domingo, 7 de setembro de 2014

Rodrigo Vianna: Aécio comemora o novo escândalo da “Veja”

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Rodrigo Vianna: Aécio comemora o novo escândalo da “Veja”

publicado em 7 de setembro de 2014 às 13:55
carta-capital-2006


Aécio comemora escândalo da “Veja”: segundo avião a cair sobre a campanha?


“O escândalo da Petrobras – que nesse momento serve aos
interesses de Aécio Neves – mostra a necessidade de uma Reforma Política
urgente. PSDB, PT, PSB, PP, PMDB: todos parecem usar meios ilegítimos
de financiar suas campanhas. Constituinte Já!



por Rodrigo Vianna, no Escrevinhador


Primeiras impressões sobre o escândalo da Petrobrás: éruim para a base aliada de Dilma (não necessariamente para a presidenta), mas é também desastroso para a imagem de Marina Silva.
A ”nova” política é jogada na lama, ao lado de petistas,
peemedebistas (e de tucanos e demos; mas estes serão poupados nas
manchetes de Veja, Globo etc).


Eduardo Campos – ex-candidato do PSB, apontado como um “santo” da
“nova” política – estaria na lista  (aliás, que lista? Não apareceu um
documento até agora). Fica claro que se trata de uma operação para trazer Aécio Neves de volta ao jogo da eleição.


Não se conhecem muitos detalhes da denúncia. O que se sabe: Paulo
Roberto da Costa (ex-diretor da Petrobras nas gestões Lula e Dilma)
teria fornecido - em depoimento “secreto”, que vazou de forma seletiva, e
até agora sem provas - detalhes de um esquema criminoso de
financiamento político. Delação premiada, arrancada a fórceps. Mais um
escândalo de boca de urna.


Atenção: apure os ouvidos e abra bem os olhos, porque nos próximos
dias “Veja” e “Globo” tentarão transformar um caso (que se for
comprovado é grave, mas que estranhamente “vaza” a 30 dias da eleição)
em ferramenta política a favor do PSDB.


Claro que não vou defender aqui ninguém, de partido nenhum, que tenha
recebido propina. Nem quem se alie a doleiro e a esquemas criminosos –
ainda que o faça em nome da “luta política”. Nada disso. Mas tenho o
dever de lembrar: a “Veja” nunca fez (e jamais fará) capa a mostrar os
esquemas de financiamento de campanha do PSDB (ainda mais a 30 dias da
eleição): a Alstom, os trens em São Paulo, o Robson Marinho, os tucanos
de Aécio (parceiros antigos do Mensalão do PSDB – que segue impune em
Minas). Nada disso surge nas capas de revista ou nas manchetes do JN da
Globo.


As listas da “Veja” (se é que são verdadeiras) indicam um (entre
dezenas) de esquemas privados de financiamento de campanha. Por
“coincidência”, a maior parte dos parlamentares e governadores citados
agora pertence à base aliada do governo. Mas se recorremos à própria
Veja, descobrimos que “Fornecedores da Petrobras sob suspeita financiaram campanha de 121 parlamentares em atividade”: nessa lista aqui há também tucanos, demos, gente do PPS e até o vice de Marina, Beto Albuquerque.


Na prática, o escândalo de boca de urna da “Veja” pode ser um segundo avião a desabar sobre a campanha presidencial.


Agora se entende porque Aécio vinha
chamando Marina de “PT2″ nos últimos dias. E porque mervais e outros
quetais pediam que “ainda” não se abandonasse Aécio (afinal, Marina
“poderia ter problemas logo adiante”). Sabiam que a cavalaria
Abril/Globo viria para salvar o exército tucano em frangalhos.


Aécio estava emparedado pela polarização Dilma/Marina, desde a queda
do avião de Eduardo Campos. Começava a se consolidar um debate sobre
dois projetos para o Brasil: PT/Lula/Dilma x Marina/PSB/Rede (com nacos
do tucanato migrando para essa segunda turma). Nesse momento, a heróica e
destemida “Veja” aparece para colocar Aécio de novo no páreo. E tenta
trazer de volta a pauta da escandalização (sem provas, por enquanto).


De novo, repito: isso não quer dizer que as gravíssimas denúncias não
devam ser investigadas. Mas é evidente que, como acontece desde 2006, a
“Veja” vai jogar em tabelinha com a “Globo”. Aguardem 10 minutos
diários de “repercussão” do caso no JN: hoje, segunda, terça… e até o
dia 5.


A Dilma agora vai-se arrepender de ter ido preparar omeletes com Ana
Maria Braga. Ah, a falta de apetite petista para o confronto. Ah, que
saudades de Brizola…


Em 2006, eu trabalhava na Globo (era repórter especial), e vi de perto o moralismo seletivo praticado pela emissora.
Ao lado de outros colegas jornalistas, me insurgi internamente quando a
Globo (a duas semanas do primeiro turno) botou todo seu peso na
investigação dos “aloprados petistas” (claro, deviam ser investigados),
mas recusou-se a investigar as denúncias contra Serra contidas no
dossiê de um lobista chamado Vedoim.


Quando saí da emissora, poucos meses depois, publiquei uma carta em que contava detalhes do episódio. E questionava a direção de Jornalismo, sob comando de Ali Kamel.


CartaCapital também publicou uma capa mostrando como a Globo manipulou o noticiário às vésperas do primeiro turno em 2006… Vale a pena ler – aqui.


Em 2014, mais uma vez, a turma do moralismo seletivo não está
preocupada com o Brasil. O moralismo de ocasião é só uma ferramenta
daqueles setores desesperados com uma eleição que transformava
PSDB/Globo/Veja em coadjuvantes absolutos.


Mas o escândalo mostra também a necessidade de uma Reforma Política
urgente. PSDB, PT, PSB, PMDB: todos (ou pelo menos partes importantes
dos principais partidos) parecem usar meios ilegítimos de financiar suas
candidaturas. Muitas vezes, o poder econômico banca as campanhas e se
transforma em dono dos mandatos.


Mais um argumento para se defender a necessidade de uma Reforma Politica para proibir doações privadas em campanhas.


Constituinte já!


É preciso proibir as doações de empresas a campanhas (como pede a OAB, em ação bloqueada no STF, por um pedido de vistas de Gilmar Mendes - sempre ele).


Abaixo o moralismo seletivo de Veja/Globo e dos tucanos!


Investiguemos todos os escândalos, inclusive os que atingem amigos da
velha mídia: Serra/PSDB de São Paulo, Aécio/PSDB de Minas (o aeroporto
de Cláudio é fichinha perto do que há por lá), Marina/PSB/Rede.


E que o PT explique como quer “reformar” o Brasil pedindo dinheiro
(legal ou ilegalmente) de gente  que quer qualquer coisa, menos reformas
no Brasil…


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