terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Os 85 mais ricos do mundo têm o mesmo patrimônio de metade da população - BBC Brasil - Notícias

Os 85 mais ricos do mundo têm o mesmo patrimônio de metade da população - BBC Brasil - Notícias

Os 85 mais ricos do mundo têm o mesmo patrimônio de metade da população

Atualizado em  20 de janeiro, 2014 - 15:32 (Brasília) 17:32 GMT






Favela do complexo de Lins e estádio olímpico João Havelange ao fundo, no Rio de Janeiro (Reuters)
Apesar da diminuição na última década, Oxfam afirma que desigualdade no Brasil e na América Latina ainda é grande
Um relatório da ONG britânica
Oxfam divulgado nesta segunda-feira mostra que o patrimônio das 85
pessoas mais ricas do mundo equivale às posses de metade da população
mundial.
Segundo o documento chamado Working for the Few
("Trabalhando Para Poucos", em tradução livre), as 85 pessoas mais
ricas do mundo têm um patrimônio de US$ 1,7 trilhão, o que equivale ao
patrimônio de 3,5 bilhões de pessoas, as mais pobres do mundo.



O relatório ainda afirma que a
riqueza do 1% das pessoas mais ricas do mundo equivale a um total de US$
110 trilhões, 65 vezes a riqueza total da metade mais pobre da
população mundial.


A Oxfam observou em seu relatório que, nos últimos 25 anos, a riqueza ficou cada vez mais concentrada nas mãos de poucos.


"Este fenômeno global levou a uma situação na
qual 1% das famílias do mundo são donas de quase metade (46%) da riqueza
do mundo", afirmou o documento.


"No último ano, 210 pessoas se tornaram
bilionárias, juntando-se a um seleto grupo de 1.426 indivíduos com um
valor líquido combinado de US$ 5,4 trilhões", destaca o relatório.


"É chocante que no século 21 metade da população
do mundo - 3,5 bilhões de pessoas - não tenham mais do que a minúscula
elite cujos números podem caber confortavelmente em um ônibus de dois
andares", afirmou Winnie Byanyima, diretora-executiva da Oxfam.


Para Byanyima, "em países desenvolvidos e em
desenvolvimento estão cada vez mais vivendo em um mundo em que as taxas
de juros mais baixas, a melhor saúde e educação e a oportunidade de
influenciar estão sendo dadas não apenas para os ricos mas para os
filhos deles também".


"Sem um esforço concentrado para enfrentar a
desigualdade, a cascata de privilégios e de desvantagens vai continuar
pelas gerações. Em breve vamos viver em um mundo onde a igualdade de
oportunidades é apenas um sonho", acrescentou.


Publicado dias antes do Fórum Econômico Mundial
em Davos, o relatório detalha o impacto da crescente desigualdade em
países desenvolvidos e outros em desenvolvimento.


América Latina e Brasil

O relatório da Oxfam apontou que alguns países,
especialmente na América Latina, estão conseguindo ir contra esta
tendência, diminuindo a desigualdade na última década.


"Entre os países do G20, as economias emergentes
geralmente eram aquelas com maiores níveis de desigualdade (incluindo
África do Sul, Brasil, México, Rússia, Argentina, China e Turquia)
enquanto que os países desenvolvidos tendiam a ter níveis menores de
desigualdade (França, Alemanha, Canadá, Itália e Austrália)", afirmou o
documento.


"Mas até isto está mudando, e agora todos os
países de alta renda do G20 (exceto a Coreia do Sul) estão vivendo o
crescimento da desigualdade, enquanto o Brasil, México e Argentina estão
vendo um declínio nos níveis de desigualdade."


A Oxfam destaca o caso brasileiro, apontando que
o país teve "sucesso significativo na redução da desigualdade desde o
início do novo século".


"Em parte devido ao crescente gasto público
social, uma ênfase no gasto com saúde pública e educação, um programa de
transferência de renda de larga escala que impõe condições para o
recebimento (Bolsa Família) e um aumento no salário mínimo que subiu
mais de 50% em termos reais desde 2003", afirmou o relatório.


A Oxfam alerta que a "democracia ainda é frágil e
a desigualdade ainda é muito alta na região, mas a tendência mostra que
problemas que eram insolúveis, as enormes disparidades de renda, podem
na verdade ser enfrentados com intervenções políticas".


Leis e paraísos fiscais

A Oxfam também fez uma pesquisa em seis países
(Brasil, Espanha, Índia, África do Sul, Grã-Bretanha e Estados Unidos) e
mostrou que a maioria dos entrevistados acredita que as leis são
distorcidas para favorecer os ricos.


Entre os países pesquisados, a Oxfam destaca a Espanha, onde oito em cada dez pessoas concorda com essa afirmação sobre as leis.


A ONG também destaca outro grande problema relacionado ao dinheiro que não paga impostos, ficando em paraísos fiscais.


"Globalmente, os indivíduos e companhias mais
ricos escondem trilhões de dólares dos impostos em uma rede de paraísos
fiscais no mundo todo - estima-se que US$ 21 trilhões estão escondidos
sem registros", informou a ONG em seu relatório.


Segundo a ONG, que vai enviar representantes a
Davos, os participantes do Fórum Econômico Mundial têm o poder de
reverter o aumento da desigualdade.


A Oxfam pede que os participantes do fórum se
comprometam a não sonegar impostos em seus países ou em países onde têm
investimento, não usar a riqueza econômica para conseguir favores
políticos que prejudiquem a democracia, apoiar os impostos progressivos
sobre patrimônio e renda, enfrentar o sigilo financeiro e sonegação de
impostos entre outras recomendações.


Além disso, a ONG também recomenda o
estabelecimento de uma meta global para acabar com a desigualdade
econômica extrema em todos os países, uma regulamentação maior dos
mercados para promover crescimento sustentável e igualitário e a
diminuição dos poderes dos ricos de influenciar os processos políticos.


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