domingo, 5 de outubro de 2014

O que significa

O que significa a Bolsa de Valores desabar sempre que Dilma cresce nas pesquisas?

O que significa a Bolsa de Valores desabar sempre que Dilma cresce nas pesquisas?

Postado em 01 out 2014
A Bolsa
A Bolsa
O que significa a Bolsa de Valores desabar a cada momento que parece mais provável a vitória de Dilma?


Imagino que o BM, o Brasileiro Médio, se faça essa pergunta diante das repetidas notícias de queda na Bolsa.


A resposta é: é um problemão para quem tem dinheiro aplicado na Bolsa de Valores, uma fração insignificante da sociedade.


A Bolsa brasileira sempre foi irrelevante. Poucas empresas, ao longo dos tempos, decidiram abrir seu capital.


Na mídia, por exemplo, que não para de noticiar agora a instabilidade das ações, nenhuma grande empresa foi para a Bolsa.


A visão hostil em relação à Bolsa faz parte da cultura nacional,
pouco disposta ao risco. Fora isso, há investimentos seguros que pagam
altas – em certos momentos altíssimas – taxas de juros.


Suponha que, numa virada sensacional, a Bolsa começasse a bater recordes. Mais uma vez: não significaria nada para o BM.


O BM não come ações.


Em compensação, alguns especuladores ganhariam muito dinheiro.


Por trás do noticiário catastrofista, está uma tentativa de intimidar
o eleitor assustadiço e convencê-lo a votar no “candidato do mercado”,
Aécio.


As pesquisas mostram que o BM não é o idiota que alguns pensam que é.


Pressões baseadas no apocalipse são comuns. Numa clássica, o então
presidente da Fiesp, Mário Amatto, disse que 800 000 empresários
deixariam o país caso Lula vencesse as eleições de 1990.


O “mercado” se agitou também em 2002, diante da iminência da vitória
de Lula. Lula piscou, e disso nasceu a Carta aos Brasileiros, na qual o
PT se comprometeu a seguir a essência da política econômica de FHC.


Quer dizer: o PT abdicava, ali, de ser um partido de esquerda.
Começava um movimento que levaria o partido ao centro, ou à
centro-esquerda.


(Um efeito colateral dessa caminhada do PT rumo ao centro foi a transformação do PSDB num partido de direita.)


O terrorismo econômico de 2014 não é muito diferente do de 1989, e nem do de 2002.


O que se deseja, a rigor, é que Dilma se comprometa com uma agenda da qual o “mercado” goste.


Lula parece ter aprendido, pelo que ele fala agora, que no fundo se
trata de mais um blefe. Não era verdade que 800 mil empresários
debandariam, e nem que o Brasil entraria em colapso se não fosse seguida
a receita ortodoxa de FHC em 2002.


Mais uma vez, o que temos é o 1% sempre querendo manipular os 99%: a rigor, não é mais nem menos que isso.


Durante muitos anos, na ditadura militar e depois mesmo no governo
FHC, os brasileiros foram enganados com o argumento de que era preciso
fazer o bolo – a economia – crescer para depois distribuí-lo.


O bolo cresceu e, como mostram os dados da desigualdade, jamais foi distribuído decentemente por sucessivas administrações.


Num mundo menos imperfeito, a mídia teria cobrado duramente ações para fazer do Brasil um país menos abjetamente injusto.


Mas não.


A imprensa nunca fez do combate à iniquidade uma causa, porque se
beneficiou da desigualdade. Os donos das empresas de jornalismo acabaram
figurando entre as pessoas mais ricas do Brasil.


A melhor atitude que o BM, o Brasileiro Médio, deve tomar diante das trepidações da Bolsa é ignorá-las.


De alguma forma, pode até respirar aliviado. Nas presentes
circunstâncias, caso a Bolsa estivesse bombando, é porque – como
prometeu Aécio a um grupo de empresários no começo da sua campanha –
medidas impopulares estariam ali na esquina.


E delas ninguém escapa, salvo os suspeitos de sempre, o chamado 1%.

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