domingo, 8 de fevereiro de 2015

Os documentos da delação de Barusco

Os documentos da delação de Pedro Barusco | TIJOLAÇO 




Os documentos da delação de Pedro Barusco

7 de fevereiro de 2015 | 10:36 Autor: Miguel do Rosário



Organizei, para o leitor, os documentos que contêm a íntegra da delação premiada de Pedro Barusco.


O primeiro documento traz detalhes sobre as cláusulas legais do entendimento entre o Ministério Público e o réu.


Documento 1 – Cláusulas.


A advogada é a onipresente Beatriz Catta Preta. A mesma que negociou
acordos semelhantes para Paulo Roberto Costa e para Julio Camargo. Pode
não ser nada, mas não é um bom sinal, porque sinaliza uma ação
“combinada”.


O segundo documento traz todas as provas apresentadas pelo réu: tabelas, notebook, folhas com anotações.


Documento 2 – Provas.


O terceiro documento passa a ser numerado, é o Termo de Colaboração
número 1. É aí que vem as tabelas, entre elas, as que trazem siglas e
seus significados, segundo Barusco.


Termo de Colaboração 1.


São bem estranhas.


1) My Way refere-se à música de Frank Sinatra, My Way. Corresponde a Renato Duque, ex-diretor de serviços da Petrobrás.


2) Mars corresponde a marshal (marechal em inglês): é usada para João Ferraz. Não explica o porque do nome.


3) Sab é Sabrina, e refere-se a ele mesmo, Pedro Barusco, que tinha uma namorada com esse nome.


4) MZP é Muzamba, e refere-se a Eduardo Musa. Não explica o porque do nome.


5) Por fim, a sigla que provocou a bomba na imprensa: MOCH, de
mochila, que correspondia, segundo Barusco, ao tesoureiro do PT, João
Vaccari Neto, porque ele sempre andava de mochila.


Daí seguem os Termos de Colaboração 2,3,4,5,6 e 7.


Termo 2

Termo 3

Termo 4

Termo 5

Termo 6

Termo 7


No Termo 3, ao final da página 6 e começo da 7, encontra-se a
“estimativa” de Pedro Barusco para o total das propinas recebidas por
Vaccari:


ScreenHunter_5515 Feb. 07 10.06








A coisa é bem absurda, porque o PT seria o único partido do mundo a
organizar, quase que abertamente, propinas para o partido
político enquanto partido. Uma espécie de “apropriação revolucionária”.


Digo quase que abertamente porque Barusco diz, com toda a
desenvoltura, que Vaccari recebia “em nome do PT”. Repete isso várias
vezes em seu depoimento, como que instigado pelos interrogadores.


Em geral, propinas são destinadas para o enriquecimento ilícito do
corrupto, como era o caso de todos os valores denunciados por Barusco,
inclusive, e principalmente, para ele mesmo.


Essa é a corrupção “do bem”, uma corrupção privada, conforme explicou
um colunista da Globo. A corrupção do PT é “do mal” justamente porque
se destina a um partido.


Mas aí não é preciso provas. Basta um delator.


Barusco afirma não saber como o pagamento era feito a Vaccari, nem
apresentou nenhuma prova, nenhum documento que contenha qualquer
transferência, no exterior ou no Brasil.


Para todas as outras propinas, o réu dá detalhes, sobretudo para as
pagas a Renato Duque, seu superior. Barusco diz que recebia propinas em
nome de Duque no exterior, e o pagava em cash, dentro da empresa, de 30 a
50 mil por mês.


No termo 3, à página 4, Barusco faz ainda uma revelação intrigante:





ScreenHunter_5516 Feb. 07 10.19


Quer dizer, antes das regras que impõem conteúdo nacional, havia,
segundo Barusco, uma espécie de “cartel”, e que “toda a iniciativa no
mercado nacional era repelida”.


Isso se dá, evidentemente, antes dos governos Lula, que introduziu as
regras para conteúdo nacional assim que assumiu. É interessante porque
sinaliza duas coisas gravíssimas: 1) o pagamento de propinas de um
cartel, para agentes públicos, 2) com objetivo de paralisar o
desenvolvimento de qualquer tecnologia nacional.


Outro trecho do depoimento de Barusco que não mereceu destaque nos 20
minutos que o Jornal Nacional dedicou ao assunto fala das origens da
corrupção na Petrobrás. Está no Termo 3, à página 2:


1997





Observe bem o que diz Barusco: “(…) o pagamento das propinas também
perdurou por longos anos, enquanto o declarante ocupou o cargo de
Gerente de Tecnologia de Instalações entre 1995 a 2003.”


É impressionante que um sujeito que passou a vida inteira roubando
possa agora posar de heroi da mídia, ficar livre, leve e solto, após
delatar, sem provas, um partido político.

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