segunda-feira, 25 de agosto de 2014

A política do Blog, a política no Blog, Marina Silva e meu voto em Dilma

A política do Blog, a política no Blog, Marina Silva e meu voto em Dilma

A política do Blog, a política no Blog, Marina Silva e meu voto em Dilma




Escócia-Reino Unido, 1:00 am. O sono se foi, e os meus botões ainda
tratando da abertura recente do Blog para dois posts consecutivos
declarando voto em Marina Silva. A questão não é ser contra a opção de
cada um, mas o que está por trás desse cenário.


Todos nós, cadastrados ou não, temos a convicção que o jornalista
Luis Nassif tem como bandeira a pluralidade. Tanto é que diversos
colegas, inclusive eu, temos nossas opiniões elevadas a post em algumas
ocasiões. Isso é louvável, mas o esforço do Nassif para ser plural nos
faz lembrar como a Política é a base de todas as relações, e aqui no
Blog não poderia ser diferente.


Eu, Francy Lisboa, sou reconhecidamente votante de Dilma e poderia
muito bem elencar série de fatores que contradizem os recentes  loas
para a candidata Marina Silva. Mas, primeiro, eu gostaria de fazer a
reflexão sobre o jogo político dentro dos quatros linhas do campo do
GGN.


Volto ao esforço do capitão do Blog em ser e parecer ser plural.
Sintomas dessa necessidade é a constante contradição dos posts em
relação à chamada polarização PSDB x PT. São diversos os posts dando
conta das politicas de Estado desenvolvidas e operacionalizadas nos
Governos petistas, como por exemplo, aquela referente ao renascimento da
indústria naval brasileira. Contudo, ao mesmo tempo, parece haver
esforço para tentar passar a crença de que PT e PSDB são “iguais”. Não,
eles não são Nassif!



Não sou eu quem está dizendo. São os posts aqui desse espaço que
mostram como a necessidade de fazer política é vital para respirar os
ares de imparcialidade e não cair desgraçadamente na alçada dos chamados
“Blogs sujos”. É como se os posts dissessem: é diferente, mas é igual.
Fala-se das politicas sociais, do projeto nacional desenvolvimentista se
contrapondo ao projeto mais liberal, e no final, o esforço para
contrabalancear a narrativa e assim nadar nas águas da imparcialidade.


Pois bem, ao elevar duas claras propagandas políticas em favor de
Marina Silva, o Blog nada mais faz do que continuar na toada de se
vestir de pluralidade, o que é louvável, mas no meu entendimento, esse
esforço não precisaria chegar a este ponto. Como disse um colega, a fama
do Blog como imparcial já está estabelecida. Falou em Nassif, falou em
ter vozes divergentes, pois mesmo que aqui pareça ter o predominio
governista petista, todos tem voz. Aliás, esse é um ponto interessante e
eu não saberia responder. Qual a proporção relativa de pessoas que
comentam ou escrevem posts no Blog? Será mesmo que todos que frequentam o
Blog são governistas como alguns afirmam? Ou será que os simpatizantes
do Governo são aqueles com maior disposição para escrever e comentar?
Isso somente o Nassif poderia nos brindar.


Existem historias de vida que podem servir de base para intitular um
post como “Por que eu votarei em Dilma nesse ano”, ou “Por que votarei
em Aécio”, apesar de achar este último título mais complicado. As razões
para votar em A ou B dependem de cada um, e é ai que entramos em choque
com a opinião alheia, não com ânimo belicoso, mas para argumentar.
Pois, assim como nós reconhecidamente incomodamos alguns, também podemos
ficar incomodados com opiniões que não concordamos.


Ai entra o debate Marina x Dilma. Há uma palavra bastante utilizada:
“credibilidade”. Primeiro precisamos definir: credibilidade em relação
ao que? Segundo, credibilidade para quem? Existe um enorme vácuo entre o
desejo e a realidade. A retórica da preservação ambiental é algo que
particularmente irritante para mim uma vez que estou diretamente
envolvido com a pesquisa na área. O cetismo que possuo, e acredito ser
compartilhado por muitos, é fruto da constatação óbvia de que o Brasil
não pode ficar a mercê do sopro dos ventos, assim como as chamada
mudanças climáticas estão sendo utilizadas como barreiras protecionistas
não convencionais, as quais ainda não estão sujeitas ao julgo da
Organização Mundial do Comércio.


O Brasil precisa melhorar infraestrutura para atender os anseios de
uma população que começa a ter destaque no cenário mundial não apenas
como o país das bundas e do futebol. A população começa a fazer o êxodo
contrário, se espalhando cada vez mais pelo inteiro do Brasil, o que já
gera e gerará pressão sobre os recursos naturais. No nível atua de
demanda, que tem como modelo o país do Walt Disney, a população não vai
querer saber se os bagres podem ou não namorar, ou se a perereca é
endêmica. Como Marina vai resolver isso? Marina tem credibilidade para
quem? Para as pessoas que já atingiram seu potencial de consumo ou para a
massa sedenta para consumir mais?


É um erro associar somente Marina Silva ao esforça de um Brasil
sustentável. As políticas agrícolas dos Governos petistas possuem
méritos que vão além da vontade de “parar para conservar”. Exemplo é o
volume cada vez maior de recursos destinado ao programa Agricultura de
Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC), o qual tem como objetivo base
reduzir as emissões de gases do efeito estufa por meio de incentivos
financeiros aos produtores querendo se adequar a atividades agrícolas
menos intensiva, preservando desde nascentes até a capacidade
regenerativa dos solos. Apesar da contratação dos primeiros dois anos
2009 e 2010 ter sido baixa, o numero de contratos no plano ABC vem
crescendo desde 2011 (Ângelo, 2012), e mostra que produtores brasileiros
estão se conscientizando de que barreiras ambientais não convencionais
poderão afetar suas vendas em futuro próximo.


Percebam. Essa grande ação não é vista como preservativa, pois não
tem a aura messiânica por trás, mas sim o trabalho de gestores, tais 
como meus colegas engenheiros agrônomos, florestais, agrícolas, 
zootecnias, veterinários, biólogos e cientistas sociais. Sem a figura
central em que se possa vestida a roupa da conservação ambiental
estéril. Afinal, não se trata disso, é preciso casar as coisas. Nossas
necessidades e a preservação, e isso os Governos petistas vem se
empenhando. Mas é claro, falou em natureza, pensou em Marina Silva, como
se a defesa da Amazônia  por esta fosse a única coisa a representar
anseio “verdadeiro” de preservação.


É até engraçado quando se joga o jogo de tabuleiro do
“emcimadomurismo” e se afirma que Dilma, Aécio e Marina têm projetos
similares, e o que definirá é a credibilidade. Ora. A tal credibilidade
“mariniana” vem sendo desmoronada ao longo dos últimos quatro anos
quando a imaculada Marina se acercou da nata da matilha financista.
Lobos que depois de se forrarem degradando recursos naturais e vidas
aqui, mesmo que indiretamente,  posam agora como protetores da natureza.
O discurso de Lara Resende de que quem chegou, chegou, e quem não
chegou não chega mais, é de causar arrepios. Mas mostra a má fé de se
colocar o projeto atual, claramente destoante, como sendo igual ao dos
outros candidatos. Ora, se é igual então porque eles esbravejam?


Alguém aqui realmente acha que Belo Monte, transposição, Jirau, etc,
sairiam se Marina estivesse no poder? Claro que não! Logo, não dá para
dizer que são iguais. Ficar falando em sustentabilidade me lembra de
palavras chaves que alguns cientistas usam para impressionar as bancas
editorias munda afora, afinal, escrever “esse estudo busca
sustentabilidade das sustentações em um mundo que precisa se sustentar
sustentando a natureza” leva as lágrimas os editores encantados pelo
tema do aquecimento Global.


Mas e quanto ao nosso agronegócio? Sei bem que aqui temos um ranço
conservador histórico, mas é inegável o seu papel ontem, hoje, e no
amanhã, como o Brasil sendo um dos poucos que dispões de áreas ociosas
para manter a produção de proteína animal sem a necessidade de pressão
sobre o meio ambiente (Strassburgh et al., 2014). É preciso negociar com
os que lhe veem com desconfiança. O Agronegócio sempre viu no PT a
“ameaça vermelha”, mesmo assim o Governo não para de rolar a divida
desse setor e ano após ano a Plana Safra aumenta seu quinhão com
financiamento de maquinas a se perder de vista e com juros baixíssimos.
Marina iria ter disposição para ir em frente com as negociações ou iria
dizer: “para que mais maquinas e equipamentos, vamos ser sustentáveis e
blá blá blá?


Por fim, as opiniões são bem vindas, desde que sejamos honestos.
Certa a vez eu escrevi que explorar as contradições é técnica corrente
por aqui. E eu acabo de fazer exatamente isso. Não se trata de
arrependimento. Não voto em Marina e voto em Dilma porque ela tem
CREDIBILIDADE relacionada ao gerenciamento de projeto de nação e mais,
tem coragem de colocar a cara à tapa, faz sim política, simplesmente
cede e exige contrapartidas. A CREDIBILIDADE relacionada ao salvamento
da natureza é importante, e ela vem sendo feita sem a necessidade de se
criar personagens messiânicos, sem o intento de parar tudo para
preservar, como fazem os verdadeiros gerentes e pensantes de uma nação.
Marina Silva precisa aprender que o povo brasileiro não tem vocação para
extrativista. Para chegar e apenas dizer salve a Mãe Terra! Só mesmo
com a ajuda de anéis em dedos com valores e intenções bem definidos e
DIVERSOS dentro mosaico chamado  Brasil. Para que todos unam seus
poderes, pobre Marina, terá que ceder. Perceberá então que o país não
precisa de ativista na presidência e sim de uma politica gerente, e essa
se chama Dilma Rouseef.





Literatura citada





Angelo, C., 2012. Brazil’s fund for low-carbon agriculture lies fallow. Nature, http://


dx.doi.org/10.1038/nature.2012.11111.


Strassburgh et al. 2014. http://dx.doi.org/10.1016/j.gloenvcha.2014.06.001

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