domingo, 12 de abril de 2015

Manipulação da opinião pública através da mídia – segundo Chomsky | HypeScience

Manipulação da opinião pública através da mídia – segundo Chomsky | HypeScience



Manipulação da opinião pública através da mídia – segundo Chomsky


Linguista genial, filósofo desconcertante e ativista político no
mínimo polêmico, Avram Noam Chomsky, nascido em Filadélfia em 7 de
dezembro de 1928 tem seu nome associado à criação da gramática
ge(ne)rativa transformacional e evidentemente à célebre Hierarquia de
Chomsky, que versa sobre as propriedades matemáticas das linguagens
formais.








Além de seu premiadíssimo trabalho acadêmico, tanto como professor
quando pesquisador em linguística, Chomsky tornou-se muito conhecido
pela defesa de suas posições políticas de esquerda — descrevendo-se como
socialista libertário — bem como por seu corrosivo posicionamento de
crítico contumaz tanto da política norte-americana quanto de seu uso da
comunicação de massa para manipular a opinião pública.


Em uma de suas frases de efeito, Chomsky afirma que “a propaganda
representa para a democracia aquilo que o cacetete (ou repressão da
polícia política) significa para o estado totalitário”.


Em seu livro A Manipulação do Público, em coautoria com Edward S.
Herman, Chomsky aborda este tema com profundidade apresentando seu
modelo de propaganda dos meios de comunicação, documentado com
numerosos estudos de caso, extremamente detalhados.


Um viés social pode ser definido como inclinação ou tendência de uma
pessoa ou de um grupo de pessoas que infere julgamento e políticas
parciais e, portanto, injustas para uma sociedade tida como um sistema
social integral.


A abordagem de Chomsky explicita esse viés sistêmico dos meios de
comunicação, focado em causas econômicas e estruturais, e não como
fruto de uma eventual conspiração criada por algumas pessoas ou grupos
de pessoas contra a sociedade.


O modelo denuncia a existência de cinco filtros, gerados por esse
viés sistêmico, a que todas as notícias são submetidas antes da
publicação. Filtros, que combinados distorcem e deturpam as notícias
para o atendimento de seus fins essenciais.


1.o Filtro — PROPRIEDADE: A maioria dos principais meios de comunicação de massa pertence às grandes empresas.


2.o Filtro — FINANCIAMENTO: – Os principais meios de comunicação
obtêm a maior parte de sua renda, não de seus leitores, mas sim de
publicidade (que, claro, é paga pelas grandes empresas).


Como os meios de comunicação são, na verdade, empresas orientadas
para lucro, o modelo de Herman e Chomsky prevê que se deve esperar a
publicação apenas de notícias que reflitam os desejos, as expectativas e
os valores dessas empresas que os financiam.


3.° Filtro — FONTE: As principais informações são geradas por grandes
empresas e instituições. Consequentemente os meios de comunicação
dependem fortemente dessas entidades como fonte de informações para a
maior parte das notícias. Isto também cria um viés sistêmico contra a
sociedade.


4.° Filtro — PRESSÃO: A crítica realizada por vários grupos de
pressão que procuram as empresas dos meios de comunicação, atua como uma
espécie de chantagem velada, para que os grandes meios de comunicação
de massa jamais saiam de uma linha editorial consoante com seus
interesses, muitas vezes à revelia dos interesses de toda a sociedade.


5. Filtro — NORMATIVO: As normas da profissão de jornalista calcadas
nos conceitos comuns comungados por seus pares, muitas vezes
estabelece como prioritário a atenção ao prestígio da carreira do
profissional (proporcionalmente ao salário).


Prestígio esse obtido pela veiculação de determinada notícia, sempre
em detrimento do efeito danoso à sociedade oriundo da manipulação dos
fatos (por exemplo o sensacionalismo) com o objetivo de atender o
mercado ( e também, novamente proporcionar prestígio tanto ao
profissional quanto ao canal noticiante, como dito antes).


A análise de Chomsky descreve os meios de comunicação como um sistema
de propaganda descentralizado e não conspiratório, mas mesmo assim
extremamente poderoso.


Tal sistema é capaz de criar um consenso entre a elite da sociedade
sobre os assuntos de interesse público estruturando esse debate em uma
aparência de consentimento democrático que atendem aos interesses dessa
mesma elite. Isso ocorrendo sempre às custas da sociedade como um todo.


Para os autores o sistema de propaganda não é conspiratório porque as
pessoas que dele fazem parte não se juntam expressamente com o objetivo
de lesar a sociedade, mas, no entanto, é isso mesmo que acabam fazendo,
infelizmente.


Chomsky e Herman testaram seu modelo empiricamente tomando pares de
eventos que são objetivamente muito semelhantes entre si, exceto que um
deles se alinha aos interesses da elite econômica dominante, que se
consubstanciam no interesse das grandes empresas, e o outro não se
alinha.


Eles citam alguns de tais exemplos para mostrar que nos casos em que
um “inimigo oficial” da elite realiza “algo” (tal como o assassinato de
algum líder, por exemplo), a imprensa investiga intensivamente e devota
uma grande quantidade de tempo à cobertura dessa matéria.


Mas quando é o governo da elite ou o governo de um país aliado que
faz a mesma coisa (assassinato de um líder ou coisa ainda pior) a
imprensa minimiza e distorce a cobertura da história.


E ironicamente, tal prática é muito bem aplicada à maior parte dos
escritos políticos de Chomsky , que têm sido ignorados ou distorcidos
pelos detentores dos meios de comunicação mundiais.


Chomsky aponta também em seus estudos algumas estratégias usadas
pelos donos do poder para realizar uma verdadeira “manipulação mental”
feita através dos meios de comunicação, mas isso já é assunto para um
próximo artigo.




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