domingo, 15 de fevereiro de 2015

Podemos perder todos os nossos arquivos digitais? - BBC Brasil

Podemos perder todos os nossos arquivos digitais? - BBC Brasil







Podemos perder todos os nossos arquivos digitais?




Cerf foi um dos responsáveis
por definir como pacotes de dados se moveriam pela rede de computadores
Seria possível perdermos todos os nossos
registros históricos do século 21? O matemático e engenheiro de sistemas Vint
Cerf, conhecido como "um dos pais da internet", diz que é possível.
Cerf, que é o vice-presidente da empresa Google, diz estar preocupado com a
ideia de perdermos todas as imagens e documentos que salvamos em computadores à
medida em que hardwares e softwares se tornam obsoletos.



Em uma conferência científica em San Jose, na Califórnia, ele afirmou que o
mundo pode entrar em uma "Idade das Trevas Digital" e que gerações
futuras podem vir a ter poucos ou mesmo nenhum registro do século 21.



Durante o encontro anual da Associação Americana para o Avanço das Ciências,
o engenheiro – que ajudou a definir como pacotes de dados se movem pela rede –
diz que seu foco agora é resolver o problema que ameaça erradicar nossa
história.



"Me preocupo muito. Já estamos passando por isso. Formatos antigos de documentos
que criamos ou apresentações podem não ser legíveis pelas versões mais recentes
dos softwares, porque a compatibilidade com versões anteriores não é sempre
garantida", disse à BBC.



Nossa vida, nossas memórias e nossas fotos de família mais queridas existem,
cada vez mais, como bits de informação – em nossos discos rígidos ou "na
nuvem", mas, por causa da aceleração da revolução digital, há um risco de
que elas se percam.



"O que pode acontecer ao longo do tempo é que mesmo se acumularmos
arquivos enormes de conteúdo digital, pode ser que não saibamos mais o que é
esse conteúdo."



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Facebook




'Pergaminho digital'



Avanço
das tecnologias digitais pode dificultar reconhecimento de conteúdo antigo no
futuro



A solução proposta por Vint Cerf é preservar cada tipo de software e de
hardware para que eles nunca se tornem obsoletos – da mesma forma que em um
museu, só que em formato digital, em servidores na nuvem.



"A ideia é fazer uma espécie de raio-X do conteúdo, do programa em que
ele pode ser aberto e do sistema operacional juntos, com uma descrição da
máquina onde este sistema está funcionando, e preservá-lo por longos períodos
de tempo. Esta foto instantânea digital irá recriar o passado no futuro",
explica.



Uma empresa, é claro, terá que oferecer este serviço, mas poucas empresas
duraram centenas de anos. Então como podemos garantir que tanto nossas memórias
pessoais quanto a história humana sejam preservadas? Não dá para garantir nem
mesmo que o Google esteja existindo no próximo milênio.



"Certamente não, mas acho divertido imaginar que estamos no ano 3000 e
você ainda faça pesquisas no Google. O 'raio-X instantâneo' que estamos
tentando fazer poderia ser transportado de um lugar para outro. Eu poderia
enviá-lo da nuvem do Google para outra nuvem, ou colocá-lo na máquina que estou
usando", diz Cerf.



"O importante aqui é a ideia de que, quando você mover esses bits de um
lugar para o outro, ainda saiba como acessá-los corretamente e interpretar as
partes diferentes. Tudo isso é possível se padronizarmos as descrições."



"E esta é a questão – como posso assegurar no futuro distante que os padrões
ainda sejam conhecidos e que possamos interpretar esse instantâneo
digital?"



O engenheiro diz que o conceito, chamado de "pergaminho digital",
foi demonstrado pelo cientista da computação experimental Mahadev
Satyanarayanan na Universidade Carnegie Mellon.



"Claro que há arestas a serem aparadas, mas já foi provado que o
conceito geral funciona", garante.





Quantas
horas você precisa dormir de acordo com sua idade?

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