Jornalismo de torcida, decisão de Marina, dinheirama apreendida…
Mário Magalhães
que daqui a poucas horas a candidata derrotada Marina Silva (PSB) venha
a declarar seu apoio a Aécio Neves (PSDB) no segundo turno da eleição
presidencial, o jornalismo já colheu novo vexame com a precipitação de
dar como certo o anúncio da ex-senadora até a quinta-feira. O endosso ao
senador não ocorreu, embora na segunda e na terça já fosse alardeado e
festejado _com exceções. No mínimo, o tom era de favas contadas.
Os fatos contradisseram o noticiário contaminado por torcida. Não é novidade.
Durante
anos, acumularam-se informações sobre a troca da candidata Dilma
Rousseff (PT) por seu antecessor e padrinho Luiz Inácio Lula da Silva.
Deu no que deu.
Mais
tarde, na quadra em que a renúncia do tucano à disputa reforçava a
perspectiva de triunfo de Marina _e fracasso de Dilma_ já no primeiro
turno, a plantação foi sobre a iminente desistência do neto de Tancredo.
Deu no que deu.
Ainda
houve quem tratasse como definida a passagem de Marina, até certo
momento tida como a concorrente com mais chances de bater a petista,
para o mata-mata final.
Deu no que deu.
Enganos como esses não ocorrem por má-fé, mas pela transformação do jornalismo em propaganda, ainda que involuntária.
Um exemplo mais objetivo?
Caso
1) Às vésperas do primeiro turno, um colaborador de candidato a
deputado vinculado a certa candidatura presidencial é preso com R$ 102
mil.
Caso 2) Poucos dias depois do primeiro turno, colaborador de
campanha de candidato a governador vinculado a determina candidatura
presidencial é preso com R$ 116 mil.
Muito ou pouco graves,
merecedores ou não de títulos garrafais e manchetes _pode ser que sim,
pode ser que não_, os episódios são parecidos.
A virtude do equilíbrio jornalístico recomenda tratamento, senão igual, o que é difícil, ao menos semelhante.
O que aconteceu?
A primeira apreensão de dinheiro foi sufocada no noticiário, que lhe deu atenção diminuta.
A segunda virou um escândalo monumental, para compor o cenário “mar de lama''.
É assim o jornalismo de torcida: conforme os personagens e os interesses, os brados pela decência têm mais ou menos decibéis.
Não custa registrar: o deputado do caso 1 é Bruno Covas, do PSDB de Aécio.
O candidato do caso 2 é Fernando Pimentel, governador eleito pelo PT de Dilma.
Parece
que viajamos num túnel do tempo e caímos em 1954. A imprensa era
acentuadamente partidária, e nas mesmas proporções atuais: a esmagadora
maioria com a oposição, a minoria com o governo.
Por sorte, em 2014 tudo será resolvido com o voto popular, e não com um golpe de Estado e uma bala no peito.
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