terça-feira, 13 de março de 2018

Lava Jato não chegará no Judiciário, diz Eliana Calmon

Lava Jato não chegará no Judiciário, diz Eliana Calmon


Frederico Vasconcelos - FSP
A ex-corregedora nacional de Justiça, ministra aposentada Eliana Calmon, diz que a Lava Jato não chegará no Judiciário, pois os advogados dos colaboradores impedem que os delatores falem de magistrados.
Ao que tudo indica, ela reviu a previsão que fez, em 2017, de que a Lava Jato, por uma questão estratégica, pegaria o Judiciário num segundo momento.
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Eis trecho da entrevista que ela concedeu na semana passada à TV Migalhas, durante a 16a. Conferência da Advocacia Mineira, em Juiz de Fora (MG):
“Ela [a Lava Jato] é efetiva, acho que não vai chegar no Poder Judiciário. Eu já estive conversando com os integrantes da força-tarefa.
O que eles dizem é o seguinte: os próprios advogados dos colaboradores não querem que os seus clientes falem sobre os juízes.
Porque, fala sobre os juízes, os juízes ficam e os advogados se inutilizam, porque o juiz nunca mais perdoa.
Existe o espírito de corpo. O advogado não quer que haja denúncia. Sem a denúncia, fica muito difícil”.
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Eis trecho de entrevista que a ex-corregedora concedeu ao editor deste Blog em abril de 2017:
No meu entendimento, a Lava Jato tomou uma posição política. É minha opinião pessoal. Ou seja, pegou o Executivo, o Legislativo e o poder econômico, preservando o Judiciário, para não enfraquecer esse Poder.
Entendo que a Lava Jato pegará o Judiciário, mas só numa fase posterior, porque muita coisa virá à tona. Inclusive, essa falta tem levado a muita corrupção mesmo. Tem muita coisa no meio do caminho. Mas por uma questão estratégica, vão deixar para depois”.
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Um ano depois, Eliana volta a afirmar que “é muito difícil punir juiz”.
“Eu era magistrada de carreira, era uma ministra, estava na corregedoria, eu sofri horrores. Para fazer uma investigação financeira de desembargador quase fui crucificada”.
Ela narrou que, durante as inspeções, pedia aos juízes cópia da declaração de Imposto de Renda:
– “Cadê o imposto de renda?”.
– “Ah, aqui a gente não entrega, não”.
– “Mas precisa entregar. Tem 48 horas para entregar o imposto de renda”.
Como um auditor da Receita Federal acompanhava as inspeções, havia consulta imediata. Quando ela identificava patrimônio a descoberto, dava o prazo de 10 dias para o juiz explicar a origem dos recursos.
Ela conclui a entrevista ao site de advogados, exemplificando a resistência de membros do Conselho Nacional de Justiça para ir além nas investigações.
De vez em quando, algum juiz oferecia alegações insustentáveis.
“Casou com mulher rica, tirou na loteria, qualquer outra coisa. Não, não explicava.
Ora, o que não se explica no patrimônio vem de onde? Caiu do céu? Vamos investigar.
Sabe o que é que meus colegas do CNJ diziam? ‘É inconstitucional investigar juiz’. Pronto”.

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