Blog de Ricardo Noblat: colunista do jornal O Globo com notícias sobre política direto de Brasília - Ricardo Noblat: O Globo: "A televisão entra forte na política
Nos Estados Unidos. Uma das explicações para a crescente radicalização na política americana é o crescente envolvimento dos canais de televisão com a política partidária.
Rompendo inclusive a tradição entre uma eventual opção editorial política e a neutra informação jornalística. Está havendo mudança no comportamento político da televisão.
Que mudança é esta?
São muitas. Uma menos visível diz respeito à ascensão da televisão a cabo, da televisão paga, em relação às redes nacionais, à televisão aberta.
No mês passado, pela primeira vez na história da audiência da televisão americana, a televisão paga superou por alguns momentos as redes de televisão aberta. Será esta uma tendência mundial?
A televisão aberta busca programas e postura política comuns a uma audiência nacional. Precisa de todos, de todas as classes sociais, de todas as religiões, sem distinções. Acaba focando em valores culturais ou políticos mais consensuais e homogêneos da sociedade.
Não é por menos que o programa mais visto na última quinzena foi a cerimônia da entrega do Oscar, na ABC, mas com apenas 21% da audiência.
Já a televisão a cabo, ao contrário, busca a audiência segmentada. Nichos de mercado. A estratégia é a intensificação da fragmentação de valores, inclusive políticos e culturais. Busca as tribos, os grupos, cada classe em particular.
A ascensão da TV a cabo pode ter como consequência a ascensão da fragmentação de valores e ideologias.
Assim aposta o canal a cabo Fox News que faz inédito ativismo a favor do Partido Republicano. Ativismo muito além de apenas uma opção editorial. Joga tudo nos republicanos. E assim radicaliza corações e mentes.
O professor de direito Paulo Daflon, do Boston College, diz que a história da política americana é assim mesmo: períodos de mais, e outros de menos radicalismos.
A Fox tem vários candidatos republicanos em potencial à presidência da República, como colaboradores pagos. Remunera não somente a ex e futura candidata Sarah Palin, como outros prováveis candidatos tal como o ex-presidente da Câmara de Deputados, Newt Gingrich. Ao já se declarar candidato esta semana, este deixará a Fox News, mas é difícil não relacionar sua exposição prévia na televisão a cabo com a construção de sua candidatura.
A Fox News parece atuar como explícita incubadora político partidária. Celeiro de ideias e de candidatos. Será esta tendência mundial?
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