Por que a PGR esconde os nomes ligados ao PSDB? – Escrevinhador
por Rodrigo Vianna
A revelação foi feita pelo advogado de Marcos Valério. Numa carta publicada pelo blog do jornalista Luis Nassif, o advogado Marcelo Leonardo informou:
“Quanto ao chamado “mensalão mineiro”, o andamento do caso está em fase bem mais adiantada do que se imagina. A etapa das investigações já foi concluída e nela Marcos Valério forneceu todas as informações , inclusive os nomes dos políticos ligados ao PSDB (deputados e ex-deputados) que receberam, em contas bancárias pessoais, recursos financeiros para custear as despesas do segundo turno da tentativa de reeleição do então Governador Eduardo Azeredo, em 1998, tendo entregue as cópias dos depósitos bancários realizados.
É importante saber que o ex-Procurador Geral da República, Dr. Antônio Fernando, ao oferecer denúncia no caso chamado de “mensalão mineiro” contra Eduardo Azeredo (hoje deputado federal), Clésio Andrade (hoje Senador) e outras quatorze pessoas, deixou de propor ação penal contra os deputados e ex-deputados que receberam os valores, porque entendeu, expressamente, que o fato seria apenas crime eleitoral (artigo 350 do Código Eleitoral – “caixa dois de campanha”), que já estava prescrito. Este entendimento não foi adotado no oferecimento da denúncia e no julgamento da AP 470.” (grifos do Escrevinhador)
A conclusão óbvia: a Procuradoria-Geral da República usou dois critérios diametralmente opostos para tratar casos similares. No “Mensalão” do PT, entendeu que o esquema de Valério foi usado para “compra de votos”. No “Mensalão” tucano, entendeu que se tratava de crime eleitoral. Isso quem diz é o advogado do principal réu das ações.
Mais que isso: Valério revelou à PGR nomes e contas bancárias de políticos que receberam recursos para bancar campanhas tucanas. Onde estão esses nomes? Por que nunca vieram à tona? Por que a PGR “desmembrou” o julgamento tucano, enquanto concentrou o julgamento petista no STF, e às vésperas das eleições. Todos nós sabemos as respostas. Mas agora é o advogado do réu mais importante quem deixa tudo às claras.
O advogado também falou sobre notícias publicadas neste fim-de-semana, em que fica clara a tentativa de envolver o presidente Lula no chamado “Mensalão”. Veja o que diz o advogado: “Se alguém “vazou” de forma seletiva, parcial e ilicitamente alguma providência jurídico-processual que está sujeita a sigilo, eu não tenho absolutamente nada a dizer, a confirmar ou não confirmar. ”
Ou seja: a revista da marginal utilizou-se de “vazamentos seletivos”, segundo o advogado. Cachoeira está preso. Mas o estilo Cachoeira de jornalismo segue em alta. Vazamentos seletivos deixam de fora a imensa lista de políticos ligados ao PSDB. E trazem à baila o presidente Lula.
Oposição, Procuradoria Geral de República e parte da imprensa alinharam-se na tentativa de transformar o STF numa espécie de República do Galeão.
Nos anos 50, sem votos e sem apoio popular – mas com base na imprensa e em setores militares, a UDN de Lacerda colocou Vargas na defensiva. A Aeronáutica abriu investigações sobre o atentado contra Lacerda e o assassinato do Major Rubens Vaz – supostamente, a mando de Vargas. As investigações corriam na Base do Galeão. Criou-se uma República paralela, que terminou com o suicídio de Vargas, em agosto de 54.
Sem votos e sem apoio popular, a oposição comandada pela mídia e o tucanato paulista em 2012, tenta encurralar Lula. Agora, não se usa a força militar, mas Judiciário e procuradores.
Vargas deu um tiro no peito – que adiou por dez anos o golpe udenista. Lula tem mais margem de manobra para reagir. Mas precisa ser rápido. O PT fugiu da batalha da mídia ao longo de dez anos. Mas a batalha da mídia chegou até o PT. Junto, vieram os procuradores e parte do Judiciário. Agora, não adianta fugir da batalha.
A direita não tem opção: ultrapassou todos os limites, cruzou o rubicão. Agora, só pode avançar. O alvo é Lula.
O PT também não tem opção: ou vai para a batalha, ou terá que lutar no campo e com as armas escolhidas pelos adversários. Esse é o cenário para 2013. Batalha campal, travestida de legalidade judicial. Um estilo de ataque já testado no Paraguai e em Honduras. Lá deu certo. Mas lá não havia Lula, movimentos sociais, sindicatos e partidos organizados.
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