quarta-feira, 9 de março de 2011

Natalia Viana | Em parceria com CartaCapital, conteúdo do WikiLeaks em primeira mão

Natalia Viana | Em parceria com CartaCapital, conteúdo do WikiLeaks em primeira mão: "Serra “buscaria uma política externa mais afinada com os EUA”
Posted on 09/03/2011 by Natalia Viana| Deixar um comentário

Por Marcus V F Lacerda e Natalia Viana

Em 18 de dezembro de 2009 o então governador de São Paulo José Serra encontrou-se durante 90 minutos no palácio do governo com o subsecretário para assuntos do hemisfério ocidental do governo americano, Arturo Valenzuela. Serra já era já cotado para ser candidato tucano à presidência em 2010, mas ainda não havia formalizado a candidatura.

Valenzuela saiu do encontro privado com a impressão de que Serra seria um presidente mais afeito aos EUA. “Serra alertou que a corrupção e a radicalização estavam crescendo no partido governante, o PT, e sugeriu que como presidente iria pressionar por uma política externa mais alinhada com os Estados Unidos”, diz o telegrama enviado pelo consulado em São Paulo.

O político tucano criticou a política externa de Lula e propôs-se estar numa posição mais internacionalista caso fosse eleito, criticou a tarifa americana sobre o álcool brasileiro julgando-a “economicamente ilógica” e destacou seu engajamento com o então governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, nas questões climáticas como uma das oportunidades de cooperação.

Serra criticou a participação de Lula na crise em Honduras, responsabilizando o governo brasileiro e o presidente hondurenho deposto Manuel Zelaya de impedirem a resolução do problema.

Sutilmente, Serra deu a entender que os EUA faziam mal ao elogiar Lula. “Ele também avisou que as referências do governo americano a uma ‘relação especial’ com o presidente Lula não agradam a todos os segmentos do Brasil e que poderiam ser manipuladas pelo PT”, diz o telegrama.

Desinformado

Depreende-se do documento, no entanto, que Valenzuela achou que Serra estava focado demais na política interna brasileira sem prestar a devida atenção aos vizinhos na América do Sul.

A conversa aconteceu pouco menos de um mês depois do chileno assumir a subsecretaria de Assuntos do Hemisfério Ocidental, cargo anteriormente ocupado por Thomas Shannon e que coordena as relações dos EUA com América Latina, Caribe e Canadá. “A presidente Kirchner é esperta e cordial. Se o populismo na Argentina preocupa aos EUA, então Dilma causará preocupação maior”, comparou o candidato tucano à presidência.

Valenzuela visitou países do Cone Sul e na volta aproveitou para fazer uma escala em São Paulo onde realizou uma série de encontros extra-oficiais. “Serra pareceu completamente desinformado de acontecimentos recentes no Cone Sul, incluindo a situação política do presidente paraguaio Lugo”, comentou o telegrama fazendo menção à série de reconhecimentos de paternidade atribuídas ao ex-bispo.

Preocupado com a derrota

José Serra deu a entender a Arturo Valenzuela não estar “firmemente confiante” que fosse ganhar as eleições de 2010. Segundo o tucano, o embate entre os esforços do PT em montar uma base política sólida e o fraco aparato do PSDB justificavam tal descrença.

“O Brasil atinge níveis de corrupção nunca vistos enquanto o PT e seus aliados montam uma máquina eleitoral usando dinheiro público”, teria dito Serra ao subsecretário Valenzuela.

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