terça-feira, 17 de março de 2015

Eduardo Cunha, os deputados que “roubaram porque deixaram” e o diálogo de Cardozo

Eduardo Cunha, os deputados que “roubaram porque deixaram” e o diálogo de Cardozo | TIJOLAÇO

 









Eduardo Cunha, os deputados que “roubaram porque deixaram” e o diálogo de Cardozo

16 de março de 2015 | 16:53 Autor: Fernando Brito
dialogo


O Brasil virou o país da desfaçatez.


Duas semanas após a lista apresentada pelo Procurador Geral da
República ter gerado a abertura de investigação sobre dezenas de
políticos, entre eles o Presidente do Senado, Renan Calheiros, e o da
Câmara, Eduardo Cunha, este último diz a empresários paulistas – e
depois em entrevista para a grande mídia, que “a corrupção está no Executivo, não no Legislativo”.


“É bom deixar claro que a corrupção não está no Poder
Legislativo, a corrupção está no Executivo. Se eventualmente alguém no
Poder Legislativo se aproveitou da situação para dar suporte politico em
troca de benefícios indevidos é porque esses benefícios existiram pela
falta de governança do Poder Executivo”.



Então fica assim: “roubamos porque deixaram roubar”.


Pausa para rir do “se efetivamente alguém do Poder Legislativo se aproveitou”.


Enquanto Cunha, gravado na lista de Janot, bravateia a honestidade
dos políticos, o Governo, que não está na lista, gagueja que “vai lançar
um pacote anticorrupção” e diz que vai “dialogar”, pela boca do Ministro José Eduardo Cardozo.


Será, senhor Ministro, que alguém parecia ontem disposto a dialogar?


Isso não quer dizer que devam ser tratados abaixo de pau, é evidente,
embora se devesse agir, dentro da lei, contra quem prega golpes
militares e outras pérolas.


O governo tem é de agir, tanto na administração quanto na política,
revigorar sua base de apoio popular, mostrar à sociedade que é o que diz
ser e que este movimento é uma extensão espúria do processo eleitoral.


Não impor o ajuste necessário com medidas doces para os grandes
empresários – como foi o impacto de uma só vez, sem escalonamentos, das
tarifas de energia ou como é a elevação contínua dos juros – enquanto o
que é amargo para o povão nem sequer é pactuado.


Como é que as maiorias que elegeram este governo vão entender que é
preciso defendê-lo se ele não fala ou, quando fala, titubeia?


Sinceramente, não acredito que o governo, mesmo que o quisesse,
poderia a esta altura enfrentar a mídia, ao menos não decididamente,
depois de anos e anos de temor – e tremor, melhor dizendo – ante o
cogumelo que domina a informação neste país. E mesmo ao que nos resta de
mobilização, fazê-lo pouco será senão fornecer mais matéria-prima para a
ridícula e até cruel lenga-lenga sobre censura à imprensa,
bolivarianismo e outras baboseiras que se propagaram entre os
histéricos.


Porque, infelizmente, os controladores da comunicação, hoje, no
Brasil, se assemelham ao “protestante” da foto: berram como irracionais.


E tratam gente como Eduardo Cunha como respeitáveis senhores, ao qual
dão incontestados microfones para explicar quem rouba e como se rouba
no Brasil.


Quem sabe por reconhecer-lhe notório saber, como integrante da seleta e extensa lista do Dr. Janot.

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