sexta-feira, 3 de agosto de 2012

O Platô das Oportunidades Perdidas

O Platô das Oportunidades Perdidas

O Platô das Oportunidades Perdidas

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Todo mundo faz planos. Todo mundo tem um grande objetivo na vida. Nem que seja passar o resto dos seus dias comendo porcaria e assistindo Netflix. Ou passar segundo após segundo na frente do Facebook lendo piadinhas sem graça e compartilhando inutilidades com seus amigos. E não importa que você não tenha olhado nos olhos desses amigos, há sei lá, uma década. Ou talvez, sua grande missão na Terra seja se envolver em inflamadas discussões sobre assuntos tão diversos quanto inúteis no Twitter, como se dali repentinamente, fosse surgir a salvadora solução de todos os problemas globais? Ou talvez, você seja daquele tipo que vive só observando (lurking) e nem sob o manto do anonimato que a internet carrega consigo, é capaz de se pronunciar.
Talvez sua missão seja essa. E daí? Ninguém tem nada a ver com isso. Isso é o máximo que você alcançará. Nesse momento, olhando de onde quer que estejam, seus pais devem estar orgulhosos de você.
Não importa que a verdade brutal seja que você não mantém contato real com seus amigos. Que você não tenha terminado nem metade dos filmes/livros/jogos que começou. Que nenhuma dessas discussões inúteis sobre quaisquer assuntos alterará de maneira perceptível a vida dos verdadeiramente envolvidos. Que a sua própria vida está estagnada, paralisada no tempo, exatamente no mesmo lugar aonde estava anos atrás. Que você tenha se tornado uma vitrola velha que só repete bordões e clichês como um disco furado. Que no auge da sua vida intelectual o máximo que você conseguiu até agora foi desenvolver a incrível capacidade de transferir para os outros a culpa pelo próprio fracasso.
Não tem problema algum. Só é demasiado triste que não tenhamos sequer coragem de admitir. Só isso.
Mas o tempo passa. E apesar de todos os subterfúgios que criamos para emular a satisfação de realização dos nossos desejos, a verdade dolorosa chega à galope. E percebemos que só restaram ilusões e lembranças esparsas daquilo que ambicionamos, dos planos perfeitos que elaboramos num passado não muito distante.
Na verdade o tempo não é tão implacável assim. O doloroso mesmo são as oportunidades que ele leva consigo. Essas dificilmente ocorrerão mais de uma vez. A razão para isso é que as ideias são frágeis e os nossos sonhos efêmeros. Um piscar de olhos, e o presente virou passado. E aqui estamos, nos alimentando de uma realidade virtual para não ter que encarar a nossa incompetência em aproveitar as infinitas possibilidades que a vida nos fornece. Nos tornamos prisioneiros de nossos temores mais infantis e primitivos.
Os mais simplistas culpam a falta de sorte. Culpam o encontro da competência com a oportunidade. Mas afinal quem realmente falhou nesse momento? A vida é simples: Do, or do not. There’s no try. (Faça, ou não faça. Não existe o tentar.) Pena que somos péssimos aprendizes.
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Eis que nos encontramos na beira do precipício admirando as carcaças podres e os esqueletos daqueles que antes de nos trilharam esse mesmo caminho. Ensaiamos um sorriso tímido pela satisfação de sabermos que não somos os únicos. Finalmente, depois dessa jornada épica, não nos sentimos sozinhos.
Não há nada de novo no ar. Todos, com suas frustrações, sonhos não realizados e planos perfeitos não executados, agora repousarão na tranquilidade do Platô das Oportunidades Perdidas.
Esperamos passivamente a nossa vez. Só um espasmo é o que nos resta.

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