quinta-feira, 17 de março de 2011

Opera Mundi - Registro de inspeção da usina nuclear de Fukushima foi falsificado, denuncia jornal

Opera Mundi - Registro de inspeção da usina nuclear de Fukushima foi falsificado, denuncia jornal: "Registro de inspeção da usina nuclear de Fukushima foi falsificado, denuncia jornal

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A companhia distribuidora de energia elétrica japonesa Tokyo Electric Power Co (Tepco), responsável por gerir o complexo nuclear de Fukushima, no nordeste do país, adulterou dados de segurança, tentou encobrir problemas da usina e omitiu informações relevantes ao governo, de acordo com reportagem publicada nesta quarta-feira (16/03) pelo jornal britânico The Times. Um dos procedimentos de fraude adotados foi a injeção de ar dentro do recipiente de contenção do reator 1 de Fukushima para, artificialmente, 'baixar a taxa de fuga do calor'.

Maior companhia do setor energético no Japão, a Tepco é responsável pelo abastecimento da capital, Tóquio, e seus arredores. Desde o terremoto e o tsunami de sexta-feira (11/03), a usina de Fukushima tem sido uma das maiores preocupações do país. Já foram registradas quatro explosões nos últimos dias e a Tepco foi obrigada a fechar, ainda que temporariamente, 17 reatores. Atualmente, os técnicos estão jogando água do mar nos reatores para tentar estabilizá-los e evitar um superaquecimento.

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As adulterações feitas pela Tepco foram descobertas em 2002, após funcionários da General Electric (GE), autores do planejamento dos reatores, apresentarem uma denúncia diante do governo japonês. Pouco tempo depois, outro empregado da GE confessou que ele havia falsificado registros de inspeções do reator 1 em 1989, a pedido da Tepco. Ele admitiu ter fraudado outros dados referentes a segurança, também acatando ordens da empresa.

Dale Bridenbaugh, ex-funcionário da GE, que não fazia parte do grupo que fez as denúncias, contou que pediu demissão 35 anos atrás após ficar convencido de que o projeto dos reatores usados em Fukushima tinha falhas graves. Cinco de seis reatores foram construídos de acordo com este projeto.

Segundo Bridenbaugh, “o problema que identificamos em 1975 foi que, ao fazer o projeto, eles não levaram em conta as cargas que podem ser suportadas com uma perda da capacidade de resfriamento”, afirmou ao site norte-americano de notícias ABC News.

'Excesso de confiança'

Em um documento intitulado 'Lessons Learned from the Tepco Nuclear Power Scandal' (Lições aprendidas com o escândalo nuclear Tepco), feito pela própria companhia, ao qual o The Times teve acesso, a Tepco tentou justificar sua falta de conduta alegando “excesso de confiança em seus engenheiros, que tinham pleno conhecimento do assunto”.

A “mentalidade conservadora” dos funcionários fez com que escondessem os problemas, explicou a Tepco. Quando a fraude na inspeção veio a tona, a empresa manifestou 'sinceras desculpas pela realização de práticas desonestas'.

Em 2007, a Tepco teve problemas novamente depois de deixar de informar o governo japonês sobre falhas na usina nuclear de Kashiwazaki-Kariwa, que havia sido danificada por um terremoto de magnitude 6,8. Em um documento divulgado pelo Wikileaks, um diplomata norte-americano reportou que a “Tepco emitiu uma declaração retificada em 18 de julho na qual admite ter calculado mal a quantidade de vazamento de radiação”.

De acordo com despachos revelados pelo Wikileaks, o Japão foi advertido em 2009 que suas usinas não poderiam suportar terremotos de grande magnitude. O documento diplomático mostra também que os Estados Unidos foram enfaticamente críticos com o diretor da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), “particularmente em relação às práticas de segurança do Japão”.

Em julho de 2009, em uma mensagem enviada à secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton, os funcionários dos EUA na AIEA criticaram Tomihiro Taniguchi, diretor do departamento de segurança nuclear da AIEA e de segurança. Eles escreveram que Taniguchi era uma “figura fraca” e, em um documento enviado um ano depois, que o departamento havia sofrido por causa de sua “fraca gestão”.

Formada por seis reatores de água fervente, a Central Nuclear de Fukushima I começou a ser construída em 1967, e é considerada uma das 25 maiores do mundo.

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