sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Observatório da Imprensa - Repórteres Sem Fronteiras - Folha processa blog por danos morais - 28/12/2010

Observatório da Imprensa - Repórteres Sem Fronteiras - Folha processa blog por danos morais - 28/12/2010: "Folha processa blog por danos morais

Por Repórteres Sem Fronteiras em 28/12/2010

Um mês após seu lançamento, o blog independente Falha de S.Paulo, que parodia o maior diário do Brasil, a Folha de S.Paulo, enfrenta um processo aberto pelo diário por 'uso indevido de marca', devido à semelhança entre os dois nomes e ao logotipo do blog. Não satisfeito depois de ter conseguido o encerramento do site, o jornal iniciou um novo processo contra seus autores e reclama agora uma indenização financeira por danos morais. No entanto, parece pouco provável que o mais importante diário do país possa efetivamente ser lesado por um blog independente.

O blog, gerido por Lino e Mário Ito Bocchini, troçava sobretudo da insistência com que o jornal atacava Dilma Rousseff, candidata vitoriosa da última eleição presidencial e chefe de Estado a partir de 1º de janeiro de 2011. Como lembram os dois irmãos no seu site: 'A internet teve peso inédito na campanha eleitoral, que terminou com a vitória da candidata de Lula (Dilma Rousseff). A atuação de centenas de blogs foi especialmente importante porque, em sua maioria, eles apoiaram a candidata de esquerda (Dilma Rousseff) e, por outro lado, praticamente toda a mídia convencional (rádio, TVs, jornais e revistas) defendeu fortemente o candidato de oposição, José Serra.'

A família Frias, proprietária do jornal, dispõe de meios para pagar as despesas do processo. O mesmo não sucede com os irmãos Bocchini (um é jornalista e o outro designer), que se encontram, devido à ação judicial, em graves dificuldades financeiras. Eles não têm possibilidades de se defenderem eficazmente desse processo, totalmente ignorado pela mídia tradicional, controlada por um punhado de famílias influentes.

Personalidades condenam censura e processo

Essas ações, que procuram asfixiar financeiramente um meio de comunicação, ilustram uma nova forma de censura. O desfecho desse caso poderia constituir um precedente perigoso em matéria de direito à caricatura, parte integrante da liberdade de expressão e de opinião. É por esse motivo que solicitamos à direção de a Folha de S.Paulo que renuncie a esse combate desigual e desista do processo contra o blog dos irmãos Bocchini. Esse gesto contribuiria para a reputação do diário, que mostraria assim seu apego à livre circulação de ideias, opiniões e críticas, garantidas pela Constituição Federal de 1988. A mídia deve aceitar estar exposta à crítica pública como qualquer outro poder ou instituição.

Os dois irmãos já criaram um site alternativo. Várias personalidades, entre as quais o ex-ministro da Cultura Gilberto Gil, gravaram mensagens de vídeo em que condenam a censura e o processo aberto pela Folha.

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Matéria do Globo sobre investimentos incorre em erro grosseiro | Agência T1

Matéria do Globo sobre investimentos incorre em erro grosseiro | Agência T1: "Matéria do Globo sobre investimentos incorre em erro grosseiro
Enviada em 29 de dezembro de 2010imprimir - enviar para um amigo

Matéria de capa de O Globo de hoje (29/12/2010) incorre em erro grosseiro ao passar uma ideia ao leitor de que é possível pagar todos os recursos orçamentários no ano da sua vigência.

A manchete de que “Governo só investiu 26% do previsto no ano todo” erra duas vezes:

. Ao desconsiderar que é impossível a total execução financeira dos investimentos, no ano do seu orçamento. Portanto, a conta certa são os 26% do orçamento de 2010 MAIS o Restos a Pagar executado relativo a 2009, porque é assim que funciona a Administração Pública. Quando, no texto, leva isso em consideração, o montante chega a 58,6%. Não quero discutir se é muito ou pouco, já que é pouco relevante, pela explicação abaixo.

. Ao desconsiderar a importância da execução física, que é o que interessa aos usuários e aos contribuintes. A estes pouco importa se o governo já pagou ou se pagará no futuro. O importante é que parte ou toda a obra tenha sido executada.

Para correto esclarecimento aos nossos leitores, reafirmamos: é impossível a qualquer governo, de qualquer partido, pagar todo o investimento previsto, no ano do seu orçamento.

Vamos aos fatos:

Grande parte dos investimentos autorizados no orçamento anual é de obras. Como funciona o processo, até o seu pagamento?

. A obra é contratada e um empenho é feito pelo administrador. O empenho representa a previsão de gasto, em geral, a cada ano da obra.

. A obra é iniciada e, a cada mês, é feita a medição dos serviços realizados. A empresa apresenta um relatório e a fiscalização atesta ou não as quantidades apresentadas.

. Uma vez atestada a medição, a fatura vai para liberação para pagamento. É o que se chama liquidação. A liquidação representa a seguinte posição da administração pública: “devo não nego, pagarei quando puder”.

. Se a obra estiver contemplada no PAC, o “quando puder” ocorre mais cedo do que das demais que não estão.

. Ainda assim, entre a execução física da obra e o seu pagamento decorre um tempo necessário de tramitação de, no mínimo, dois meses.

. Logo, tudo o que foi executado após o início de novembro somente será pago no ano seguinte, via rubrica Restos a Pagar.

Então, como queríamos demonstrar, é impossível pagar as obras e serviços realizados nos meses de novembro e dezembro no ano de vigência do orçamento. É assim no governo federal, nos governos estaduais e nas prefeituras. Idem no Judiciário e Legislativo.

***

Além dessa tramitação legal (e lógica) da administração pública, que não pode pagar o todo ou parte da obra não executada, há as situações normais de contingenciamento, que normalmente ocorrem no início do ano e que são uma precaução necessária da administração pública, diante da incerteza natural de que as receitas ocorrerão conforme a previsão quando se votou o orçamento.

Assim, todo governo (federal, estadual e municipal), contingencia (ou “corta”, como a imprensa gosta de escrever) recursos para evitar que os gestores (das obras e serviços) autorizem gastos cuja receita possa não ser atingida no tempo certo. Ou seja, o empenho é para o ano todo mas a receita entra mês a mês. Tem que haver, portanto, sincronia entre a entrada de dinheiro nos cofres públicos e a respectiva saída.

Como conseqüência disso, ocorre uma corrida para gastar o autorizado nos últimos três meses do ano, quando já se tem uma visão mais segura do fluxo financeiro. Ainda nestes últimos dias do ano estarão sendo pagos elevados volumes de obras realizadas.

Concluímos propondo ao jornal O Globo - e à excelente jornalista Regina Alvarez, que não faria a tal manchete - que toda vez que avaliar o desempenho de um governo leve em conta as informações apresentadas acima, enfatizando o mais importante (a execução física) e falando corretamente sobre a execução orçamentária e financeira.

José Augusto Valente - Diretor Técnico do T1

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"єuร" єм тяคиรє: Lula - A potência do sensível

"єuร" єм тяคиรє: Lula - A potência do sensível: "Lula - A potência do sensível
O primeiro operário a chegar à presidência da república é, também, o maior governante da história do Brasil. A afirmação pode, sim, parecer audaciosa, precipitada e - como muitos dizem por aí - vulgar. Ora, mas o “vulgar” em questão, é um termo adotado por uma elite microscópica que há oito anos tenta impor termos desproporcionais e descabidos para macular a imagem do “ex”-operário que tornou-se, democraticamente, presidente do Brasil. A suma maioria – ou seja, o povo – prefere a afirmação de um fato concreto, o fato de Luís Inácio Lula da Silva ter sido sim o melhor, mais sensível e, por isso, mais popular presidente da história desse país.

A história é conhecida e demonstra as varias facetas de um homem que dedicou a vida a um país, a um povo, a causas que, em comum, tiveram (e ainda têm) a vontade de tornar digna a existência dos que estão a margem dos processos que ao longo da história – por motivos diversos, sejam eles contingentes ou intencionais - fizera inúmeras vítimas. Vítimas de um processo de esquecimento dos afetos, do sensível, de sentimentos que devem ser (e são), sim, próprios também à política e seus modos de atuação. Lula tem por mérito maior não apenas o fato de ser o primeiro presidente operário, ou ainda o fato de ter conseguido eleger a primeira mulher presidenta da história do Brasil - fatos esses que são em si, obviamente, significativos e de importância simbólica enorme e desempenham funções efetivas. O maior legado deste homem é, no entanto, ter despertado a potência do sensível e não tê-la feito fracassar. Governar com destreza é saber tratar cada questão de acordo com as particularidades que a envolvem, é sentir-se próximo e afetado pelos problemas mais urgentes dessa questão. Lula mostrou-se grande por mostrar-se afetuoso. A potência de agir foi um imperativo, uma escolha e uma maneira pela qual procurou conduzir sua existência de homem do povo, que é e sempre foi. Lula deu sentido às idéias e as trabalhou, em grande parte, com alegria. A alegria de quem soube potencializar ações para distribuir afetos. E aqui, chamamos “afeto” o que Deleuze definiu a partir de Espinosa; o que, em termos gerais, significa que

(...) há o tempo todo idéias que se sucedem em nós, e de acordo com essa sucessão de idéias, nossa potência de agir ou nossa força de existir é aumentada ou é diminuída de uma maneira contínua, sobre uma linha contínua, e é isso que nós chamamos afeto [affectus], é isso que nós chamamos existir. (DELEUZE,Gilles)

Espinosa nos mostrou o quanto os afetos estão vinculados ao corpo político, e mais ainda, mostrou, também, como as mudanças provenientes desses estados afetivos podem nos levar a situações distintas. A força da existência política se dá em grande parte a partir dos bons encontros, mas, sobretudo, a partir das boas escolhas. Lula conseguiu fazer com que o coração da política brasileira voltasse a bater, e deu vida sensível a um corpo-político marcado pelo horror e ferido gravemente por uma elite assassina, covarde e cruel que sempre teve nojo do povo. A elite do embrutecimento, dos moralismos degradantes e conservadores.
Esse país aprendeu importantes lições nesses últimos oito anos. Lições buscadas, por Lula, no seio dos grandes setores populares, em meio a trabalhadores, ao povo. Essas lições, no entanto, são apenas os primeiros passos para a incessante aprendizagem que seguirá. O Brasil, agora, parece mais possível do que antes.

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O império do consumo « CartaCapital

O império do consumo « CartaCapital: "O império do consumo
Envolverde 30 de dezembro de 2010 às 11:25h




Esta ditadura da uniformização obrigatória impõe, no mundo inteiro, um modo de vida que reproduz os seres humanos como fotocópias do consumidor exemplar. Por Eduardo Galeano

Por Eduardo Galeano

A produção em série, em escala gigantesca, impõe em todo lado as suas pautas obrigatórias de consumo. Esta ditadura da uniformização obrigatória é mais devastadora que qualquer ditadura do partido único: impõe, no mundo inteiro, um modo de vida que reproduz os seres humanos como fotocópias do consumidor exemplar.

O sistema fala em nome de todos, dirige a todos as suas ordens imperiosas de consumo, difunde entre todos a febre compradora; mas sem remédio: para quase todos esta aventura começa e termina no écran do televisor. A maioria, que se endivida para ter coisas, termina por ter nada mais que dívidas para pagar dívidas as quais geram novas dívidas, e acaba a consumir fantasias que por vezes materializa delinquindo.

Os donos do mundo usam o mundo como se fosse descartável: uma mercadoria de vida efémera, que se esgota como se esgotam, pouco depois de nascer, as imagens disparadas pela metralhadora da televisão e as modas e os ídolos que a publicidade lança, sem tréguas, no mercado. Mas para que outro mundo vamos mudar-nos?

A explosão do consumo no mundo atual faz mais ruído do que todas as guerras e provoca mais alvoroço do que todos os carnavais. Como diz um velho provérbio turco: quem bebe por conta, emborracha-se o dobro. O carrossel aturde e confunde o olhar; esta grande bebedeira universal parece não ter limites no tempo nem no espaço. Mas a cultura de consumo soa muito, tal como o tambor, porque está vazia. E na hora da verdade, quando o estrépito cessa e acaba a festa, o borracho acorda, só, acompanhado pela sua sombra e pelos pratos partidos que deve pagar.

A expansão da procura choca com as fronteiras que lhe impõe o mesmo sistema que a gera. O sistema necessita de mercados cada vez mais abertos e mais amplos, como os pulmões necessitam o ar, e ao mesmo tempo necessitam que andem pelo chão, como acontece, os preços das matérias-primas e da força humana de trabalho.

O direito ao desperdício, privilégio de poucos, diz ser a liberdade de todos. Diz-me quanto consomes e te direi quanto vales. Esta civilização não deixa dormir as flores, nem as galinhas, nem as pessoas. Nas estufas, as flores são submetidas a luz contínua, para que cresçam mais depressa. Nas fábricas de ovos, as galinhas também estão proibidas de ter a noite. E as pessoas estão condenadas à insônia, pela ansiedade de comprar e pela angústia de pagar. Este modo de vida não é muito bom para as pessoas, mas é muito bom para a indústria farmacêutica. Os EUA consomem a metade dos sedativos, ansiolíticos e demais drogas químicas que se vendem legalmente no mundo, e mais da metade das drogas proibidas que se vendem ilegalmente, o que não é pouca coisa se se considerar que os EUA têm apenas cinco por cento da população mundial.

“Gente infeliz os que vivem a comparar-se”, lamenta uma mulher no bairro do Buceo, em Montevideo. A dor de já não ser, que outrora cantou o tango, abriu passagem à vergonha de não ter. Um homem pobre é um pobre homem. “Quando não tens nada, pensas que não vales nada”, diz um rapaz no bairro Villa Fiorito, de Buenos Aires. E outro comprova, na cidade dominicana de San Francisco de Macorís: “Meus irmãos trabalham para as marcas. Vivem comprando etiquetas e vivem suando em bicas para pagar as prestações”.

Invisível violência do mercado: a diversidade é inimiga da rentabilidade e a uniformidade manda. A produção em série, em escala gigantesca, impõe em todo lado as suas pautas obrigatórias de consumo. Esta ditadura da uniformização obrigatória é mais devastadora que qualquer ditadura do partido único: impõe, no mundo inteiro, um modo de vida que reproduz os seres humanos como fotocópias do consumidor exemplar.

O consumidor exemplar é o homem quieto. Esta civilização, que confunde a quantidade com a qualidade, confunde a gordura com a boa alimentação. Segundo a revista científica The Lancet, na última década a “obesidade severa” aumentou quase 30% entre a população jovem dos países mais desenvolvidos. Entre as crianças norte-americanas, a obesidade aumentou uns 40% nos últimos 16 anos, segundo a investigação recente do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Colorado.

O país que inventou as comidas e bebidas light, os diet food e os alimentos fat free tem a maior quantidade de gordos do mundo. O consumidor exemplar só sai do automóvel par trabalhar e para ver televisão. Sentado perante o pequeno écran, passa quatro horas diárias a devorar comida de plástico.

Triunfa o lixo disfarçado de comida: esta indústria está a conquistar os paladares do mundo e a deixar em farrapos as tradições da cozinha local. Os costumes do bom comer, que veem de longe, têm, em alguns países, milhares de anos de refinamento e diversidade, são um patrimônio coletivo que de algum modo está nos fogões de todos e não só na mesa dos ricos.

Essas tradições, esses sinais de identidade cultural, essas festas da vida, estão a ser espezinhadas, de modo fulminante, pela imposição do saber químico e único: a globalização do hambúrguer, a ditadura do fast food. A plastificação da comida à escala mundial, obra da McDonald’s, Burger King e outras fábricas, viola com êxito o direito à autodeterminação da cozinha: direito sagrado, porque na boca a alma tem uma das suas portas.

O campeonato mundial de futebol de 98 confirmou-nos, entre outras coisas, que o cartão MasterCard tonifica os músculos, que a Coca-Cola brinda eterna juventude e o menu do MacDonald’s não pode faltar na barriga de um bom atleta. O imenso exército de McDonald’s dispara hambúrgueres às bocas das crianças e dos adultos no planeta inteiro. O arco duplo desse M serviu de estandarte durante a recente conquista dos países do Leste da Europa. As filas diante do McDonald’s de Moscou, inaugurado em 1990 com fanfarras, simbolizaram a vitória do ocidente com tanta eloquência quanto o desmoronamento do Muro de Berlim.

Um sinal dos tempos: esta empresa, que encarna as virtudes do mundo livre, nega aos seus empregados a liberdade de filiar-se a qualquer sindicato. A McDonald’s viola, assim, um direito legalmente consagrado nos muitos países onde opera. Em 1997, alguns trabalhadores, membros disso que a empresa chama a Macfamília, tentaram sindicalizar-se num restaurante de Montreal, no Canadá: o restaurante fechou. Mas em 1998, outros empregados da McDonald’s, numa pequena cidade próxima a Vancouver, alcançaram essa conquista, digna do Livro Guinness.

As massas consumidoras recebem ordens num idioma universal: a publicidade conseguiu o que o esperanto quis e não pôde. Qualquer um entende, em qualquer lugar, as mensagens que o televisor transmite. No último quarto de século, os gastos em publicidade duplicaram no mundo. Graças a ela, as crianças pobres tomam cada vez mais Coca-Cola e cada vez menos leite, e o tempo de lazer vai-se tornando tempo de consumo obrigatório.

Tempo livre, tempo prisioneiro: as casas muito pobres não têm cama, mas têm televisor e o televisor tem a palavra. Comprados a prazo, esse animalejo prova a vocação democrática do progresso: não escuta ninguém, mas fala para todos. Pobres e ricos conhecem, assim, as virtudes dos automóveis do último modelo, e pobres e ricos inteiram-se das vantajosas taxas de juros que este ou aquele banco oferece.

Os peritos sabem converter as mercadorias em conjuntos mágicos contra a solidão. As coisas têm atributos humanos: acariciam, acompanham, compreendem, ajudam, o perfume te beija e o automóvel é o amigo que nunca falha. A cultura do consumo fez da solidão o mais lucrativo dos mercados.

As angústias enchem-se atulhando-se de coisas, ou sonhando fazê-lo. E as coisas não só podem abraçar: elas também podem ser símbolos de ascensão social, salvo-condutos para atravessar as alfândegas da sociedade de classes, chaves que abrem as portas proibidas. Quanto mais exclusivas, melhor: as coisas te escolhem e te salvam do anonimato multitudinário.

A publicidade não informa acerca do produto que vende, ou raras vezes o faz. Isso é o que menos importa. A sua função primordial consiste em compensar frustrações e alimentar fantasias: Em quem o senhor quer converter-se comprando esta loção de fazer a barba? O criminólogo Anthony Platt observou que os delitos da rua não são apenas fruto da pobreza extrema. Também são fruto da ética individualista. A obsessão social do êxito, diz Platt, incide decisivamente sobre a apropriação ilegal das coisas. Sempre ouvi dizer que o dinheiro não produz a felicidade, mas qualquer espectador pobre de TV tem motivos de sobra para acreditar que o dinheiro produz algo tão parecido que a diferença é assunto para especialistas.

Segundo o historiador Eric Hobsbawm, o século XX pôs fim a sete mil anos de vida humana centrada na agricultura desde que apareceram as primeiras culturas, em fins do paleolítico. A população mundial urbaniza-se, os camponeses fazem-se cidadãos. Na América Latina temos campos sem ninguém e enormes formigueiros urbanos: as maiores cidades do mundo e as mais injustas. Expulsos pela agricultura moderna de exportação, e pela erosão das suas terras, os camponeses invadem os subúrbios. Eles acreditam que Deus está em toda parte, mas por experiência sabem que atende nas grandes urbes.

As cidades prometem trabalho, prosperidade, um futuro para os filhos. Nos campos, os que esperam veem passar a vida e morrem a bocejar; nas cidades, a vida ocorre, e chama. Apinhados em tugúrios [casebres], a primeira coisa que descobrem os recém chegados é que o trabalho falta e os braços sobram.

Enquanto nascia o século XIV, frei Giordano da Rivalto pronunciou em Florença um elogio das cidades. Disse que as cidades cresciam “porque as pessoas têm o gosto de juntar-se”. Juntar-se, encontrar-se. Agora, quem se encontra com quem? Encontra-se a esperança com a realidade? O desejo encontra-se com o mundo? E as pessoas encontram-se com as pessoas? Se as relações humanas foram reduzidas a relações entre coisas, quanta gente se encontra com as coisas?

O mundo inteiro tende a converter-se num grande écran de televisão, onde as coisas se olham mas não se tocam. As mercadorias em oferta invadem e privatizam os espaços públicos. As estações de ônibus e de comboios, que até há pouco eram espaços de encontro entre pessoas, estão agora a converter-se em espaços de exibição comercial.

O shopping center, ou shopping mall, vitrine de todas as vitrines, impõe a sua presença avassaladora. As multidões acorrem, em peregrinação, a este templo maior das missas do consumo. A maioria dos devotos contempla, em êxtase, as coisas que os seus bolsos não podem pagar, enquanto a minoria compradora submete-se ao bombardeio da oferta incessante e extenuante.

A multidão, que sobe e baixa pelas escadas mecânicas, viaja pelo mundo: os manequins vestem como em Milão ou Paris e as máquinas soam como em Chicago, e para ver e ouvir não é preciso pagar bilhete. Os turistas vindos das povoações do interior, ou das cidades que ainda não mereceram estas bênçãos da felicidade moderna, posam para a foto, junto às marcas internacionais mais famosas, como antes posavam junto à estátua do grande homem na praça.

Beatriz Solano observou que os habitantes dos bairros suburbanos vão ao center, ao shopping center, como antes iam ao centro. O tradicional passeio do fim de semana no centro da cidade tende a ser substituído pela excursão a estes centros urbanos. Lavados, passados e penteados, vestidos com as suas melhores roupas, os visitantes vêm a uma festa onde não são convidados, mas podem ser observadores. Famílias inteiras empreendem a viagem na cápsula espacial que percorre o universo do consumo, onde a estética do mercado desenhou uma paisagem alucinante de modelos, marcas e etiquetas.

A cultura do consumo, cultura do efêmero, condena tudo ao desuso mediático. Tudo muda ao ritmo vertiginoso da moda, posta ao serviço da necessidade de vender. As coisas envelhecem num piscar de olhos, para serem substituídas por outras coisas de vida fugaz. Hoje a única coisa que permanece é a insegurança, as mercadorias, fabricadas para não durar, resultam ser voláteis como o capital que as financia e o trabalho que as gera.

O dinheiro voa à velocidade da luz: ontem estava ali, hoje está aqui, amanhã, quem sabe, e todo trabalhador é um desempregado em potencial. Paradoxalmente, os shopping centers, reinos do fugaz, oferecem com o máximo êxito a ilusão da segurança. Eles resistem fora do tempo, sem idade e sem raiz, sem noite e sem dia e sem memória, e existem fora do espaço, para além das turbulências da perigosa realidade do mundo.

Os donos do mundo usam o mundo como se fosse descartável: uma mercadoria de vida efêmera, que se esgota como esgotam, pouco depois de nascer, as imagens que dispara a metralhadora da televisão e as modas e os ídolos que a publicidade lança, sem tréguas, no mercado. Mas a que outro mundo vamos nos mudar? Estamos todos obrigados a acreditar no conto de que Deus vendeu o planeta a umas quantas empresas, porque estando de mau humor decidiu privatizar o universo?

A sociedade de consumo é uma armadilha caça-bobos. Os que têm a alavanca simulam ignorá-lo, mas qualquer um que tenha olhos na cara pode ver que a grande maioria das pessoas consome pouco, pouquinho e nada, necessariamente, para garantir a existência da pouca natureza que nos resta.

A injustiça social não é um erro a corrigir, nem um defeito a superar: é uma necessidade essencial. Não há natureza capaz de alimentar um shopping center do tamanho do planeta.
Envolverde

Envolverde é uma revista digital que aborda assuntos ligados ao Meio ambiente, Educação e Sustentabilidade. É vencedora do 6º. Prêmio Ethos de Jornalismo na Categoria Mídia Digital.

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Morte por Capes « CartaCapital

Morte por Capes « CartaCapital: "Morte por Capes
Thomaz Wood Jr. 26 de outubro de 2010 às 11:14h

Avaliações sobre a pesquisa científica em Administração no Brasil costumam chegar a uma triste conclusão: nossa produção é periférica e metodologicamente fraca

A afirmação de que a pesquisa científica é essencial para o progresso material e para a melhora das condições de vida de um país é axiomática. As nações desenvolvidas criaram gigantescos aparatos, verdadeiras usinas de ideias, para identificar grandes questões, realizar estudos e gerar conhecimento e patentes. As nações em desenvolvimento correm em busca do tempo perdido.

As ciências contam hoje com sofisticados sistemas de pesquisa, compostos de laboratórios, eventos acadêmicos, agências de financiamento, publicações científicas e um exército bem formado de pesquisadores. O campo da Administração, ciência adolescente entre os pares mais maduros, vem se desenvolvendo rapidamente. Não lhe faltam fenômenos a explicar e questões práticas a resolver. Afinal, o mundo gira, a economia roda e as empresas mudam.

Aos olhos de um visitante estrangeiro, o campo da pesquisa científica em Administração no Brasil é pujante. Os programas de mestrado e doutorado contam-se às dezenas. Os eventos científicos reúnem centenas de convivas. Os periódicos especializados multiplicam-se. Os números são celebrados.

No entanto, o sucesso aparente não resiste a um exame crítico. Avaliações sobre o estado das coisas da pesquisa científica em Administração no Brasil costumam chegar a uma triste conclusão: nossa produção é periférica, pouco informada sobre os desenvolvimentos mais recentes do campo, metodologicamente fraca e traz modesta contribuição, se alguma, para o progresso da ciência e para a prática administrativa. Vejam-se os principais periódicos internacionais da área e lá serão encontrados representantes das mais diversas nacionalidades, mas raramente um brasileiro. E se um nativo houver, será um herói solitário ou um imigrante.

Em um texto veiculado no site Administradores.com, Paulo Prochno, professor da Universidade de Maryland, põe o dedo na ferida. Sob o título “O que há de errado com a área acadêmica de Administração no Brasil”, o pesquisador lista e analisa as patologias locais. Prochno acredita que o País tem alunos e professores com bom potencial, porém, eles frequentemente desperdiçam seu talento. Outras áreas no Brasil destacam-se internacionalmente. Outros países emergentes se destacam internacionalmente. Então, o que impede a área de Administração de ter maior presença internacional?

O primeiro entrave citado por Prochno é o famoso (no meio acadêmico) “jogo dos pontinhos da Capes”, uma patologia que pode ser fatal. O pesquisador refere-se ao sistema de avaliação de programas de pós-graduação mantido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O sistema, que é na verdade gerido por representantes dos próprios programas de pós-graduação, atribui pontos de acordo com as publicações realizadas pelos professores de cada programa. Para serem bem avaliados, os programas e seus professores precisam atingir certos patamares de pontuação.

Estabelece-se, assim, um sistema pretensamente racional, mas que na prática induz a quantidade em detrimento da qualidade. Preocupados com seus cargos, muitos professores preferem alvos fáceis – publicar em periódicos de segunda linha – a alvos difíceis – publicar em periódicos de primeira linha, que são os que realmente importam. Resultado: multiplicam-se irrelevâncias pseudoeruditas. Pior ainda: está se formando no País uma geração de burocratas da pesquisa, mais preocupados em gerar os “pontinhos” mencionados por Prochno do que em produzir conhecimento de valor. Estamos nutrindo um grupo frágil, cavernícola, incapaz de entender e explicar o mundo real. Nas escolas brasileiras, a sigla Capes, independentemente dos méritos da instituição, converteu-se em um ser mítico, usualmente citado para validar o status quo. Discute-se cada vez mais como conseguir os “pontinhos” e cada vez menos o que pesquisar e como pesquisar.

O debate convocado por Prochno não é novo ou apenas local. A irrelevância da área acadêmica de Administração tem sido alvo de avaliações críticas há bastante tempo e nos mais diversos rincões. A academia brasileira de Administração vem mudando, mas segue rumo e ritmo ditados por interesses próprios, alheia às necessidades do País e ao contexto internacional. A soma de duas doses de boas intenções com três doses de interesse próprio e uma dose de burocracia kafkiana está a perpetuar um sistema ineficaz e caro, que sobrevive iludido por índices fictícios de produtividade. Sistemas autogeridos, como se sabe, podem se tornar extremamente resistentes a mudanças. Resta aos pesquisadores locais a opção de se submeterem à lógica dos pontinhos ou procura-rem saídas pessoais, eventualmente por meio de um aeroporto, como fez o próprio Prochno.

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Blog de Ricardo Noblat: colunista do jornal O Globo com notícias sobre política direto de Brasília - Ricardo Noblat: O Globo

Blog de Ricardo Noblat: colunista do jornal O Globo com notícias sobre política direto de Brasília - Ricardo Noblat: O Globo: "Lula diz que não perdeu nada por não ler jornais

Folha.com

Em entrevista à TV Brasil, na noite desta quarta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não perdeu nada por deixar de ler jornais e revistas durante seu mandato. Ele voltou a afirmar que a leitura matinal dos jornais lhe dá azia. Em entrevista no ano passado à revista Piauí, Lula disse que não lia notícias para não ter problemas no fígado.

'Tomei a atitude de não ficar com a raiva que eles [imprensa] pensam que eu vou ficar (...). Pensam que eu vou ler, vou ficar com azia, disse ao [ministro da Comunicação], Franklin [Martins] 'vou parar de lê-los, não vou ficar com azia. E não perdi nada', disse o presidente à TV Brasil.

Lula disse que a mídia 'exagera' e que faz denúncias muitas vezes sem provas. Por isso, afirmou, acha necessária a criação de mecanismos de controle da imprensa.

'Se for ver algumas manchetes dos jornais, esse governo não existiu (...). A imprensa se acha onipotente e que pode criticar todo mundo e eu não posso dizer que está errado (...) Responsabilidade vale para o presidente, jornalista e dono de jornal. Não posso dizer coisas sem ter que provar nada', disse.

Lula reclamou das cobranças da imprensa pela demissão de ministros e diretores de estatais ligados a escândalos de corrupção. Disse que é preciso dar chance de defesa.

'Quando tem denúncia, querem que eu mande embora logo. Sou contra a pena de morte, tem que esperar se explicar. Como alguém aceitaria trabalhar comigo se eu demitisse na primeira denuncia? É um jeito humano de me comportar, não sou hipócrita. A pessoa que cometeu erro tem chance de se recuperar. Agora, quando implica em criar confusão...', disse.

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Folha de S.Paulo - Rubem Alves: O silêncio - 28/12/2010

Folha de S.Paulo - Rubem Alves: O silêncio - 28/12/2010: "Parte da disciplina do mosteiro era participar da liturgia. Tenho horror a sermões. Mas me conformei

O VENTO FRIO, aos golpes, anunciava que o inverno estava se aproximando. Nuvens cinzentas cobriam os Alpes, navios que navegavam velozes. Era um velho mosteiro de freiras que praticavam o silêncio, costume abençoado que libertava as pessoas da obrigação de conversar com os vizinhos às mesas de refeições. Conversar por delicadeza quando não se quer falar e não se tem sobre o que falar é uma maldição.
Hóspede naquele mosteiro, eu deveria obedecer aos horários e participar dos eventos. Fui, então, informado de que parte da disciplina do mosteiro era participar da liturgia três vezes por dia: às 6 da manhã, ao meio-dia e às 6 da tarde. Estremeci. Tenho horror a sermões. Mas me conformei.
O santuário era um velho celeiro de madeira hexagonal, muito grande e escuro, sem janelas. Os arquitetos, para por luz nas sombras, abriram buracos nas paredes de madeira, cobrindo-os com vidros coloridos. A luz do sol, entrando pelos orifícios e atravessando os vidros coloridos, faziam desenhos no espaço vazio, desenhos que se deslocavam à medida em que o sol caminhava pelo céu.
Era uma atmosfera de luz mortiça, iluminado por algumas velas sobre o altar, uma mesa simples com um ícone oriental de Cristo, ao estilo da arte bizantina.
Uns poucos bancos arranjados em 'U' definiam um espaço vazio, no centro, onde quem quisesse podia se assentar numa almofada, sobre um tapete. Cheguei alguns minutos antes da hora marcada. Era um grande silêncio. Muito frio.
Cheguei pontualmente. Havia umas poucas pessoas. Os mosteiros não são lugares que atraiam turistas. Fiquei à espera do início da liturgia, que deveria iniciar-se suiçamente ao repicar dos sinos às 6 da manhã. Os sinos repicaram, mas a liturgia não começou.
Como nada acontecia, nenhuma reza, nenhum hino, nenhuma leitura bíblica, pus-me a examinar o espaço e as luzes que se entrecruzavam. O exercício de simplesmente ver tem o efeito de fazer parar o pensamento. Tornamo-nos só olhos. Alberto Caeiro já dizia que 'pensar é estar doente dos olhos...' Os pensamentos, produtos internos da cabeça, são perturbações que distorcem a pureza da visão.
Aí, ao misticismo do ver seguiu-se o misticismo do ouvir. O vento descia furioso das montanhas, em golpes, lufadas que torciam a estrutura de madeira, provocando aqueles ruídos típicos de navios à vela batidos pelo vento.
Ao lado do santuário havia uma plantação de macieiras nuas -o vento havia arrancado suas folhas todas e somente seus galhos pelados ficaram. Quando o vento sacudia a galharia era como se houvesse um mar enraivecido quebrando ondas. Aí os sons e as cores começaram a invocar poemas ancestrais.
'E a terra era um abismo sem forma e o vento de Deus soprava violentamente sobre a superfície das águas... E disse Deus: 'Haja luz...''
E aí meus pensamentos foram possuídos pela poesia.
Mas e a liturgia? Só depois de 20 minutos é que eu percebi que tudo já se iniciara 20 minutos antes. A liturgia era o silêncio.

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Folha de S.Paulo - Nizan Guanaes: Orgulho líquido - 28/12/2010

Folha de S.Paulo - Nizan Guanaes: Orgulho líquido - 28/12/2010: "Se, depois do lucro líquido, não sobrar orgulho, um dia provavelmente não vai sobrar nada para contar


ERRAMOS MUITO neste país, mas finalmente aprendemos com nossos erros. E, se nós não estamos ainda em plena forma, descobrimos um caminho para chegar lá.
Viver é errar e consertar rápido. Fazer leva tempo. Fazer direito, certo e benfeito leva tempo.
Numa trajetória de crescimento, há muito para comemorar e correções de rotas a fazer. Isso vale para países, para pessoas e para empresas. Numa empresa, só o lucro liberta.
É o que digo aos meus sócios: você entrega o lucro, e eu não apareço para encher o seu saco.
Mas o momento é de aperfeiçoarmos esse conceito. Em vez de só lucro líquido, vamos buscar o orgulho líquido. Se, depois do lucro líquido, não sobrar orgulho, um dia provavelmente não vai sobrar nada para você contar. E criar orgulho é muito mais difícil do que criar lucro. Esse desafio, enorme, deve servir como novo combustível para impulsionar nossas empresas.
Fazer lucro não fazendo a entrega certa é cuidar da sua cadeia produtiva de maneira vil: é não cuidar do funcionário, é não dar assistência e horizonte para ele, é só dar tapinha nas costas, é ser displicente com os fornecedores e com as comunidades envolvidas.
Isso não é lucro sustentável por nenhum ângulo que se observe. A responsabilidade social, em todos os sentidos, deve estar inserida no modelo de negócio das empresas e das organizações.
Responsabilidade social é trabalhar para produtos e serviços que orgulhem a empresa, é adotar práticas comerciais que orgulhem os nossos filhos.
Responsabilidade social é ter o melhor lucro dentro das melhores práticas. E só empresas altamente lucrativas e altamente responsáveis vão prosperar neste mundo altamente competitivo em que lutamos. O lucro e a responsabilidade podem ter sido inimigos no passado, mas são grandes aliados neste futuro que já chegou.
Isso passa pelo desafio de reter talentos -e, quanto mais sofisticadas as tecnologias, maior a necessidade dos talentos. É preciso treinar, engajar em valores e sonhos. Um sonho grande e inclusivo. E se for apenas um sonho por dinheiro, será impossível reter os talentos num mercado tão aquecido e com tantas oportunidades.
Um sonho grande se constrói com orgulho líquido. Seu colaborador precisa pensar da sua empresa: 'Eu me orgulho de suas práticas, do seu cuidar das pessoas. Porque ela cobra com rigor, mas remunera com justiça'.
Nós, brasileiros, nos orgulhamos de todo brasileiro que vence, criando valor e devolvendo ao país e às comunidades onde se formou e atua. Muitos desses orgulhos já são verdades hoje. Outros são ainda desafios à frente.
Num país onde tantas empresas juntas foram reunidas com pessoas de origens e culturas tão diferentes, é preciso respeitar o histórico das lideranças e o DNA das empresas e das organizações.
Mas precisamos construir com disciplina uma cultura de orgulho líquido, para termos as melhores organizações dentro das melhores práticas. Assim teremos as grandes líderes, as formadoras de orgulho bruto.
Como fazer sucesso, como ter qualidade, como reter talentos sendo responsável? Siga o dinheiro, mas o dinheiro orgulhoso.
Se você pensa que sabe tudo, está obsoleto. Quem diz que sabe tudo sobre seu próprio negócio está morto. É preciso inovação. Para fazer mais rápido, mais sustentável, mais barato, mais produtivo, melhor.
Convido a todos neste momento reflexivo do ano a fazerem duas perguntas que tenho feito: Isso vai dar dinheiro? Isso vai dar orgulho (para mim, para minha carreira, para meus clientes, para meus colegas, para meus filhos, para meus sócios)?
E vamos assim construir o Brasil 2020.
Fizemos muito nesses últimos dez anos. Até por isso, temos hoje mais capacidade de fazer mais e melhor. Estamos quase em cruzeiro. De tão intenso, 2010 demorou a acabar. A agenda de 2011 já está cheia. Ao trabalho, com orgulho.
Mas antes vamos festejar e descansar, que ninguém é de ferro. Feliz Ano-Novo a todos.

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Folha de S.Paulo - Janio de Freitas: Em tempo - 28/12/2010

Folha de S.Paulo - Janio de Freitas: Em tempo - 28/12/2010: "Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

JANIO DE FREITAS

Em tempo

Quando não se esperava mais esclarecimentos, PF diz que não houve grampo ilegal em telefones de Gilmar Mendes

TARDOU, SEM que seja o caso de pensar-se em dificuldades técnicas, o esclarecimento ao menos preliminar de um episódio tão grave à sua época quanto, por isso mesmo, depois cercado de conveniências para fazê-lo esquecido. Nem era esperado que emitisse ainda um sinal, o que só se deu e se explica pela circunstância propícia de que o governo apaga suas luzes, e o silêncio do caso ficaria pesando sobre os comandos da Polícia Federal que se retiram também.
O episódio originário está na memória recente, embora amortecida. Em confronto aberto com o juiz Fausto De Sanctis, que acompanhava judicialmente as ações da Operação Satiagraha e do delegado Protógenes Queiroz, o ministro Gilmar Mendes, então presidente do Supremo Tribunal Federal, acusou com retumbância um 'Estado policial' no Brasil.
Não era sua primeira entrada no tema, mas daquela vez instalou-o sobre um alicerce factual: o seu telefone, o telefone do próprio presidente do STF, estava grampeado, o que dizia haver constatado por uma gravação de telefonema recebido do senador Demóstenes Torres.
A Polícia Federal ficava aí em situação péssima, pela óbvia dedução da Satiagraha como autora do grampo e por ser o próprio cerne do 'Estado policial'. Por extensão, comprometeram-se a Abin e seus dirigentes. Mas as varreduras no STF e no Senado, e testes no sistema de telefonia, não encontraram indício algum de grampeamento. Diante disso, surgiu do STF a explicação alternativa de que as gravações teriam sido no exterior do prédio, dirigidas ao gabinete de Mendes.
Para não faltar o toque brasileiramente gaiato, Nelson Jobim, ministro da Defesa, fez na Câmara dos Deputados a revelação de que a Abin comprara, por intermédio da comissão de compras do Exército em Washington, aparelhos capazes de gravações externas, à distância. E entregou até uma cópia do respectivo prospecto.
Bem, logo se constatou que o prospecto era apenas um anúncio copiado da internet. Jobim voltou com outras informações, até que não deu para continuar, quando especialistas do seu ministério desmentiram que o equipamento comprado pela Abin fizesse gravações à distância.
O assunto sumiu. Até sábado, o distraído Natal, quando uma notinha no 'Globo', simples e objetiva, informava: 'A Polícia Federal concluiu que não houve grampo ilegal nos telefones do então presidente do STF, Gilmar Mendes, no episódio em que foi divulgado diálogo com o senador Demóstenes Torres (DEM-GO)'.
Grampo legal, por sua vez, seria passível de constatação no processo, em que Gilmar Mendes interveio com duas decisões. Não cabe no episódio, portanto, grampo algum. Gravação externa só poderia captar a voz de Mendes falando ao telefone em sua sala, se dirigida ao STF, ou a de Demóstenes, se voltada para o Senado.
A voz do fone de ouvido, em um ou em outro prédio, não seria alcançada por captação externa. Poderia haver, isso sim, gravação feita por um dos interlocutores, em seu próprio telefone. Ou, se apenas para citar depois o que foi dito, nem haver gravação.
Não fosse já sua conduta capaz de desacreditar expedientes escusos, o pasmo do senador Demóstenes Torres, ao ouvir sobre a alegada gravação de seu telefone, valeu como álibi inquestionado. Já na ocasião e nas investigações em seu gabinete e suas comunicações. E ele não participava das elucubrações de 'Estado policial' de Gilmar Mendes e Nelson Jobim, nem dos conflitos do primeiro com a Polícia Federal, com o juiz De Sanctis e com Protógenes; nem da investida do segundo contra os dirigentes da Abin, cuja demissão sumária sugeriu a Lula e viu atendida.

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Folha de S.Paulo - Vladimir Safatle: O mito coreano
- 28/12/2010

Folha de S.Paulo - Vladimir Safatle: O mito coreano<br> - 28/12/2010: "Virou lugar-comum usar a Coreia do Sul como modelo de desenvolvimento educacional. Quando o assunto é educação, sempre há alguém a louvar o pretenso sucesso das políticas coreanas e a se perguntar, indignado, por que o Brasil é incapaz de seguir os passos daquele país.
No fundo, a comparação serve para mostrar o que certos setores da sociedade civil entendem por 'educação'.
Longe de terem visão inovadora, como propagam, tais setores apenas buscam fornecer nova roupagem a velhos dogmas da educação nacional.
No começo da formação efetiva do Estado nacional brasileiro, nos anos 30, um dos eixos das discussões educacionais girava em torno da necessidade de políticas maciças de 'formação para o trabalho'.
Partia-se da ideia de que o país deveria ter uma grande base de formação técnica especializada para fornecer mão de obra qualificada e prometer sólida empregabilidade a classes desfavorecidas. Por outro lado, bolsões de formação 'humanista' seriam criados para uma elite que teria como função a reprodução de si mesma. Este sistema de duas velocidades era abertamente defendido pela intelectualidade que ocupava a imprensa, como Monteiro Lobato e Anísio Teixeira, entre outros.
Mas tais bolsões acabaram por produzir o pensamento crítico que iria, em larga medida, desconstruir a visão que as elites tinham do país, assim como mostrar sua incapacidade de construir um projeto nacional inclusivo. Esta formação não servia para os propósitos iniciais. Melhor seria mandar os filhos abastados estudarem economia financeira no exterior.
Sobrou martelar a ideia de que o Brasil deve reconstruir seu modelo privilegiando a antiga 'formação para o trabalho', proliferando escolas técnicas e reduzindo o espectro de suas pesquisas universitárias aos interesses imediatos dos grupos econômicos hegemônicos. Neste contexto, aparece o mito coreano como promessa redentora.
De fato, para alguns, seria ótimo imitar o modelo de um país que, no fundo, nem sequer conhece o que é pesquisa em ciências humanas e não tem sequer uma universidade como polo real de influência em várias áreas do saber. Pois tais pessoas não acreditam que 'educação' seja o nome que damos para um processo de formação do pensamento crítico, de desenvolvimento da criatividade e da força de mudança, de consolidação da capacidade de se indignar moralmente, de refletir sobre a vida social e de compreender reflexivamente as múltiplas tradições que nos geraram.
Para elas, 'educação' é só o nome que damos ao processo de formação de mão de obra para empregos precários e mal pagos. Mesmo do ponto de vista do desenvolvimento social, tal escolha é catastrófica.

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Folha de S.Paulo - Sem diagnóstico - 30/12/2010

Folha de S.Paulo - Sem diagnóstico - 30/12/2010: "MARIANA VERSOLATO
DE SÃO PAULO

Eles vivem tensos, com medo de uma piora repentina. Saem frustrados do médico ao ouvir: 'Seus exames estão perfeitos'. E esperam por um resposta, para saber o que têm e como tratar.
Não saber o diagnóstico de uma doença pode gerar mais estresse do que receber a notícia de que se tem um problema de saúde grave.
A constatação, de um estudo da Sociedade Norte-Americana de Radiologia, é confirmada por quem vive a angústia de não ter respostas para suas dores.
Conhecer a causa dos sintomas dá conforto ao paciente, porque tira o foco da ameaça da doença, diz o psiquiatra Renério Fráguas Júnior, do HC de São Paulo. 'O problema passa a ter nome e prescrição médica.'
Ceane Soares, de Curitiba, espera por um 'nome' há 12 anos. Seu filho, Bruno, nasceu em 1998 e teve hipoglicemia no segundo dia de vida. Aos seis meses, não ficava 'durinho' e era apático, não sorria nem chorava.
Um neuropediatra constatou que ele tinha traços autistas. Meses depois, começou a ter convulsões que nenhum remédio controlava.
Bruno já recebeu os diagnósticos 'mais cabeludos', diz a mãe, todos descartados.
Tanta investigação rendeu uma caixa de exames no guarda-roupa: tomografias, ressonâncias, avaliações genéticas, endoscopias.
'A gente o observa 24 horas por dia. Nunca sabemos se a medicação é a certa, se vai melhorar. Estamos andando sem saber para onde.'
A sensação de estar perdido é compartilhada pelo professor J.S., 25, de São Paulo. Neste ano, ele começou a ter urticária. Foi a dermatologistas, alergistas, fez exames e foi internado com dores e inchaço no rosto e no corpo.
Em 45 dias, gastou quase R$ 1.000 em remédios, trocados a cada nova consulta.
Os médicos cogitaram imunidade baixa, estresse, sífilis e Aids. Exames para os dois últimos deram negativo.
J.S. também tem convulsões. Foi a neurologistas e cada um fez um diagnóstico. 'Não saber o que acontece no próprio corpo assusta.'

COMUNICAÇÃO
Infelizmente, é comum que urticárias fiquem sem solução, diz Ana Paula Castro, presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia de SP.
Exames de sangue detectam substâncias que causam alergia. Mas não há testes para várias delas, como remédios, corantes e conservantes. O diagnóstico é limitado.
Em casos sem solução, médicos e pacientes concordam: a ansiedade é pior quando a comunicação entre as duas partes é falha.
Profissionais que prescrevem drogas e exames sem explicar por que geram desconfiança nos pacientes.
A aposentada Maria Amália Moraes, 57, que passou quase a vida toda acordando com dores nos olhos e nas têmporas, reclama que sua relação com os médicos foi sempre superficial.
Quatro vezes ao ano, tomava antibióticos para uma suposta sinusite, mas achava que o problema tinha origem dentária. 'Já gastei o valor de um carro na minha boca.'
Foi uma dentista que acertou o que ela tinha: distúrbio temporomandibular (DTM), que a fazia apertar os dentes durante o sono. A solução é uma placa usada à noite.
A aposentada criou um blog para ajudar quem tem o problema (doressemdiagnostico.blogspot.com).
Maria Amália diz que torcia para que os exames achassem o problema. Quando isso não acontecia, saía chorando do consultório.
'Ficava desiludida. Ao mesmo tempo, agradecia a Deus por não ter nada grave. Achavam que eu inventava doenças, ninguém acreditava nas dores.'

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Folha de S.Paulo - Passagem cara de ônibus leva paulistano a aderir às motos - 30/12/2010

Folha de S.Paulo - Passagem cara de ônibus leva paulistano a aderir às motos - 30/12/2010: "Gasto com transporte coletivo se aproxima de prestação de veículo

JAMES CIMINO
EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO

O que é melhor: desembolsar R$ 150 por mês com ônibus ou R$ 179 na prestação de uma moto? A segunda opção está se tornando cada vez mais viável em São Paulo.
Ainda mais agora, que a tarifa de ônibus vai aumentar dos atuais R$ 2,70 para R$ 3 a partir do dia 5 de janeiro.
Em 25 dias de trabalho no mês, um ônibus na ida outro na volta, o gasto mensal chega a R$ 150. Se for preciso tomar ônibus e metrô, a despesa pula para os R$ 214,50.
Há motos 0 km de baixa cilindrada com prestações de R$ 179, sem entrada. É claro que é preciso somar a isso os gastos com manutenção, combustível e documentos. Mas para muitos vale a pena.
Especialistas criticam o aumento dos ônibus justamente por incentivar a migração para as motos, que expõem os seus usuários a mais acidentes no trânsito.
Há um ano, o estoquista Marcelo Batista Santos, 26, ficou sem sua moto e voltou a andar de ônibus. Não aguentou nem o transtorno nem o gasto com as passagens.
'É um inferno! Dá até desânimo de pensar em andar de ônibus. De moto, além da economia, você não pensa duas vezes antes de sair para buscar a namorada, ir à casa de algum parente...'
A recepcionista Tatiana Pereira da Silva, 26, trocou o ônibus e o metrô pela moto.
'O desconforto era grande e dava pra pagar a prestação com o gasto da condução. Agora, nem preciso acordar mais tão cedo', afirma ela.
A microempresária Gleice Melo de Abreu Ferraz também optou pela moto para buscar e levar as filhas no trabalho e na escola. 'O custo benefício vale muito a pena.'

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Folha de S.Paulo - Lula sai com pagamento recorde de juro - 30/12/2010

Folha de S.Paulo - Lula sai com pagamento recorde de juro - 30/12/2010: "Encargos financeiros que incidem sobre a dívida pública chegam a R$ 176 bi até novembro, maior valor desde 2001

BC credita alta à inflação, que corrige parte dos títulos; impacto anula ganho com queda da Selic

DE BRASÍLIA

A alta da inflação custou caro aos cofres públicos. Nunca nesta década o governo pagou tanto juro como em 2010, o último sob Lula.
De janeiro a novembro, os encargos financeiros que incidem sobre a dívida pública totalizaram R$ 175,8 bilhões, o maior valor desde 2001.
Boa parte da quantia se deve à disparada dos índices de preço, diz o chefe-adjunto do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel.
Cerca de 30% da dívida bancária e em títulos do governo federal, de Estados e de municípios está atrelada ao IPCA, ao IGP-M e ao IGP-DI, que subiram no ano.
Somente o IPCA acumulado de janeiro a novembro foi de 5,25%, ante 3,93% no mesmo período de 2009.
O índice corrige quase 25% do endividamento público. O IGP-M, que fora negativo em 1,46% em 2009, chegou a 10,56% até novembro. O estrago só não foi pior porque a parcela dos débitos atrelados ao índice é pequena.
O impacto da alta da inflação anulou o ganho que o governo teve com a queda da taxa básica de juros, a Selic, que corrige 67,8% da dívida pública.
Apesar disso, o governo faz análise favorável do indicador. 'Manteremos estável em 2010 [o gasto com juros] e, no longo prazo, a tendência é de queda', diz Maciel.
Isso porque a avaliação do BC considera a despesa com juros comparativamente ao PIB. Como o país deve registrar crescimento recorde em 2010, a relação dos gastos com juros e o PIB deve cair.

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Folha de S.Paulo - Carlos Heitor Cony: Considerações Finais - 31/12/2010

Folha de S.Paulo - Carlos Heitor Cony: Considerações Finais - 31/12/2010: "Por segurança, sempre gosto mais dos anos que acabam. Os que chegam trazem um saco vazio


E EIS que entramos em mais um ano do Senhor. Bom, todos os anos que já passaram foram do Senhor, e na realidade, os pecados e os crimes dos homens e das mulheres só fizeram o Senhor ficar arrependido de sua criação.
Há tempos, esse mesmo Senhor tão logo percebeu que os filhos de Adão passaram a cobiçar as filhas de Eva, tratou de abrir as cataratas do céu com um dilúvio que durou 40 dias e 40 noites e do qual só se salvaram o justo Noé e os animais, um casal de cada espécie.
Mas esse Noé, apesar de justo, ou por isso mesmo, foi embebedado por suas filhas, prevaricou logo após o dilúvio e sua descendência deu no que deu, essa cambada de calhordas da qual fazemos parte.
De acordo com os otimistas, lojas, bancos e entrevistados na TV, o ano que chega deve ser melhor do que o outro que se vai. Por uma questão de segurança, sempre gosto mais dos anos que acabam. Os que chegam trazem um saco vazio, é certo, mas esse saco em alguns poucos meses vai ficando cheio. Termina como sempre, enchendo o saco de todos.
Ao passo que o ano que se vai, apesar do saco cheio, ao menos nos deixou com vida e com a esperança de um ano realmente próspero. Desde que nasci, me embromaram com a prosperidade de um novo ano. Se até hoje não prosperei na vida e no mundo não foi por falta de votos. Como nada me custa, também desejei prosperidade aos outros.
Para um cronista em dia de Ano-Novo, cabem perfeita e adequadamente dois assuntos: malhar o ano que se vai e saudar com evoés e alvíssaras o ano que chega. Não farei nem uma coisa nem outra. O ano de 2010, feitas as contas, e olhando tudo em conjunto, não foi tão ruim assim. Crises políticas, crises econômicas, crises no tráfego aéreo e no tráfico de drogas, isso é da vida. Não houve guerra mundial, invasão de extraterrestres e transbordamento dos oceanos, a camada de ozônio ainda funcionou e a humanidade, se não melhorou, pelo menos ainda não acabou.
O que acabou foi o Complexo do Alemão embora o complexo de Édipo ainda funcione, quase 60 milhões de brasileiros votaram numa mulher para presidente da República. Se não der certo, a culpa é do Freud e do Lula. Para 2011, as perspectivas são mais ou menos sombrias, mas vamos meter os peitos. E peitos não nos faltam nesses tempos de silicone. E como disse o Mestre, as mulheres não devem chorar por Ele, mas sobre seus pecados.
Muitos anos atrás, disseram para um menino que no dia 31 de dezembro, à meia-noite em ponto, se ele olhasse o céu com vontade, veria um velhinho, encarquilhado, triste, em farrapos, indo embora para sempre. E, em seu lugar, apareceria um bebê gorducho e risonho, trazendo todas as promessas de uma vida nova.
O menino acredita até hoje nesta visão, fica olhando a noite que avança sobre o mundo. Nunca viu o velho indo embora nem o bebê chegando. 'Por que inventam essas histórias?', pergunta sempre a si mesmo.
Reparava que nas ruas, em todas as casas, havia luzes, soltavam fogos, todos comemoravam o ano novo que se abria para cada um. O menino desistia de ficar triste, mas sempre descobre que o ano novo não está lá em cima, no espaço da noite, mas dentro dele mesmo.
Teria agora um novo ano para realizar seus sonhos, dia após dia, ele faria renascer a confiança em suas pequenas vitórias, provando a alegria de quase nada, de tentar merecer um futuro. De certo modo, o menino se sentia o próprio ano novo que chegava, com a mensagem de uma certeza que ele ainda não sabia o nome, mas tinha o gosto e a força da esperança.
Que venha 2011. Não adianta imaginar uma odisseia no espaço, como nos filmes de ficção científica, formidáveis máquinas espaciais voando no infinito ao som do 'Danúbio azul'. Isso ficará para os astronautas e para os efeitos especiais dos filmes em 3D.
Nós outros navegaremos em nossa própria órbita, sujeitos aos mil acidentes da carne e do trânsito, encarando o cotidiano como um desafio heroico que transferimos para o dia seguinte, ou para o ano seguinte que nos traga a única prosperidade que realmente desejamos, a de continuarmos vivos, sabe-se lá de que modo.

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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Sem fronteiras » A Falsa comunicação de crime feita por Gilmar Mendes encerra 2010

Sem fronteiras » A Falsa comunicação de crime feita por Gilmar Mendes encerra 2010: "A Falsa comunicação de crime feita por Gilmar Mendes encerra 2010
Tags:gilmar mendes, inquérito conclui que não houve grampo em conversa de, Polícia Federal - walterfm1 às 12:58
ministro Gilmar Mendes.

ministro Gilmar Mendes.

–1. Todos lembram da indignação do ministro Gilmar Mendes no papel de vítima de ilegal escuta telefônica, que tinha como pano de fundo a Operação Satiagraha.

Gilmar Mendes parecia possuído da ira de Cristo quando expulsou os vendilhões do templo.

A fundamental diferença é que a ira de Mendes não tinha nada de santa.

Ao contrário, estava sustentada numa farsa. Ou melhor, num grampo que não houve, conforme acaba de concluir a Polícia Federal, em longa e apurada investigação.

–2. À época e levianamente ( o ministro fez afirmações sem estar na posse da prova materialidade, isto é, da existência do grampo), Mendes sustentou, –do alto do cargo de presidente do Supremo Tribunal Federal–, ter sido “grampeada” uma conversa sua com o senador Demóstenes Torres.

Mais ainda, o ministro Mendes e o senador da República, procurados revista Veja confirmaram o teor da conversa telefônica, ou melhor, aquilo fora tratado e que só os dois pensavam saber.

–3. Numa prova de fraqueza e posto de lado o sentimento de Justiça, o presidente Lula acalmou o ministro e presidente Gilmar Mendes. Ofertou-lhe e foi aceita a pedida cabeça do honrado delegado Paulo Lacerda, então diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abim).

Em outras palavras e para usar uma expressão popular, o competente e correto delegado Paulo Lacerda acabou jogado ao mar por Lula. E restou “exilado”, –pelos bons serviços quando esteve à frente da Polícia Federal (primeiro mandato de Lula)–, na embaixada do Brasil em Lisboa. Pelo que me contou o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos, o delegado Lacerda, no momento, está no Brasil. Apenas para o Natal e passagem de ano com a família.

Conforme sustentado à época, — e Lula acreditou apesar da negativa de Paulo Lacerda–, a gravação da conversa foi feita por agente não identificado da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). E o ministro Nelson Jobim emprestou triste colaboração no episódio, a reforçar a tese de interceptação e gravação. Mendes e Jobim exigiram a demissão de Paulo Lacerda.

“Vivemos num estado policialesco”, repetiu o ministro Gilmar Mendes milhares de vezes e dizendo-se preocupado com o desrespeito aos pilares constitucionais de sustentação ao Estado de Direito.

O banqueiro Daniel Dantas, por seus defensores, aproveitou o “clima” e, como Gilmar e o senador Torres, vestiu panos de vítima de abusos e perseguições ilegais, com a participação da Abin em apoio às investigações do delegado Protógenes Queiroz.

Parênteses : Dantas é um homem muito sensível. Está a processar e exigir indenização pecuniária do portal Terra por “ironias” violadoras do seu patrimônio ético-moral. Lógico, todas ironias escritas por mim (Walter Fanganiello Maierovitch) e neste blog Sem Fronteiras.

–4.

–4. O grampo sem áudio serviu de pretexto para o estardalhaço protagonizado pelo ministro Gilmar Mendes.

Um estardalhaço sem causa, pois, para a Polícia Federal, nunca houve o grampo descrito nas acusações de Mendes e em face de matéria publicada revista Veja. A revista, até agora, não apresentou o áudio, que é a prova da existência material do crime de interceptação ilegal.

Gilmar Mendes, –com a precipitação e por cobrar providências–, esqueceu o disposto no artigo 340 do Código Penal Brasileiro, em dispositivo que é também contemplado no Código Penal da Alemanha, onde Mendes se especializou:
–art.340: “ Provocar a ação da autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou contravenção que sabe não se ter verificado”.

Trata-se de crime previsto em capítulo do Código Penal com a seguinte rubrica “ Dos Crimes Contra a Administração da Justiça”.

Com efeito. Uma pergunta que não quer calar: será que um magistrado pode provocar a ação da autoridade sem prova mínima da existência de um crime ? Cadê o áudio que foi dado como existente ?

A conclusão do inquérito policial será encaminhada ao ministério Público, que deverá analisar a conduta de Mendes, à luz do artigo 340 do Código Penal.

Sua precipitação, dolosa ou culposa, não será apreciada pelo Conselho Nacional de Justiça, dado como órgão corregedor e fiscalizador da Magistratura.

Nenhum ministro do STF está sujeito ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) Como se nota um órgão capenga no que toca a ser considerado como de controle externo da Magistratura (menos o STF).

Viva o Brasil.

– Walter Fanganiello Maierovitch–

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Veja: má vontade e preconceito conduzem à cegueira » Blog do Planalto

Veja: má vontade e preconceito conduzem à cegueira » Blog do Planalto: "Veja: má vontade e preconceito conduzem à cegueira

Resposta do ministro Jorge Hage a editorial de balanço da revista Veja:

Brasília, 27 de dezembro de 2010.

Sr. Editor,

Apesar de não surpreender a ninguém que haja acompanhado as edições da sua revista nos últimos anos, o número 52 do ano de 2010, dito de “Balanço dos 8 anos de Lula”, conseguiu superar-se como confirmação final da cegueira a que a má vontade e o preconceito acabam por conduzir.

Qualquer leitor que não tenha desembarcado diretamente de Marte na noite anterior haverá de perguntar-se “de que país a Veja está falando?”. E, se o leitor for um brasileiro e não integrar aquela ínfima minoria de 4% que avalia o Governo Lula como ruim ou péssimo, haverá de enxergar-se um completo idiota, pois pensava que o Governo Lula fora ótimo, bom ou regular. Se isso se aplica a todas as “matérias” e artigos da dita retrospectiva, quero deter-me especialmente às páginas não-numeradas e não-assinadas, sob o título “Fecham-se as cortinas, termina o espetáculo”. Ali, dentre outras raivosas
adjetivações (e sem apontar quaisquer fatos, registre-se), o Governo Lula é apontado como “o mais corrupto da República”.

Será ele o mais corrupto porque foi o primeiro Governo da República que colocou a Polícia Federal no encalço dos corruptos, a ponto de ter suas operações criticadas por expor aquelas pessoas à execração pública? Ou por ser o primeiro que levou até governadores à cadeia, um deles, aliás, objeto de matéria nesta mesma edição de Veja, à página 81? Ou será por ser este o primeiro Governo que fortaleceu a Controladoria-Geral da União e deu-lhe liberdade para investigar as fraudes que ocorriam desde sempre, desbaratando esquemas mafiosos que operavam desde os anos 90, (como as Sanguessugas, os Vampiros, os Gafanhotos, os Gabirus e tantos mais), e, em parceria com a PF e o Ministério Público, propiciar os inquéritos e as ações judiciais que hoje já se contam pelos milhares? Ou por ter indicado para dirigir o Ministério Público Federal o nome escolhido em primeiro lugar pelos membros da categoria, de modo a dispor da mais ampla autonomia de atuação, inclusive contra o próprio Governo, quando fosse o caso? Ou já foram esquecidos os tempos do “Engavetador-Geral da República”?

Ou talvez tenha sido por haver criado um Sistema de Corregedorias que já expulsou do serviço público mais de 2.800 agentes públicos de todos os níveis, incluindo altos funcionários como procuradores federais e auditores fiscais, além de diretores e superintendentes de estatais (como os Correios e a Infraero). Ou talvez este seja o governo mais corrupto por haver aberto as contas públicas a toda a população, no Portal da Transparência, que exibe hoje as despesas realizadas até a noite de ontem, em tal nível de abertura que se tornou referência mundial reconhecida pela ONU, OCDE e demais organismos internacionais.

Poderia estender-me aqui indefinidamente, enumerando os avanços concretos verificados no enfrentamento da corrupção, que é tão antiga no Brasil quanto no resto do mundo, sendo que a diferença que marcou este governo foi o haver passado a investigá-la e revelá-la, ao invés de varrê-la para debaixo do tapete, como sempre se fez por aqui.

Peço a publicação.

Jorge Hage Sobrinho
Ministro-Chefe da Controladoria-Geral da União

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Cezar Peluso: 'Somos o único País que tem quatro instâncias recursais' - politica - Estadao.com.br

Cezar Peluso: 'Somos o único País que tem quatro instâncias recursais' - politica - Estadao.com.br: "Cezar Peluso: 'Somos o único País que tem quatro instâncias recursais'
Ministro critica proliferação de recursos aos tribunais superiores e diz que trabalhará por mudança na Constituição que encurte a duração dos processos
27 de dezembro de 2010 | 23h 00

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Felipe Recondo, Mariângela Gallucci / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo

Uma mudança radical no sistema de recursos judiciais está na cabeça do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso. Uma proposta que visa a diminuir radicalmente a impunidade, acabar com a proliferação de recursos para os tribunais superiores e encurtar a duração dos processos.

Peluso adiantou ao ministro da Justiça do governo Dilma Rousseff, José Eduardo Martins Cardozo, que trabalhará para mudar a Constituição e estabelecer que todos os processos terminem depois de julgados pelos tribunais de Justiça ou pelos tribunais regionais federais. Os recursos ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao STF serviriam apenas para tentar anular a decisão, mas, enquanto não fossem julgados, a pena seria cumprida.

'O Brasil é o único país do mundo que tem na verdade quatro instâncias recursais', afirmou Peluso, durante entrevista ao Estado. Mas o presidente sabe que enfrentará forte resistência. 'Pode escrever que isso terá a resistência dos advogados', observou. 'Pode ter certeza.'

Se o senhor tivesse que tomar duas decisões para melhorar a Justiça, quais seriam?

Não existe uma coisa só que, se fosse resolvida, solucionaria todo o problema do Judiciário. Há vários pontos de estrangulamento. A celeridade é importante, mas não a levo às últimas consequências como a coisa mais importante.

Por quê?

Primeiro porque o problema do retardamento dos processos não é uma coisa tipicamente brasileira. A Justiça tem certa ritualidade que implica tempo. O que não pode haver são esses casos absurdos de processos que passam de gerações. Mas isso envolve outro problema que é objeto de grande preocupação nossa e queremos celebrar um novo pacto republicano para resolvê-lo.

Que problema?

É o problema dos graus de instâncias recursais. O Brasil é o único país do mundo que tem, na verdade, quatro instâncias recursais. O STF funciona como quarta instância. Precisamos acabar com isso.

Como?

Uma proposta que já fiz, inclusive para o próximo ministro da Justiça, é transformar os recursos especiais (recursos para o STJ) e extraordinários (recursos para o STF) em medidas rescisórias. A decisão transita em julgado e o sujeito entra com recurso que será examinado como ação rescisória (serviria para posteriormente anular a decisão). Se tirássemos o caráter recursal – que suspende a eficácia da decisão e leva toda a matéria para ser discutida nos tribunais superiores – os tribunais decidiriam e o processo transitaria em julgado.

Qual é a consequência disso?

Isso acaba com o uso dos tribunais superiores (STJ e STF) como fator de dilação (demora) do processo. O STF não consegue julgar isso rapidamente. E mais: isso valoriza os tribunais locais. O que eles decidirem, está decidido. Acaba com o assunto.

O sr. vai encampar essa proposta?

Vou propor isso. Ainda vou deixar isso amadurecer na cabeça dos outros. Na minha, isso já está muito assentado.

Por que precisa pensar mais?

Pode escrever que isso terá a resistência dos advogados. Pode ter certeza.

Que avaliação o sr. faz de seu primeiro ano na presidência?

Foi um ano muito bom tanto para o STF quanto para o Conselho Nacional de Justiça. O mais importante: acho que nós conseguimos, no Rio de Janeiro, uma coisa inédita, um momento importantíssimo do ponto de vista da história do Judiciário brasileiro e do sistema de segurança, que foi o acordo que nos permitiu colocar órgãos jurisdicionais (como juízes, defensoria pública e Ministério Público) e extrajudiciais (como cartórios) nas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).

Mas isso vai para todas as UPPs?

Todas. A UPP vai passar a ser um centro que reunirá a polícia militar, a polícia civil, o apoio das Forças Armadas, e terá mais a presença do Judiciário. Se der certo, considero a coisa mais importante que o Judiciário fez no Brasil nos últimos 20 a 30 anos. Isso para mim já seria suficiente.

O STF ficou mal por não ter decidido o destino da Lei da Ficha Limpa?

Não acho que fique mal. Foi inevitável. A lei foi aprovada às vésperas da eleição. Ela provocou processos às vésperas da eleição e esses processos ainda não chegaram todos ao STF. O Supremo não pode fazer nada.

Por que o sr. não quis desempatar o julgamento?

Não quis usar o voto de qualidade (de desempate) porque os mesmos ministros que aprovaram a emenda regimental me dando esse poder, como estavam muito apaixonados, não queriam que eu usasse. Eu ia ter que impor uma decisão e isso realmente parecia um ato de despotismo.

O Brasil foi condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos por não ter punido responsáveis por mortes na Guerrilha do Araguaia. Para o STF, os crimes estão anistiados. Como o sr. avalia isso?

Há algumas coisas que são indiscutíveis. Primeiro: a Corte Interamericana não é instância revisora do STF. Eles não têm competência nem função de rever as decisões do STF. Nossa decisão no plano interno continua tão válida quanto antes. Morreu o assunto.

Como compatibilizar as decisões?

Se o presidente da República resolver indenizar as famílias (de mortos durante a Guerrilha do Araguaia), não há problema. Mas se abrirem um processo contra qualquer um que o STF considerou anistiado, o tribunal mata o processo na hora.

O que está por trás da decisão?

Há interesses ideológicos. Cada país tem sua cultura e sua maneira de acertar as contas com o passado. Cada um sabe o que faz. Há muita pressão ideológica e de grupos pequenos. Agora, o que podemos fazer hoje? Todas as ações, penais e civis, estão prescritas.

Alega-se que foram crimes de lesa humanidade e, por isso, imprescritíveis.

A nossa Constituição, a partir de 1988, disse que não prescreve. O que ficou para trás está prescrito.

Como o sr. avalia a decisão do STF?

Eu acho que o STF deu uma decisão importante para pacificação da sociedade. Do ponto de vista dos interesses superiores da sociedade, o STF deu uma contribuição importante. As Forças Armadas poderiam se ressentir de certas coisas...

O sr. é favor do fim do foro privilegiado?

Sou a favor da redução do foro. Tem muita gente com foro privilegiado. Podia reduzir um pouco.

O sr. defende o fim das transmissões ao vivo das sessões do STF?

Eu sou adepto. Se dependesse única e exclusivamente de mim, eu tiraria. Mas não é um problema da televisão. Para mim, o sistema é que não é bom. Não porque transmitir é ruim. É porque o sistema dessa discussão pública é ruim, com ou sem TV.

Falta alguém que pacifique o plenário para evitar os bate-bocas?

Não. Falta um sistema que modifique o atual. Isso é produto do sistema. Em lugar nenhum do mundo, exceto no Brasil, no México e em alguns cantões da Suíça, a corte constitucional delibera em público.

Por que não é bom?

A deliberação em público, como ocorre no STF, não permite que a sociedade capte o pensamento da Corte como órgão unitário. Há pensamentos isolados. Segundo: o fato de estar exposto ao público e a câmeras de televisão altera natural e inapelavelmente o modo de ser das pessoas. Ninguém canta em público como canta quando está sozinho no chuveiro em casa.

Como é isso?

Eu sei que estou em público, meu comportamento muda. Se estou sendo julgado pelo público, se estou exposto, eu me altero. É da condição humana.

Não é melhor julgar em público?

Não acrescenta nada. Isso distorce. Nenhum ser humano é capaz de ser pura racionalidade e frieza. Exigir isso do STF é uma aberração. É impossível nesse sistema imaginar que alguém consiga pacificar.

Essa forma de julgar privilegia a transparência e a publicidade.

Transparência é bom? É ótimo. Publicidade é bom? É ótimo. Ao contrário, em termos absolutos, não. Nosso problema não é a publicidade, mas o excesso de publicidade.

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Assista a entrevista-bomba de Franklin Martins à Rede TV | Blog da Cidadania

Assista a entrevista-bomba de Franklin Martins à Rede TV | Blog da Cidadania: "Assista a entrevista-bomba de Franklin Martins à Rede TV



No entreato de Natal e Ano Novo, com a turma ainda se recuperando da ressaca natalina, o ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, concedeu uma daquelas entrevistas que a imprensa costuma dizer “bombásticas”. Pena que a audiência deva ter sido pequena. Kennedy Alencar, em seu “É Notícia”, da Rede TV, deu ao ministro uma chance de falar o que o resto das televisões lhe negou nos últimos quatro anos, desde que assumiu a pasta.




A parte “bombástica” da entrevista não foi tão longa assim. Versou sobre a suposição de Globo, Folha, Estadão, Veja e companhia sobre existência de intenções governamentais de “censurar a imprensa” e sobre a relação do governo Lula com ela.

Note-se que o ministro foi extremamente hábil, pois reconheceu méritos no governo FHC e em seu titular pela estabilização da moeda sem deixar de dizer exatamente em que ponto ele se perdeu – na falta de um espírito desenvolvimentista e social e na adoção dos cânones neoliberais em geral, do que resultou a privataria. E apesar de dizer que o mensalão não passou de caixa-dois, fez a necessária crítica ao PT de que “ver uma devassa saindo de um prostíbulo não choca, mas ver uma freirinha saindo, é chocante”.

Na parte sobre regulação da mídia, Martins deixou muito claro que o tipo de regulação que se quer fazer é exatamente o mesmo que existe em qualquer grande democracia. Explicou a sinuca de bico em que a parcela da mídia supracitada se encontra por ter que combater a regulamentação e ao mesmo tempo almejá-la para que seja protegida das “teles”, ou seja, das multinacionais de telecomunicações que ameaçam esmagar o PIG com um poderio econômico muito acima do que detém a radiodifusão nacional.

Acima de tudo, nessa questão, o ministro da Comunicação Social deu um recadinho a jornais que acusou de terem servido à ditadura militar: “Não venham nos dar aulas de democracia”.

Mas a coisa pegou fogo mesmo quando a entrevista enveredou pelas relações do governo com a mídia corporativa. Martins acusou, nominalmente, Folha, Estadão, Globo e outros de fazerem uma jogada com a oposição tucano-pefelê: “Um levanta e o outro corta”, pontuou o ministro com todas as letras.

E não ficou por aí…

Ao exemplificar o partidarismo midiático, Martins abordou, primeiro, a questão da “bolinha de papel”, lembrando que a Globo, com o peso de sua “credibilidade” – palavra que proferiu em tom irônico –, veiculou uma reportagem de sete longos minutos bancando a versão de José Serra de que teria sido atingido por um segundo objeto, sustentando-a com um laudo fajuto que, na madrugada que se seguiu àquela edição do Jornal Nacional, foi “desmontado pela blogosfera”.

Como se não bastasse, citou, nominalmente, a Folha de São Paulo e a ficha falsa de Dilma, ponderando com o entrevistador o absurdo de um jornal como aquele publicar uma “falsificação contra um candidato” amparando-se na justificativa mambembe de que não podia confirmar ou negar sua veracidade, concluindo que, dessa maneira, o jornal deixa ver que publica qualquer coisa que lhe chegue às mãos contra adversários políticos.

Esta é a síntese da mais dura crítica ao PIG que alguém do governo fez publicamente em oito anos de mandato do atual presidente. Resta lamentar que assuntos dessa relevância e opiniões tão sonegadas ao público pela grande mídia durante oito anos tenham vindo à tona em um programa que avançou pela madrugada de domingo para segunda em uma época de festas em que ninguém assiste a esse tipo de programa.

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Carta Maior - Internacional - Médicos cubanos no Haiti deixam o mundo envergonhado

Carta Maior - Internacional - Médicos cubanos no Haiti deixam o mundo envergonhado: "Médicos cubanos no Haiti deixam o mundo envergonhado

Números divulgados na semana passada mostram que o pessoal médico cubano, trabalhando em 40 centros em todo o Haiti, tem tratado mais de 30.000 doentes de cólera desde outubro. Eles são o maior contingente estrangeiro, tratando cerca de 40% de todos os doentes de cólera. Um outro grupo de médicos da brigada cubana Henry Reeve, uma equipe especializada em desastre e em emergência, chegou recentemente. Uma brigada de 1.200 médicos cubanos está operando em todo o Haiti, destroçado pelo terremoto e pela cólera. Enquanto isso, a ajuda prometida pelos EUA e outros países...O artigo é de Nina Lakhani, do The Independent

Nina Lakhani - The Independent

Eles são os verdadeiros heróis do desastre do terremoto no Haiti, a catástrofe humana na porta da América, a qual Barack Obama prometeu uma monumental missão humanitária dos EUA para aliviar. Esses heróis são da nação arqui-inimiga dos Estados Unidos, Cuba, cujos médicos e enfermeiros deixaram os esforços dos EUA envergonhados.

Uma brigada de 1.200 médicos cubanos está operando em todo o Haiti, rasgado por terremotos e infectado com cólera, como parte da missão médica internacional de Fidel Castro, que ganhou muitos amigos para o Estado socialista, mas pouco reconhecimento internacional.

Observadores do terremoto no Haiti poderiam ser perdoados por pensar operações de agências de ajuda internacional e por os deixarem sozinhos na luta contra a devastação que matou 250.000 pessoas e deixou cerca de 1,5 milhões de desabrigados. De fato, trabalhadores da saúde cubanos estão no Haiti desde 1998, quando um forte terremoto atingiu o país. E em meio a fanfarra e publicidade em torno da chegada de ajuda dos EUA e do Reino Unido, centenas de médicos, enfermeiros e terapeutas cubanos chegaram discretamente. A maioria dos países foi embora em dois meses, novamente deixando os cubanos e os Médicos Sem Fronteiras como os principais prestadores de cuidados para a ilha caribenha.

Números divulgados na semana passada mostram que o pessoal médico cubano, trabalhando em 40 centros em todo o Haiti, tem tratado mais de 30.000 doentes de cólera desde outubro. Eles são o maior contingente estrangeiro, tratando cerca de 40% de todos os doentes de cólera. Um outro grupo de médicos da brigada cubana Henry Reeve, uma equipe especializada em desastre e em emergência, chegou recentemente, deixando claro que o Haiti está se esforçando para lidar com a epidemia que já matou centenas de pessoas.

Desde 1998, Cuba treinou 550 médicos haitianos gratuitamente na Escola Latinoamericana de Medicina em Cuba (Elam), um dos programas médicos mais radicais do país. Outros 400 estão sendo treinados na escola, que oferece ensino gratuito - incluindo livros gratuitos e um pouco de dinheiro para gastar - para qualquer pessoa suficientemente qualificada e que não pode pagar para estudar Medicina em seu próprio país.

John Kirk é um professor de Estudos Latino-Americanos na Universidade Dalhousie, no Canadá, que pesquisa equipes médicas internacionais de Cuba. Ele disse: 'A contribuição de Cuba, como ocorre agora no Haiti, é o maior segredo do mundo. Eles são pouco mencionados, mesmo fazendo muito do trabalho pesado.'.

Esta tradição remonta a 1960, quando Cuba enviou um punhado de médicos para o Chile, atingido por um forte terremoto, seguido por uma equipe de 50 a Argélia em 1963. Isso foi apenas quatro anos depois da Revolução.

Os médicos itinerantes têm servido como uma arma extremamente útil da política externa e econômica do governo, gahando amigos e favores em todo o globo. O programa mais conhecido é a 'Operação Milagre', que começou com os oftalmologistas tratando os portadores de catarata em aldeias pobres venezuelanos em troca de petróleo. Esta iniciativa tem restaurado a visão de 1,8 milhões de pessoas em 35 países, incluindo o de Mario Terán, o sargento boliviano que matou Che Guevara em 1967.

A Brigada Henry Reeve, rejeitada pelos norteamericanos após o furacão Katrina, foi a primeira equipe a chegar ao Paquistão após o terremoto de 2005, e a última a sair seis meses depois.

A Constituição de Cuba estabelece a obrigação de ajudar os países em pior situação, quando possível, mas a solidariedade internacional não é a única razão, segundo o professor Kirk. 'Isso permite que os médicos cubanos, que são terrivelmente mal pagos, possam ganhar dinheiro extra no estrangeiro e aprender mais sobre as doenças e condições que apenas estudaram. É também uma obsessão de Fidel e ele ganha votos na ONU.'

Um terço dos 75 mil médicos de Cuba, juntamente com 10.000 trabalhadores de saúde, estão atualmente trabalhando em 77 países pobres, incluindo El Salvador, Mali e Timor Leste. Isso ainda deixa um médico para cada 220 pessoas em casa, uma das mais altas taxas do mundo, em comparação com um para cada 370 na Inglaterra.

Onde quer que sejam convidados, os cubanos implementam o seu modelo de prevenção com foco global, visitando famílias em casa, com monitoração proativa de saúde materna e infantil. Isso produziu 'resultados impressionantes' em partes de El Salvador, Honduras e Guatemala, e redução das taxas de mortalidade infantil e materna, redução de doenças infecciosas e deixando para trás uma melhor formação dos trabalhadores de saúde locais, de acordo com a pesquisa do professor Kirk.

A formação médica em Cuba dura seis anos - um ano mais do que no Reino Unido - após o qual todos trabalham após a graduação como um médico de família por três anos no mínimo. Trabalhando ao lado de uma enfermeira, o médico de família cuida de 150 a 200 famílias na comunidade em que vive.

Este modelo ajudou Cuba a alcançar alguns índices invejáveis de melhoria em saúde no mundo, apesar de gastar apenas $ 400 (£ 260) por pessoa no ano passado em comparação com $ 3.000 (£ 1.950) no Reino Unido e $ 7.500 (£ 4,900) nos EUA, de acordo com Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento.

A taxa de mortalidade infantil, um dos índices mais confiáveis da saúde de uma nação, é de 4,8 por mil nascidos vivos - comparável com a Grã-Bretanha e menor do que os EUA. Apenas 5% dos bebês nascem com baixo peso ao nascer, um fator crucial para a saúde a longo prazo, e a mortalidade materna é a mais baixa da América Latina, mostram os números da Organização Mundial de Saúde.

As policlínicas de Cuba, abertas 24 horas por dia para emergências e cuidados especializados, é um degrau a partir do médico de família. Cada uma prevê 15.000 a 35.000 pacientes por meio de um grupo de consultores em tempo integral, assim como os médicos de visita, garantindo que a maioria dos cuidados médicos são prestados na comunidade.

Imti Choonara, um pediatra de Derby, lidera uma delegação de profissionais de saúde internacionais, em oficinas anuais na terceira maior cidade de Cuba, Camagüey. 'A saúde em Cuba é fenomenal, e a chave é o médico de família, que é muito mais pró-ativo, e cujo foco é a prevenção. A ironia é que os cubanos vieram ao Reino Unido após a revolução para ver como o HNS [Serviço Nacional de Saúde] funcionava. Eles levaram de volta o que viram, refinaram e desenvolveram ainda mais, enquanto isso estamos nos movendo em direção ao modelo dos EUA ', disse o professor Choonara.

A política, inevitavelmente, penetra muitos aspectos da saúde cubana. Todos os anos os hospitais produzem uma lista de medicamentos e equipamentos que têm sido incapazes de acesso por causa do embargo americano, o qual que muitas empresas dos EUA de negociar com Cuba, e convence outros países a seguir o exemplo. O relatório 2009/10 inclui medicamentos para o câncer infantil, HIV e artrite, alguns anestésicos, bem como produtos químicos necessários para o diagnóstico de infecções e órgãos da loja. Farmácias em Cuba são caracterizados por longas filas e estantes com muitos vazios. Em parte, isso se deve ao fato de que eles estocam apenas marcas genéricas.

Antonio Fernandez, do Ministério da Saúde Pública, disse: 'Nós fazemos 80% dos medicamentos que usamos. O resto nós importamos da China, da antiga União Soviética, da Europa - de quem vender para nós - mas isso é muito caro por causa das distâncias.'

Em geral, os cubanos são imensamente orgulhosos e apóiam a contribuição no Haiti e outros países pobres, encantados por conquistar mais espaço no cenário internacional. No entanto, algumas pessoas queixam-se da espera para ver o seu médico, pois muitos estão trabalhando no exterior. E, como todas as commodities em Cuba, os medicamentos estão disponíveis no mercado negro para aqueles dispostos a arriscar grandes multas se forem pegos comprando ou vendendo.

As viagens internacionais estão além do alcance da maioria dos cubanos, mas os médicos e enfermeiros qualificados estão entre os proibidos de deixar o país por cinco anos após a graduação, salvo como parte de uma equipe médica oficial.

Como todo mundo, os profissionais de saúde ganham salários miseráveis em torno de 20 dólares (£ 13) por mês. Assim, contrariamente às contas oficiais, a corrupção existe no sistema hospitalar, o que significa que alguns médicos e até hospitais, estão fora dos limites a menos que o paciente possa oferecer alguma coisa, talvez almoçar ou alguns pesos, para tratamento preferencial.

Empresas internacionais de Cuba na área da saúde estão se tornando cada vez mais estratégicas. No mês passado, funcionários mantiveram conversações com o Brasil sobre o desenvolvimento do sistema de saúde pública no Haiti, que o Brasil e a Venezuela concordaram em ajudar a financiar.

A formação médica é outro exemplo. Existem atualmente 8.281 alunos de mais de 30 países matriculados na Elam, que no mês passado comemorou o seu 11 º aniversário. O governo espera transmitir um senso de responsabilidade social para os alunos, na esperança de que eles vão trabalhar dentro de suas próprias comunidades pobres pelo menos cinco anos.

Damien Joel Soares, 27 anos, estudante de segundo ano de New Jersey, é um dos 171 estudantes norte-americanos; 47 já se formaram. Ele rejeita as alegações de que Elam é parte da máquina de propaganda cubana. 'É claro que Che é um herói, mas aqui isso não é forçado garganta abaixo.'

Outros 49.000 alunos estão matriculados no 'Novo Programa de Formação de Médicos Latino-americanos', a ideia de Fidel Castro e Hugo Chávez, que prometeu em 2005 formar 100 mil médicos para o continente. O curso é muito mais prático, e os críticos questionam a qualidade da formação.

O professor Kirk discorda: 'A abordagem high-tech para as necessidades de saúde em Londres e Toronto é irrelevante para milhões de pessoas no Terceiro Mundo que estão vivendo na pobreza. É fácil ficar de fora e criticar a qualidade, mas se você está vivendo em algum lugar sem médicos, ficaria feliz quando chegasse algum.'

Há nove milhões de haitianos que provavelmente concordariam.

Cuban medics in Haiti put the world to shame

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Blog do Sakamoto » Blog Archive » Manchetes que gostaríamos de ver estampadas em 2011

Blog do Sakamoto » Blog Archive » Manchetes que gostaríamos de ver estampadas em 2011: "Manchetes que gostaríamos de ver estampadas em 2011
28/12/2010 - 9:21 - Sem categoria 8 Comentários »

Com a ajuda de colegas jornalistas, enumerei algumas manchetes que tornariam a vida mais divertida em 2011. Claro, são bastante improváveis, para não dizer irreais. Mas, convenhamos, se alguém te contasse no ano passado que 2010 terminaria após tanta coisa estranha e esquisita, você acreditaria?

- Na calada da noite, Congresso triplica piso salarial dos professores

- Kátia Abreu filia-se ao Greenpeace

- Bispo engravida e defende direito do homem de decidir sobre seu próprio corpo

- Niemeyer se cansa da arquitetura e presta vestibular para medicina

- EUA reconhecem décadas de prejuízo à paz no Oriente Médio e retiram-se de negociações

- PMDB ameaça com expulsão sumária filiados que demandarem cargos em governos

- Crianças que trabalhavam em plantação de fumo fazem motim e mantém gerente da fazenda como refém há 12 horas

- Vaticano assume responsabilidade por filhos do “celibato” e abre escola laica para herdeiros de sacerdotes

- São Paulo passa a inaugurar estações de metrô também em anos ímpares

- Floresta amazônica avança sobre áreas de pastagens degradadas pelo segundo ano consecutivo

- Rita Cadillac revela que filho que está esperando é sim de Sir Paul McCartney

- Bancos admitem que cobraram taxas abusivas de clientes e zeram tarifas até 2050

- Pesquisa Pnad mostra que, em média, remuneração da mulher negra já é duas vezes maior que a do homem branco

- Após aprovação de lei, São Paulo entra para o Livro do Recordes com o maior matrimônio gay coletivo do mundo, reunindo 512 casais

- Fazendeiros entregam produtor rural que escravizava trabalhadores para a polícia

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Blog Limpinho e Cheiroso: Lula, cadê a minha grana?

Blog Limpinho e Cheiroso: Lula, cadê a minha grana?: "Lula, cadê a minha grana?
Eduardo Guimarães

Eis que encontro na Folha de S.Paulo da terça-feira, dia 28, uma notícia estar-recedora, com chamada na primeira página. A “notícia” diz que, em oito anos de governo Lula, subiu de 499 para 8.094 o número de meios de comunicação que recebem verbas de publicidade do gover-no federal.

De fato o governo Lula acabou com a concentração de verbas – mais da metade ia para Globos, Folhas, Vejas e Estadões, na época de FHC. O problema é que a matéria diz que parte desse dinheiro vem sendo entregue a “blogs progressistas” aos quais Lula concedeu entrevista no mês passado.

Mas não é só isso. A matéria diz que a designação “progressistas” é dada aos blogs pela “administração petista”, o que é outra mentira. Progressistas foi a designação que os próprios blogueiros se deram em um encontro de mais de três centenas deles em agosto deste ano.

Jamais recebi um centavo de dinheiro público neste blog ou em qualquer momento da minha vida [O Limpinho também não]. Custeio este blog a duras penas. Com o aumento da visitação, aumentou (muito) a despesa que tenho para prestar este serviço público. E agora esse jornal mentiroso vem dizer que recebo dinheiro do qual jamais vi a cor.

Mais uma vez, a Folha mente. Ou, então, Lula está depositando a minha grana na conta errada…

A reportagem é de Fernando Rodrigues. Desafio esse sujeito a dizer quais são os blogs progressistas que recebem dinheiro do governo. Quero, entretanto, deixar muito claro que o Blog da Cidadania – e, pelo que sei, todos os outros que entrevistaram Lula – jamais recebeu dinheiro do governo federal.

A reportagem é mentirosa no que diz respeito a blogs, mas é correta no restante. E, para bom entendedor, explica por que a imprensa golpista odeia tanto o governo Lula. O vil metal é responsável por boa parte da “fiscalização” – eufemismo para sabotagem – que a Folha e os veículos comparsas exercem sobre o governo Lula.

Ao acabar de escrever este texto, enviarei uma carta à Folha esclarecendo que os blogs progressistas que entrevistaram Lula jamais receberam um centavo do governo federal. Se não for publicada, por intermédio do Movimento dos Sem Mídia, tomarei medidas legais a fim de repor a verdade dos fatos.

Para quem tiver interesse, a matéria mentirosa da Folha está logo abaixo.

Lula coloca publicidade estatal em 8.094 veículos
Desde 2003, aumento é de 1.522% em rádio, TV, jornal, revista e blog atendidos. Neste ano eleitoral, 1.047 novos meios de comunicação passaram a receber recursos de publicidade federal.

FERNANDO RODRIGUES
DE BRASÍLIA

Quando Luiz Inácio Lula da Silva tomou posse, em janeiro de 2003, apenas 499 veículos de comunicação recebiam verbas de publicidade do governo federal. Agora, o número foi para 8.094.

Esses jornais, revistas, emissoras de rádio, de TV e “outros” estão espalhados por 2.733 cidades. Em 2003, eram só 182 municípios.

Só neste ano eleitoral de 2010, o dinheiro para publicidade de Lula passou a ser distribuído para 1.047 novos veículos de comunicação.

A categoria “outros” inclui portais de internet, blogs, comerciais em cinemas, carros de som, barcos e publicidade estática, como outdoors ou painéis em aeroportos.

Chama a atenção o aumento do número de “outros”. Em 2003, eram apenas 11. Agora, são 2.512. A informação do governo é que a maioria é composta por sites e blogs na internet.

Lula e sua equipe de comunicação não escondem a simpatia pelo novo meio digital. O presidente foi o primeiro a conceder uma entrevista exclusiva dentro do Planalto para o que a administração petista chama de “blogs progressistas”.

Lula da Silva avançou na transparência em relação ao governo do tucano Fernando Henrique Cardoso.

Nunca existiu esse tipo de estatística até 2003. Ainda assim, há buracos negros no processo. Não se sabe quais são os veículos que recebem verba de publicidade estatal nem quanto cada um ganha.

O valor total gasto nos dois mandatos de Lula, até outubro deste ano, foi R$9,325 bilhões. Dá uma média anual de R$1,2 bilhão.

Essa cifra não inclui três itens importantes: custo de produção dos comerciais, publicidade legal (os balanços de empresas estatais) e patrocínio -dinheiro para financiar projetos esportivos e culturais, entre outros.

Produção e publicidade legal consomem cerca de R$200 milhões por ano. No caso de patrocínio, o governo gastou uma média anual de R$910 milhões de 2007 a 2009.

Tudo somado, Lula gasta R$2,310 bilhões por ano com propaganda. Os valores são semelhantes aos do governo FHC, embora inexistam estatísticas precisas à disposição.

A diferença do petista para o tucano foi a dispersão do dinheiro entre os atuais 8.094 jornais, revistas, emissoras de rádio, de TV e sites na web. Um espetáculo de 1.522% de crescimento de veículos atendidos.

Via Blog da Cidadania

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Observatório da Imprensa - Luciano Martins Costa - Uma errata gigantesca - 28/12/2010 10:04:23

Observatório da Imprensa - Luciano Martins Costa - Uma errata gigantesca - 28/12/2010 10:04:23: "Uma errata gigantesca

Por Luciano Martins Costa em 28/12/2010
Comentário para o programa radiofônico do OI, 28/12/2010

Chama atenção a reportagem no Globo publicada na edição de terça-feira (28/12), sobre as previsões de economistas que não deram certo durante o ano que se encerra. Segundo o jornal carioca, o Brasil deve entrar em 2011 com uma economia mais aquecida, com expansão acima do previsto e alta dos preços maior do que o projetado pelos especialistas ao longo dos últimos doze meses.

A maior surpresa, segundo o Globo, foi com o crescimento do país. No fim de 2009, as previsões dos economistas selecionados pela imprensa – ou seja, aqueles cujos trabalhos são avalizados pela mídia – era de que o Brasil cresceria 5,2% neste ano. Mas os dados disponíveis na última semana indicam que o crescimento será superior a 7,5%.

Outra das grandes falhas dos gurus da economia se refere ao volume de exportações brasileiras em 2010. Recorde-se o leitor que, durante todo o ano, a imprensa repetiu a 'verdade definitiva' segundo a qual a valorização do real estaria desestimulando os exportadores nacionais. Pois bem: com o dólar ainda em torno de R$ 1,70, as exportações brasileiras chegam a US$ 200 bilhões, um recorde histórico.

Esse valor é alcançado principalmente pelo aumento de preços das commodities, os produtos básicos da pauta de comércio exterior do Brasil, e por causa do crescimento das vendas para países emergentes.

Sem palavras

Com esses números, o saldo da balança comercial também deve subir muito, apesar do alto volume de importações, chegando próximo de US$ 19 bilhões, o que contraria outra das previsões dos especialistas e as estimativas do próprio governo.

Em todas as análises publicadas nos últimos dias deste ano, constata-se o entendimento de que o Brasil conseguiu construir um círculo virtuoso: a economia cresce e, embora a inflação também tenha superado as previsões, a tendência é de que vamos continuar a crescer na próxima década.

Quando se voltam para o futuro próximo, as agências oficiais e os especialistas escolhidos pela imprensa projetam um cenário ainda mais otimista: as empresas planejam seguir investindo em 2011, a oferta de emprego continuará em alta, embora em muitos lugares do país já se esteja vivendo a fase do pleno emprego, e a renda do trabalho seguirá crescendo. A inflação deverá ser menor do que a de 2010, mas ainda é preocupante, em parte porque se considera que o mercado interno continuará aquecido.

O cenário é tão animador que os jornais parecem estar sem vocabulário para compor as manchetes do noticiário econômico.

O que dizem os astros

A despeito da realidade positiva e das perspectivas de continuidade dos bons ventos, o noticiário rotineiro da imprensa tradicional pode induzir muitos leitores a interpretações equivocadas. No olhar rotineiro da imprensa, é possível apreender uma realidade muito distinta, mais pessimista, do que aquela que aparece nos tradicionais balanços de fim de ano. É como se os jornais torcessem contra o sucesso do país durante o dia-a-dia, mas tivessem que admitir, no final, que o balanço é positivo.

Observe-se, por exemplo, algumas manchetes e títulos destacados de reportagens publicados neste mês:

** 'Lula entrou e vai sair com o maior juro real do mundo' – Folha de S.Paulo, 9 de dezembro.

Detalhe: a reportagem deixa em segundo plano o fato de que, de janeiro de 2003 a dezembro de 2010, a taxa de juros controlada pelo Banco Central caiu de 25,5% para 10,75%, tendo chegado a 8,75% em julho de 2009.

** 'Inflação já é a maior em cinco anos, mas BC mantém juros' – O Globo, 9 de dezembro.

** 'Brasil cresceu na era Lula menos que emergentes e América Latina' – O Globo, 10 de dezembro.

Também foram publicadas, evidentemente, manchetes positivas, porque, afinal, a realidade acaba se impondo.

** 'Remuneração sobe mais para quem tem salário menor', publicou o jornal Agora, diário que pertence ao Grupo Folha, no dia 12 de dezembro.

** 'Renda da classe C deverá valer uma Bélgica em 2020', publicou a Folha de S.Paulo no mesmo dia.

Na mesma data, o Estado de S.Paulo anunciava em manchete no caderno de Economia&Negócios:

** 'Natal de 2010 será o melhor da década'.

Conclusão: o leitor que tomou decisões com base nas manchetes de jornais correu sérios riscos de cometer equívocos em suas decisões econômicas.

Outra conclusão: adivinhação por adivinhação, talvez seja mais negócio ler apenas o horóscopo todos os dias.

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