Moro, Toffoli, o Ministério Público e os cidadãos de segunda classe. Por Kiko Nogueira
Se havia alguma dúvida acerca da imparcialidade da Lava Jato, um despacho de Sérgio Moro pedindo a retirada de uma expressão acaba com ela.
Moro recebeu um relatório sobre a quebra de sigilo telefônico de Maurício Bumlai, filho do pecuarista José Carlos Bumlai.
Depois de ter acesso à agenda de um celular apreendido, a Polícia Federal encontrou contatos de autoridades e concluiu que a família “tinha influência no PT”.
“A influência não era somente em agentes políticos da administração pública, mas também na Suprema Corte, na pessoa do ministro Toffoli”, diz o documento da PF.
Moro agiu celere e duramente com o delegado Filipe Hille Pace. Escreveu:
Assim, o relatório, sem base qualquer, contém afirmação leviana e que, por evidente, deve ser evitada em análises policiais que devem se resumir aos fatos constatados.
Portanto, intime-se a autoridade policial com urgência (por telefone) para, em três dias, refazer o referido relatório, retirando dele conclusões que não tenham base fática e esclarecendo o ocorrido.
Agiu corretamente. O fato de alguém ter o número de uma pessoa em seu telefone não significa nada, a princípio. Pace admitiu, mais tarde, que houve “erro material” e que é “faticamente e probatoriamente impossível” provar essa suposta influência.
Então por que falou isso?
Filipe Pace é o mesmo que afirmou que o nome de Lula constava de uma “planilha de propina” da Odebrecht escondido sob o apelido de “Amigo”.
Foi em outubro. Até o presente momento, Moro ainda não se manifestou. Não espere sentado.
Em mais uma prova de que, no Brasil, alguns cidadãos são mais iguais do que outros, o relator das “10 Medidas de Combate à Corrupção” na Câmara, Onyx Lorenzoni, do DEM, recuou da inclusão da possibilidade de processar juízes, promotores e procuradores por crime de responsabilidade.
Lorenzoni foi pressionado por magistrados e integrantes do Ministério Público. Deu para trás após uma reunião com o coordenador da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dalagnol, entre outros.
A reclamação era de que o relatório “cerceava e constrangia” os investigadores. Um vídeo do movimento de direita “Vem Pra Rua” circulou essa semana com essa tese.
Talvez seja mais simples legalizarmos o sistema de castas para poupar o trabalho dessa gente boa e empenhada em salvar o país.
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