores detalhados que valorizam as fontes originais.
Mas o peso dos diferentes indicadores não é divulgado, já que o Google mantém o algoritmo completo em segredo. Desta forma, não é possível saber qual o verdadeiro valor dado às fontes originais. Segundo a aplicação, ainda existem outros indicadores que focam no valor social dado aos artigos por leitores ou outros sites. Assim, mesmo notícias obscuras ou não creditadas podem gozar das bênçãos do Google se outras fontes oferecerem links para elas. Neste jogo, a melhor defesa do Google é o ataque: se você não concorda com os principais resultados, não os culpe, culpe toda a internet.
A comparação é injusta, claro, assim como as economias do jornalismo. O Google extrai artigos de cerca de 50 mil fontes, os processa através de um algoritmo de computador patenteado (sem editores) e dá aos seus usuários o que eles pensam que querem. Antigamente, a ferramenta de busca funcionava com foco em reputação: os links mais “confiáveis” apareciam primeiro entre os resultados. No entanto, o foco mudou para valores sociais (o que seus amigos gostam) e velocidade (o que é novo). Por exemplo, buscar hoje por “Obama” ou “American Idol” no Google faz com que os resultados do Google News apareçam antes dos links oficiais do presidente ou do programa de TV. Isso é sutil para o internauta comum, mas é crucial para o Google, que atualmente se tornou uma das forças mais importantes do jornalismo.
No entanto, em um ambiente jornalístico em que alegações parciais são uma constante, o poder e as premissas do Google News atraem pouca atenção. Uma leitura da patente do Google para selecionar notícias pode ser instrutiva.
Indicadores de classificação
O site ComputerWorld encontrou a aplicação do Google para revisar seu algoritmo de computador para notícias e analisou o que a abordagem da empresa diz para o futuro do jornalismo:
“A aplicação oferece detalhes de mais de uma dúzia de indicadores que a empresa usou para classificar os artigos e notícias produzidos por outros sites. As decisões do Google afetam o que usuários leem, potencialmente moldando suas visões dos eventos jornalísticos. Os indicadores incluem: o número de textos produzidos por um jornal durante um período de tempo, o tamanho médio dos textos da fonte, a importância da cobertura das fontes de notícias nas últimas notícias, a opinião humana, as estatísticas de circulação e o tamanho da redação das fontes jornalísticas.”
Ainda que a abordagem do Google sempre recompense o conteúdo rápido e agregado em vez da reportagem original que a empresa canibaliza, a aplicação de patente ainda inclui indicadores detalhados que valorizam as fontes originais.
Mas o peso dos diferentes indicadores não é divulgado, já que o Google mantém o algoritmo completo em segredo. Desta forma, não é possível saber qual o verdadeiro valor dado às fontes originais. Segundo a aplicação, ainda existem outros indicadores que focam no valor social dado aos artigos por leitores ou outros sites. Assim, mesmo notícias obscuras ou não creditadas podem gozar das bênçãos do Google se outras fontes oferecerem links para elas. Neste jogo, a melhor defesa do Google é o ataque: se você não concorda com os principais resultados, não os culpe, culpe toda a internet.
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