Cejana Di Guimarães: Por trás do coxinha vs. petralha, o dividir para conquistar
04 de setembro de 2016 às 15h00GUERRA CIVIL OU DITADURA?
por Cejana Di Guimarães, no Facebook
O pior do golpe não é o golpe. O pior do golpe é o que virá. Que seja
um golpe parlamentar ou militar, ilegal ou legal, na realidade ele é
apenas um instrumento.
Dentro de um conjunto mais amplo de estratégias que visam uma tomada
completa de poder político e econômico do Brasil, o que alguns chamam de
impeachment e outros de golpe vem apenas consolidar o saqueamento
material e institucional do país por forças estrangeiras.
Desde 2013 constrói-se um cenário de enfrentamento entre dois polos
da sociedade, a esquerda e a direita, também conhecidos como petralhas e
coxinhas.
Com o mesmo discurso, mudando apenas nomes e referências culturais,
os dois lados se batem pela justiça, pelo fim da corrupção, pela
democracia e pelo futuro do país. Cada um construindo uma narrativa que
idenifica os vilões e os escândalos no campo adversário.
Todos apresentam provas contundentes e heróis imaculados.
O que não dizem ou não enxergam é que o vilão está além das
fronteiras ideológica e também das fronteiras geográficas do país. E a
esse vilão não interessa quem ganhe a luta, apenas que haja luta, que
haja destruição do tecido social e das instituições políticas. Pois com
guerras e catástrofes ganha-se muito dinheiro.
A indústria de armamentos ganha, a máfia das construtoras ganha, a
dos combustíveis aumenta os lucros, os bancos sobem seus juros, os
investidores estrangeiros fazem a feira, aproveitando os preços baixos e
o câmbio favorável, sem falar nos minérios, no petróleo e nas
privatizações.
Todos lucram, menos o país e seus cidadãos e pagadores de impostos, que sejam de esquerda ou de direita.
O capital financeiro internacional não tem ideologia. Enquanto isso
amigos se xingam na internet, casais brigam, pais e filhos cortam
relações, o fosso político se torna cada vez mais profundo e é
alimentado nas redes sociais por profissionais treinados em espalhar
mentiras, boatos, construir escândalos que aumentem cada vez mais o ódio
entre as duas trincheiras.
Polêmicas e conflitos são alimentados entre classes sociais, entre
negros e brancos, entre homosexuais e heterosexuais, entre feministas e
machistas, entre nordeste e sudeste.
Alguns desses conflitos são sugeridos nos relatórios da Embaixada
Americana em Brasília, como foi divulgado pelo Wikileaks de Julian
Assange.
A mesma embaixada a quem o vice-presidente, hoje presidente, passava
informações confidenciais. Pois o que importa não é a categoria, o que
importa é que haja conflito, desunião, desequilíbrio e principalmente
ódio.
Porque ainda hoje é mais fácil dividir para conquistar.
E quando as pessoas resolvem sair às ruas para protestar, como hoje, a
violência é orquestrada por policiais e agentes infiltrados, que se
encarregam de provocar confrontos onde haja feridos, prisões aleatórias,
bombas, sangue e supostos Black Blocs mascarados.
A burguesia horrorizada sentada em frente à televisão ou em suas
varandas de panela em punho, resolve então pedir ajuda a Deus e aos
militares, sem perceber a inconsistência de sua contradição.
Todos dispostos a perder a liberdade em favor de um emprego (o
desemprego aumentou…), uma viagem a Miami, a baixa do dólar ou a paz e a
harmonia de uma novela das oito.
O que temos então é um país dividido que não se governa mais, a
ruptura de contratos sociais, o descrédito das instituições, a
institucionalização de métodos fascistas de governo, o medo e a
repressão se tornam instrumentos de poder.
Como a Ucrânia e a Síria já nos mostrara,, em uma sociedade
enfraquecida a esse ponto, não é difícil construir um cenário de guerra
civil, de enfrentamento nas ruas, ou se alguns preferirem de ditadura
militar. E muitos irão se perguntar, quando foi que perdi o fio da
meada?
PS do Viomundo: Sempre dissemos que a nova doutrina
do Pentágono, ainda não devidamente mapeada, é espalhar o caos. O
enfraquecimento de qualquer Estado, em qualquer ponto do planeta, é
benéfico aos Estados Unidos, que podem ou não oferecer “assistência” e
ampliar sua tutela/penetração diplomática, policial, militar, política e
econômica.
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