sábado, 27 de fevereiro de 2016

O inimigo oculto

O inimigo oculto e o pacto social, por Sergio Medeiros | GGN



O inimigo oculto e o pacto social

Capital rentista internacional está promovendo a desestabilização
interna (inimigo, em tese, oculto), para que se desajuste o setor
produtivo nacional e que se acirre a contraposição capital trabalho






Por Sergio Medeiros
O inimigo oculto e um antídoto chamado pacto social
Em épocas pretéritas se falava em
pacto social, e isso nunca se concretizava, pois as forças produtivas
nacionais e os trabalhadores estavam em lados opostos.
Agora estamos, trabalhadores e empresários nacionais, sob fogo cerrado.
É chegada a hora, ou há uma união
inédita que se contraponha a esta tentativa de nos roubarem o país, ou
não haverá nada a ser partilhado, nem pão, nem terra, nem país, nem
dignidade, nem nada.
Breves considerações.
Quando Lula estabeleceu a estratégia
"lulinha paz e amor", seus adversários, que também eram, em parte, seus
parceiros, eram as grandes empresas brasileiras, representativas do
capital produtivo que lograra se fazer poder, numa aliança com a classe
trabalhadora representada por seu líder.
Estas grandes empresas nacionais, apesar
de sua contrariedade com a priorização do projeto social, entenderam a
necessidade da efetivação de um acordo nos moldes em que proposto, pois
precisavam que a calma e a tranquilidade voltassem ao mercado (ao seu
mercado), para assim poderem desenvolver suas atividades e seus planos
de expansão, num cenário em que se estavam estabelecendo novas
correlações de força e entabulados inéditos acordos políticos.
Eis, em breves linhas, a explicação do acerto daquela estratégia, frente a conjuntura então delineada.
Feitas estas considerações e nos
transportando para o atual cenário. Pergunta-se? Porque esta mesma
estratégia resulta totalmente inexitosa em sua tentativa de pacificação,
na atual cena politico econômica.
A  resposta é simples.
No caso, a  briga é outra e outros são
os personagens, com o devido reparo que, ao que parece, ainda não há uma
clara compreensão desta situação, nem por parte do governo nem pelos
demais componentes do setor produtivo, trabalhadores e empresários.
Trata-se de coisa simples, no atual
cenário o adversário (aparentemente oculto), não quer paz nem
tranquilidade, portanto, não adianta Dilma apostar nessa estratégia.
Explico.
É que, desta vez, é o capital rentista
internacional que está promovendo a desestabilização interna (inimigo,
em tese, oculto), para que se desajuste o setor produtivo nacional e que
se acirre a contraposição capital trabalho.
Para atingir seus objetivos, além de
incentivar e promover, através de setores (político-midiáticos)
comprometidos com sua estratégia, uma crescente desestabilização social,
interessa  a este grupo econômico que primeiro haja uma grande
depreciação no valor das empresas nacionais, bem como a retirada do
mercado de setores internos com suficiente poder econômico para
competirem com os produtos das empresas por eles controladas.
Assim, se eles obtiverem sucesso, logo
veremos as nossas empresas serem vendidas a preços irrisórios e
assistiremos as gigantes americanas da construção civil e do setor
petrolífero, aterrissarem em nosso país, tomando conta do mercado
bilionário da construção pesada e da extração de nossas riquezas
naturais.
E, que não se enganem os liberais de
plantão, apoiando este verdadeiro saque que se esta tentando fazer no
patrimônio nacional, pois ninguém esta a salvo de tais predadores.
Percam as ilusões, nenhum setor será
poupado, nem a grande indústria, nem os conglomerados educacionais, de
comunicação e serviços, e, por óbvio, menos ainda, o mais rentável , o
setor financeiro nacional  e agroindústria.
Os grandes  bancos que se preparem, a
prosseguir esta estratégia de terra arrasada em relação as forças
produtivas nacionais,  eles serão os próximos, logo depois dos setores
da indústria pesada.
O BTG Pactual, não foi um mero recado,
foi um teste e, ao mesmo tempo uma confirmação, não há nenhum empresário
grande o suficiente que não possa ser atingido de forma letal em sua
atividade econômica.
Neste ponto, chegamos a uma imponderável  encruzilhada.
Por paradoxal que seja, nas atuais
circunstancias, novamente é posta a necessidade da união deste setor
empresarial ameaçado, com o governo que ai esta, à semelhança de 2002 e
2006.
E o motivo é simples.
A aliança selada entre a oposição
golpista de Aécio Serra Alckmin e outros tucanos e demos, com a referida
estratégia expropriatória externa, esta escancarada.
Resta fechada, portanto, esta saída ao setor produtivo nacional.
Por outro lado, ainda que sejam grandes
as críticas a este governo, eles sabem que a proposta desenvolvimentista
nacional ainda esta mantida, não há surpresas, sendo a tônica a
conciliação, e a coalizão a regra, fatos estes que permitiram que
houvesse uma certa simbiose e êxito, na conjunção entre um capital
extremamente ambicioso  com um governo alinhado à uma tendência de bem
estar social.
A descoberta do pré-sal e suas imensas potencialidades, num setor estratégico  que move trilhões de dólares, quebrou este pacto.
E, a quebra deste acordo com o governo,
por parte deste setor empresarial, e sua aliança com o capitalismo
produtivo e rentista norte americano, foi o maior erro a que a grande
indústria nacional poderia ter incorrido.
Não compreenderam que com estes novos
negociadores, não haviam regras nem acordos a serem respeitados e, assim
que foram usados, no momento seguinte foram descartados e, agora, estão
sendo destruídos.
Descobriram que, quem controla a mídia,
controla o grande cenário, mas, tardiamente se deram conta que não
estavam mais no controle.
Aliás, a grande mídia, na busca do
controle absoluto, ao se ver, ainda que minimamente ameaçada pelos
pequenos blogs na internet, não hesita em usar toda sua força de coerção
para anular estes pequenos baluartes de resistência à suas pretensões
monopolistas e hegemônicas.
Pois bem.
Ainda que possa haver pequenas variações, o cenário, em linhas gerais, é este.
Com efeito, isto, a princípio é algo que
nos traz sentimentos de quase impotência, para enfrentarmos com êxito
esta formidável máquina de moer toda forma de oposição ao seu poder que
se pretende absoluto.
O cerco esta se fechando, e a semelhança da trilogia Senhor dos Anéis, a era dos homens pode estar chegando ao seu término.
Mas, antes que desça esta negra
cortina sobre nosso mundo, talvez tenhamos forças para um último embate,
mas isso não pode ser feito somente por um grupo senão por toda a
coletividade.
Sabemos também, que uma eventual saída
somente se dará através de um efetivo enfrentamento destas forças, que
tem a mídia por seu braço mais robusto.
Desta forma, o governo, os trabalhadores
e o empresariado nacional, de forma conjunta, primeiro precisam dar
nome aos bois, para que todos saibam quem é o verdadeiro inimigo, quem
lhe protege, e a quem interessa o atual desmonte das grandes empresas
brasileiras.
Deve ficar absolutamente claro que é o
capital rentista internacional e suas grandes empresas transnacionais,
em conluio com políticos entreguistas e setores definidos da elite
econômica e midiática, que buscam se apropriar do setor produtivo
nacional, sendo que, para isso, não hesitarão em usar todo seu dinheiro
falso e seus executivos, políticos e mercenários, pagos com moedas de
Judas.
Esse é o inimigo a ser derrotado.  
Mas, neste movimento, queira ou não, o
governo, o PT, o PC do B e as demais forças progressistas, vão precisar
defender, não só as empresas estatais, mas também as empresas nacionais
privadas e suas conquistas, pois elas também são parte indissociável do
progresso social e econômico alcançado nestes últimos anos...  são
igualmente responsáveis pela melhora na vida da parcela pobre da
população brasileira e estão igualmente sob ataque neste momento.
Faço um novo parenteses.
Entendam, neste momento o que podemos
buscar é um estado do bem estar, não uma nova experiência socialista,
cuja tentativa, vã, na atual conjuntura, seria feita sob uma tragédia
social e humanitária sem precedentes.
Em épocas pretéritas se falava em pacto
social, e isso nunca se concretizava, pois as forças produtivas
nacionais e os trabalhadores estavam em lados opostos.
Agora estamos, trabalhadores e empresários nacionais, sob fogo cerrado.
É chegada a hora, ou há uma união
inédita que se contraponha a esta tentativa de nos roubarem o país, ou
não haverá nada a ser partilhado, nem pão, nem terra, nem país, nem
dignidade, nem nada.

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