sábado, 18 de fevereiro de 2017

68% de executivos do país identificaram fraudes em 2016, diz Kroll

ConJur - 68% de executivos do país identificaram fraudes em 2016, diz Kroll



68% de executivos do país viram fraudes em suas empresas em 2016, diz Kroll


Sessenta
e oito porcento dos executivos de grandes e médias empresas instaladas
no Brasil confirmaram que companhias onde atuam sofreram fraudes em
2016. O levantamento foi feito pela consultoria de riscos Kroll, que
ainda mostra que 94% desses mesmos executivos afirmaram que a exposição
das corporações a esquemas fraudulentos aumentou.

Embora, segundo a
consultoria, os dados mostram que os métodos de controle interno no
Brasil são falhos, o índice de fraudes no Brasil está abaixo do índice global,
que é de 82%. “Nossa análise permite concluir que a desproporção entre
os resultados brasileiro e global pode estar associada a um agravamento
na deficiência de controles internos, possivelmente resultante da
redução de investimentos associada à crise econômica”, destaca a empresa
de consultoria no relatório da pesquisa.

O levantamento aponta
que os tipos mais comuns de fraude praticados no Brasil são roubo de
ativos físicos (24% dos entrevistados). Já os principais responsáveis
pelos crimes são ex-funcionários (43%), trabalhadores autônomos e
temporários (26%), empregados do baixo escalão (22%), vendedores e
fornecedores (17%), terceirizados (17%), parceiros (17%) e clientes
(17%).

As motivações para fraude mais citadas entre os
entrevistados brasileiros foram a complexidade da infraestrutura de
tecnologia da informação (29%), a entrada em novos mercados (29%), a
alta rotatividade de funcionários (26%), o aumento de terceirização
(26%) e a complexidade de produtos ou serviços vendidos (24%).

Barreira cultural

Até aí, os dados brasileiros pouco se diferenciam do comportamento
mundial. Mas o a diferença aumenta quando são analisados os meios como
as fraudes são descobertas no país. Aqui, esses esquemas, na maioria das
vezes (43%), são revelados por auditorias externas, segundo os
entrevistados. A média global é de 36%.

“Não é função da auditoria
externa detectar fraude”, destaca Fernanda Barroso, diretora da Kroll
em São Paulo. Ela afirma ainda que esse índice mostra a fragilidade dos
controles internos no Brasil.

Na contramão global, em que 39% dos
entrevistados afirmaram que as fraudes foram descobertas por auditorias
internas, no Brasil, 35% dos executivos consultados disseram que
esquemas fraudulentos foram desbaratados por essas verificações
corporativas. Além desses meios, fraudes também foram descobertas pela
administração da empresa, disseram 26% dos entrevistados, e graças a
denúncias (17%).

Apesar do resultado, o índice de denunciantes no
Brasil está muito descolado da média mundial: 44%. Segundo Ian Cook,
diretor da Kroll no Brasil, essa diferença se dá pela barreira cultural.
“Ainda é muito comum a repulsa pela figura do denunciante, que é
facilmente associada à imagem do traidor, mesmo quando está a favor da
ética e contra a perpetuação de crimes”, diz.

Ele explica que para
melhorar esses resultados é preciso criar um canal de denúncias
independente e que garanta o anonimato. “Também é necessário demonstrar
na prática que toda acusação com bases reais será, de fato, investigada,
bem como toda conduta imprópria, punida.”

Impactos das fraudes

Apesar do descolamento em relação às fraudes detectadas, a noção de
perdas dos entrevistados brasileiros é similar à média mundial: 66%
estimam perdas entre 1% e 3%, enquanto 26% apontam prejuízos menores do
que 1%. As perdas entre 4% e 6% e entre 7% e 10% representam, cada uma
4% das opiniões

Na pesquisa global, os resultados encontrados
foram: 57% dos executivos questionados disseram que problemas com
fraudes impactam entre 1% e 3% da receita da empresa, 30% afirmaram que
esse problema afetou menos de 1% dos ganhos, 10% citaram ter sentido
perdas entre 4% e 6% e 3% acham que fraudes empresariais afetam entre 7%
e 10% dos rendimentos.

Na questão reputacional, os entrevistados
brasileiros afirmaram que as fraudes sofridas impactam, principalmente,
na relação com autoridades reguladoras (70%); na privacidade, segurança e
moral dos funcionários (69%), na imagem da companhia frente ao cliente
(69%), na reputação da empresa (65%) e na receita e na continuidade dos
negócios (61%).

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