Relembrando, por RPV
no blog do Nassif
A Dilma, aliás como grande parte do PT, particularmente seus quadros
oriundos da classe média, apesar de iniciar sua trajetória política no
PDT de Brizola, tem um ranço udenista. Ou seja, um discurso moralista.
Trata-se de uma estratégia de auto-afirmação: "não sou rico, mas sou
honesto. O que tenho ganhei com meu esforço e por meus méritos". Não vou
entrar no julgamento moral dessa afirmação.
Assim, a Dilma dizia: "não vai sobrar pedra sobre pedra". Pensava
ela: "eu sou honesta, não cometi crime, pode vir prender todo mundo. Eu
acho até bom. Assim, me livra de um bocado de corrupto com os quais sou
obrigada a dialogar."
Ah, tem um candidato que tem um discurso igualzinho, não vou citar
para não aumentar a cizânia no time dos nacionalistas democratas. Além
disso, também queria observar que não se trata aqui de um julgamento
moral das pessoas, mas uma leitura da realidade. Do pondo de vista
moral, considero a Dilma é uma das mulheres mais íntegras, corajosas e
tecnicamente competentes do Brasil. O nosso amigo, também considero
íntegro e tecnicamente competente. Fecha o parêntese.
É, realmente, não sobrou pedra sobre pedra, e não foi só da esquerda e
da direita, mas da democracia brasileira e, consequentemente, do
próprio país que está sendo vendido a preço de banana - como
republiqueta. Claro, como esse pessoal não é amador, quem está sendo
condenado, preso ou respondendo processo são os principais quadros e
lideranças do PT, pois nenhum quadro ou liderança do PSDB foi sequer
julgado. E dá-lhe rigor e boa técnica jurídica. Republicanismo na veia.
Reparem o preço que o país paga pelo ingênuo moralismo da classe
média. Nesse caso, até os juízes e promotores são vítimas dessa sua
condição de classe médíocre, sic. Afinal, eles não passam de
serviçais do grande capital financeiro nacional e internacional, e se
acham salvadores da pátria, pessoas de bem, lutadores pela moral e os
bons constumes, etc. Porém, vivem assustados nas ruas com tanta
violência que ajudam a alimentar. Seus filhos não podem sair a noite
tranquilos.
O que a classe média feita de imbecil (JS) não percebe é que a
realidade político-econômica é uma luta entre FORTES e FRACOS, não entre
bonzinhos competentes e corruptos safados. E os fortes, são as grandes
potências, grandes multinacionais estrangeiras, Globo, o capital
financeiro nacional e internacional. Essa é a realidade da luta
política. Renan, Jáder, empreiteiras (em especial Odebrecht) são o lado
fraco da história. Simples assim. Mas, quem é feito de cego, pela sua
falsa ideologia do mérito, não consegue perceber a realidade das
relações de força que imperam na sociedade de qualquer país, rico ou
pobre.
Por fim, não poderia citar a mediocridade colonizada do pensamento da
classe média, na clássica a passagem do livro do Jessé, Elite do
Atraso, onde ele transcreve três discuros idênticos na sua essência (os
pressupostos teóricos são os mesmos) do Dallagnol, do Barroso e do
Haddad. Todos eles vêem como o maior mal do país o patrimonialismo, cujo
sintoma é a corrupção. Por isso, todos defedem que devemos combater
esse mal incrustado no seio do Estado - uma herança da nossa origem
ibérica. Aliás, esse mal, logicamente, se manifesta de forma mais
catastrófica quando representantes das classes populares são eleitos
para governar o Brasil. Aí, é a "tempestade perfeita": populismo +
patrimonialismo. E o resultado disso é a máxima corrupção. O mar de lama
de Getúlio. O populismo de JK (com sua gastança desenfreada e a
corrupção correndo solta na construção de Brasília). A república
sindicalista de Jango. A corrupção do PT de Lula e Dilma. Nessas
situações, a classe média descobre que só tem uma solução para o Brasil:
privatizar tudo e entregar o país para os militares tomarem de conta.
Claro que essa não é a receita dos três, mas o diagnóstico deles parece
que, infelizmente, é o mesmo. Afinal, todos chegaram onde estão pelo seu
próprio esforço e seus méritos. Nisso, desconfio que eles concordam em
gênero, número e grau. Então, essa conversa de luta social, política,
geopolítica, como eles não viveram, não existe. Mesmo porque, eles, como
toda classe média, é formada por "self made won/man".
Eis o resultado da inteligência de nossa classe medíocre, a qual, por
não entender de poder (embora sejam técnicamente competentes), é
incapaz de governar. E, por isso, é governada por quem entende e sabe
que não existe governo de honestos contra corruptos, mas fortes e
intelignentes contra fracos e ingênuos. Lembrando que aqueles que
entendem dessa dinâmica do poder, não são os padilhas, temer,
etchegoyen, mas os Setúbal, Sales, Safra, Marinhos, Lemanh, Morgan, os
Chineses, Ingleses, etc.
Para encerar. Aqueles que insistem na sua ideologia moral de classe média, é preciso lembrar que não existe um
indivíduo, o que há é uma sociedade. Ninguém vira doutor numa iha
deserta. Também ninguém pode ser bonzinho com quem cobra mais de 200% de
juro ao ano no cartão de crédito ou mais de 300% no cheque especial.
Então, primeiro você ganha força para enfrentar os fortes, depois
você molda seu governo conforme sua moral. Ou seja, primeiro garantimos a
democracia, depois melhoramos ela. Não dá para melhorar algo que não
existe. Não dá para governar com que náo quer ser político, ou foi
incapaz de se eleger. Isso é conformismo? Não, é um convite. Filie-se
num partido de esquerda para melhorá-lo. Seja candidato para ganhar e
aperfeiçoar a democracia brasileira. Não seja ingênuo. O mais forte,
impõe sua vontade sobre o fraco. Sem força, não tem jogo.
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