Podemos tirar se achar melhor
Nada como uma frase infeliz para fazer a
felicidade dos que esperam um pouquinho de verdade. Um lapso também
ajuda. As melhores frases dos últimos tempos foram do deputado gaúcho
Jorge Pozzobom (PSDB) e de um editor da agência de notícias Reuters.
Numa matéria sobre a corrupção no Brasil, baseada em entrevista com o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o jornalista referiu-se à
declaração do delator Pedro Barusco de que a roubalheira na Petrobras
começou na época do governo de FHC. O editor anotou, ao pé da frase,
para ser submetida ao entrevistado: “Podemos tirar se achar melhor”. Por
esquecimento, a zelosa observação foi publicada. A Reuters pagou mico.
Revelou o jornalismo sabujo que blinda alguns e detona outros. Quando se
trata de tucanos, esbravejam os petistas, predomina o “podemos tirar se
achar melhor”. Nada como ser rei ou amigo dele.
O sempre intenso deputado Jorge Pozzobom envolveu-se num bate-boca,
pelo twitter, com petistas. Lá pelas tentas, disse esperar que “alguém
que não seja ameaçado de morte ou morto como o Celso Daniel possa trazer
por delação a mega lista do PT”. Tomou uma dura. Respondeu assim ao
ex-secretário do governo Tarso Genro, Vinicius Wu: “Me processa. Eu
entro no Poder judiciário e por não ser petista não corro o risco de ser
preso”. Faz sentido. Muito sentido. O mensalão mineiro não foi julgado
até hoje. Manchete da Folha de S. Paulo diz: “Mensalão tucano está
parada em MG há um ano”. Falta juiz. A titular se aposentou. Fala sério,
Judiciário. A primeira denúncia contra o cartel do metrô de São Paulo,
envolvendo governos tucanos, foi recusada. Só a segunda foi aceita. Na
internet, circula um vídeo com um dos delatores citando Aécio Neves como
beneficiário de esquema irregular de financiamento de campanha. O
assunto não parece comover a justiça nem a mídia. Será uma invenção? Um
fake? Quem sabe! As frases da Reuters e do Pozzobom são legítimas. As
intenções, claro, são sempre outras.
A primeira impressão, porém, é que fica valendo.
Fico imaginando que Pozzobom poderia, depois de sua afirmação
controvertida, ter dito no twitter: “Falei a verdade, mas podemos tirar
se achar melhor”. Virou bordão. Serve para tudo, do noivo arrependido –
“colocamos as alianças, mas podemos tirar se achar melhor” – ao
treinador que escalou mal um jogador. Serve principalmente para os que
querem derrubar a presidente da República com um golpe nos moldes do que
foi executado em 1964: “O povo colocou Dilma lá no Planalto pelo voto,
mas podemos tirar se achar melhor”. A montagem do golpe é a mesma de
1964: toma a parte, que se manifesta, pelo todo, usa-se a mídia como
alavanca, pega-se a corrupção por pretexto e, como meio século atrás,
enfrenta-se a ameaça comunista.
Até a teoria do contragolpe voltou. As viúvas da ditadura dizem que
não houve golpe em 1964, mas um contragolpe. Essa aberração está sendo
disseminada agora. O golpe já teria acontecido, dado pelo PT. A
derrubada da presidente seria um contragolpe redentor. Uma moça me
explicou: “Dilma é muito ruim, mas podemos tirar se achar melhor”.
Disse que sou contra golpes. Ela me tirou da sua agenda golpista.
Curiosamente essas frases não chamaram a atenção da mídia que não tinha passar qualquer deslize dos agentes públicos.
Por que será?
felicidade dos que esperam um pouquinho de verdade. Um lapso também
ajuda. As melhores frases dos últimos tempos foram do deputado gaúcho
Jorge Pozzobom (PSDB) e de um editor da agência de notícias Reuters.
Numa matéria sobre a corrupção no Brasil, baseada em entrevista com o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o jornalista referiu-se à
declaração do delator Pedro Barusco de que a roubalheira na Petrobras
começou na época do governo de FHC. O editor anotou, ao pé da frase,
para ser submetida ao entrevistado: “Podemos tirar se achar melhor”. Por
esquecimento, a zelosa observação foi publicada. A Reuters pagou mico.
Revelou o jornalismo sabujo que blinda alguns e detona outros. Quando se
trata de tucanos, esbravejam os petistas, predomina o “podemos tirar se
achar melhor”. Nada como ser rei ou amigo dele.
O sempre intenso deputado Jorge Pozzobom envolveu-se num bate-boca,
pelo twitter, com petistas. Lá pelas tentas, disse esperar que “alguém
que não seja ameaçado de morte ou morto como o Celso Daniel possa trazer
por delação a mega lista do PT”. Tomou uma dura. Respondeu assim ao
ex-secretário do governo Tarso Genro, Vinicius Wu: “Me processa. Eu
entro no Poder judiciário e por não ser petista não corro o risco de ser
preso”. Faz sentido. Muito sentido. O mensalão mineiro não foi julgado
até hoje. Manchete da Folha de S. Paulo diz: “Mensalão tucano está
parada em MG há um ano”. Falta juiz. A titular se aposentou. Fala sério,
Judiciário. A primeira denúncia contra o cartel do metrô de São Paulo,
envolvendo governos tucanos, foi recusada. Só a segunda foi aceita. Na
internet, circula um vídeo com um dos delatores citando Aécio Neves como
beneficiário de esquema irregular de financiamento de campanha. O
assunto não parece comover a justiça nem a mídia. Será uma invenção? Um
fake? Quem sabe! As frases da Reuters e do Pozzobom são legítimas. As
intenções, claro, são sempre outras.
A primeira impressão, porém, é que fica valendo.
Fico imaginando que Pozzobom poderia, depois de sua afirmação
controvertida, ter dito no twitter: “Falei a verdade, mas podemos tirar
se achar melhor”. Virou bordão. Serve para tudo, do noivo arrependido –
“colocamos as alianças, mas podemos tirar se achar melhor” – ao
treinador que escalou mal um jogador. Serve principalmente para os que
querem derrubar a presidente da República com um golpe nos moldes do que
foi executado em 1964: “O povo colocou Dilma lá no Planalto pelo voto,
mas podemos tirar se achar melhor”. A montagem do golpe é a mesma de
1964: toma a parte, que se manifesta, pelo todo, usa-se a mídia como
alavanca, pega-se a corrupção por pretexto e, como meio século atrás,
enfrenta-se a ameaça comunista.
Até a teoria do contragolpe voltou. As viúvas da ditadura dizem que
não houve golpe em 1964, mas um contragolpe. Essa aberração está sendo
disseminada agora. O golpe já teria acontecido, dado pelo PT. A
derrubada da presidente seria um contragolpe redentor. Uma moça me
explicou: “Dilma é muito ruim, mas podemos tirar se achar melhor”.
Disse que sou contra golpes. Ela me tirou da sua agenda golpista.
Curiosamente essas frases não chamaram a atenção da mídia que não tinha passar qualquer deslize dos agentes públicos.
Por que será?
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