domingo, 11 de junho de 2017

O que já é ruim vai ficar pior

O que já é ruim vai ficar pior - TIJOLAÇO 



O que já é ruim vai ficar pior




aroeiraateaqui


Prepare o seu estômago para o que vem por aí.


Vamos colher nas próximas semanas os frutos asquerosos do processo
iniciado em 2013 com a negação da política como ferramenta de expressão
da sociedade e de definição da direção de seu movimento.


A maioria tende a achar, numa aplicação mecânica da ideia de que a
superestrutura política responde automaticamente ao desempenho da base
econômica de uma sociedade que isso se deve a ter começado ali a linha
descendente da econômica brasileira.


Meia-verdade, apenas, porque o cenário de instabilidade política que
se sucedeu às tais “jornadas de junho” – quatro anos atrás – deu ao
poder econômico e às corporações judiciais e parajudiciais o sinal de
que poderiam existir saídas extra-eleitorais para o processo de
consolidação do regime com ares trabalhistas e nacionalistas no país.


O programa “moralizante” que se defendeu ali – recorrente desde
sempre, veja-se o “mensalão” – foi se desdobrando na Lava-Jato, nas
prisões a granel, no discurso feroz das eleições de 2014  e na
percepção, pela quadrilha que nucleava o PMDB de que o governo eleito
seria frágil e incapaz de resistir a uma ação sistemática de sabotagem,
que o termo “pautas-bomba” traduzia à perfeição.


Com o que não se contava, neste processo, é que aqueles que deveriam
ser ferramentas – Ministério Público e Judiciário – se tornassem
personagens dotados de ambições próprias e graúdas.


Nenhum dos lados contava-se, sejamos justos. Dilma o encarava como
aliado na ideia ingênua de que se poderia governar sem conceder á face
obscura da política. A direita, por achar que eles estacariam sua marcha
ao chegarem perto dos seus.


Não pararam e não vão parar, embora o sistema ainda seja capaz de
obedecer, como o TSE mostrou ontem, aos cordéis de poder ainda
remanescentes. Mas de maneira frágil, porque entre os três ministros do
STF que integravam sua bancada, apenas Gilmar Mendes de dispôs a colocar
freios à ferocidade que ele próprio – antes, quando Dilma era o alvo –
tinha imposto ao processo.


Agora, no embate Janot x Temer que se tornou visível há três haverá
um jogo de sujeira jamais visto nas relações jurídicas do poder, creiam.


É provável que tudo o que um lado venha a dizer – ou plantar, aos
sussurros, na mídia – seja verdade. Mas vão acabar por exibir suas
vergonhas em público, enquanto o país arde na descrença e volta a
afundar na economia.


Ontem, como fizera antes o Itaú, o Bradesco baixou a zero sua previsão de crescimento do PIB.


Não é pior porque, no mundo, os “mercados” ainda parecem se lixar para os sinais negativos da política:  nova crise do Brexit e a fragilização política de Donald Trump.


Se a economia contamina a política, a infecção política, aliás uma
septicemia política, instalada aqui não tem como deixar de contaminar
uma economia já fortemente combalida.

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