domingo, 4 de março de 2018

Relembrando, por RPV

Relembrando, por RPV 

 no blog do Nassif


A Dilma, aliás como grande parte do PT, particularmente seus quadros oriundos da classe média, apesar de iniciar sua trajetória política no PDT de Brizola, tem um ranço udenista. Ou seja, um discurso moralista. Trata-se de uma estratégia de auto-afirmação: "não sou rico, mas sou honesto. O que tenho ganhei com meu esforço e por meus méritos". Não vou entrar no julgamento moral dessa afirmação.
Assim, a Dilma dizia: "não vai sobrar pedra sobre pedra". Pensava ela: "eu sou honesta, não cometi crime, pode vir prender todo mundo. Eu acho até bom. Assim, me livra de um bocado de corrupto com os quais sou obrigada a dialogar."
Ah, tem um candidato que tem um discurso igualzinho, não vou citar para não aumentar a cizânia no time dos nacionalistas democratas. Além disso, também queria observar que não se trata aqui de um julgamento moral das pessoas, mas uma leitura da realidade. Do pondo de vista moral, considero a Dilma é uma das mulheres mais íntegras, corajosas e tecnicamente competentes do Brasil. O nosso amigo, também considero íntegro e tecnicamente competente. Fecha o parêntese.
É, realmente, não sobrou pedra sobre pedra, e não foi só da esquerda e da direita, mas da democracia brasileira e, consequentemente, do próprio país que está sendo vendido a preço de banana - como republiqueta. Claro, como esse pessoal não é amador, quem está sendo condenado, preso ou respondendo processo são os principais quadros e lideranças do PT, pois nenhum quadro ou liderança do PSDB foi sequer julgado. E dá-lhe rigor e boa técnica jurídica. Republicanismo na veia.
Reparem o preço que o país paga pelo ingênuo moralismo da classe média. Nesse caso, até os juízes e promotores são vítimas dessa sua condição de classe médíocre, sic. Afinal, eles não passam de serviçais do grande capital financeiro nacional e internacional, e se acham salvadores da pátria, pessoas de bem, lutadores pela moral e os bons constumes, etc. Porém, vivem assustados nas ruas com tanta violência que ajudam a alimentar. Seus filhos não podem sair a noite tranquilos.
O que a classe média feita de imbecil (JS) não percebe é que a realidade político-econômica é uma luta entre FORTES e FRACOS, não entre bonzinhos competentes e corruptos safados. E os fortes, são as grandes potências, grandes multinacionais estrangeiras, Globo, o capital financeiro nacional e internacional. Essa é a realidade da luta política. Renan, Jáder, empreiteiras (em especial Odebrecht) são o lado fraco da história. Simples assim. Mas, quem é feito de cego, pela sua falsa ideologia do mérito, não consegue perceber a realidade das relações de força que imperam na sociedade de qualquer país, rico ou pobre.
Por fim, não poderia citar a mediocridade colonizada do pensamento da classe média, na clássica a passagem do livro do Jessé, Elite do Atraso, onde ele transcreve três discuros idênticos na sua essência (os pressupostos teóricos são os mesmos) do Dallagnol, do Barroso e do Haddad. Todos eles vêem como o maior mal do país o patrimonialismo, cujo sintoma é a corrupção.  Por isso, todos defedem que devemos combater esse mal incrustado no seio do Estado - uma herança da nossa origem ibérica. Aliás, esse mal, logicamente, se manifesta de forma mais catastrófica quando representantes das classes populares são eleitos para governar o Brasil. Aí, é a "tempestade perfeita": populismo + patrimonialismo. E o resultado disso é a máxima corrupção. O mar de lama de Getúlio. O populismo de JK (com sua gastança desenfreada e a corrupção correndo solta na construção de Brasília). A república sindicalista de Jango. A corrupção do PT de Lula e Dilma. Nessas situações, a classe média descobre que só tem uma solução para o Brasil: privatizar tudo e entregar o país para os militares tomarem de conta. Claro que essa não é a receita dos três, mas o diagnóstico deles parece que, infelizmente, é o mesmo. Afinal, todos chegaram onde estão pelo seu próprio esforço e seus méritos. Nisso, desconfio que eles concordam em gênero, número e grau. Então, essa conversa de luta social, política, geopolítica, como eles não viveram, não existe. Mesmo porque, eles, como toda classe média, é formada por "self made won/man".
Eis o resultado da inteligência de nossa classe medíocre, a qual, por não entender de poder (embora sejam técnicamente competentes), é incapaz de governar. E, por isso, é governada por quem entende e sabe que não existe governo de honestos contra corruptos, mas fortes e intelignentes contra fracos e ingênuos. Lembrando que aqueles que entendem dessa dinâmica do poder, não são os padilhas, temer, etchegoyen, mas os Setúbal, Sales, Safra, Marinhos, Lemanh, Morgan, os Chineses, Ingleses, etc.
Para encerar. Aqueles que insistem na sua ideologia moral de classe média, é preciso lembrar que não existe um indivíduo, o que há é uma sociedade. Ninguém vira doutor numa iha deserta. Também ninguém pode ser bonzinho com quem cobra mais de 200% de juro ao ano no cartão de crédito ou mais de 300% no cheque especial.
Então, primeiro você ganha força para enfrentar os fortes, depois você molda seu governo conforme sua moral. Ou seja, primeiro garantimos a democracia, depois melhoramos ela. Não dá para melhorar algo que não existe. Não dá para governar com que náo quer ser político, ou foi incapaz de se eleger. Isso é conformismo? Não, é um convite. Filie-se num partido de esquerda para melhorá-lo. Seja candidato para ganhar e aperfeiçoar a democracia brasileira. Não seja ingênuo. O mais forte, impõe sua vontade sobre o fraco. Sem força, não tem jogo.

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