Investidores voltam a questionar controles financeiros - Mercado Financeiro - iG: "Investidores voltam a questionar controles financeiros
Episódio do Panamericano mostra que, apesar das evoluções, mercado ainda está exposto e tem brechas de governança e regulação
Aline Cury Zampieri, iG São Paulo | 10/11/2010 19:06
O rombo de R$ 2,5 bilhões do Panamericano trouxe de volta às mesas de operação uma pergunta antiga: como crises e problemas financeiros continuam ocorrendo, a despeito de todos os controles que vêm sendo adotados ao longo dos anos?
Os holofotes se voltam, novamente, ao papel das agências de risco e auditorias, criticadas por não sinalizarem aos investidores que um tsunami se avizinhava. Controles dos reguladores e governança corporativa também são questionados.
“O que assusta no caso do Panamericano são três questões: o tamanho, a recorrência e a efetividade dos controles”, diz Reginaldo Alexandre, presidente da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais em São Paulo (Apimec-SP).
O executivo lembra que, se for confirmada fraude no Panamericano, as operações seriam semelhantes às que geraram a quebra do Banco Nacional, em 1996. “Quando pensávamos que já tínhamos eliminado questões antigas, elas reaparecem”, diz. Entre os problemas encontrados no Nacional estava a maquiagem em renovações de operações de crédito.
“Não sabemos se o caso Panamericano é representativo do todo, mas que traz alguma desconfiança sobre controles, isso traz”, continua Alexandre. Para ele, o tamanho do rombo indica a possibilidade de falhas em várias instâncias da diretoria do banco e de órgãos externos, como conselho de administração, reguladores, auditores e agências de risco.
“Alguém deveria ter visto antes de o problema ser percebido pelo Banco Central”, afirma. Para ele, apesar de ter descoberto os problemas, o Banco Central deveria ter sido mais rápido.
Eliane Lustosa, coordenadora do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) no Rio de Janeiro, diz que o Brasil e o mundo estão avançando em questões regulatórias e que os mercados financeiros estão ficando cada vez mais “educados”, mas que o rombo do banco de Silvio Santos revela mais um buraco a ser trabalhado.
Ela lembra que, logo após a crise financeira de 2008, o IBGC reformulou sua cartilha de governança. Mas admite que muitas empresas brasileiras têm tratado o assunto como uma boa vitrine na teoria e se esquecem da prática. “É a tese do deixa que eu deixo. Em tese, tudo funciona, mas os comitês de auditoria não se reúnem, não têm atas, não há conselheiros realmente independentes nos quadros.”
“É preciso que as regras se casem com a responsabilidade dos executivos”, continua. “As diretorias precisam estar mais preocupadas com a prática do que com a teoria.”
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