Jose Carlos de Assis
A incrível evidência de honestidade dos banqueiros brasileiros
honesto do mundo. No meio da avalanche de corrupção por compra de
parlamentares envolvendo grandes construtoras e o maior conglomerado de
carnes do mundo, ninguém surgiu, até o momento, para apontar o menor
deslize moral dos bancos brasileiros. A bem da verdade, houve apenas uma
suspeita. Trabuco, presidente do Bradesco, envolvido na operação
Zelotes, foi inocentado por unanimidade pelo Tribunal Federal de
Recursos da 1ª. Região.
Há dois tipos de justificativa para isso. Ou os banqueiros
brasileiros se contentam em roubar o povo, pressionando pelas taxas de
juros mais altas do planeta como se fosse uma coisa natural, ou
simplesmente operam a corrupção com mão de gato, colocando terceiros –
por exemplo, a FIESP – como operadores de suas maracutaias. Lembro-me
bem como, na constituinte, um operador da FIESP e da CNI, Rui
Figueiredo, tendo por trás os bancos, percorria com uma mala preta os
corredores do Congresso comprando parlamentares.
Podemos perguntar, diante dessa segunda hipótese, por que as
empreiteiras foram pegas por Moro e os banqueiros conquistaram tanta
condescendência na Justiça, como é o caso do TRF-1. Acho que a única
explicação para isso é que são tremendos profissionais, protegidos pelo
competente cartel da Febraban e sob a proteção generosa do Banco
Central. Caso fossem colocados nas mãos de Sérgio Moro, é possível que,
depois de meses a fio de prisão temporária, acabassem abrindo o bico em
profusão de delações premiadas.
Há ainda a razão segundo a qual os bancos brasileiros não são
exatamente nacionais, mas braços operativos de um sistema bancário
internacional que funciona em rede. Nessa situação, mexer com Itaú e
Bradesco é mexer com a banca mundial, conforme se poderia escrever em
camisetas. Os políticos corrompidos estão protegidos indiretamente pela
regra que protege os bancos segundo a qual são "grandes demais para
quebrar". Qualquer ameaça nesse campo e o Banco Central entra no jogo
para acobertar seus protegidos.
É muito curioso, também, que a atividade empresarial mais odiada
pelos brasileiros, por causa dos altos custos de crédito que recaem
sobre a sociedade, é extremamente bem protegida pela mídia. Isso, porém,
dispensa maiores explicações: basta somar o tempo de publicidade que os
bancos ocupam na grande mídia para concluir que sabem muito bem comprar
discrição, mais do que apoio. Quanto a compra de parlamentares, ora
essa... eles são os melhores operadores de caixa dois e lavadores de
dinheiro.
Entretanto, há um único risco para o sistema bancário brasileiro: a
eventual delação premiada de Antônio Palocci. Ele se ofereceu para isso e
sugeriu que tem muita, muita coisa para contar. Na verdade, diante do
esgotamento de delações nas áreas de empreiteiras e de carne, há pouca
coisa para Palocci contar como novidade capaz de lhe atenuar a pena.
Restam os bancos. É significativo que Sérgio Moro e os procuradores da
Lava Jato ainda não se manifestaram a favor dessa delação. Curioso.
Afinal, seria a mais alta autoridade dos governos do PT a prestar esse
serviço à Nação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário