Os 85 mais ricos do mundo têm o mesmo patrimônio de metade da população
Atualizado em 20 de janeiro, 2014 - 15:32 (Brasília) 17:32 GMT
Um relatório da ONG britânica
Oxfam divulgado nesta segunda-feira mostra que o patrimônio das 85
pessoas mais ricas do mundo equivale às posses de metade da população
mundial.
Segundo o documento chamado Working for the FewOxfam divulgado nesta segunda-feira mostra que o patrimônio das 85
pessoas mais ricas do mundo equivale às posses de metade da população
mundial.
("Trabalhando Para Poucos", em tradução livre), as 85 pessoas mais
ricas do mundo têm um patrimônio de US$ 1,7 trilhão, o que equivale ao
patrimônio de 3,5 bilhões de pessoas, as mais pobres do mundo.
O relatório ainda afirma que a
riqueza do 1% das pessoas mais ricas do mundo equivale a um total de US$
110 trilhões, 65 vezes a riqueza total da metade mais pobre da
população mundial.
A Oxfam observou em seu relatório que, nos últimos 25 anos, a riqueza ficou cada vez mais concentrada nas mãos de poucos.
"Este fenômeno global levou a uma situação na
qual 1% das famílias do mundo são donas de quase metade (46%) da riqueza
do mundo", afirmou o documento.
"No último ano, 210 pessoas se tornaram
bilionárias, juntando-se a um seleto grupo de 1.426 indivíduos com um
valor líquido combinado de US$ 5,4 trilhões", destaca o relatório.
"É chocante que no século 21 metade da população
do mundo - 3,5 bilhões de pessoas - não tenham mais do que a minúscula
elite cujos números podem caber confortavelmente em um ônibus de dois
andares", afirmou Winnie Byanyima, diretora-executiva da Oxfam.
Para Byanyima, "em países desenvolvidos e em
desenvolvimento estão cada vez mais vivendo em um mundo em que as taxas
de juros mais baixas, a melhor saúde e educação e a oportunidade de
influenciar estão sendo dadas não apenas para os ricos mas para os
filhos deles também".
"Sem um esforço concentrado para enfrentar a
desigualdade, a cascata de privilégios e de desvantagens vai continuar
pelas gerações. Em breve vamos viver em um mundo onde a igualdade de
oportunidades é apenas um sonho", acrescentou.
Publicado dias antes do Fórum Econômico Mundial
em Davos, o relatório detalha o impacto da crescente desigualdade em
países desenvolvidos e outros em desenvolvimento.
América Latina e Brasil
O relatório da Oxfam apontou que alguns países,especialmente na América Latina, estão conseguindo ir contra esta
tendência, diminuindo a desigualdade na última década.
"Entre os países do G20, as economias emergentes
geralmente eram aquelas com maiores níveis de desigualdade (incluindo
África do Sul, Brasil, México, Rússia, Argentina, China e Turquia)
enquanto que os países desenvolvidos tendiam a ter níveis menores de
desigualdade (França, Alemanha, Canadá, Itália e Austrália)", afirmou o
documento.
"Mas até isto está mudando, e agora todos os
países de alta renda do G20 (exceto a Coreia do Sul) estão vivendo o
crescimento da desigualdade, enquanto o Brasil, México e Argentina estão
vendo um declínio nos níveis de desigualdade."
A Oxfam destaca o caso brasileiro, apontando que
o país teve "sucesso significativo na redução da desigualdade desde o
início do novo século".
"Em parte devido ao crescente gasto público
social, uma ênfase no gasto com saúde pública e educação, um programa de
transferência de renda de larga escala que impõe condições para o
recebimento (Bolsa Família) e um aumento no salário mínimo que subiu
mais de 50% em termos reais desde 2003", afirmou o relatório.
A Oxfam alerta que a "democracia ainda é frágil e
a desigualdade ainda é muito alta na região, mas a tendência mostra que
problemas que eram insolúveis, as enormes disparidades de renda, podem
na verdade ser enfrentados com intervenções políticas".
Leis e paraísos fiscais
A Oxfam também fez uma pesquisa em seis países(Brasil, Espanha, Índia, África do Sul, Grã-Bretanha e Estados Unidos) e
mostrou que a maioria dos entrevistados acredita que as leis são
distorcidas para favorecer os ricos.
Entre os países pesquisados, a Oxfam destaca a Espanha, onde oito em cada dez pessoas concorda com essa afirmação sobre as leis.
A ONG também destaca outro grande problema relacionado ao dinheiro que não paga impostos, ficando em paraísos fiscais.
"Globalmente, os indivíduos e companhias mais
ricos escondem trilhões de dólares dos impostos em uma rede de paraísos
fiscais no mundo todo - estima-se que US$ 21 trilhões estão escondidos
sem registros", informou a ONG em seu relatório.
Segundo a ONG, que vai enviar representantes a
Davos, os participantes do Fórum Econômico Mundial têm o poder de
reverter o aumento da desigualdade.
A Oxfam pede que os participantes do fórum se
comprometam a não sonegar impostos em seus países ou em países onde têm
investimento, não usar a riqueza econômica para conseguir favores
políticos que prejudiquem a democracia, apoiar os impostos progressivos
sobre patrimônio e renda, enfrentar o sigilo financeiro e sonegação de
impostos entre outras recomendações.
Além disso, a ONG também recomenda o
estabelecimento de uma meta global para acabar com a desigualdade
econômica extrema em todos os países, uma regulamentação maior dos
mercados para promover crescimento sustentável e igualitário e a
diminuição dos poderes dos ricos de influenciar os processos políticos.
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