terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Gen. Villas Boas: O país não está à deriva, afundou!, por Armando Coelho Neto | GGN

Gen. Villas Boas: O país não está à deriva, afundou!, por Armando Coelho Neto | GGN



Gen. Villas Boas: O pais não está à deriva, afundou!


por Armando Rodrigues Coelho Neto


Técnica e legalmente, a concessão para a exploração TV é de 15 anos
(rádios dez) renováveis por igual prazo, desde que cumpram exigências.
Entre elas privilegiar educação, cultura nacional e regional, não formar
monopólio ou oligopólio de propriedade, contemplando ainda aspectos de
cunho moral, financeiro e fiscal. Não há notícias da observância desses
critérios. Renovações de outorgas de concessões de TV e rádios continuam
um mistério. Prevalecem interesses políticos, econômicos, religiosos
e...!!!


Com ares de cercadinho ou máfia, o pensamento único da sociedade
brasileira parece imposto de forma coronelesca pelas famílias Abravanel
(SBT), Barbalho (RBA), Dallevo e Carvalho (Rede TV), Civita (Abril),
Frias (Folha), Levy (Gazeta), Macedo (Record), Marinho (Globo), Mesquita
(O Estado de S.Paulo), Queiroz (SVM), Saad (Band), Sarney (TV Mirante?)
e Sirotsky (RBS).


O pensamento único é um câncer a espalhar metástases em redes e
sub-redes impressas, televisivas, radiofônicas e internet. Presumir que
não possam se reunir num mesmo auditório com empresários nacionais e
estrangeiros é ilusão. Pensar que não o fariam, como já fizeram, pra
dizer quem pode ou vai ser presidente da República é ilusão. Isso não é
teoria da conspiração.


Tenho problemas com os patos amarelos por isso, e resolvi traçar
linhas sobre o vergonhoso papel do jornalismo que lhes inspiram. Serve
de exemplo uma tal de Istoé desta semana, com capa e conteúdo
esquizofrênico. Idem Veja, quando apelou para o subjetivismo em vésperas
de eleições com o “Ele sabia”, baseada em disse-me-disse. Não importa
se louco ou bandido, se mediante paga ou tortura. Se alguém delata
alguém é verdade. Em clima de troco ou retorsão, ditos esquerdistas
incorrem no mesmo erro. Desse modo, delação ganha status de sentença,
seja Cunha, Delcídio ou Maníaco do Parque, caso a versão lhes convenha.


Verdades e pós-verdades consagradas, o fato é que o engajamento
político da suposta grande mídia é tão rasteiro quanto uma briga de
jornalecos em currais eleitorais. No passado, a TV Bandeirantes
(campanha presidencial/1989) teve a pachorra de, nos intervalos de um
debate eleitoral, veicular um comercial do cosmético Biocolor. A
propaganda de tintura de cabelo encerrava com a seguinte frase: “Não
importa a cor de seu cabelo, “é Biocolor na cabeça”. O cinismo tirou de
cena os demais candidatos, entre eles Lula.


Com igual vileza, a empresa dos Frias desenterrou um comercial antigo
do jornal Folha de S. Paulo para atacar Lula, então líder nas
pesquisas. Diante da impossibilidade de negar os avanços sociais e
econômicos do País e a magnitude dos feitos de Lula, reexibiu o velho
comercial. A peça publicitária tinha formato de retículas, e uma voz em
off destacava virtudes de um grande político: “este homem criou milhares
de empregos, acabou com a inflação...” Aos poucos, as retículas iam se
aglutinando até formarem o rosto de Adolf Hitler. No final do anúncio
vinha a frase: existe muitas forma de se dizer mentiras e uma delas é
falando só verdades.


Tratam-se de lances mesquinhos que alguns tentam explicar como
conveniência de mercado, coincidência ou teoria da conspiração. Mas
outros não tanto - como a descarada produção de Collor pelos próprios
produtores da TV Globo. Usaram truques de figurino (gravata torta),
maquiagem, suores artificiais para conferir ar cansado. A Globo foi além
e editou o debate em seu noticiário para causar no espectador a
sensação de vitória do seu candidato. Uma edição classificada mais tarde
por Alberico Souza Cruz como comprometedora e burra, pois “Collor
ganharia de qualquer jeito”.


O jornal O Estado de São Paulo assumiu em editorial ter e defender
candidato. A imoralidade eleitoral (ignorada pelos tribunais) quebrou a
paridade de armas entre os concorrentes. As mentirosas capas de Istoé e
Veja com ataques a Lula e Dilma também tentaram influenciar no resultado
de eleições. Numa delas, O PT teve um inócuo e extemporâneo direito de
resposta. Quanto à Veja, no fluxo do pré-golpe, contou com o beneplácito
da justiça eleitoral (minúsculas de protesto). Um engajamento tão
flagrante, de forma a dar suporte factual até para o discutível número
45 (Aécio) inserido na abertura da novela Geração Brasil (Globo).


A dita grande mídia brasileira não faz questão de tentar fingir o
mito da imparcialidade. Exerce com destreza o que a pesquisadora
Cremilda Medina chamou de “Notícia um produto a venda como outro
qualquer”. Sem sorrelfa, cultuam o coronelismo eletrônico e seu caráter
venal. Aquilo que Barbalhos e Sarney promovem em seus redutos, é
protagonizado em escala nacional nas eleições presidenciais. No golpe
(2016) não foi diferente, com a cumplicidade da Operação Farsa Jato, do
ex-stf (minúsculas propositais) e de significativo contingente
parlamentar.


Enquanto a mídia maquia o golpe, não custa lembrar que o doleiro, o
juiz e a mídia do Caso Banestado eram os mesmos da Farsa Jato. A
camarilha golpista desmoralizou-se a si mesma. Junto com ela, a imprensa
e instituições como PF, STF, MPF e, segundo gravações divulgadas, com
“monitoramento” do Exército Brasileiro. Portanto, general Villas Bôas,
com uma mídia dessas, corrija sua frase no jornal Valor Econômico. O
país não está à deriva. Afundou num mar de lama.

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