Werneck Vianna e o PT | Brasilianas.Org: "Werneck Vianna e o PT
Enviado por luisnassif, seg, 20/09/2010 - 15:34
Por rubens campante
A questão é: há condições de se governar, e mais que isso, de se governar dando um rumo mais igualitário e inclusivo ao país sem se ter esse caráter pluriclassista e pluripartidário? O PT, originalmente achava que sim, que o rumo igualitário e inclusivo (e socialista, para muitos) teria que ser dado por um partido que representasse a classe operária, 'fadada' pela história a conduzir as transformações no sistema capitalista, e nada mais.
O professor Vianna passou os anos 80 e boa parte dos 90 criticando tal postura petista. Assisti uma palestra dele, por volta de 97,98, em que ele descia a lenha pelo PT não haver se aliado ao PMDB de Ulysses Guimarães na conjuntura da nova república de 85, 86....essa crítica espelhava, na verdade, a visão do Partidão, ao qual ele sempre pertenceu e cuja linha de atuação costumava ser buscar composições estratégicas com 'setores progressistas' e/ou com frações da burguesia nacional. Como comunista histórico, como um esquerdista pré-petista, a relação de Werneck Vianna com o PT sempre foi dúbia, de uma certa simpatia mas tb de muitas e ácidas críticas.
A questão da suposta retomada, pelo PT, da tradição da 'modernização pelo alto' tem que ser tratada com cuidado: se Vargas, JK e os militares têm pontos em comum, basicamente na questão do desenvolvimentismo econômico via Estado, eles têm, tb, muitas diferenças entre si, e um dos motes de FHC, era juntar tudo isso numa tal de 'era Vargas', marcada pelo estatismo patrimonialista, que ele iria 'sanar' com a 'reforma do Estado' e as privatizações, e aprendemos, pelo seu governo, que o patrimonialismo, isto é, a confusão entre o público e o privado, o não estabelecimento da coisa pública, pode ocorrer tanto em contextos economicamente estatistas, como no caso dos militares, ou privatistas, como no seu governo - é preciso cuidado, portanto, com esse discurso.
Além disso, uma das características dessa modernização pelo alto, ou modernização conservadora, como a definia Barrington Moore Jr, que cunhou o termo, era havia uma modernização econômica, material, dos países, sem uma modernização sócio-política, sem distribuição de renda e poder, sem democratização efetiva, inviabilizada pela aliança entre as classes dirigentes do campo e da cidade.
O governo Lula pode mesmo ser enquadrado nesse parâmetro? E mais, é por esse parâmetro, por essa teoria, que se deve pensar/avaliar o governo Lula? não tenho, sinceramente, resposta a essas questões, e, com todo respeito, a avaliação do professor Vianna não me ajuda muito....
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