Matéria da Rede Globo distorce Operação Zelotes
descaradamente” ao informar que a Zelotes seja uma operação para
investigar compra e venda de Medidas Provisórias para o setor
automobilístico
Da Agência PT
Edição dos telejornais da Rede Globo sobre a Zelotes é criminosa, denuncia Pimenta
O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) denunciou hoje (27) a
manipulação da imprensa brasileira na cobertura da Operação Zelotes,
deflagrada pelo Ministério Público Federal e a Polícia Federal. De
acordo com Pimenta, que é relator da subcomissão na Câmara dos Deputados
que apura o escândalo de corrupção no Conselho Administrativo de
Recursos Fiscais da Receita Federal (Carf), a Rede Globo “mentiu
descaradamente” ao informar que a Zelotes seja uma operação para
investigar compra e venda de Medidas Provisórias para o setor
automobilístico.
“A edição dos telejornais da Rede Globo foi criminosa”, protestou
Pimenta. “Estão forçando a barra para dizer que houve pagamento a uma
empresa do filho do Lula, mas se esquecem de um detalhe importante: a MP
471 foi editada em 2009, e empresa do filho do Lula só foi criada em
2011. E não dá para vincular a MP a contrato que só iria ocorrer em 2014
e um pagamento realizado em 2015, seis anos depois. Não faz sentido
relacionar o contrato do filho do Lula com a MP”, afirmou Pimenta.
O parlamentar explicou que a Operação Zelotes foi deflagrada em março
de 2015 para apurar um esquema criminoso de sonegação fiscal que
provocou prejuízo aos cofres públicos da ordem de R$ 21 bilhões, um dos
mais escandalosos casos de corrupção da história do País. O esquema para
reduzir valor de multas envolve conselheiros do Carf e grandes
empresas, a maior parte delas anunciantes da mídia brasileira. E entre
as empresas há uma do setor de comunicação, a RBS, afiliada da própria
Rede Globo e que é acusada de praticar corrupção.
Pimenta lembrou que a Zelotes, desde que foi deflagrada, sempre foi
escondida pelos jornais brasileiros, já que é um escândalo que envolve,
justamente, o poder econômico que a mídia atua para proteger. Agora,
“criaram essa história sem pé nem cabeça para atingir o ex-presidente
Lula na véspera do seu aniversário”, observou o deputado. Ontem (26), a
Polícia Federal realizou busca e apreensão no escritório da empresa LFT
Marketing Esportivo, de propriedade de Luis Cláudio Lula da Silva, filho
de Lula.
O deputado Pimenta desmontou o factoide midiático expondo as
fragilidades da cobertura da imprensa. “Se alguém comprou, como dizem os
jornais, é por que alguém vendeu? Mas quem? Isso não está no jornal,
não está no inquérito, não está no despacho da juíza, não está na CPI,
não está em lugar nenhum”, lembrou Pimenta.
“Medida Provisória não nasce da cabeça do presidente. Aliás, nenhuma
política pública nasce sem um bom debate, sem muitas discussões.
Governadores, deputados, empresários, sindicalistas. Todos os
interessados conversam nos ministérios, na Casa Civil, na Fazenda. E
muitas vezes contratam escritórios para defender seus interesses. É
assim em qualquer governo democrático. E depois tem o Congresso, que
pode modificar e acrescentar”, esclareceu Pimenta.
A MP 471 prorrogou incentivos fiscais para a indústria automotiva no
Nordeste, Norte e Centro-Oeste. Na época, a medida era uma reivindicação
forte dos estados, para gerar empregos, arrecadação e fortalecer o
desenvolvimento regional. E não era nenhuma invenção: a MP apenas
prorrogava o prazo de vigência de uma Lei de 1999, do governo do PSDB.
A MP 471 teve como relatores parlamentares da oposição na Câmara e no
Senado e foi aprovada com voto unânime, por acordo de líderes do
governo e da oposição, sem nenhuma emenda ou alteração. “Então
compararam o Congresso inteiro? Governo e oposição?”, questionou
Pimenta. “Esse episódio combina ignorância sobre como funciona uma
democracia com a má-fé da imprensa que promove uma desleal, autoritária e
vergonhosa perseguição política ao ex-presidente Lula”, disse o
deputado petista.
Pimenta destaca ainda que “estranhamente” e de forma “privilegiada” a
imprensa teve acesso aos documentos da 4ª fase da Operação Zelotes,
enquanto aos advogados de defesa de Luís Cláudio Lula da Silva o acesso
aos autos foi negado.
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