Werneck Vianna e o PT | Brasilianas.Org: "seg, 20/09/2010 - 16:55
xacal
Caro Nassif,
Na verdade, para compreender os limites da ação petista na reforma do Estado é preciso entender antes o que representou suas ascenção como partido de 'poder'.
A 'teoria' clássica da 'modernização pelo alto' foi, paulatinamente, descartada pelo projeto lulista, embora, talvez, persista nas entranhas do petismo, como uma contradição. Não há como fazer analogias quanto a Vargas e JK, dada a diferença de acumulação de capital político, a origem desse capital, e a foram como ele se dirige aos 'de baixo', na cadeia 'alimentar' da política nacional.
Fiel a sua gênese sindical que enfretava o viés clássico revolucionário, e demarcando uma diferença clara com os 'pelegos', Lula dirigiu seu governo em rota paralela a agenda dos chamados movimentos sociais, com uma quase desmobilização.
Não foi um 'governo de vanguarda'. Seu legado é a construção de um grande 'centro' político nacional, com o fortalecimento das insituições e pelo encadear de políticas públicas inclusivas, que dado nosso atraso histórico, nem podem ser chamadas de 'modernizantes'.
O desmonte do capital simbólico da esquerda junto a classe média urbana, o abandono do udenismo de esquerda, e da visão economicista e marxista, que reduzia a luta de classes sem as nuanças do capitalismo de informação que surgia foi fundamental para Lula fugir das armadilhas que outras experiências 'modernizantes' ficarm engedradas: De um lado sofriam com a desconfiança da elite empresarial e de outro, afastavam sua base social, dividida entre a massa ignara e os movimentos radicais, como ficaram Jango e Getúlio.
A diferença básica talvez resida, também, em um outro aspecto simbólico forte: A origem de classe do personagem principal, que lhe permite alçar um olhar 'legitimado' sobre seu próprio discurso e sua práxis política, na medida que precise muito menos de mediações e intermediários.
Há uma distinção clara no governo petista entre a confusão pública e privada do patrimonialismo estatal, que expressa certos níveis de desenvolvimento econômico. Esse marco é a distribuição de renda pelos programas de inclusão, com caráter universalista, e que, pela primeira vez, adotam uma premissa, antes ignorada: O eixo central da ação do Estado é o bem estar social, e em uma relação de causa efeito, inverte a pauta do desenvolvimento econômico como motor da inclusão .
Nesse sentido, os instrumentos de democratização sócio-econômico revestem o formalismo normativo do Estado de Direito, e afastam uma 'modernização material' distante do satisfação das demandas da população.
É claro que, em primeiro momento, podemos experimentar certa 'inércia política', devido a resposta do Estado das necessidades que estavam represadas por anos e anos de desiguladade e exclusão.
Mas não há como inverter essa lógica, e só o desenrolar do processo de inclusão pode nos mostrar qual o caráter 'político' dessas novas levas sociais que se movimentam na pirâmide brasileira.
Esse é o desafio da esquerda já proposto por Singer e outros: INnorporar essa massa lulista ao cenário político nacional, traduzir suas novas expectativas e partilhar com eles novos projetos políticos e de poder.
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