Memórias Esparsas de um Anarquista Cansado
“Quem fica entre os anarcomunistas e os neo-libertários? A massa.”
Na mídia, só a tragédia pasteurizada, decantada, manipulada. Como sempre. Afinal quando os editores e patrões não tiverem mais o controle do que publicam os jornalistas, teremos o velho e bom Jornalismo de volta. E isso, não interessa a ninguém, não é mesmo? Nada de novo. Sonho diariamente com o novo, mas ele não surge. Mas talvez o novo esteja dentro de mim, dentro de ti, em nós.
Sem o novo, persiste o velho. Esses espasmos, esses zumbis, com um microfone na mão e um sorriso de plástico. É o que tem pra hoje. Alguns acreditam que “essa coisa, essa gosma” tem futuro ou salvação. Outros, como eu, não. Mas os outros, talvez por preguiça, talvez por acomodação, não se dispõem a pensar numa alternativa.
As ruas cheiram a cinza e poeira, restos das chamas do incêndio de ontem. Em alguns cantos, um pouco de fumaça para nos lembrar do breve momento em que, segundo o cartaz da jovem adolescente, “acordamos”. Lembranças do encontro da indignação com o ócio, quando jovens destilaram sua fúria sobre alguma coisa ou sobre alguém, que nunca saberemos o que ou quem.
Dizem que em tempos turbulentos, toda forma de violência é válida. Ouso discordar, mas com cuidado, afinal pode sobrar pra mim também. Melhor concordar. Como funciona hoje em dia mesmo?
Ahhhh, sim. Sinto-me até mais leve. Cumpri meu dever com a sociedade brasileira. Pra que ler Rawls antes de discutir Cotas? Pra que entender como funciona o apodrecido MPF antes de pedir o fim da PEC37? Pra que ler o básico de Ciência Política no Bonavides antes de gritar “Fora, !>. Pra quê? Cem palavras, é o limite da capacidade de leitura e concentração dos jovens. Nem toda Ritalina que a Novartis conseguir produzir, vai salvá-los na “Era da Distração”.
É o poder que corrompe, não o dinheiro. Políticos são corruptos, nós não. Ponto. Ninguém joga lixo na rua, leva o cachorro pra fazer cocô na praia ou praça, dá cafezinho pro guarda, compra recibos pro IR, coloca as empresas nos nomes dos pais, falsifica os gastos de viagens a serviço, estaciona em lugar proibido ou em fila dupla, dirige embriagado, etc.
Mas…mas, o dinheiro é público! Público vs privado, esse é o dilema, essa é a confusão que infecta os brasileiros desde que transformaram Pindorama em Vera Cruz. Uma maldição que nos persegue, como uma marca escarlate, que transforma nosso jovens em vira-latas que endeusam o estrangeiro e esculacham a maravilhas que só existem aqui. Exacerbam tudo de ruim, ignorando que ocorrem em TODOS cantos do mundo, e isso nunca é motivo para tamanha baixa autoestima.
Condicionados, desde criança, escutando seus pais – depois da cervejinha de domingo – espumarem: “- O Brasil é uma Merda!”. Há quinhentos anos somos “o país dos ladrões, das putas e dos corruptos”. Essa é a maior mentira que já contaram aos brasileiros. E que, contamos para nossos filhos e netos.
E não interessa a ninguém saber quem afinal, quem são os CORRUPTORES. Muda o partido, mas quem paga a propina, continua os mesmos. O dinheiro, do (Mensalão do PT) ou (Trensalão do PSDB) veio de algum lugar, é fato. De onde? Imagina na Copa, imaginaram nas Privatizações?
A pergunta que me assola: Quem FINANCIA a CORRUPÇÃO? É só pensar um pouco…e: bingo! Quem mais lucra: sonegadores, banqueiros, bicheiros e empreiteiros.
Vou mais fundo: a democracia tem alguma chance de salvação ante ao onipresente e onipotente, poder econômico? O dinheiro é, hoje, o tão procurado Deus? Ambas criações humanas, sem dúvida. Talvez as mais brilhantes da história da humanidade. Mas ao criá-las, talvez tenhamos plantamos a semente da nossa própria destruição. Os EUA que o digam. e vem a cabeça a imagem de Ozymandias enterrado na areia, mas isso é tema pra um outro texto.
“Quem é que escolhe? Aqueles que tem $$$.”
E ai, eu, como um ateu à beira da morte, repentinamente, passa a acreditar no divino; como um socialista, ao comprar uma televisão gigante de tela plana, passa a amar o capitalismo; como um democrata, depois de um sequestro relâmpago, passa a torcer pela volta da ditadura, de repente, perco a fé e passa a crescer em mim a lembrança de quando era jovem.
Quando odiava tudo e a todos, e sonhava com a ilusão de liberdade que a anarquia vende. E como era bom! A ignorância que libertava. Que resolvia todos os meus problemas. que covardemente, evitava enfrentar. Como o niilismo que todos namoram após ler Nietzsche.
Mas, com o pouco de sanidade que me resta, não questiono os jovens. Eles são inimputáveis nesses assuntos. Estão crescendo, estão aprendendo a cada dia, errando e, raras vezes, acertando. Falhar é um direito universal da juventude, e que todos os velhos do mundo tentam reprimir.
Questiono nós, os velhos cansados. Adultos que, se indignados, deveríamos FAZER algo. A dita sociedade somos nós. Ela é fruto dos nosso anseios e dos nossos atos. Se é uma merda, é porque somos uns bostas.
No final das contas um jovem gritando: “Fora!”, é aceitável. Um velho, é patético. Um jovem com um molotov na mão é a expressão da indignação furiosa. Um velho, é um golpista. Um jovem repassando mentiras numa rede social é inocência e preguiça, já um adulto é irresponsabilidade. Um jovem mascarado quebrando bancos e concessionárias, é a velha e boa ilusão da anárquica.
Um velho, bom, isso aí é mera crise de meia-idade com uma pitada de oportunismo.
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