Miguel F Gouveia
•
2 dias atrás
É BEM MAIS COMPLEXO DO QUE UMA
BRIGA ENTRE ESQUERDA E DIREITA, SENHORES “JORNALISTAS”
É
estarrecedor o primarismo de alguns "jornalistas" ao reduzir o que
ocorre no Brasil e no mundo a velha, mofada e ultrapassada peleja de
esquerda vs direita. Se não for primarismo, é má fé mesmo.
O
Comunismo teve seu fim decretado em 1989, com a queda do muro de Berlim.
A partir dali a podre União Soviética ruiu e explodiu em dezenas de
pedaços, jogando na lata do lixo tudo o que tinha aprendido em
geografia.
O Capitalismo cantou vitória até 2008, quando uma fraude
financeira espetacular nos USA quebrou o mundo e quase o trouxe à
falência global. A partir dali as agências de rating mostraram a sua
cara de serviçais dos interesses financeiros e a falta de regulamentação
no mercado provou ser um dos maiores erros do berço do capitalismo.
A
Esquerda extrema morreu. A Direita extrema se ridicularizou e faliu.
Ambos jazem em covas não muito profundas, mas estão enterrados enquanto
modelos econômicos de valia no mundo moderno.
Hoje em dia, O
Comunismo da China compra bancos e tem 4 deles entre os 10 maiores do
mundo. Esse mesmo comunismo tem Bolsa de Valores e dança a ciranda do
mercado financeiro como gente grande. Seu PIB rivaliza o dos USA e
cresce a taxas invejáveis, independente dos problemas que possam ser
apontados na sustentação desse crescimento. Os índices financeiros da
comunista China determinam a economia mundial.
Nos USA, o prejuízo do
desastre capitalista da fraude de 2008 foi socializado. O governo
socorreu fartamente a iniciativa privada incompetente e criminosa com
bilionárias verbas públicas, fazendo inveja ao nosso BNDES. De olho no
aumento da pobreza USA, a administração Obama lançou o maior dos
programas de medicina socializada do mundo: o Obamacare. Esse programa
está estimado em US$1,3 trilhões (segundo a Money) para a próxima década
- o PIB do Brasil vai ser gasto em saúde pública (nosso SUS) nos
próximos 10 anos.
Eis a falência da discussão reduzida a esquerda vs
direita. Dói ler artigos de "jornalistas" de ambos os extremos
rebaixarem os problemas atuais a esta disputa bolorenta.
A discussão
hoje é bem mais profunda, mas o tema central é muito simples de ser
identificado. Diz respeito ao fracasso do Neoliberalismo como política
econômica de distribuição de riquezas.
O Neoliberalismo, implantado
com vigor nas eras Reagan e Thatcher, trabalhou na premissa de que ao
incentivar o setor privado, sem qualquer ou com mínima interferência do
governo, este criaria um ambiente econômico de fartura e crescimento
para todos.
A transferência de dinheiro público (nossos impostos) ao
setor privado sem qualquer regulamentação se provou um equívoco, pois os
donos da iniciativa privada o usaram para aumentar suas fortunas
pessoais. Descobriram que com a globalização (outra falácia), os
mercados financeiros do mundo estavam à disposição para uma lucrativa
especulação. Ficaram mais ricos as custas dos mais pobres.
O
resultado do Neoliberalismo está disponível em números: nunca a
concentração de riqueza foi tão acentuada na história do mundo. A
organização não-governamental britânica Oxfam, baseado em dados do banco
Credit Suisse relativos a outubro de 2015, mostrou que a riqueza
acumulada pelo 1% mais abastado da população mundial agora equivale,
pela primeira vez, à riqueza dos 99% restantes. Eis o resultado prático
de décadas de neoliberalismo.
Recentemente, o Neoliberalismo recebeu
críticas de um de seus maiores defensores, o Fundo Monetário
Internacional (FMI), em artigo publicado por três economistas da
instituição. "Em vez de gerar crescimento, algumas políticas neoliberais
aumentaram a desigualdade, colocando em risco uma expansão duradoura",
argumentaram seus autores. O artigo pode ser lido aqui http://www.imf.org/external/pu... .
Com
o aumento da desigualdade social, passamos a conviver com mais pobreza,
menos educação, menos saúde, mais violência, menos moradia, mais
miséria, mais protestos, mais manifestações, mais crise e todos aqueles
problemas sociais que estamos fartos de saber. O mundo se tornou um
lugar mais injusto e perigoso. E os 99% vivem isso na pele em menor ou
maior grau, enquanto o 1% desfruta de suas regalias conquistadas com as
verbas públicas – dinheiro dos 99%.
Portanto, senhores “jornalistas”,
a discussão a ser abordada hoje em dia é sobre distribuição de riquezas
– não é sobre esquerda e direita. O tema central é: que tipo de
Economia precisamos ter para redistribuir as riquezas de forma mais
justa.
Redistribuir riquezas de forma mais justa significa reduzir
muito a política neoliberal que encheu o setor privado de dinheiro sem
cobrar resultados econômicos. O problema aqui reside mais uma vez no
setor financeiro. Este setor pegou as benesses do Neoliberalismo e saiu
emprestando aos governos de diversos países para com esse dinheiro
público (de graça) gerar mais dinheiro ainda e aumentarem absurdamente
seus lucros. E saiu emprestando para todo mundo – e os governos saíram
gastando em programas sociais diversos para combater o aumento da
desigualdade social.
Os programas de combate à desigualdade social
incluíam desde obras de infraestrutura, programas de empréstimos para
Educação, programas de auxílio à aposentadoria, de moradia, de saúde
socializada, etc. São dívidas contraídas juntos as entidades financeiras
do mundo e aplicadas em programas que, na sua maioria, visam a sanar
problemas do passado e agora. Muitos desses programas ignoraram o futuro
ou simplesmente deram errado e aumentaram sobremaneira a dívida pública
dos países.
A Trading Economics, no seu banco de dados, afirma que o quadro de dívida pública dos países do G7 chegou em 2015 ao seguinte:
1. Japão – 229% do PIB
2. Italia – 132 % do PIB
3. USA – 104% do PIB
4. Espanha – 99% do PIB
5. França – 98% do PIB
6. Canadá – 92% do PIB
7. Região do Euro – 91% do PIB
8. Reino Unido – 90% do PIB
9. Alemanha – 72% do PIB
10. Índia – 67% do PIB
O Brasil exibe uma dívida pública de 66% do PIB. A China 44% do PIB. A Rússia 17% do PIB. A lista completa pode ser vista aqui http://www.tradingeconomics.co... .
Ao
ultrapassar 100% do seu PIB, um país atesa que a sua capacidade de
gerar riquezas é inferior à sua capacidade de honrar compromissos. Não
há como sua Economia pagar o que pegou emprestado para melhorar a sua
Economia, salvo a exceção em que o dinheiro foi gasto em programas que
permitirão o aumento de seu PIB mais à frente – o que não corresponde ao
caso dos países mais endividados. A dívida do Japão, por exemplo, tem
um componente pesado de previdência social para atender uma população
envelhecida que não se renova.
Observem que o G7, considerados os
países mais ricos do mundo, formado por Canadá, França, Alemanha,
Itália, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos, estão todos endividados
de forma avassaladora, com a exceção a Alemanha. Esses países não
dispõem de uma Economia capaz de saldar essas dívidas e a perspectiva é
que não tenham como no futuro.
Reparem também que os países do
recém-criado BRICS não compartilham essa inadimplência toda com o G7.
Brasil, Índia, China e Rússia estão com dívidas públicas administráveis.
No momento, suas respectivas Economias têm capacidade de honrar
compromissos e suas respectivas dívidas são em prol de programas que
visam o crescimento de seus PIBs – por exemplo, o programa de Pré-sal no
Brasil.
E para quem esses países devem essa impagável dívida? Para o
setor financeiro (Bancos e Fundos) e para outros governos, em
diferentes moedas. Essa generalização toda desemboca nos maiores bancos
do mundo, os quais estão por trás do setor financeiro credor, e
representam a maioria dos que são classificados no 1% acima já
mencionado.
Segundo a consultoria Brand Finance e a revista especializada The Banker, os maiores Bancos do mundo em 2015 são:
1. Wells Fargo – USA
2. ICBC – China
3. HSBC – UK
4. Banco da Construção da China – China
5. Citi – USA
6. Bank of America – USA
7. Chase – USA
8. Banco da Agricultura da China – China
9. Bank of China – China
10. Santander – Espanha
Veja a lista completa aqui http://brandirectory.com/leagu... .
Sem
capacidade para aumentar suas respectivas Economias, os governos dos
países endividados colocam em risco a riqueza do 1% tão generosamente
aumentada pelos anos de ouro do Neoliberalismo. E esse pessoal de forma
alguma aceita reduzir sua criminosa margem de lucro (?) para
redistribuir a riqueza do mundo.
O que fazer? Resposta: avançar sobre a capacidade de geração de riqueza de países /continentes economicamente em ascensão.
Tomando
foco no Brasil, ao final de 2015, meses antes do dia da consumação do
golpe no país, a economia brasileira era descrita pelos seguintes dados
(fontes: PNAD, IPEA, IBGE, BC):
1) as reservas internacionais
líquidas do Brasil são de US$ 377 bilhões (eram de apenas US$ 16 bilhões
em 2002). Elas superam, com folga, toda a dívida externa do país, que é
de US$ 333,6 bilhões, sendo que apenas 30% disso a curto prazo;
2) o Brasil é credor do FMI - o Brasil é credor externo líquido em US$ 42,7 bilhões;
3) a dívida pública líquida era 36% do PIB e a bruta 66% do PIB (em 2002 a dívida líquida era de 60% do PIB);
4) os investimentos externos produtivos (IED) no Brasil foram de US$ 75 bilhões em 2015, sendo equivalentes a 4,5% do PIB;
5) o Brasil tem o 7o. maior PIB mundial (era o 13o. em 2002);
6) o PIB per capita fechou em US$8.670 (era de US$2.800 em 2002);
7)
a taxa de inflação está caindo e deverá fechar o ano, segundo o Banco
Central, perto do teto da meta em 2016, ficando próxima de 6,5% no
acumulado do ano. Para 2017, já se prevê uma taxa de inflação perto do
centro da meta (de 4,5%);
8) o salário mínimo fechou em de R$824, equivalente a cerca de US$368 (era de US$158 em 2002);
9) o déficit externo, em transações correntes, fechou em 3,32% do PIB (caiu dos 4,31% de 2014) e continua caindo; e
10)
o Superávit comercial foi de US$19,7 bilhões em 2015, já acumulou
US$32,4 bilhões de janeiro a agosto de 2016, sendo que estimativas
apontam que o mesmo poderá chegar a US$50 bilhões neste ano.
Dificilmente
um cenário ruim, ainda mais quando comparado aos países endividados do
G7. Alguns “jornalistas” vendem esse cenário como “terra arrasada”, país
quebrado, etc. Há problemas sim com a tendência de piora de alguns
índices, mas nada que não possa ser corrigido ou que o país não tenha
condições econômicas de assim fazer.
Eis que surge a encomenda do golpe no Brasil.
O
setor financeiro enxerga no cenário atual, nos investimentos
estratégicos realizados e nas possibilidades econômicas do Brasil,
detentor de mais de 50% da economia na região, uma fonte de geração de
receita para tapar o buraco da farra financeira que patrocinou aos
países do G7 – agora sem qualquer garantia de retorno. A mesma
perspectiva também ocorre em relação ao continente africano, hoje em
disputa ferrenha com a China.
Não somente é necessário adquirir as
fontes de riqueza do país alvo, como também reduzir ao máximo seus
gastos em programas sociais e trabalhistas. Essa receita toda deverá ser
migrada para o setor financeiro em risco de calote. Deverá ser
transferida para as economias dos países esgotados. Deverá ser usada
para gerar riquezas aos grandes devedores do mundo.
Então, a questão
central é a seguinte: com equacionar o poder do 1% com as necessidades
do 99%. Isso não necessariamente desemboca numa discussão ideológica de
esquerda vs direita. E levar para essa disputa é retroagira aos tempos
de guerra fria.
O fato é: a continuar essa exploração indevida e sem
controle, sem espaço para o social sem ser na forma de esmola, o
confronto interno será inevitável. Esse confronto não será, apesar de
possível, necessariamente uma guerra civil. Virá na forma do aumento da
violência do 99% em cima de si mesmo e, transpostas as barreiras de
segurança, em cima do 1%. Testemunharemos mais assaltos, mais roubos,
mais crimes e mais mazelas sociais de que tanto tememos e que também
afetará, consequentemente, o 1%.
Aceitar que nossos “jornalistas” não
reportem isso é inadmissível numa era que envolve o descontrole da
informação, a ponto de colocar tudo ao alcance de todos via Internet; a
redefiniçao dos mercados econômicos com novas fontes de geração de
receita e a crise ambiental que bate a nossa porta.
O Jornalismo deve a si mesmo esse alerta. Ou morreu de fato.
BRIGA ENTRE ESQUERDA E DIREITA, SENHORES “JORNALISTAS”
É
estarrecedor o primarismo de alguns "jornalistas" ao reduzir o que
ocorre no Brasil e no mundo a velha, mofada e ultrapassada peleja de
esquerda vs direita. Se não for primarismo, é má fé mesmo.
O
Comunismo teve seu fim decretado em 1989, com a queda do muro de Berlim.
A partir dali a podre União Soviética ruiu e explodiu em dezenas de
pedaços, jogando na lata do lixo tudo o que tinha aprendido em
geografia.
O Capitalismo cantou vitória até 2008, quando uma fraude
financeira espetacular nos USA quebrou o mundo e quase o trouxe à
falência global. A partir dali as agências de rating mostraram a sua
cara de serviçais dos interesses financeiros e a falta de regulamentação
no mercado provou ser um dos maiores erros do berço do capitalismo.
A
Esquerda extrema morreu. A Direita extrema se ridicularizou e faliu.
Ambos jazem em covas não muito profundas, mas estão enterrados enquanto
modelos econômicos de valia no mundo moderno.
Hoje em dia, O
Comunismo da China compra bancos e tem 4 deles entre os 10 maiores do
mundo. Esse mesmo comunismo tem Bolsa de Valores e dança a ciranda do
mercado financeiro como gente grande. Seu PIB rivaliza o dos USA e
cresce a taxas invejáveis, independente dos problemas que possam ser
apontados na sustentação desse crescimento. Os índices financeiros da
comunista China determinam a economia mundial.
Nos USA, o prejuízo do
desastre capitalista da fraude de 2008 foi socializado. O governo
socorreu fartamente a iniciativa privada incompetente e criminosa com
bilionárias verbas públicas, fazendo inveja ao nosso BNDES. De olho no
aumento da pobreza USA, a administração Obama lançou o maior dos
programas de medicina socializada do mundo: o Obamacare. Esse programa
está estimado em US$1,3 trilhões (segundo a Money) para a próxima década
- o PIB do Brasil vai ser gasto em saúde pública (nosso SUS) nos
próximos 10 anos.
Eis a falência da discussão reduzida a esquerda vs
direita. Dói ler artigos de "jornalistas" de ambos os extremos
rebaixarem os problemas atuais a esta disputa bolorenta.
A discussão
hoje é bem mais profunda, mas o tema central é muito simples de ser
identificado. Diz respeito ao fracasso do Neoliberalismo como política
econômica de distribuição de riquezas.
O Neoliberalismo, implantado
com vigor nas eras Reagan e Thatcher, trabalhou na premissa de que ao
incentivar o setor privado, sem qualquer ou com mínima interferência do
governo, este criaria um ambiente econômico de fartura e crescimento
para todos.
A transferência de dinheiro público (nossos impostos) ao
setor privado sem qualquer regulamentação se provou um equívoco, pois os
donos da iniciativa privada o usaram para aumentar suas fortunas
pessoais. Descobriram que com a globalização (outra falácia), os
mercados financeiros do mundo estavam à disposição para uma lucrativa
especulação. Ficaram mais ricos as custas dos mais pobres.
O
resultado do Neoliberalismo está disponível em números: nunca a
concentração de riqueza foi tão acentuada na história do mundo. A
organização não-governamental britânica Oxfam, baseado em dados do banco
Credit Suisse relativos a outubro de 2015, mostrou que a riqueza
acumulada pelo 1% mais abastado da população mundial agora equivale,
pela primeira vez, à riqueza dos 99% restantes. Eis o resultado prático
de décadas de neoliberalismo.
Recentemente, o Neoliberalismo recebeu
críticas de um de seus maiores defensores, o Fundo Monetário
Internacional (FMI), em artigo publicado por três economistas da
instituição. "Em vez de gerar crescimento, algumas políticas neoliberais
aumentaram a desigualdade, colocando em risco uma expansão duradoura",
argumentaram seus autores. O artigo pode ser lido aqui http://www.imf.org/external/pu... .
Com
o aumento da desigualdade social, passamos a conviver com mais pobreza,
menos educação, menos saúde, mais violência, menos moradia, mais
miséria, mais protestos, mais manifestações, mais crise e todos aqueles
problemas sociais que estamos fartos de saber. O mundo se tornou um
lugar mais injusto e perigoso. E os 99% vivem isso na pele em menor ou
maior grau, enquanto o 1% desfruta de suas regalias conquistadas com as
verbas públicas – dinheiro dos 99%.
Portanto, senhores “jornalistas”,
a discussão a ser abordada hoje em dia é sobre distribuição de riquezas
– não é sobre esquerda e direita. O tema central é: que tipo de
Economia precisamos ter para redistribuir as riquezas de forma mais
justa.
Redistribuir riquezas de forma mais justa significa reduzir
muito a política neoliberal que encheu o setor privado de dinheiro sem
cobrar resultados econômicos. O problema aqui reside mais uma vez no
setor financeiro. Este setor pegou as benesses do Neoliberalismo e saiu
emprestando aos governos de diversos países para com esse dinheiro
público (de graça) gerar mais dinheiro ainda e aumentarem absurdamente
seus lucros. E saiu emprestando para todo mundo – e os governos saíram
gastando em programas sociais diversos para combater o aumento da
desigualdade social.
Os programas de combate à desigualdade social
incluíam desde obras de infraestrutura, programas de empréstimos para
Educação, programas de auxílio à aposentadoria, de moradia, de saúde
socializada, etc. São dívidas contraídas juntos as entidades financeiras
do mundo e aplicadas em programas que, na sua maioria, visam a sanar
problemas do passado e agora. Muitos desses programas ignoraram o futuro
ou simplesmente deram errado e aumentaram sobremaneira a dívida pública
dos países.
A Trading Economics, no seu banco de dados, afirma que o quadro de dívida pública dos países do G7 chegou em 2015 ao seguinte:
1. Japão – 229% do PIB
2. Italia – 132 % do PIB
3. USA – 104% do PIB
4. Espanha – 99% do PIB
5. França – 98% do PIB
6. Canadá – 92% do PIB
7. Região do Euro – 91% do PIB
8. Reino Unido – 90% do PIB
9. Alemanha – 72% do PIB
10. Índia – 67% do PIB
O Brasil exibe uma dívida pública de 66% do PIB. A China 44% do PIB. A Rússia 17% do PIB. A lista completa pode ser vista aqui http://www.tradingeconomics.co... .
Ao
ultrapassar 100% do seu PIB, um país atesa que a sua capacidade de
gerar riquezas é inferior à sua capacidade de honrar compromissos. Não
há como sua Economia pagar o que pegou emprestado para melhorar a sua
Economia, salvo a exceção em que o dinheiro foi gasto em programas que
permitirão o aumento de seu PIB mais à frente – o que não corresponde ao
caso dos países mais endividados. A dívida do Japão, por exemplo, tem
um componente pesado de previdência social para atender uma população
envelhecida que não se renova.
Observem que o G7, considerados os
países mais ricos do mundo, formado por Canadá, França, Alemanha,
Itália, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos, estão todos endividados
de forma avassaladora, com a exceção a Alemanha. Esses países não
dispõem de uma Economia capaz de saldar essas dívidas e a perspectiva é
que não tenham como no futuro.
Reparem também que os países do
recém-criado BRICS não compartilham essa inadimplência toda com o G7.
Brasil, Índia, China e Rússia estão com dívidas públicas administráveis.
No momento, suas respectivas Economias têm capacidade de honrar
compromissos e suas respectivas dívidas são em prol de programas que
visam o crescimento de seus PIBs – por exemplo, o programa de Pré-sal no
Brasil.
E para quem esses países devem essa impagável dívida? Para o
setor financeiro (Bancos e Fundos) e para outros governos, em
diferentes moedas. Essa generalização toda desemboca nos maiores bancos
do mundo, os quais estão por trás do setor financeiro credor, e
representam a maioria dos que são classificados no 1% acima já
mencionado.
Segundo a consultoria Brand Finance e a revista especializada The Banker, os maiores Bancos do mundo em 2015 são:
1. Wells Fargo – USA
2. ICBC – China
3. HSBC – UK
4. Banco da Construção da China – China
5. Citi – USA
6. Bank of America – USA
7. Chase – USA
8. Banco da Agricultura da China – China
9. Bank of China – China
10. Santander – Espanha
Veja a lista completa aqui http://brandirectory.com/leagu... .
Sem
capacidade para aumentar suas respectivas Economias, os governos dos
países endividados colocam em risco a riqueza do 1% tão generosamente
aumentada pelos anos de ouro do Neoliberalismo. E esse pessoal de forma
alguma aceita reduzir sua criminosa margem de lucro (?) para
redistribuir a riqueza do mundo.
O que fazer? Resposta: avançar sobre a capacidade de geração de riqueza de países /continentes economicamente em ascensão.
Tomando
foco no Brasil, ao final de 2015, meses antes do dia da consumação do
golpe no país, a economia brasileira era descrita pelos seguintes dados
(fontes: PNAD, IPEA, IBGE, BC):
1) as reservas internacionais
líquidas do Brasil são de US$ 377 bilhões (eram de apenas US$ 16 bilhões
em 2002). Elas superam, com folga, toda a dívida externa do país, que é
de US$ 333,6 bilhões, sendo que apenas 30% disso a curto prazo;
2) o Brasil é credor do FMI - o Brasil é credor externo líquido em US$ 42,7 bilhões;
3) a dívida pública líquida era 36% do PIB e a bruta 66% do PIB (em 2002 a dívida líquida era de 60% do PIB);
4) os investimentos externos produtivos (IED) no Brasil foram de US$ 75 bilhões em 2015, sendo equivalentes a 4,5% do PIB;
5) o Brasil tem o 7o. maior PIB mundial (era o 13o. em 2002);
6) o PIB per capita fechou em US$8.670 (era de US$2.800 em 2002);
7)
a taxa de inflação está caindo e deverá fechar o ano, segundo o Banco
Central, perto do teto da meta em 2016, ficando próxima de 6,5% no
acumulado do ano. Para 2017, já se prevê uma taxa de inflação perto do
centro da meta (de 4,5%);
8) o salário mínimo fechou em de R$824, equivalente a cerca de US$368 (era de US$158 em 2002);
9) o déficit externo, em transações correntes, fechou em 3,32% do PIB (caiu dos 4,31% de 2014) e continua caindo; e
10)
o Superávit comercial foi de US$19,7 bilhões em 2015, já acumulou
US$32,4 bilhões de janeiro a agosto de 2016, sendo que estimativas
apontam que o mesmo poderá chegar a US$50 bilhões neste ano.
Dificilmente
um cenário ruim, ainda mais quando comparado aos países endividados do
G7. Alguns “jornalistas” vendem esse cenário como “terra arrasada”, país
quebrado, etc. Há problemas sim com a tendência de piora de alguns
índices, mas nada que não possa ser corrigido ou que o país não tenha
condições econômicas de assim fazer.
Eis que surge a encomenda do golpe no Brasil.
O
setor financeiro enxerga no cenário atual, nos investimentos
estratégicos realizados e nas possibilidades econômicas do Brasil,
detentor de mais de 50% da economia na região, uma fonte de geração de
receita para tapar o buraco da farra financeira que patrocinou aos
países do G7 – agora sem qualquer garantia de retorno. A mesma
perspectiva também ocorre em relação ao continente africano, hoje em
disputa ferrenha com a China.
Não somente é necessário adquirir as
fontes de riqueza do país alvo, como também reduzir ao máximo seus
gastos em programas sociais e trabalhistas. Essa receita toda deverá ser
migrada para o setor financeiro em risco de calote. Deverá ser
transferida para as economias dos países esgotados. Deverá ser usada
para gerar riquezas aos grandes devedores do mundo.
Então, a questão
central é a seguinte: com equacionar o poder do 1% com as necessidades
do 99%. Isso não necessariamente desemboca numa discussão ideológica de
esquerda vs direita. E levar para essa disputa é retroagira aos tempos
de guerra fria.
O fato é: a continuar essa exploração indevida e sem
controle, sem espaço para o social sem ser na forma de esmola, o
confronto interno será inevitável. Esse confronto não será, apesar de
possível, necessariamente uma guerra civil. Virá na forma do aumento da
violência do 99% em cima de si mesmo e, transpostas as barreiras de
segurança, em cima do 1%. Testemunharemos mais assaltos, mais roubos,
mais crimes e mais mazelas sociais de que tanto tememos e que também
afetará, consequentemente, o 1%.
Aceitar que nossos “jornalistas” não
reportem isso é inadmissível numa era que envolve o descontrole da
informação, a ponto de colocar tudo ao alcance de todos via Internet; a
redefiniçao dos mercados econômicos com novas fontes de geração de
receita e a crise ambiental que bate a nossa porta.
O Jornalismo deve a si mesmo esse alerta. Ou morreu de fato.
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