O patriotismo como refúgio dos canalhas
Que ressaca cívica, senhoras e senhores.
O tipo da ressaca que não se cura com água de coco e muito menos suco de tomate.
Não adianta brigar com esse tipo de ressaca. É mais forte e destemida que a ressaca moral, como deu a pista o Paulo Mendes Campos.
É um sacode.
Mesmo assim, stop, paramos nós ou parou a passeata? Aí já estamos com Drummond, mas ainda em Minas Gerais.
Não parou nada. Assim como ninguém para o trem, o busão, o Penha/Lapa da história.
Há, porém, uma pergunta, igualmente drummondiana, na voz popularíssima de Paulo Diniz. Escute aqui.
E agora José, para onde?
Pergunto também ao pó das ruas, pergunto à poeira de Casa Amarela –agora saltamos para a voz rouca de Miguel Arraes, Recife, Pernambuco.
Deixo aqui apenas dois dedos de prosa, como quem rumina um capinzinho metafísico no canto da boca.
A rua soltou a voz, a polícia de SP soltou o lacrimogêneo e o fermento. De alguma forma, como disse a Cora Rónai n´O Globo, obrigado Alckmin.
O resto vocês já sabem.
Estávamos todos muito silenciosos. Agora, creio, os velhos políticos ouviram o recado até do Ipiranga.
Legítimo que as nossas vidas tenham padrão-Fifa. Eu também quero. E rápido.
Lutar contra a corrupção, oba, facílimo, pelo que sabemos até o Ali Babá levantava essa bandeira. Quero ver é na prática.
Essa masturbação sociológica toda, como dizia o Sérgio Motta, uma das minhas melhores fontes jornalísticas ao lado do PC Farias, para adentrar o gramado com outro assunto.
Este sim me preocupa:
O patriotismo é o último refúgio do canalha, disse um certo Dr. Johnson, pensador inglês. A sentença também é atribuía ao gênio Nelson Rodrigues.
Mas o melhor da frase é o uso que o Millôr Fernandes, filósofo do Meier, fez da mesma:
“O patriotismo é o último refúgio do canalha. No Brasil, é o primeiro”.
A face mais estranha da onda de protestos tem sido o patriotismo/nacionalismo dos últimos dias, esse gesto de pendor inicialmente tão bacana e historicamente tão fascista.
Nunca vi tanto patriota, dentro e fora das tais arenas.
O amor à pátria acima do bem e do mal? Tô fuera. Neste sentido me sinto um verdadeiro cavalo paraguaio.
Se fosse só o amor à pátria em chuteiras, aqui já voltando ao velho tio Nelson, vá lá… Se bem que misturar futebol e pátria -como faz o próprio governo federal ao se apropriar do conceito rodriguiano- também não é grande coisa.
Tenho um certo medo daquelas criaturas exageradamente patriotas. Por trás dessa bandeira, costuma rolar o vale tudo, a intolerância, o incontrolável sururu na área.
Sou tão filho teu quanto qualquer um outro, querida pátria envelhecida em barris de bálsamo, mas fujo de uma luta burra facim facim, pela porta dos fundos. Afinal de contas, o que nós queremos, Mário Alberto?, como perguntou hoje o botafoguense Arthur Dapieve.
Não sou ordem nem sou progresso, sou da turma do amorzinho gostoso. Na rua ou entre as quatro paredes.
O tipo da ressaca que não se cura com água de coco e muito menos suco de tomate.
Não adianta brigar com esse tipo de ressaca. É mais forte e destemida que a ressaca moral, como deu a pista o Paulo Mendes Campos.
É um sacode.
Mesmo assim, stop, paramos nós ou parou a passeata? Aí já estamos com Drummond, mas ainda em Minas Gerais.
Não parou nada. Assim como ninguém para o trem, o busão, o Penha/Lapa da história.
Há, porém, uma pergunta, igualmente drummondiana, na voz popularíssima de Paulo Diniz. Escute aqui.
E agora José, para onde?
Pergunto também ao pó das ruas, pergunto à poeira de Casa Amarela –agora saltamos para a voz rouca de Miguel Arraes, Recife, Pernambuco.
Deixo aqui apenas dois dedos de prosa, como quem rumina um capinzinho metafísico no canto da boca.
A rua soltou a voz, a polícia de SP soltou o lacrimogêneo e o fermento. De alguma forma, como disse a Cora Rónai n´O Globo, obrigado Alckmin.
O resto vocês já sabem.
Estávamos todos muito silenciosos. Agora, creio, os velhos políticos ouviram o recado até do Ipiranga.
Legítimo que as nossas vidas tenham padrão-Fifa. Eu também quero. E rápido.
Lutar contra a corrupção, oba, facílimo, pelo que sabemos até o Ali Babá levantava essa bandeira. Quero ver é na prática.
Essa masturbação sociológica toda, como dizia o Sérgio Motta, uma das minhas melhores fontes jornalísticas ao lado do PC Farias, para adentrar o gramado com outro assunto.
Este sim me preocupa:
O patriotismo é o último refúgio do canalha, disse um certo Dr. Johnson, pensador inglês. A sentença também é atribuía ao gênio Nelson Rodrigues.
Mas o melhor da frase é o uso que o Millôr Fernandes, filósofo do Meier, fez da mesma:
“O patriotismo é o último refúgio do canalha. No Brasil, é o primeiro”.
A face mais estranha da onda de protestos tem sido o patriotismo/nacionalismo dos últimos dias, esse gesto de pendor inicialmente tão bacana e historicamente tão fascista.
Nunca vi tanto patriota, dentro e fora das tais arenas.
O amor à pátria acima do bem e do mal? Tô fuera. Neste sentido me sinto um verdadeiro cavalo paraguaio.
Se fosse só o amor à pátria em chuteiras, aqui já voltando ao velho tio Nelson, vá lá… Se bem que misturar futebol e pátria -como faz o próprio governo federal ao se apropriar do conceito rodriguiano- também não é grande coisa.
Tenho um certo medo daquelas criaturas exageradamente patriotas. Por trás dessa bandeira, costuma rolar o vale tudo, a intolerância, o incontrolável sururu na área.
Sou tão filho teu quanto qualquer um outro, querida pátria envelhecida em barris de bálsamo, mas fujo de uma luta burra facim facim, pela porta dos fundos. Afinal de contas, o que nós queremos, Mário Alberto?, como perguntou hoje o botafoguense Arthur Dapieve.
Não sou ordem nem sou progresso, sou da turma do amorzinho gostoso. Na rua ou entre as quatro paredes.
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