sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Mauro Santayana

Mauro Santayana



A "NOTA" DA PETROBRAS E A "NOTA" DA MOODY´S



(Jornal
do Brasil) - A agência de classificação de “risco" Moody´s acaba de
rebaixar a nota de crédito da Petrobras de Baa2 para Ba2, fazendo com
que ela passe de "grau de investimento" para "grau especulativo".


Com
sede nos Estados Unidos, o país mais endividado do mundo, de quem o
Brasil é, atualmente, o quarto maior credor individual externo, a
Moody´s é daquelas estruturas criadas para vender ao público a ilusão de
que a Europa e os EUA ainda são o centro do mundo, e o capitalismo um
modelo perfeito para o desenvolvimento econômico e social da espécie,
que distribui, do centro para a "periferia", formada por estados ineptos
e atrasados, recomendações e "notas" essenciais para a solução de seus
problemas e a caminhada humana rumo ao futuro.


O que faz a Petrobras ?


Produz
conhecimento, combustíveis, plásticos, produtos químicos, e,
indiretamente, gigantescos navios de carga, plataformas de petróleo,
robôs e equipamentos submarinos, gasodutos e refinarias.


De que vive a Moody´s ?


Basicamente,
de “trouxas” e de conversa fiada, assim como suas congêneres
ocidentais, que produzem, a exemplo dela, monumentais burradas, quando
seus "criteriosos" conselhos seriam mais necessários.


Conversa
fiada que primou pela ausência, por exemplo, quando, às vésperas da
Crise do Subprime, que quase quebrou o mundo em 2008, devido à
fragilidade, imprevisão e irresponsabilidade especulativa do mercado
financeiro dos EUA, a Moody,s, e outras agências de classificação de
"risco" ocidentais, longe de alertar para o que estava acontecendo,
atribuíram "grau de investimento", um dos mais altos que existem, ao
Lehman Brothers, pouco antes que esse banco pedisse concordata.


Conversa
fiada que também primou pela incompetência e imprevisibilidade, quando,
às vésperas da falência da Islândia - no bojo da profunda crise
europeia, que, como se vê pela Grécia, parece não ter fim - alguns
bancos islandeses chegaram a receber da Moody´s o Triple "A"
(ilustração), o mais alto patamar de  avaliação, também poucos dias
antes de sua quebra.


Afinal,
as agências de classificação europeias e norte-americanas,  agem, antes
de tudo, com solidariedade de “classe”. Quando se trata de empresas e
nações “ocidentais”, e teoricamente desenvolvidas - apesar de
apresentarem indicadores macro-econômicos piores do que muitos países do
antigo Terceiro Mundo - as agências “erram” em suas previsões e só vêem
a catástrofe quando as circunstâncias, se impõem, inapelávelmente,
seguindo depois o seu caminho na maior cara dura, como se nada tivesse
acontecido.


Quando
se trata, no entanto, de países e empresas de nações emergentes, com
indicadores econômicos como um crescimento de 400% do PIB, em dólares,
em cerca de 12 anos, reservas monetárias de centenas de bilhões de
dólares, e uma dívida pública líquida de menos de 35%, como o Brasil, o
relho desce sem dó, principalmente quando se trata de um esforço
coordenado, com outros tipos de abutres, como o Wall Street Journal, e o
Financial Times, para desqualificar a nação que estiver ocupando o
lugar de "bola da vez".

 

Não
é por outra razão que vários países e instituições multilaterais, como o
BRICS, já discutem a criação de suas próprias agências de classificação
de risco. 


Não
apenas porque estão cansados de ser constantemente caluniados,
sabotados e chantageados por "analistas" de aluguel - como, aliás,
também ocorre dentro de certos países, como o Brasil - mas também porque
não se pode, absolutamente, confiar em suas informações.


Se
houvesse uma agência de classificação de risco para as agências de
“classificação” de risco ocidentais, razoavelmente isenta - caso isso
fosse possível no ambiente de podridão especulativa e manipuladora dos
"mercados" - a nota da Moody´s, e de outras agências semelhantes deveria
se situar, se isso fosse permitido pelas Leis da Termodinâmica, abaixo
do zero absoluto.


Em um mundo normal, nenhum investidor acreditaria mais na Moody´s, ou investiria um "cent" em
suas ações, para deixar de apostar e aplicar seu dinheiro em uma
empresa da economia real, que, com quase três milhões de barris por dia,
é a maior produtora de petróleo do mundo, entre as petrolíferas de
capital aberto, produz bilhões de metros cúbicos de gás e de etanol por
ano, em sua área, é a mais premiada empresa do planeta - receberá no mês
que vem mais um "oscar" do Petróleo da OTC - Offshore Technologies
Conferences - em tecnologia de exploração em águas profundas, emprega
quase 90.000 pessoas em 17 países, e lucrou mais de 10 bilhões de
dólares em 2013, por causa da opinião de um bando de espertalhões
influenciados e teleguiados por interesses que vão dos governos dos
países em que estão sediados aos de "investidores" e especuladores que
têm muito a ganhar sempre que a velha manada de analfabetos políticos
acredita em suas "previsões".


Neste
mundo absurdo que vivemos, que não é o da China, por exemplo, que - do
alto da segunda economia do planeta e de mais de 4 trilhões de dólares
em ouro e reservas monetárias - está se lixando olimpicamente para as
agências de "classificação" ocidentais, o rebaixamento da "nota" da
Petrobras pela Moody´s, absolutamente aleatório do ponto de vista das
condições de produção e mercado da empresa, adquire, infelizmente, a
dimensão de um oráculo, e ocupa as primeiras páginas dos jornais.


E
o pior é que, entre nós, de forma ridícula e patética, ainda tem gente
que, por júbilo ou ignorância, festeja e comemora mais esse conto do
vigário - destinado a enfraquecer a maior empresa do país - que não
passa de um absurdo e premeditado esbulho.


25 de fev de 2015



E SE FOSSEM OS RUSSOS ?



(Hoje em Dia) - O
advogado e blogueiro Pettersen Filho reproduz, em seu blog, anúncio da
embaixada dos EUA, recrutando jovens “líderes” brasileiros, como
“bolsistas”, com a seguinte mensagem:


“O
Departamento de Estado dos EUA, por meio do Atlas Corps – uma rede
internacional de líderes sem fins lucrativos, tem o prazer de anunciar
oportunidades para líderes emergentes da sociedade civil para obter
bolsas de estudos de 6 a 18 meses nos Estados Unidos. Interessados em se
candidatar devem ter de 2 a 10 anos de experiência trabalhando em
alguma ONG, nível universitário, até 35 anos de idade e fluência na
língua inglesa… 

Os
bolsistas selecionados serão inseridos em uma organização renomada na
área social nos Estados Unidos. Despesas com passagem aérea, visto de
entrada nos EUA, seguro saúde, alimentação, transporte local e
acomodação partilhada serão totalmente custeadas. Informações sobre o
programa e como se candidatar estão disponíveis no
site:http://apply.atlascorps.org.”


Não
bastando trazer ONGs de fora, ou criar, aqui mesmo, organizações que se
infiltram nos mais diferentes segmentos da sociedade brasileira - e,
como lembra Pettersen - estão especialmente ativas na Região Amazônica,
os EUA seguem firmes em sua permanente estratégia de cooptação de jovens
"líderes" locais de todo o mundo, por meio de organizações de fachada,
ou “associadas”.

A esperança é a de que eles, em seu retorno, espalhem o que "aprenderam"  e atuem na defesa dos interesses norte-americanos. 

Melhor,
ainda, se, no futuro, alguns chegarem a posições proeminentes em seus
respectivos países,  para,  como reza o slogan do AtlasCorps, "mudar sua
perspectiva e mudar o mundo" - como aconteceu,  com certeza, ao menos
quanto à primeira metade da frase, com um jovem sociólogo brasileiro,
financiado, nos anos 1960 - como lembrou em artigo o jornalista
Sebastião Nery - pela Fundação Ford, com expressiva quantia para fundar
uma organização chamada CEBRAP, muitos anos antes de chegar à
Presidência da República.

Se
fossem os russos e os chineses - parceiros do Brasil no BRICS - ou os
cubanos - conhecidos por seu envolvimento em causas humanitárias, como o
combate ao Ebola - que publicassem por aqui anúncio semelhante, dá para
imaginar como seria o alarido fantasioso e anacrônico, “anticomunista” e
“anti-bolivariano", dos hitlernautas brasileiros, nos portais e redes sociais. 

Mas
como se trata dos EUA - prestes a estrear, nos cinemas nacionais, nova
campanha de lavagem cerebral, com o filme "American Sniper" - nação
"libertadora" do Iraque, da Líbia e da Síria, países em que suas guerras
e "primaveras" deixaram  milhões de mortos e refugiados e que estão
entregues agora a terroristas originalmente armados pelos próprios EUA
para combater quem estava no poder anteriormente - o assunto, com
exceção de alguns sites da "blogosfera", quase passa em brancas nuvens
por aqui.

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