domingo, 29 de janeiro de 2017

Novíssima proposta para dividir o Brasil em sete países independentes, por Sebastião Nunes | GGN

Novíssima proposta para dividir o Brasil em sete países independentes, por Sebastião Nunes | GGN



Novíssima proposta para dividir o Brasil em sete países independentes, por Sebastião Nunes










 
 
 
 



por Sebastião Nunes


Do jeito que está não pode ficar. Isto aqui está uma zona, ninguém se
entende e as coisas tendem a piorar. Assim, proponho que se faça um
plebiscito nacional para criar sete países absolutamente independentes,
menores e mais administráveis.


            Os novos países serão:


            1) República da Pauliceia Desvairada (capital em São
Paulo, abrangendo os  territórios de São Paulo, Paraná e Santa
Catarina).


            2) República do Jaburu Maroto (capital em Brasília, abrangendo os territórios de Brasília e Região Metropolitana).


            3) República dos Inconfidentes Saudosistas (capital em
Belo Horizonte, abrangendo os territórios de Minas Gerais, Goiás e
metade do Espírito Santo).


            4) República dos Farroupilhas Enfezados (capital em Porto
Alegre, abrangendo o território do Rio Grande do Sul e, se assim
decidirem, Uruguai e Paraguai).


            5) República das Araras e Papagaios (capital no Rio de
Janeiro, abrangendo o território do Rio e metade do Espírito Santo).


            6) República do Maracatu Agreste (capital em Aracaju, abrangendo os territórios de todos os estados nordestinos).


            7) República do Saci Pererê (capital em Manaus,
abrangendo os territórios do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia,
Roraima e Tocantins.


            Os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul escolherão
internamente e, se possível, amigavelmente, a qual das repúblicas acima
desejarão pertencer ou, em caso de conflito, indecisão ou demora na
escolha, sua filiação (sic) será decidida por sorteio durante o
Fantástico, da TV Globo, sem direito a recurso.


            Como não tenho espaço para apresentar todas as imensas e
indiscutíveis vantagens da nova configuração geopolítica nacional, farei
apenas duas breves considerações.


            Primeira consideração:


            A divisão proposta evitará que o Brasil continue como
certos países europeus que, constituídos de povos e nações intolerantes e
beligerantes, vivem às turras.


            Segunda consideração:


            Em vista das naturais dificuldades de alinhavar todas as
vantagens de tal divisão, limito-me a expor em linhas gerais as notáveis
consequências da formação da República da Pauliceia Desvairada, que
servirá de parâmetro para as demais.





AOS PAULISTANOS O QUE É DE CÉSAR


            No novo país predominará, social, política e culturalmente, a direita.


            O guru máximo será o ex-filósofo, ex-sociólogo,
ex-historiador e ex-quase-tudo Fernando Henrique Cardoso, tendo à
direita José Serra, no papel de Lúcifer, e à esquerda Geraldo Alckmin,
representando o arcanjo Gabriel.


            Lula se exilará no ex-Nordeste, Fernando Haddad na
ex-Minas e assim por diante. Coxinhas de todo o país serão convidados a
se mudar para o novo e notável país, com empregos vitalícios bem
remunerados, de modo a aliviar as demais repúblicas de sua presença e
fortalecer (sic) o pensamento político nacional direitista paulistano.


            Na direção ideológica do povo bandeirante, ainda que
alguns sejam estrangeiros, continuarão atuando os insignes pensadores
José Luiz Datena, Regina Duarte, Lobão e Edir Macedo, entre outros
sábios.


            Aécio Neves integrará a lista quádrupla de aspirantes a
reitor da USP e, embora último colocado na votação interna, será
escolhido pelo futuro presidente paulistano Geraldo Alckmin, que assim
se verá livre dele, pelo menos durante alguns anos.


            O STF paulistano terá como ministros titulares Sérgio
Moro, Pelé, Alexandre de Moraes e outros luminares da direita pátria.
Gilmar Mendes será convidado a integrar a notável corte na qualidade de
conselheiro vitalício.


            Grafiteiros serão banidos para sempre, depois de limparem com a própria língua seus malfeitos.


            A cor nacional será o cinza, permitindo-se no máximo três gradações.


            A bandeira continuará quase a mesma, embora cinzenta, com
o acrescido de um tucano cinzento no círculo branco, cercado de
tucaninhos cinzentos nas ciclovias.


            A sede do governo será transferida para o Templo de Salomão.


            Será constituída uma Guarda de Honra para proteger as
autoridades de eventuais atentados, constituída por membros dos Gaviões
da Fiel. Para evitar ciúmes, um terço da Guarda será provido com
torcedores do São Paulo e do Palmeiras.


          


CONSIDERAÇÕES FINAIS


            Como se percebe, trata-se de um esboço do como será
organizada uma das sete novas repúblicas independentes. Preferimos
começar pela Pauliceia Desvairada tendo em vista a notável capacidade de
sua população de não enxergar um palmo adiante do nariz, extraindo do
próprio umbigo toda a sua ética, para não falar de sua estética.


            Espero que o plebiscito seja realizado com a maior brevidade possível.



Imagens

sábado, 28 de janeiro de 2017

Neofascismo à brasileira?, por Luiz Castro | GGN

Neofascismo à brasileira?, por Luiz Castro | GGN



Do Justificando


Neofascismo à brasileira?


por Luiz Castro


Medo, segundo Zygmunt Bauman[2], é “o
nome que damos a nossa incerteza: nossa ignorância da ameaça e do que
deve ser feito – do que pode e do que não pode – para fazê-la parar ou
enfrenta-a, se cessá-la estiver além do nosso alcance.”



O medo, portanto, segue o saudoso sociólogo, é um sentimento inerente
a todos os seres vivos (ainda que por instinto) e em sua essência
apresenta-se como um mecanismo de proteção às situações que podem
ameaçar suas vidas.


Contudo, conforme denominado por Hughes Lagrange[3], os homens apresentam um medo derivado o qual pode ser descrito como “o sentimento de ser suscetível ao perigo; uma sensação de insegurança” e
vulnerabilidade, cujo pressuposto é a falta de confiança nos mecanismos
de defesas contra o perigo. Bem por isto, Bauman, sentencia que “uma
pessoa que tenha interiorizado uma visão de mundo que inclua a
insegurança e a vulnerabilidade recorrerá rotineiramente, mesmo na
ausência de ameaça genuína, às reações adequadas a um encontro imediato
com o perigo; o medo derivado adquire a capacidade de auto propulsão”



E eis aqui, ao nosso ver, um dos maiores problemas da sociedade atual, pois é nesta zona que atuam “alguns
aprendizes de feiticeiro super ambiciosos, mas desafortunados e
propensos a acidentes e calamidades, ou mesmo um gênio maligno que
imprudentemente se deixou sair da garrafa.”[4]



Dizemos isto, pois a despeito de ser inequívoco que o perigo sempre
coexistiu e sempre coexistirá com a vida, novos medos são criados por
estes “aprendizes de feiticeiro”, mas não sem antes ser apresentado, por eles próprios, é claro, ao antídoto milagroso.


Isto é, o medo torna-se um instrumento ambivalente excepcional, já
que útil, por exemplo, tanto como fomentador da economia (por razões
óbvias), quanto como meio de controle e/ou expansão de determinado poder
em relação ao outro dentro da sociedade como, pesa dizer, vê-se
atualmente no Brasil, notadamente em relação à corrupção.


Sim, pois conquanto seja absolutamente unânime que a corrupção é um
verdadeiro câncer e, como tal, deve ser rigorosamente combatida como, de
fato, vem sendo combatida auspiciosamente, determinado grupo de pessoas
e instituições vem, pesa dizer, disseminando o dito “medo derivado”.


Para tanto, este grupo que se autoproclamam “cidadãos de bem”; os “mocinhos” ao melhor estilo dos filmes de western,
aproveitando a sensação de insegurança já vivida pela população
brasileira (por outros motivos), entoam um coro focado na falta de
confiança dos mecanismos de defesa contra a corrupção. Ou seja, que a
legislação vigente é ineficiente para erradicar a corrupção no Brasil.


O único meio de se alcançar este resultado, por conseguinte, é, segundo eles, procedendo a implementação de “mudanças sistêmicas e estruturais”[5]Evidentemente
que estes “cidadãos de bem” não estão falando de quaisquer mudanças,
mas exclusivamente daquelas por eles propostas, tal como ocorreu com o
perigo do bug[6] do milênio, afinal, o conhecimento acerca do antídoto milagroso contra a corrupção é um privilégio seu.


E justamente por ser uma exclusividade sua, qualquer proposta de “mudança sistêmicas e estruturais” diversa da sua significa que o seu autor é “a favor da corrupção” e, “por óbvio” merece queimar no mármore do inferno.


Com agir digno de causar inveja ao “garoto mimado da história humana” descrito por José Ortega y Gasset [7], que “se comporta exclusivamente como herdeiro”, querendo “impor sua barbárie íntima” estes
“cidadãos de bem” não se dignam a ouvir o “outro”, quanto menos debater
as ideias supostamente contrárias as suas. E o que é pior, em nossa
visão, se utilizam de argumentos de autoridade para legitimar suas
propostas e, ao mesmo tempo, fugir do debate, em especial “os mais de dois milhões de assinaturas” [8]“apoio maciço da sociedade brasileira que também por outros meios se manifestou”.


Inflamam o coletivo “com a grande vantagem de saber de antemão o que a plateia deseja ou espera ouvir” (afinal quem não é contra a corrupção?). Preparam o discurso “com muito cuidado para consumo público de modo a torna-lo crível [9], haja vista saberem que “uma
vez estabelecido no imaginário público um significante pode ser
destacado de seu significado, posto a flutuar e ser religado metafórica
ou metonimicamente a um número indefinido de significados”. [10]



Na feliz frase de Neil Sheehan, estes “cidadãos de bem” são os
“resolvedores de problemas profissionais”, isto é, são pessoas egressas
das melhores universidades e que, a despeito de serem inegavelmente
inteligentes, são extremamente racionais. Assim, valem-se de “scripts
escritos para plateias imaginárias e a cuidadosa lista de comumente
três opções – A, B, C – onde A e C representam os extremos opostos e B a
solução mediana lógica do problema”. [11]



Contudo, como muito bem assenta Hannah Arendt, “a falha de tal
raciocínio começa em querer reduzir as escolhas a dilemas mutuamente
exclusivos; a realidade nunca se apresenta como algo tão simples como
premissas para conclusões lógicas. O tipo de raciocínio que apresenta A e
C como indesejáveis e assim decide por B, dificilmente serve algum
outro propósito que não o de desviar a mente e embotar o juízo para a
infinidade de possibilidades reais”. [12]



Claro, pois a escassez de informações “engendra a falta de consciência crítica e, por consequência, a fácil manipulação do indivíduo”, isto é, “ falta de instrução é, antes de tudo, privação de escolha e castração de acertada deliberação”. [13]


E a “bola da vez” a reafirmar esta conclusão é o alvoroço causado pelo PL 280/2016 do Senado, o qual “define os crimes de abuso de autoridade e dá outras providências”.


Isto porque, bastou a aprovação do mencionado projeto pela Câmara
Federal para pulularem as mais diversas manifestações assentando, por
exemplo, que “A aprovação da lei de abuso de autoridade pode significar o fim da Operação Lava Jato” [14];
“O projeto que tipifica como abuso de autoridade a mera interpretação
da lei e que prevê a punição dos juízes por crimes de responsabilidade
são tentativas claras de ferir a independência funcional dos
magistrados, tendo como fim amedrontar os responsáveis pela condução de
investigações notoriamente bem sucedidas, como a operação Lava Jato,
Acrônimo, Zelotes, entre outras”[15].



Parafraseando o Exmo. Ministro Roberto Barroso, penso haver “muito choro e ranger de dentes, mas eu não tenho o sentimento de que” esta
indignação toda esteja fundada em interesses outros que não a
“proteção” até agora existente aos membros integrantes da Justiça,
leia-se Poder Judiciário e Ministério Público, contra tudo e contra
todos.


A corroborar nossa opinião, destaca-se o indisfarçado método de
raciocínio “A, B, C” acima denunciado, cujo mote é única e
exclusivamente desviar a mente do real problema e, com isto, reduzir sua
análise à uma única solução que, sem dúvida alguma, é, ironicamente,
aquela defendida pelos “cidadãos de bem”/”resolvedores de problemas
profissionais”, como você preferir chamar.


Com o devido respeito, não passa de mais um discurso cuidadosamente
preparado para consumo público; fácil de ser repedido e, principalmente,
defendido por qualquer mortal comum, independentemente do seu grau de
compreensão do que se está a debater.


Note-se que, se aprovado PL 280/2016 não será o “fim da Operação lava jato” ou
de qualquer outra operação policial, pelo só fato de que, até onde se
tem notícia tanto o Ministério Público, quanto o Poder Judiciário
repetidamente aduzem, não haver uma só ilegalidade na condução dos
trabalhos levada a cabo nesta operação policial!


Logo, se não há qualquer ilegalidade, leia-se abuso, evidentemente
que a lei não se aplicará àqueles que a conduzem, pelo só fato de que no
Brasil “o Direito Penal é, por excelência, um Direito Tipológico” [16],
de modo que somente há que se falar na prática de um crime, de abuso de
autoridade, por exemplo, quando se verificar, dentre outras coisas, a
adequação do fato verificado no mundo fenomênico e aquele descrito na
norma incriminadora.


A única exceção à esta conclusão seria no caso de tais doutas
autoridades não estarem, digamos 100% confiantes quanto aos métodos de
investigação utilizados no bojo desta operação policial e das outras em
curso e, por isto mesmo, tal como muitos criticam os Parlamentares,
estão agindo em “causa própria”.


Longe de nós querermos lançar qualquer suspeita sobre a reputação de
quem quer que seja, porém, em nossa visão, mostra-se realmente estranho
alguém que sustenta agir dentro da mais estrita legalidade não apoiar
tal medida, afinal, a criminalização do abuso de autoridade só vem a
fortalecer ainda mais as instituições que, ao fim e ao cabo, ostentarão
somente integrantes da mais alta competência, seriedade e, acima de
tudo, probidade.


De fato, custamos a entender este verdadeiro paradoxo! Se é verdade que “dever de denunciar” não é uma condenação, pois “o juiz vai examinar, vai passar pelo contraditório”[17], qual parte não é verdade que o mesmo acontecerá nos casos de possível abuso de autoridade?


É evidente que as instituições devem ser livres para atuar com
independência, quanto a isto não temos a menor dúvida, contudo, isto em
momento algum pode representar uma carta de alforria para se fazer o que
bem entender.


Cumpre ressaltar, neste balear, que esta responsabilização pelo
abuso, por exemplo, de membros do Ministério Público não é uma
jabuticaba de “terra brasilis”.


Embora, convenientemente, estes “cidadãos de bem” omitam que em
inúmeros países do mundo existe há muito a precisão de responsabilização
cível e penal dos atos dos membros do Ministério Público. A título
exemplificativo, citemos o Chile, cuja legislação não prevê qualquer
imunidade criminal aos promotores de justiça, os quais podem ser
responsabilizados disciplinar, civil e criminalmente pelos seus atos,
inclusive no exercício de sua profissão[18].


Na França, igualmente, se verifica a possibilidade de punição cível e
penal dos membros do Ministério Público e da Magistratura por atos
praticados no exercício de suas profissões. Lá, onde a carreira de juiz e
de promotor de justiça possuem a mesma origem, o Conselho Superior da
Magistratura, desde a Lei 93-2 de 4/01/1993, os magistrados não possuem
nenhum tipo de privilégio, submetendo-se à lei comum, inclusive ao crime
de abuso de autoridade previsto no artigo 432-4 do Código Penal francês[19]. Com efeito, o único benefício conferido aos magistrados do Parquet é a imunidade cível e criminal de suas manifestações formuladas perante as cortes.


O mesmo se verifica na Alemanha, onde “diante do princípio da
obrigatoriedade de proposição de ação penal, por exemplo, um promotor de
justiça pode ser penalmente responsabilizado tanto nos casos de não
iniciar uma investigação criminal quando diante da suspeita da prática
de um crime, quanto por investigar um inocente” [20].



Curioso notar que a Alemanha convive tranquilamente com maior receio
apontado pelos críticos do PL 280/2016, qual seja, ser acusado de abuso
pelos cidadãos, sem que isto seja um problema. É que, segundo a pesquisa
da Open Society Institute Sofia“os promotores
são freqüentemente acusados de tais delitos pelos cidadãos, mas os casos
geralmente não vão além da fase de investigação, uma vez que é preciso
demonstrar o dolo do promotor, o que é raro”[21].



Ainda, não poderíamos deixar de trazer à baila a sistemática adotada
nos Estados Unidos da América, em especial diante de muito de ouvir que
este seria o país das liberdades, onde a justiça realmente funciona…


Pois bem, lá também há punição para os promotores que tem desviadas
suas condutas no curso da atuação profissional. Segundo a Lei Federal
Criminal – 18 U.S.C. § 242 – é permitida a punição por má conduta caso
seja verificada a violação dolosa de qualquer direito e garantia
constitucionalmente asseguradas ao acusado.


Como exemplo de má conduta punível, cite-se:


“(1) ocultação de provas, (2) mau uso dos meios de comunicação,
(3) má conduta envolvendo testemunhas, (4) má conduta investigativa e
(5) má conduta de julgamento. Qualquer ato específico de má conduta do
Ministério Público pode remontar em mais de uma espécie. Por exemplo,
apresentar conscientemente um depoimento cujo conteúdo não reproduza a
verdade dos fatos seria uma má conduta envolvendo uma testemunha, bem
como uma violação do dever de revelar evidências exculpatórias”[22].



Como se vê, mais não se mostra necessário dizer para se ter como certo que há muito “choro e ranger de dentes” sem que haja justo fundamento para se reclamar.


Mais do que isto, o mundo não vai acabar; as operações policiais não
deixarão de existir; o Brasil não sucumbirá a nenhuma força maligna se
uma Lei há muito proposta – sim o projeto é de 2009, 5 anos portanto,
antes da operação lava-jato – vier a ser aprovada.


“Há muito mas infortúnios sendo proclamados iminentes do que
aqueles que acabam realmente acontecendo. Os Pânicos vêm e vão, e embora
possam ser assustadores, é seguro que ter]ao o mesmo destino de todos
os outros”[23]
o esquecimento.


Em verdade, tanto menos ocorrerá se aqueles que se autoproclamam os
“cidadãos de bem” deixarem seus cargos, pois as instituições são muito
maiores e soberanas do que determinadas pessoas, restando evidente, por
conseguinte, que a manipulação do medo por estes não passa, como há
muito denunciado por Winfried Hassemer [24], de tática de política criminal populista, típica de “resolvedores de problemas” que não mentem “por seu país – e certamente não pela sobrevivência dele que nunca esteve ameaçada – mas por sua imagem” [25]que nunca na história deste país esteve tão próxima a de um “pop star”.


Luiz Castro é Mestrando em Direito Penal na
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP, Especialista em
Direito Penal Econômico e Europeu pela Universidade de Coimbra,
Portugal, advogado sócio do MCP | advogados, Machado, Castro e Peret.




[2] BAUMAN, Zygmunt, Medo Líquido. Trad. Carlos Alberto Medeiros – Rio de Janeiro: Zahar, 2008, p.8.


[3] LAGRANGE. Hughs. La Civilité à l’epreuve. Crime et sentiment d’inségurité. PUF, 1996, p. 173. Apud BAUMAN, Zygmunt, IBIDEM.


[4] BAUMAN, Zygmunt, IBIDEM. p. 11.


[5] http://www.dezmedidas.mpf.mp.br/apresentacao/objetivo-geral-das-propostas


[6] “O
perigo do bug do milênio não foi a única notícia aterrorizante que lhe
foi trazida pelas mesmíssimas empresas que já tinham oferecido para
imunizar, a um preço adequado, o seu computador. (…) O que o bug do
milênio demonstrou, e o que Bennett descobriu no caso do tratamento
cosmético para desafiar o medo, pode ser visto como padrão para um
número infinito de outros casos. A economia de consumo depende da
produção de consumidores, e os consumidores que precisam ser produzidos
para os produtos destinados a enfrentar o medo são temerosos e
amedrontados, esperançoso de que os perigos que temem sejam forçados a
recuar graças a eles mesmos (com a ajuda remunerada obviamente)”.
(BAUMAN, Zygmunt, IBIDEM. p. 15.)



[7] GASSET, José Ortega y. Rebelião das Massas. tradução Herrera Filho, domínio público. p. 304.


[8] http://combateacorrupcao.mpf.mp.br/


[9] ARENDT, Hannah. Crise na República. Tradução José Volkmann, 3ª ed. São Paulo: Perspectiva, 2015, p. 71


[10] BAUMAN, Zygmunt, IBIDEM. p. 11


[11] ARENDT, Hannah. IBIDEM, p. 19/21


[12] IDEM, IBIDEM, p. 21.


[13] BITTAR, Eduardo Carlos Bianca. Ética, educação, cidadania e direitos humanos: estudos filosóficos entre cosmopolitismo e responsabilidade social. Barueri, SP, Manoel, 2004, p. 78


[14] http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/decano-da-forca-tarefa-diz-que-projeto-de-abuso-de-autoridade-acaba-com-lava-jato/


[15] http://www.conjur.com.br/2016-nov-18/ajufe-critica-pl-abuso-autoridade-prerrogativa-foro


[16] PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal brasileiro, volume 1: parte geral, art. 1º a 120.5ª ed. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005, p. 363.


[17]http://www.conamp.org.br/pt/comunicacao/noticias/item/1333-mp-e-magistratura-debatem-alteracao-da-lei-do-abuso-de-autoridade-no-senado.html <acessado em 19/12/2016)


[18] Lei 19640/99, artigo 45:- “Los
fiscales del Ministerio Público tendrán responsabilidad civil,
disciplinaria y penal por los actos realizados en el ejercicio de sus
funciones, de conformidad a la ley.”



[19] JOLY-HURARD, Julie. La responsabilité civile, pénale et disciplinaire des magistratsin: Revue internationale de droit comparé. Vol. 58 n.2,2006. pp. 439-475


[20] Open Society Institute Sofia. Promoting Prosecutorial Accountability, Independence and effectiveness. Comparative research, 2008, p. 225 – disponível emhttps://www.opensocietyfoundations.org/reports/promoting-prosecutorial-accountability-independence-and-effectiveness <acessado em 20/12/2016> tradução livre do autor.


[21] IDEM, IBIDEM.


[22] National Association of Crimina Defense Lawyers – NACDL- Crossing the Line: Responding to Prosecutorial Misconduct: ABA Section of Litigation Annual Conference, April 16 – 18, 2008, disponível em https://www.nacdl.org/WorkArea/DownloadAsset.aspx?id=17388 <acessado em 20/12/2016> tradução livre do autor.


[23] BAUMAN, Zygmunt, IBIDEM. p. 14.


[24] HASSEMER, Winfried. Segurança Pública no Estado de Direito. Revista da Ajuris, Porto Alegre,, n. 62, p. 152-172, nov. 1994.


[25] ARENDT, Hannah. IBIDEM, p. 20.

Fator Putin - efeito Trump, por Arkx






Fator Putin - efeito Trump, por Arkx


nada é exatamente o que parece ser. tudo é teatro de sombras. jogo de
espelhos, miragens distorcidas. tudo são performances. manipulação de
manipulações. reflexo infinito.


um reality show dentro de uma gigantesca bolha, como num bizarro conto sci-fi.


através da gestão da percepção e da elaboração do simbólico, a
política e a arte se unem, garantindo acesso direto ao inconsciente
social. quem domina a linguagem, domina o mundo.


mas entre as narrativas e o fato, uma evidência se acentua: o Império do Caos e a Tirania Financeira Global perderam a guerra para impor uma governança mundial unilateral.


não haverá mundo unipolar. nenhum algoritmo cibernético
automaticamente calculando uma nova ordem para governar um mundo
previsível e estável, do qual a política foi extirpada.


as peças do grande tabuleiro de xadrez da geopolítica mundial foram derrubadas.


o projeto de uma USA Incorporation pós-nacional está ruindo
pelo próprio caos que instalou e através do qual pretendeu se
consolidar. com a I Guerra Fria, desmoronou a URSS. a II Guerra Fria
implodiu com o Império do Caos.


guerra perdida, ainda mais uma vez a solução será política!


Nós não buscamos impor nossa maneira de viver sobre ninguém,
mas, em vez disso, deixar que ela brilhe como um exemplo a ser seguido.



Trump – discurso de posse – 20/01/2017


"Não foi um discurso presidencial, foi uma verdadeira declaração de guerra".


Gabor Steingart, Editor Chefe do Handelsblatt, principal jornal econômico da Alemanha


um complexo realinhamento que não será pacífico. a solução política
para configurar um mundo multipolar será a continuidade da guerra, por
outros meios. indo além da guerra híbrida, avançamos agora no
desconhecido teatro de operações de uma guerra de mundos.


um pântano profundo que resistirá a ser drenado. um imenso e ingovernável Estado paralelo que não fará imediatamente nenhum fácil armistício.


uma diversificada coalizão terrorista de Daesh & CIA:
gestores de fundos hedge e cartéis de narcotraficantes, ONG
corporativas e comércio de exportação e importação de órgãos humanos,
agências de risco e empresas midiáticas de controle mental.


todas as armas de destruição em massa da globalização neoliberal “progressista”. um admirável mundo novo erguido sobre o choque e pavor.


como um rei coroado sobe ao palco e brada performaticamente: “Uma nação sem fronteiras não é uma nação!”.
mas apenas com uma frase mágica, de algum showman em Las Vegas, é
possível fazer desaparecer o TPP e o Nafta? muralhas de concreto podem
impedir o livro fluxo do narco-capital financeirizado?


como se fosse algum um líder bárbaro, um King Kong topetudo do alto de sua torre bilionária anuncia: “estamos transferindo o poder de Washington, D.C., e o devolvendo a vocês, o povo”. mesmo tendo sido eleito por um sistema viciado, concebido para manter sob controle a soberania do voto popular.


como um remake do  Dr. StrangeLove, pregando o plano de uma nova corrida armamentista, apenas para o mundo se recuperar da loucura de ter perdido a noção de uma mútua destruição garantida (MAD), no caso de uso de armas nucleares.


enquanto o Vale do Silício viajava nas nuvens, na busca de um definitivo upload da neo aristocracia para a web, Putin modernizou em segredo suas forças armadas, tornando a Rússia território fora de alcance para os mísseis dos EUA.


numa das ironias da História, foi o complexo industrial-militar russo
o grande obstáculo no caminho do capitalismo cognitivo-cultural.


se a queda das torres gêmeas
marca o ato de inauguração da estratégia de uma guerra sem fim,
provavelmente levando ao fim de todas as guerras com o armagedon
termonuclear, talvez agora pode ser finalmente o 11/9 começando a cair.


assim como acontecera na derrota no Vietnam, a guerra contra o terror
consumiu em vão trilhões de dólares. mais uma vez a economia mundial
está disfuncional. do mesmo modo que em 1971 era insustentável o padrão monetário Ouro-Dólar, agora um novo sistema Bretton Woods terá que ser estabelecido.


um mundo multipolar, no qual os EUA ainda serão a liderança, mas não isoladamente.


todos os associados a USA Incorporation, desde corporações como a Rede Globo no Brasil,
até países inteiros, como a Alemanha com sua despótica subordinação da
Europa, todos serão brutalmente atingidos. não apenas em seus negócios,
mas politicamente em sua identidade.


como a plutocracia brasileira será afetada? o que vai fazer? nem ela mesmo sabe!


a plutocracia colonial e escravocrata do Brasil sempre foi comandada
de fora, nunca teve projeto próprio, pensamento estratégico ou qualquer
visão de futuro.


um de nossos maiores perigos é surgir um populista nacionalista de
Direita, carismático, articulado e bem assessorado, para ser no Brasil o
representante desta outra nova ordem mundial que se anuncia.


o poder que dá o golpe, não é o poder que consolida o golpe. mas
desta vez, ao se descascar camada por camada, nada restou no centro da
cebola. um vácuo que só pode ser preenchido de fora, por um outsider. um
outsider saído de dentro do próprio sistema.


“Nós criamos uma organização. Nós planejamos a insurreição da
pessoas simples e bidimensionais contra os astuciosos e complexos.
Contra, aqueles que não poderiam responder ‘sim’ ou ‘não’. Aqueles que
não podiam dizer: ‘preto’ ou ‘branco’. Aqueles que sabiam uma terceira
palavra. Muitas, muitas terceiras palavras. Palavras vazias e falsas.
Caminhos enredados que escurecem a verdade. Nesta teia de escuridão,
nestas complexidades fugazes – se esconde e se reproduz todo o mal no
mundo. Eles são a casa de Satanás. Lá, eles fazem dinheiro e bombas.
Falam: ‘Isto é o dinheiro para o bem dos honestos; Estas são bombas para
a defesa do amor’. Vamos nos engajar amanhã. Seremos vitoriosos. Ou
pereceremos. Não existe uma terceira via.”



“Without Sky”, Nathan Dubovitsky, também conhecido como Vladislav Surkov, consultor particular de Putin. 

Fiquei meio reticente 

franciscopereira neto

Mas ao cabo, acabei concordando.


Até porque identifico a esperteza dos tucanos, que desde a eleição do
Covas, montaram um projetro de poder em São Paulo, talvez estimulado
pela obsessão dos caciques do partido a nível federal que fizeram parte
dos governos FHC.


O Sergião Mota sempre disse que o psdb estavam elaborando um projeto de governo para vinte anos.


Talvez a vaidade, mais a vaidade do que a incompetência de FHC, fez o projeto ruir, acrescido pela morte do Trator.


Mas em São Paulo, o "santo" Covas  e seus comparsas fizeram na surdina o projeto prosperar.


Estão  a vinte e três anos governando São Paulo. Algo impensável se estivéssemos realmente numa democracia.


O que tem a ver tudo isso com o artigo do sopa de letrinhas?


Tudo o que ele escreveu, vou tentar resumir para a área doméstica do Estado de São Paulo.


A dinâmica da dominância do poder se estrutura com o poder do dinheiro.


Mas são necessárias certas condicionantes para que isso dê certo.


A nível mundial o Arkx já explicou.


Então, o poder do dinheiro faz a diferença, e não por acaso os
tucanos se aproveitaram do poder de São Paulo, o estado mais poderos do
país para consolidar o seu projeto..


O que mais?


Uma classe média acéfala politicamente e extremamente preconceituosa.


A grande mídia dando total apoio em troca de generosos acertos
financeiros com publicidade estatal num período crucial em que a
internet veio para arrebentá-la, e também porque ela sempre se
identificou com o modo de governar dos tucanos.


Todas as escolas da rede estadual de edecuação foram agraciadas com
assinaturas das suas publicações, Folha, Estadão, Veja e todo o lixo
publicado por esses veículos para manipular o ensino degradante de São
Paulo.


Passado vinte e três anos, São Paulo acabou com a eduação estadual,
mas fortaleceu a grande mídia que publica só o que interessa dos
governos tucanos.


Só isso?


Não. Tem mais.


Venderam tudo que era competência do estado para o setor privado.


Desde coleta de lixo (Tejofran) até o setor de saúde, passando pela
privatizações das concessões da rodovias, o que restou das ferrovias,
setor de energia, bancos estatais todos privatizados, etc. etc. etc.


Tudo isso foi milimetricamente calculado. Foram entregues para os amigos do poder.


Na eduacação quem é João Carlos Di Genio?


Nas concessões das rodovias quem são os donos?


As Fundações das universidades são terrenos férteis para todo o tipo de maracutaia.


Os hospitais universitários entregue para a administração da
Secretaria da Saúde que não faz mais concurso e deixou para as fundações
contratarem funcionários para ocuparem e substituirem os cargos
efetivos que existiam nas universidades e estão sendo extintos. Salários
oferecidos? É para passar fome mesmo.


Todos esses setores são administrados por pessoas que de alguma forma
são diretamente ligados ao governo ou até testas de ferros de forma
indireta.


A gama de terceirização em São Paulo é monumental. É só parar para analisar.


Merenda escolar, quentinhas para os presídios, serviços de limpezas
para órgãos públicos, hospitais, serviços burocráticos que eram
mastodônticos foram terceirizados para o Poupatempo.


Ele tiraram dos órgãos públicos, principalmente do SSP e do Detran,
os funcionários ladrões propineiros e tomaram para si, governo, a
administração da roubalheira.


A classe média acéfala não enxerga isso.


O bolo da cereja seria a cooptação do judiciário e MPE.


Ciclo completo, protegido pela grande mídia, judiciário e MPE que não acata nenhuma denúncia envolvendo seus comparsas.


Os exemplos estão ai para quem quiser ver.


Então, há algo parecido com a nova ordem mundial?


Com esse poderio, é viável um candidato progressista ganhar as próximas eleições para governador?


João Dória explica.

O Brasil precisa voltar a amar Chico Buarque

O Brasil precisa voltar a amar Chico Buarque



do El País


O Brasil precisa voltar a amar Chico Buarque


por Xico Sá


Chico Buarque ganha prêmio literário na França.
Mal o estagiário sobe o seu honesto e suado post no portal de notícias
e, em segundos, a caixa de comentários vira uma “caixa de ódio” - tal e
qual a letra do Lupicínio. A baba da raiva humana contamina na
velocidade da rede. Um vírus tropical sem vacina. Chico Buarque ganha importantíssimo prêmio literário na França, repito e retuito, parabenizo o artista genial pela glória estrangeira. A baba escorre por telas de computadores e smartphones.


Tudo bem que o xará não seja aquela unanimidade do tempo dos
festivais, a unanimidade nacional da frase sacana de Nelson Rodrigues,
mas, peraí, colega, esse ódio todo ao Chico é sintoma de que o país
perdeu de vez o rumo das ventas e a ideia de delicadeza. O Brasil
precisa voltar a amar Chico Buarque de Holanda. De todas as maneiras.
Com tesão e com afeto. Inclusive com o perdão por te trair, me perdoa,
desapontada leitora, mas tem que ser assim.


O Brasil carece voltar a amar o Chico ardentemente, não de forma
sadomasoquista, aos chutes e pontapés, como leio agora nos comentários
da página de cultura do “Estadão”, o primeiro a registrar o prêmio
francês ao moço lírico dos tristes trópicos. Amo tanto e de tanto amar,
acho que ele merece mais dengo, amo tanto e de tanto amar, acho que o
país precisa saber da importância de ser Francisco não apenas por
notícias frescas vindas de Paris ou do planeta... Todo aquele roteiro
“Bye bye Brasil” precisa voltar a gamar no Chico, noves fora odiozinhos
internéticos e passageiros.


No Tocantins, o chefe do Parintintins, quem curte rock vintage e
Bee Gees, o pessoal do Ceará que ama Cidadão Instigado, Patativa e
Godard... O país precisa viver a doce ilusão que Chico ainda representa a
unanimidade rodrigueana. Tudo isso significa recuperar a delicadeza
perdida, como no magistral documentário -para francês ver-, dirigido por
Walter Salles e Nelson Motta (1990).


Corta. Digo, eu mesmo corto o barato, ao lembrar que o xará descobriu
ele mesmo, em 2011, a “caixa de ódio” da internet. “Não sabia como era o
jogo, fiquei espantadíssimo”, disse o torcedor do Fluminense, às
gargalhadas. Chico descobrira os comentaristas de plantão que o chamavam
de velho bêbado, petista, vagabundo da lei Rouanet etc. Só rindo dessa
gente que não bate palmas e não pede bis para o conjunto da obra de
Francisco Buarque de Holanda. No disco, no teatro ou no livro.


Não que o xará caísse no conto da unanimidade pregada sacanamente
pelo Nelson Rodrigues..., mas, bicho, a rua ria bonito, a praia
espraiava vendo o Chico passar no seu cooper do Leblon ao
Arpoador... E até as herdeiras dos generais da Ditadura davam valor ao
homem revoltado e suas abençoadas redondilhas poéticas, sejam as menores
ou as maiores, redentora ou trágicas como Genis ou calabares. “Você não
gosta de mim, mas sua filha gosta (....)”.


Que Francisco volte a ser aos olhos de nós todos, mesmo nos tempos
pós-golpe parlamentar, o grande Chico. Pelo conjunto da obra, como o
sábio júri do prêmio francês. Que volte a ser, no que lembro da entrevista aqui no EL PAÍS BRASIL ao amigo Antonio Jiménez Barca,
o homem mais desejado. Recordo que o xará respondeu a pergunta da forma
mais tranquila: “Isso já faz muito tempo”. Vale a pena ler de novo esse
encontro.


O homem mais desejado. Imagina, desdenhou Francisco. Faz tempo uma
ova. Tudo é quase ontem, poeta, como a gente nem se lembra, como a
memória daquele estrangeiro do livro do Camus diante da provação de uma
morte materna. Parabéns pelo prêmio francês e por tudo que representas
para a humanidade - mesmo para os brasileiros do ódio e do contra.

Síntese da hipocrisia

Doria e Eike, "amigos desde criança": Síntese da hipocrisia da elite brasileira; vídeo imperdível - Viomundo - O que você não vê na mídia



Doria e Eike, “amigos desde criança”: Síntese da hipocrisia da elite brasileira; vídeo imperdível

28 de janeiro de 2017 às 12h58






doriaeike


Imperdível: João Doria Jr entrevista Eike Batista


Renato Rovai, em seu blog na Revista Forum, 28/01/ 2017


Na manhã de anteontem (26), a Polícia Federal foi cumprir o mandado
de prisão contra o dono do grupo EBX, Eike Batista, e ele já estava em
algum outro lugar do mundo. O mandado, porém, havia sido expedido pelo
juiz Marcelo Bretas no dia 13.


Mas isso não vem ao caso, convenhamos, afinal a Polícia Federal da
dupla Temer/Alexandre de Moraes é absolutamente séria e comprometida com
a Lava Jato.


O que vem ao caso é uma entrevista histórica feita, em 2011, pelo
atual prefeito de São Paulo, João Doria Jr (PSDB), com o então homem
mais rico do país e um dos mais ricos dos mundo, Ele mesmo, o sir Eike
Batista.


Logo na primeira parte da conversa, Doria se desmancha em elogios não
só a Eike, como também a Sérgio Cabral, que, segundo o prefeito cinza
seria seu “amigo desde de menino”.


Será que o prefeito já foi ao menos visitá-lo em Bangu? Doria deve essa ao Cabral.


Num momento de entusiamo da entrevista, Doria ainda diz: “O Rio é do
Brasil e o Eike também é do Brasil!”, E ainda concorda com Eike que
“cinco anos foram o suficiente para mudar sua opinião sobre o
ex-presidente Lula”.


Ou seja, que aquele a quem ele chama hoje de cara de pau, era um cara legal.


Não deixe de assistir. Essa entrevista é a síntese do comportamento
doentio da nossa elite. Amigos, amigos, negócios à parte. Hoje, Doria
faz de conta que não teve negócios com Eike e Cabral. E que também não
foi amigo

Sindsef/RO denuncia o Brasil na Corte Interamericana de Direitos Humanos

Sindsef/RO denuncia o Brasil na Corte Interamericana de Direitos Humanos



Sindsef/RO denuncia o Brasil na Corte Interamericana de Direitos Humanos

DDT_1


O DDT-Dicloro Difenil Tricloroetano, é um produto químico altamente
tóxico utilizado largamente na agricultura e no combate a vetores de
endemias (mosquitos causadores de febre amarela, malária, etc),
principalmente nos países tropicais, na América do Sul, África e Ásia.


Devido ao reconhecido potencial nocivo ao meio ambiente e às pessoas
que com ele tem contato, o DDT foi banido a mais de sessenta anos na
Europa e nos Estados Unidos, permanecendo seu uso no Brasil,
principalmente em Rondônia, até 1992, utilizado em larga escala
principalmente no Norte e Centro-Oeste do Brasil, com destaque aos
Estados do Acre, Pará, Rondônia, Mato Groso e Goiás, sem nenhum tipo de
cuidado e instruções para proteger os trabalhadores que o manuseavam e à
população que com ele tinham contato.


A desinformação era tamanha que os próprios “guardas da Sucam” ou
“malaieios”, como eram chamados os agentes de endemias, utilizavam para
armazenar água para o preparo da alimentação diária o mesmo balde que
era utilizado para preparar o DDT para borrifar as casas dos colonos,
que estavam iniciando suas vidas nas inóspitas regiões do Brasil..


A vida era assim. Todos os dias, durante décadas, passavam DDT nas
casas e barracos e consumiam o mesmo produto junto com a alimentação
diária. Um desastre total, em que milhares já foram mortos por essa
causa estúpida.


ddt1


Além dos agentes de endemias, que tinham contato diário com o DDT,
seus familiares também foram vítimas, pois as roupas ensopadas durante o
dia ou mesmo semana de trabalho, muitas vezes, eram lavadas na
residência dos “malaieiros”, contaminando suas esposas e filhos. Um
verdadeiro desastre. Total desídia do Governo Federal.


O DDT foi banido definitivamente do Brasil em 2009, através da Lei
11.936/2009, de iniciativa do então senador e médico Tião Viana, hoje
governador do Acre. O Congresso Nacional reconheceu que o nefasto
produto era altamente prejudicial ao meio ambiente, causando “danos às
plantas e aos animais, ao meio ambiente”, mas silencia quanto ao
tratamento daqueles intoxicados pelo seu manuseio de forma inadequada,
por negligência da União.


O Congresso Nacional brasileiro tem demonstrado preocupação com o
caso, com várias iniciativas legislativas para ajudar aos “malaieiros”,
infelizmente todas, até agora, inócuas. Há, inclusive, um Projeto de
Emenda à Constituição, a PEC 17/2014, produzida pelo Sindsef/RO e
apresentada no Senado pelo senador Valdir Raupp (PMDB/RO), que se
encontra na Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal, com
pedido de vistas do senador Aluízio Nunes Ferreira (PSDB/SP), líder do
governo federal no Senado.


Diante da observação do sofrimento e mortes precoces no meio dos
trabalhadores públicos que trabalharam com o DDT, foi iniciado um
movimento para a promoção do tratamento à saúde e indenização dos
prejudicados pela negligência do governo brasileiro, dos quais o
Sindsef/RO é um dos principais sindicatos do Brasil na defesa dessa
nobre causa, junto com as entidades congêneres do Acre, Pará, Mato
Grosso, Goiás, etc.


Dentre as inúmeras ações concretas para denunciar a situação e exigir
tratamento médico aos prejudicados o Sindsef/RO é, até o presente, o
único sindicato ou entidade do gênero no país a custear totalmente os
exames de sangue para identificar a presença do DDT no organismo dos
trabalhadores doentes.


Mais de oitenta por cento desses exames deram positivos. Todos
viraram ações judiciais que se arrastam a décadas, ora na Justiça
Federal, ora na Justiça do Trabalho. Pouquíssimos servidores conseguiram
ser tratados por determinação judicial, embora existam muitas decisões
nesse sentido. A União recorre das decisões e suspende o cumprimento das
ordens judiciais.


Os servidores intoxicados estão morrendo à mercê da própria sorte. O Estado brasileiro nada fez. Nada faz.





Além de custear exames e promover ações judiciais, eventos, como
audiências públicas em Assembleias Legislativa, no Congresso Nacional,
denúncias na Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República
do Brasil, devido à inexistência de providencias adequadas ao caso,
principalmente no tocante à saúde dos “malaieiros” e seus dependentes, o
Sindsef/RO passou a defender a denúncia do Brasil em fóruns
internacionais, como a Organização Internacional do Trabalho – OIT, a
Organização dos Estados Americanos – OEA, culminando agora em levar o
caso para a Corte Interamericana de Direitos Humanos, com sede em São
José, na Costa Rica, país da América Central, órgão judicial autônomo e
supranacional, composto por sete juízes de origens diversas dentre
magistrados de carreira dos países membros, sendo presidido atualmente
pelo brasileiro Roberto de Figueiredo Caldas.





O objetivo do Sindsef/RO com essa iniciativa é buscar a promoção de
um debate internacional sobre o uso inadequado do DDT e forçar o governo
brasileiro a promover o tratamento da saúde e indenizar todos os
servidores prejudicados e seus familiares.


Texto de Daniel Pereira, advogado, vice-governador de Rondônia e
atual presidente do Sindsef/RO – Sindicato dos Servidores Federais no
Estado de Rondônia.

Crítica: Economista oferece receita para mundo viver sem dinheiro vivo

Crítica: Economista oferece receita para mundo viver sem dinheiro vivo - 28/01/2017 - Mercado - Folha de S.Paulo


















Para muitos, o fim do dinheiro em espécie é uma morte anunciada. A
batalha contra os cartões de crédito e débito e as moedas virtuais já
estaria perdida, e resta apenas esperar até que o antiquado papel
naturalmente suma das carteiras para figurar em coleções de museus.





Essa, contudo, não é bem a realidade, alerta Kenneth Rogoff,
ex-economista chefe do FMI (Fundo Monetário Internacional). Em "The
Curse of Cash" (A Maldição do Dinheiro, sem tradução para o português),
ele defende que o dinheiro deve, sim, morrer -mas de morte matada.





Segundo Rogoff, no final de 2015, circulava o equivalente a US$ 1,34
trilhão em espécie nos EUA, sendo que 80% desse montante estava em notas
de US$ 100.





Isso significa que cada americano, adulto e criança, deveria estar
carregando US$ 4.200 na carteira, dos quais ao menos US$ 3.400 em notas
de US$ 100.





Sabendo que não é isso o que acontece, onde está todo esse dinheiro, então?





Pagando salários inferiores ao mínimo a imigrantes ilegais, comprando
drogas, traficando pessoas, subornando políticos e executivos e se
escondendo do fisco, responde o economista.





Essas atividades dependem do anonimato e da liquidez que só o dinheiro,
vivo, consegue garantir. Se depender delas, o cash vai sobreviver
-sobretudo em suas discretas cédulas mais altas.





O argumento policial, porém, não é o mais forte de Rogoff para o fim do
dinheiro, mas sim o econômico. Acabar com o cash libera os bancos para
entrar em território hoje inalcançável: o de taxas de juros negativas.





JUROS ABAIXO DE ZERO





A crise de 2008 fez muitos países sofrerem com a estagnação econômica, mal conhecido há anos pelos japoneses.





Nessa situação, investidores e consumidores, temerosos, não abrem a
carteira nem buscam crédito. Mesmo a redução dos juros a zero não é
capaz de engatar a demanda.





Se os bancos fossem além e passassem a aplicar taxas negativas, em uma
economia ainda habitada por dinheiro em espécie, todos correriam para
sacar o dinheiro depositado, afirma Rogoff.





Mas, se não houver cash, não há escapatória. Assim, acabar com o
dinheiro é dar aos BCs uma arma poderosa para estimular o consumo.





Essa, porém, não é uma tarefa fácil, e é aí que reside a genialidade da
obra. Rogoff vai além da teoria e elabora um passo a passo prático de
como matar o dinheiro vivo.





Em primeiro lugar, não é uma tarefa barata. É preciso bancarizar toda a
população, com a criação de contas subsidiadas para os mais pobres, e
emitir títulos em troca do recolhimento das cédulas.





Segundo cálculos do economista, essa operação poderia piorar a dívida americana em mais de 7% do PIB.





Nesse mundo, cédulas e moedas de menor valor sobreviveriam para evitar
problemas decorrentes da dependência completa do cartão, como uma queda
no sistema, por exemplo.





PARA POUCOS





Nações emergentes não estão preparadas para viver sem dinheiro, diz Rogoff.





O primeiro entrave são os índices de bancarização baixos, aumentando os custos de uma inclusão em massa.





Outro desafio é a informalidade. Retirar o dinheiro de circulação
poderia estrangular um mercado ainda fundamental nessas economias.





Infelizmente, as consequências sobre a economia global de poucos países
viverem sem dinheiro vivo enquanto muitos ainda são dependentes dele não
são exploradas em profundidade.





Essa é uma lacuna importante, especialmente para um egresso do FMI.





A falha, contudo, não derruba a obra. Valendo-se de uma linguagem
acessível, Rogoff apresenta argumentos fortes e, sabendo que essa não é
uma discussão nova, avança ao mostrar um plano para transformar o que é
tratado como ficção em manual de política monetária.




The Curse of Cash

QUANTO: R$ 70,09 (livro digital; 296 págs.)

AUTOR: Kenneth Rogoff

EDITORA: Princeton University Press, 2016

sábado, 21 de janeiro de 2017

Trump acaba com Bretton Woods. Novo sistema monetário internacional à vista. Dólar bichou.

Trump acaba com Bretton Woods. Novo sistema monetário internacional à vista. Dólar bichou.



Trump acaba com Bretton Woods. Novo sistema monetário internacional à vista. Dólar bichou.

Cesar Fonseca em 21/01/2017

TRUMPONICS EM TEMPO DE POBREZA AMERICANA E DO DÓLAR EM PERIGO

Tio
Sam empobrecido quer cuidar da vida dos americanos e largar a vida dos
aliados prá lá. Eis a nova estragégia do império em sua fase de
empobrecimento e decadência. Apelo ao nacionalismo e ao populismo contra
a globalização cujo custo extrapolou as forças de Tio Sam para
sustentá-lo, impondo sua vontade ao mundo. Pode pintar NOVO DÓLAR,
repeteco semelhante ao descolamento do dólar do ouro, em 1972, com
Nixon, para salvar moeda americana afetada pelo excessivo endividamento
governamental. Temer, aqui, no Brasil, com o entreguismo
antinacionalista, que se cuide. Vem aí bomba econômica.




Com Donald
Trump, chega ao fim era histórica, que começou no pós guerra,
responsável por levar os Estados Unidos a se transformarem no grande
império econômico do mundo.




me da um dinheiro aíAo
dizer que a América vai elevar as tarifas de importação para criar
empregos lá dentro; que vai deixar de fortalecer os exércitos dos
outros, voltando-se para as forças internas; que vai tocar, prá valer, a
infraestrutura nacional, considerada por ele sucateada, para gerar
empregos nos Estados Unidos, no lugar de garantir seguro desemprego aos
desempregados; que vai, enfim, sinalizar, com essa orientação, nova
virtude ao mundo, como meta a ser alcançada, o novo presidente dá, na
prática, uma guinada de 180º nas regras de Bretton Woods, pelas quais
foram, depois da segunda guerra mundial, estabelecidas as base do
sistema monetário internacional ancorado no dólar.

 Economicamente, falando, a partir de
Bretton Woods, o jogo de dominação mundial americano se deu pela
realização de déficits comerciais, de modo a salvar os aliados, europeus
e japoneses, principalmente, evitando serem engolidos pelo exército
vermelho comunista soviético.

Em contrapartida, o poderoso dólar,
emitido sem lastro, tendo como avalista o poder militar norte-americano,
garantia, através da geração de superávit financeiro, os déficits
orçamentários gigantes, de modo a pagar importações, com as quais os
aliados se recuperaram da devastação econômica no pós guerra.




De 1945 a
2018, durante 73 anos, essa jogada econômica, bancada pelo dólar e pelo
poder militar de Tio Sam, puxou a demanda global capitalista, na base do
keynesianismo econômico, tendo como alavanca a dívida pública
americana, hoje, na casa dos 22 trilhões de dólares.




tio sam pede esmolaCom
uma mão, Tio Sam jogava moeda na circulação, para irrigar o sistema
capitalista global; com a outra, enxugava parte da liquidez, emitindo
títulos da dívida americana, para evitar estouro monetário
hiperinflacionário.

A dívida pública foi, nessas sete
décadas, expressão total do poder imperial, embora, em diferentes
períodos, Washington, pressionado pelos déficits crescentes, tenha feito
correções de rumo, cujas consequências representavam, em vez de
solução, problemas, acúmulos, a velha saída do capitalismo de fugir prá
frente.

Nos anos 1970, diante do grande déficit
acumulado pela guerra do Vietnan, Nixon, descolou o dólar do ouro e
deixou a moeda flutuar.

Começava a instabilidade capitalista global.

Os bancos americanos e ingleses, ou
seja, o poder anglo-americano, super-capitalizados, jogaram dólar
adoidado pelo mundo afora, a juro de 3%, 4% ao ano.

A periferia capitalista, como o Brasil, naquela época, sob regime militar, nadou de braçada no endividamento público.

Com essa fartura de dólar barato, os
militares construíram a infraestrutura nacionalista autoritária apoiada
na expansão das empresas estatais, por meio das quais saia a garantia
aos bancos internacionais, que, depois, cobrariam privatizações delas,
na era FHC.

Em 1979, o Banco Central americano, comandado por Paul Volcker, puxou as taxas para 21% ao ano.

Quebradeira geral na periferia.




O poder
anglo-americano passou a impor o chamado Consenso de Washington aos
superendividados, tomando tudo, por meio de privatizações, arrochos
salariais, ajustes fiscais draconianos, espalhando pelo mundo leis de
responsabilidade fiscais aos governos, de modo que priorizassem
pagamento de dívidas aos bancos credores.




me da um dinheiro aíEntrou
em cena o neoliberalismo econômico para os endividados, a receita para
seguirem: metas inflacionárias, câmbio flutuante e superávits primários
elevadíssimos, bloqueando crescimento econômico.

Ao mesmo tempo, o Consenso de Washington
ampliou seu domínio internacional, determinando supressão de regras
financeiras prudenciais, liberando geral, para instalar a
financeirização econômica global.

O que fora fixado para conter a crise especulativa de 1929 era rasgado.

Os especuladores ficam totalmente
liberados para agirem, ou seja, assaltarem especulativamente as
economias periféricas, até que tudo foi aos ares na grande depressão de
2008.

Chegara ao limite a sobreacumulação de
capital especulativo, com os derivativos, como alternativa capaz de
garantir reprodução ampliada dos lucros por meio de expansão de
empréstimos garantidos por títulos das dívidas públicas governamentais.

O lucro passara a ser auferido na moeda,
na especulação, para compensar redução da lucratividade insuficiente
gerada na produção e no consumo, afetados pela ampliação das
desigualdades sociais, produtoras de subconsumismo em escala global.

A financeirização econômica levara à inviabilização das dívidas públicas dos governos como alternativa desenvolvimentista.




Os bancos
centrais, depois do crash de 2008, resolveram rasgar os livros de
economia ortodoxa com seus ensinamentos que deixaram de ser úteis ao
capitalismo.




tio sam pede esmolaA tese cara aos ortodoxos segundo a qual excesso de dinheiro produz inflação foi jogada no lixo.

Os BCs americano, europeu e japonês partiram para ampliação da oferta monetária para jogar a taxa de juro a zero ou negativa.

Desse modo puderam conter expansão da
dívida dos governos, das empresas e dos consumidores, a fim de abrir
espaço à recuperação econômica.

A convivência com a ortodoxia, no
entanto, não foi, totalmente, removida pelos agentes criados em Bretton
Woods, FMI e Banco Mundial, para gerir o sistema monetário ancorado no
dólar.

Ambos, em meio ao colapso das dívidas
públicas governamentais, aceitaram, a contragosto, a heterodoxia dos
bancos centrais dos países ricos, mas continuaram impondo aos BCs dos
países da periferia capitalista a velha receita dos ajustes fiscais que
perderam utilidade.

Nesse contexto de grande contradição, os
ricos não conseguiram sair satisfatoriamente das suas crises de
sobreacumulação de capital especulativo.

Por uma razão simples: insistiram em
impor aos países pobres a velha ortodoxia que elimina consumo, sem o
qual o capitalismo não sobrevive.

A atualidade de Marx voltava a impor-se: produção é consumo e consumo é produção, interagindo-se dialeticamente.




Entrou em colapso o comércio internacional e a instabilidade se expandiu.




me da um dinheiro aíJunto
com esta, emergiram crise políticas e pressões dos ricos para se
protegerem, como no caso americano, por meio de produção de guerras, sem
as quais as taxas de desemprego, por exemplo, nos Estados Unidos,
ampliam-se, colocando em risco o sistema capitalista.

A emergência de Trump é expressão da
explosão das contradições desse capitalismo ancorado em dívida pública
impulsionadora de guerra entre aliados poderosos(Otan) contra o resto do
mundo.

Diante do caos, o novo titular da Casa Branca instala a nova ordem, o Reinado de Murici, cada um por si.

Individualismo total.

Os Estados Unidos, sem condições de
expandir mais sua dívida pública, para sustentar a velha aliança e suas
respectivas regras fixadas em Bretton Woods, voltam-se para dentro, com
discurso nacionalista, populista.

Despacham os velhos aliados europeus,
que ficaram, no âmbito da Otan, muito caros para serem sustentados pelo
dólar, que não é mais aquela Brastemp.

Não é mais possível para Tio Sam,
superendividado, bancar o velho jogo econômico de produzir superávit
financeiro(déficit orçamentário), na moeda, via expansão monetária, para
bancar déficit comercial, via importações, de modo a fortalecer
aliados.

A capacidade de endividamento público dos Estados Unidos se esgotou.

Insistir nessa linha, seria jogar o dólar no chão.

O que Washington, pelo visto, tentará fazer é o contrário, valorizar o dólar, puxando os juros.

Mas, aí, pintaria outra contradição: juro alto impacta a dívida pública e prejudica o próprio dólar.

Se com o juro zero foi possível evitar a
crise, sem, contudo, gerar recuperação satisfatória, se puxar os juros,
será melhor ou pior?




Pode pintar nova crise monetária global.




tio sam pede esmolaO juro alto, nos Estados Unidos, atrairia dólares espalhados pelo mundo.

A periferia capitalista, para barrar
saída de dólares, entraria em crise, subindo os juros, com o que
sobrevalorizaria sua moeda, cujas consequências seriam aumento de
importações, crises cambias, desindustrialização, desemprego, dívidas,
crise.

Nesse contexto de super oferta de dólar
dentro dos Estados Unidos, Trump seria levado ou não a fazer nova
reforma monetária, tirando, por exemplo, um zero do dólar, para
construir NOVO DÓLAR?

Não seria com esse NOVO DÓLAR que Trump
pretende, à moda keynesiana, tocar a infraestrutura para construir um
novo Estados Unidos?

As contradições apontam para incógnitas sem fim, diante do colapso final de Bretton Woods, 73 anos depois.

Foi-se Teori

Foi-se Teori. Um crime que não interessa ao PT, por Armando Coelho Neto





Foi-se Teori. Um crime que não interessa ao PT 




por Armando Rodrigues Coelho Neto




Nas guerras e nos golpes de estado a primeira vítima é a qualidade da
informação. Nunca tive medo de voar. Inconsequentemente, cheguei a voar
de ultraleve e, quando criança, tentei saltar como trapezista de circo.
Quando caí, não vi nisso castigo, nem resposta à desobediência aos mais
velhos. Cai por que falhei, não pulei certo, errei. É desse modo que
costumo ver acidentes de avião, e no momento me permito divagar.
Acidente ou sabotagem (crime)?


Bom registrar, pois, que o Partido dos Trabalhadores nunca chegou ao
poder. Por concessão das forças obscuras, exerceu, num curto período, a
gerência da Nação. Com mais concessões à direita do que à esquerda, sob a
pecha de grupo violento. Um exército de venezuelanos, cubanos,
chineses, russos... povoou o imaginário paranoico de muitos. Consumado o
golpe, o mito dos exércitos vermelhos caiu por terra. Nunca existiram.
Pacificamente, o PT cumpriu à risca a Constituição que não assinou, até
tropeçar nas regras do poder obscuro.


Dilma foi. Sem metralhadora, coletes de mulher-bomba ou bazucas,
deixou a Presidência rezando a cartilha constitucional, vomitando a lei e
a lógica. Agiu como uma cidadã de bem assaltada, como que a ponderar
ética, coerência e lei diante de um meliante das quebradas. Nenhum
resquício de ódio, ressentimentos, ameaças ou pragas. Sequer o segmento
mais radical simpatizante do PT, o MST, esboçou ato mais significativo.
As ações mais significativas estiveram longe das grandes ousadias
mundiais nos confrontos políticos.


Toda violência vista na história do Brasil recente esteve mais
visível na farsa dos centavos, durante as tais jornadas de junho/2013.
Todas, sem exceção, protagonizadas por simpatizantes do golpe. Nada
partiu do PT, em que pese o insólito fantasma de Celso Daniel, que o
juiz Sérgio Moro tentou em vão ressuscitar.


Não sou PT. É infâmia e tudo o quanto mais de abominável que a
direita representa que me faz tomar partido. É da biografia de um Lula
ou Dilma que brotam meu respeito. É a soma do pensamento humano revelado
nas postagens da internet; a defesa dos explorados, negros, índios,
homossexuais (ou tudo isso ao mesmo tempo) que me sensibilizam. Enquanto
do outro lado constata-se apologia à violência, “o bandido bom é o
bandido morto”, ironias sobre direitos humanos, os muros, resposta
agressiva aos movimentos sociais. É desse segmento que exalam sinais de
perfis assassinos.


Daí não entender que a cada avião que caia, ainda que na Ucrânia,
surjam hipóteses estupidas contra o PT (a quem não quero santificar).
Mas, a cada ocorrência grave, acidente de avião, tragédia qualquer,
cujos resultados políticos ou econômicos só quem se beneficia é a
direita, surgem acusações contra o PT. É o caso da morte do juiz Teori
Zavascki, que prefiro crer, como na minha queda do balanço, que foi
acidente, falha técnica ou erro humano. Prefiro até crer que
coincidências existem e que todas as teorias conspiratórias que circulam
não passam de coincidência.


Entretanto, quem já ouviu falar de John Perkins, que no passado teria
supostas ligações com serviços de inteligência dos Estados Unidos,
percebe com clareza quem efetivamente utiliza tragédias e genocídios
para derrubar governos e implantar ditaduras. Os relatos de Perkins
sobre assassinatos não esclarecidos, acidentes de aviões são fartos.
Neles, sempre o dedo corporativo, grandes interesses econômicos -
motivos torpes para invasão de países e declarações de guerra. As
tragédias relatadas por Perkins dão margem a concluir que, crime ou
sabotagem no caso Teori, todos sabem quem tem o “know how”.


Melhor crer que as mortes de Eduardo Campos e Teori Zavascki foram
acidentes. Mas, se não o foram, ficou claro quem se beneficiou com a
morte de Campos. Do mesmo modo que está claro que a morte do segundo já
surtiu efeito. Ele já não é mais o ministro da Farsa Jato.  Ganharam
tempo. Se, sem leviandades, nos falta sustança para apontar nominalmente
quem disso se beneficiaria, existem elementos claros de que o PT em
nada tiraria proveito. Não o faria sequer para lavar a honra dos
indignados (petistas ou não). Alvos muito mais interessantes existiriam e
certamente o Japonês da Federal não seria um deles...


Teori Zavaski cumpriu sua parte no golpe e as ogivas que trazia no
colo já não afetariam tanto o combalido PT, mas sim a caterva apoiada
pelos patos da Av. Paulista. Se houve sabotagem, os investigantes não
podem desprezar a mais primária das questões policiais: a quem interessa
o crime?


Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista e advogado,
delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em
São Paulo

A Globo já decidiu pelo fim da Lava Jato

Renato Rovai










O funeral midiático de Teori Savaski tem servido não só para render
homenagens em alguns casos sinceras ao ex-ministro, mas fundamentalmente
para dar sinais claros que a pizza do que resta da Lava Jato será
servida sobre o corpo ainda quente do antigo relator do caso.


Não interessa mais a ninguém, em especial a Globo, que a operação
continue arrastando para a cadeia a elite nacional e ao mesmo tempo
acabe com o PSDB.


Mesmo que isso custe não prender Lula, que começa a se tornar a hipótese mais plausível, mas apenas deixá-lo inelegível.


As delações da Odebrechet, Camargo Correia e quetais esquentaram
demais o jogo e avançaram para o terreno da imprevisibilidade total.


Há esquemas tucanos aos montes nessas delações e por um bom tempo
havia uma clara orientação de Marcelo Odebrechet de também tratar do
esquema de propinas da mídia. No MP, havia rejeição a inclusão deste
capítulo.


O esquema de propinas com as vestais da mídia funcionava assim. A
empreiteira fazia uma grande obra. A titulo de exemplo, o Rodoanel. E o
governador ficava com um caixa para operar. O dinheiro não precisava ser
depositado na conta de um laranja, de um cunhado ou seja lá quem fosse.
De repente um assessor de confiança deste político ou o próprio ligava
para o responsável pelo caixa e dizia: faz um negócio lá com o jornalão
dos fulano.


E esse dinheiro era debitado da conta.


Como a Odebrechet fazia para legalizar a propina é que o pulo do
gato. Ela publicava imensos cadernos falando de sustentabilidade e
coisas do gênero. E ainda dava um jeito de elogiar o governo do pagador
da propina.


Marcelo Odebrechet tinha mandado que na delação esse esquema fosse
revelado com todas as provas. E elas eram muito claras de que não se
tratava de uma operação comercial padrão.


Quando a mídia, em especial a Globo, viu que a lama da Lava Jato
poderia atingi-la e que já partia para cima de setores como o dos
frigoríficos e dos bancos, passou-se a avaliar formas de como iniciar o
fim da operação.


O leitor mais curioso deve estar se perguntando, então foi por isso que mataram o Teori?


Por mais que a morte do ex-ministro seja absolutamente vantajosa para
que essa estratégia seja bem sucedida, um jornalista com um pingo de
seriedade não arriscaria falar isso sem provas para além de uma conversa
na mesa de um bar.


Mas é óbvio que a morte de Teori ajuda em muito no enterro da Lava Jato e que a Globo já está operando neste sentido.


Por exemplo, a declaração do ministro Marco Aurélio Mello sugerindo o
nome de Alexandre de Morais para o STF não causou espasmos dos
comentadores da GloboNews e nem nos bate-paus da mídia tradicional. Foi
tratada com naturalidade como se natural fosse para um momento desses o
ministro do presidente investigado na operação ser indicado para a vaga
de relator do caso.


Alem disso, Morais não tem nenhuma das qualidades que se espera para o
cargo. Muito pelo contrário, tem um currículo marcado por denúncias,
entre elas a proximidade como advogado com cooperativas que seriam
ligadas ao PCC.


É também na gestão dele no ministério da Justiça que o Brasil vive a maior crise do seu sistema prisional.


Mas Morais tem uma qualidade de poucos. É corajoso e não dá bola para
a torcida. Se tiver que fazer algo, não se emociona com as críticas.


E é de alguém assim que o atual governo e a mídia precisam para
cuidar do enterro da operação que serviu para dar o golpe em Dilma e
tornar o PT um partido em frangalhos, que de tão perdido que está
decidiu ontem que se permitirá apoiar golpistas na eleição da Câmara e
do Senado.


Morais não seria doido de enterrar a Lava Jato na primeira curva, mas
cuidaria para que houvesse tempo para a construção de alguns acordos. E
quem os conduziria seria quem tem poder hoje no país, a família
Marinho. Que é quem pode dizer a Moro e aos procuradores que o momento é
de baixar a bola.


A delação da Odebrechet e da Camargo Correia ficariam um pouco no
forno. E quando viessem a público teriam tratamento frio. Sem grandes
alardes para que a investigação e os processos também fossem sendo
tratados em banho maria.


E ainda restariam trunfos para 2018, quando, no momento eleitoral, partes da denúncia poderiam ser seletivamente usadas.


Evidente que esse roteiro pode ser dinamitado pela realidade. Mas ele
já vem sendo claramente construído na narrativa do velório de Teori. É
só prestar atenção nas frases de ministros de Temer, nas análises de
jornalistas que falam pelos patrões, nas caras sérias de tucanos a
avaliar o momento.


E se a morte de Teori foi ou não encomendada isso também já não
interessa tanto. Interessa dizer que ele foi um grande homem, que era
sério, bom amigo etc e tal. E ao mesmo tempo aproveitar essa
oportunidade para ir colocando o barco no rumo menos arriscado. Até
porque o barco da Lava Jato já foi longe demais para muita gente que
achava que não corria o risco de ser abalroado por ele.